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O Bairro do Oriente completa hoje seis meses de existência. Foram 902 posts, 27824 visitas, 6315 delas neste mês de Maio, um recorde! Espero sinceramente que estejam a gostar deste espaço que, no fundo, é de todos nós. Sou apenas o homem do leme, e a tripulação são vocês, fiéis leitores. Quero acreditar que consegui abrir na blogosfera, e em Macau, um espaço de discussão livre sobre temas relacionados com o território, com as incidências desta terra a que chamamos casa.
O que continuo sem perceber é porque é que tanta gente me detesta, e me tenta assacar responsabilidades que não tenho. Este blogue é unipessoal, não tem fins lucrativos, não cobra um avo a quem o queira ler, não recebe subsídios do governo ou de qualquer associação ou grupo, não entra pelas repartições públicas, cafés ou consultórios de dentistas. Não tenho qualquer obrigação com ninguém, não preciso de me identificar, e se alguém se sentir caluniado ou difamado, por favor accione os meios legais ao seu alcance para defender o seu bom nome, ou seja o que for que lhe dói. Vem aqui quem quer e nem sequer faço qualquer tipo de publicidade.
Mas para alguns opinion makers, habituados a serem os donos da verdade, e que muitas vezes opinam apenas por convites, a blogosfera é um mundo vicioso. Vicioso porque qualquer um pode dar a sua opinião. Milhares de cidadãos anónimos, alguns dos quais escrevem bastante bem mas recusaram passar pelos tais "canais apropriados" ou vender a alma pelos tais 15 minutos de fama. Para esses pides os anónimos têm de ser imediatamente identificados, catalogados e eliminados. Creio que a maioria das pessoas que querem saber quem eu sou não estão a pensar em dar-me uma tareia, e muito menos em dar-me os parabéns. Chego a pensar que se trata do fadinho lusitano do sabichão, que tudo quer saber e controlar, não vá estar sentado na mesa do lado e deixar expirar alguma comprometedora inconfidência.
Gostava também de deixar claro que não gasto um segundo que seja ou uma folha de papel do meu trabalho no blogue. Nem sequer o consulto ou respondo a comentários no meu serviço. Nunca fiz aqui qualquer referência, nem sequer de passagem, a qualquer tema sobre a minha profissão, a qualquer acontecimento, superior, subordinado ou colega. Absolutamente nada. Lamento desiludir os Sherlock Holmes de trazer por casa, mas não vai ser por aí que me apanham. Para quem é muito lerdinho e ainda não percebeu, o relógio do blogue está atrasado doze horas, para que os leitores de Portugal e do Brasil, que são 40% do total de leitores deste blogue, leiam-no em "tempo real". Se alguma excepção a esta regra ocorre é porque estou de férias, e não devo satisfações nenhumas a ninguém com o que faço durante esse tempo.
É natural que alguns artigos estejam desenquadrados, ou que padeçam de falta de investigação ou estudo, mas isso acontece com quem, descomprometidamente, traz todos os dias pelo menos um tema a debate. Não sou escritor profissional, não tenho o telefax da Lusa ligado na minha casa nem tenho a oportunidade de fazer entrevistas a quem quer que seja. Como já disse, vem aqui quem quer. Em todos estes anos de internet, já visitei sítios de que gosto, e aos quais regresso com frequência. Outros há que não me interessam, ou que me irritam ou que me metem nojo, e onde não volto a meter os meus pézinhos virtuais. Esta fascinação de alguns por vir aqui para falar mal faz-me lembrar a anedota da velhota que chamou a polícia porque conseguia ver um homem nu "do terraço, e com um binóculo".
Estes mui indignados e ofendidos senhores gostam de se escudar em Miguel Sousa Tavares, o Torquemada dos bloguistas. É engraçado que MST faça tanto choradinho porque que tem que ser "responsabilizado cível e criminalmente pelo que escreve", enquanto outros não. Era só o que faltava, que alguém que vive em grande parte do que escreve não tivesse de ser responsabilizado. Só que MST estava habituado a que o país parasse para ler as suas postas, e agora existe uma possibilidade de mudar de canal cada vez que se fica farto dos seus delírios tabagistas, tricas com o director do Público ou zaragatas com a classe docente. O pior mesmo é quando MST embrutece mais que as casas cada vez que alguém critica ou aponta imprecisões ou defeitos naquelas mer...perdão, maravilhosos livros que escreve. Não admira que não queiram deixar o nome completo, morada e número de telefone ao Miguelito. Livra!
E vamos continuar por aqui sim, e por muito tempo. Acredito piamente que quem use a internet para vender bebés ou publicar fotografias de pornografia infantil seja responsabilizado criminalmente, como na vida real. Seja ele anónimo ou perfeitamente identificado. Agora quem não concorda com esta ou aquela situação, ou não concorde com a posição de fulano ou outrano, tem todo o direito de manifestar a sua opinião. Repito, a sua opinião, nada mais. Aproveito para reiterar o anonimato, e quem não gosta pode fazer como a música dos Styx, e "sail away". Eu até "dava a cara", mas só tenho uma e faz-me falta, e a "capa do anonimato" dá imenso jeito, agora que estamos na época das chuvas. Um abraço a todos, e bem vindo quem vier por bem, como diz o outro.