sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Outro ano, a mesma m...


Sou um cidadão longe de se poder considerar "exemplar", mas "up yours" (há piores), penso eu. Pago impostos (porque são retidos na fonte, caso contrário não garantia nada), sou pai de família, cumpridor da lei (tenho cumprido...ou comprido) e não cu meto (escrito assim mesmo, desta forma e sem mais nada). Por isso gostava de saber porque carga de água tenho que ser molestado por mais esta INFELIZ medida da Direcção dos Serviços de Trânsito ou o raio que os parta, de bloquear a passagem do caminho que tomo TODOS OS DIAS para casa, quando saio do trabalho, onde à custa de sangue, suor e lágrimas (de tanto rir) vou dia após dia contribuindo para o progresso da RAEM (é por isso que ando tão deprimido; está explicado, portanto). Razão? Aparentemente a ideia é "dar resposta ao maior fluxo de peões derivado do número de visitantes durante os feriados do Ano Novo Chinês" - deve ser um paleio destes, e dito pela exma. sra. Directora do Turismo, é só acrescentar "qué d'zer" antes de cada palavra.


O percurso em questão tem a sua partida na Rua do Campo, atravessando de seguida toda a Av. da Praia Grande até ao Chunambeiro, ao que após um "upa" que ainda se faz sem esforço pela Calçada do Bom Jesus, dou comigo praticamente à porta de casa, mais precisamente nas traseiras do edifício, na Rua Álvaro de Melo Machado. Chegado a sensivelmente meio desta jornada que demora normalmente entre 15 e 20 minutos, o que vejo? Cancelas? Srs. agentes a fazer "pi-pi" com os apitos, como que num "encore" carnavalesco não encomendado? (Eu já detesto o Carnaval, e isto ainda consegue ser mais deprimente). E agora, o que fazer? Alternativas: voltar atrás e atravessar para o outro lado do passeio e tomar o lado do Solmar até ao Palácio do Governo; ou seguir até em frente a Edifício do IACM, apanhar a Rua dos Cules até ao Seminário de S. José, e chegado ao Instituto Salesiano fazer uma entrada (não) triunfal pela porta da frente. Como só é preciso atravessar uma vez, opto por esta. Podia ser pior, claro que podia. Podia ter que dar a volta por...PELO LUXEMBURGO, por exemplo. Raios partam estes cromos, porra.


Já sei, já sei, a fotografia está desfocada, e depois? Estava puto da vida, e além disso isto não é um blogue de fotografia. Adiante. E lá fui eu, perdendo assim o dobro do tempo que normalmente levo do trabalho até casa, tempo esse que nunca mais me será devolvido. Se eu não sabia? Lá saber, sabia, pois aconteceu o mesmo ontem, mas como os mui zelosos palermóides só fazem isto depois das quatro da tarde, e na hora de almoço não existia qualquer obstáculo, não me ocorreu - sinceramente, tenho mais em que pensar. E isto resolveu alguma coisa? O tanas é que resolveu, pois como se pode ver, a via pública está muito longe de se assemelhar a um campo verdejante igual ao do anúncio do "Feno de Portugal". Do que é que eu estou a falar? Ah sim, esqueci-me que ainda sou do tempo dos  aparelhos de telefone que se discavam com um dedo. Isto:


Este, onde aparecia esta chavala que não era nada de se deitar fora (agora deve ter uns 113 anos, se ainda anda pelo crosta dos campos verdejantes, e não pelas camadas inferiores, enfim). Pois, exacto, as ruas continuam aí a saque. O que eu devia ter feito mesmo para economizar...hmmm...cinco minutos? - ou nem sequer isso - era ter ido logo pelo Largo do Senado. Pois. Mas sabem o que mais? NÃO ME APETECEU! Mal por mal fiz "full-contact" com a mole invasora apenas naquele curto trecho entre a sede do BNU e os Correios. Sabem qual é, aquele que em circunstâncias normais demora menos de um minuto do tempo a percorrer, mas nestes dias gasta-se o quádruplo do tempo, e  ainda caminhando entre os quadrúpedes? Exacto. E sabem o que podiam os gajos do trânsito fazer em alternativa a bloquear a vedar o caminho e obrigar as pessoas a fazer desvios tão drásticos quanto este? NADA. Podiam ter ficado a jogar à bisca lá na Brigada, que seria muito mais construtivo. Ou menos desconstrutivo, valia-me isso. Bem, vou petiscar qualquer coisa ao som do arraial de explosivos, que dá para escutar da janela. E nestes dias que me sinto como se estivesse no Iraque, só que com muito mais gente nas ruas. E viva. Isso é que é pena...


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