A Igreja Católica portuguesa, através da sua Conferência Episcopal, ameaçou apelar contra o voto no PS e nos partidos que votem ao seu lado na questão da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em ano de eleições legislativas, a Igreja marca a sua posição, "em nome da dignidade humana". O ministro Augusto Santos Silva veio apelar à calma, lembrando a regra da democracia portuguesa de separar filiação religiosa e orientação política. Segundo Santos Silva, uma solução consensual vai ser encontrada. Boa sorte.
Já aqui me manifestei contra o casamento de homossexuais (ver
este artigo), mas nunca por razões de fé ou na crença de que o chão se abre e as chamas do inferno engolem os infiéis que apoiem o matrimónio entre pessoas do mesmo sexo. A minha posição é meramente ideológica, não desprezo a luta dos homossexuais por aquilo a que chamam "igualdade de direitos", nem me importo minimamente se o casamento gay passar na AR. A minha vida não muda só por isso.
Agora acho que chegou a altura de dar um murro na mesa e parar com esta verdadeira palhaçada. A Igreja Católica não manda em Portugal nem nos portugueses, e não tem o mínimo direito de fazer ameaças, chantagem ou qualquer tipo de pressão que seja. Reafirmo tudo o que disse a este respeito antes: políticos na política, padrecos na igreja. Os portugueses têm todo o direito de exercer a sua fé sem limites, mas nos locais destinados ao efeito. Nem Jesus quer que se vote em partidos, nem Deus castiga ninguém. Aliás, que igreja é esta que apregoa a divina e infinita misericórdia e depois acena com castigos?
Desta forma a igreja está a desrespeitar o Estado de Direito em que está inserida. Qual é a diferença entre esta atitude e a
fatwa islâmica? Pelo menos dos radicais do Islão já se sabe o que se pode esperar, não escondem a sua orientação nem são de meias-palavras. Mas da Igreja Católica? Fico quase a torcer para que o casamento gay passe na AR em todo o seu esplendor. Que os homossexuais apareçam na igreja, um de fato e gravata, outro de véu e grinalda. Que as agências de viagens preparem já pacotes de lua-de-mel gay. Viva o noivo e o noivo. Ou a noiva e a noiva.
PS: a propósito, onde anda o leitor que disse na secção de comentários
deste post, e passo a citar,
"O lobby da Igreja Católica não passa disso mesmo, um lobby ao lado de outros, tão ou mais influentes até, mas sem decisão directa"?
25 comentários:
Caro Leocardo,
Como o pediu, vamos lá então a ver a fatwa de que fala.
"Quando votamos, não está apenas em causa um partido, mas o projecto e os valores que ele defende. Os cristãos são inteligentes e sabem que não é fiável quem se mete por estas aventuras, como a proposta dos casamentos homossexuais, que são irresponsáveis e que expõem a sociedade a feridas profundas."
Foram estas as palavras, do padre Manuel Morujão, porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). Procurei, procurei e procurei mas não encontrei ameaças de condenação eterna, chamas, labaredas e o diabo a quatro de que fala. Portanto, trata-se de um “salto de fé”, aquilo que o Leocardo faz, quando salta do apelo ao voto noutro partido para as chantagens disto e daquilo (sem sustento nas afirmações dos padrecos). Mas corrija-me se estiver errado (estas buscas na net a esta hora são tramadas).
Como tal e mais uma vez, estamos perante a tomada de posição de um grupo, neste caso, a Igreja Católica. Esta tomada de posição e apelo ao voto em nada difere daquela da Confederação dos Professores do Norte, Centro e Sul quando estes apelam ao voto "contra" o PS, embora neste caso por causa do sistema de avaliação dos professores. Vai dar também um murro na mesa e dizer: “Basta! Os políticos na política e os profes nas salas de aula!”?
Não passa disso. É só de uma opinião, a posição de um grupo que não se senta na Assembleia da República, nem decide em vez dos deputados.
Como se vive em liberdade, temos de aprender a aceitar que outros manifestem as suas opiniões, neste caso foi a Igreja Católica Portuguesa que o decidiu fazer referido que poderá apelar ao voto contra o PS caso esta proposta vá para a frente.
Caro Leocardo, esta foi a minha opinião, embora eu respeite que você tem o direito a opinar que a Igreja Católica não pode opinar.
Não obstante, bom post.
Cumprimentos,
P.S. – Antes que venham por aí a baixo todos aqueles que se pelam por me insultar por ter uma opinião, gostaria de esclarecer que nada tenho contra a formalização das uniões homossexuais, nada tenho a opor quanto à sua discussão na assembleia da república, acho que devem ser objecto de protecção os direitos de quem vive uma vida em comum, etc e tal. Ao contrário do Louçã não acho que só um casal de coelhos é que produz. Tanto se me dá como se me deu. Cada um sabe de si e é livre de decidir. Pronto. Agora podem começar com as vossas bocas.
Caro Leonidas:
Esse representante da Igreja Católica (a igreja não precisa de se expressar na generalidade para que se façam saber os seus propósitos) não falou de inferno nem labaredas agora, mas a igreja que representa fê-lo por várias vezes no passado. A posição da igreja quanto aos homossexuais e ao casamento de pessoas do mesmo sexo é por demais conhecida: nem querem ouvir falar. Confrontados com a prespectiva do casamento gay ser legislado, à semelhança do que aconteceu com vários países ocidentais, cometem aquilo que é, não minha opinião, um acto de desespero.
A igreja Católica e o seu lobby não podem ser nunca comparados à FENPROF ou qualquer coisa que o valha. Portugal é um país católico, e a esmagadora maioria dos católicos são eleitores. Falamos aqui de milhões católicos recenseados, não de alguns milhares de professores.
A igreja católica está representada na AR sim, através do CDS-PP, cujos ideiais fundamentais assentam na democracia cristã. Se a igreja não tem um partido, é porque sempre afirmou que se queria manter distante da política, o que não se verifica agora com esta espécie de ultimato.
Quando o padre Morujão disse "“Os cristãos, seguramente, tomarão as suas conclusões, porque não é fiável quem se mete por estas aventuras em que a sociedade fica exposta a feridas que são profundas se for por esse caminho”, estava a responder a esta pergunta: "Vai a Conferência Episcopal recomendar que os católicos não votem nos partidos que defendem a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo?". Penso que para bom entendedor meia palavra basta.
Apesar de todos terem o direito à sua opinião, isso não lhes dá o direito de fazer chantagem. "Ou fazem o que eu quero, ou atiro com o meu rebanho". O que eu espero é que os católicos portugueses sejam também sensatos e humanistas e se por acaso o PS seja derrotado nas próximas eleições, que seja pelos motivos que todos conhecemos, e não este.
Obrigado e cumprimentos.
PS: este é um tema sensível, agredecia que se refreassem os insultos e se mantivesse o nível. Pode ser uma discussão interessante, não vamos estragá-la. Obrigado.
Desta vez, para variar, o Leonidas e o Leocardo discordam. Incrível!!! Concordo com o Leonidas, a.k.a. Vitório Rosário Cardoso, e discordo do Leocardo.
A igreja tem todo o direito de opinar civilizadamente sobre qualquer matéria relativa aos valores da sociedade em que se insere e isso não tem qualquer comparação com o que fazem os radicais islâmicos. Uma comparação muito infeliz, Leocardo. Só falta dizer que o lugar das mulheres é na cozinha.
"Qual é a diferença entre esta atitude e a fatwa islâmica? Pelo menos dos radicais do Islão já se sabe o que se pode esperar, não escondem a sua orientação nem são de meias-palavras. Mas da Igreja Católica?" Onde é que estou a comparar a Igreja Católica com os radicais islâmicos?
É o que dá fazer uma leitura vertical do post e depois mandar um comentári oque só visa 1) insistir em que o Leonidas é o VRC 2) querer fazer-me parecer um maluquinho de qualquer espécie.
Claro que toda a gente tem a liberdade de opinar, desde que não interfira com a liberdade dos outros. Temos uma certa tendência para puxar a brasa à nossa sardinha, então tudo o que a Igreja Católica diz/faz é imaculado. Mesmo que pareça escandaloso e grosseiramente incorrecto, temos de ir sempre lá buscar um fundozinho de razão que lhes assiste. O que não fazemos por exemplo quando se trata do Islão ou da China. Uns façam o que fizer são fanáticos, os outros totalitaristas.
Se tivesse sido o PS a sugerir indirectamente uma forma de alienar fiéis da igreja católica, ou sugerisse uma lei que lhes tirasse um dos mil e um benefícios de que usufruiem (alguém sabe da situação fiscal da igreja? pagam impostos ou como é?) lá ia cair o Carmo e a Trindade, e iam sair milhares à rua em autos de fé.
Cumprimentos
E por falar em fatwas, vejamos como era a situação do casamento e da família nos tempos em que era a igreja católica a ditar os seus trêmites (os outros tempos, lmebram-se?):
- A mulher não podia viajar para o estrangeiro sem autorização do marido.
- Ser enfermeira, professora, hospedeira do ar, etc. implicava a limitação de direitos como o direito a casar.
- A mulher não podia exercer o comércio sem autorização do marido.
- O marido estava autorizado a violar a correspondência da mulher.
- O único modelo de família aceite, era o resultante do contrato de casamento.
- A mulher podia ser repudiada pelo marido no caso de não ser virgem na altura do casamento.
- O casamento era indissolúvel (divórcio proibido).
- Havia distinção entre filhos legítimos e ilegítimos (direitos diferentes).
- Mães solteiras não tinham qualquer tipo de protecção social.
- Os médicos da Previdência não estavam autorizados a receitar a pílula.
- O aborto era punido em qualquer circunstância, com pena de 2 a 8 anos de prisão.
- As mulheres só podiam votar e ser chefes de família se possuíssem curso médio ou superior.
- Nos manuais de leitura estava incluída a frase: “Na família, o chefe é o pai; na escola é o mestre; na igreja o chefe é o padre…
- Em muitas localidades (ainda hoje) quando uma mulher morria os sinos dobravam menos vezes do quando morria um homem.
- Era permitido ao homem MATAR a mulher em flagrante adultério (e a filha em flagrante corrupção), sofrendo apenas um desterro de seis meses!
- Salazar (esse bonzinho que nos tentam vender hoje na TV) declarava: “Nos países ou nos lugares onde a mulher casada concorre com o trabalho do homem(…) a instituição da família, pela qual nos batemos, como pedra fundamental de uma sociedade bem organizada, ameaça ruína.”
É um bocdinho mais do que achar que o lugar das mulheres é na cozinha, não acha, caro anónimo?
Já agora, caro Leonidas, permita-me que lhe sugira esta leitura: http://www.correiodamanha.pt/Noticia.aspx?channelid=00000009-0000-0000-0000-000000000009&contentid=E1AB5DF2-69F7-42E5-965A-C207C2107980
Cumprimentos.
Caro Leocardo,
Preocupa-me mais uma certa dogmatizacao partidaria que ocorre em Portugal, do que esta advogada pela Igreja Católica. Estranho seria se a Igreja viesse à praça pública defender o contrário ou algo que desgastasse a sua própria natureza. Se fosse noutro país, diria que o eleitorado é soberano e teria capacidade para destrinçar as coisas. Mas estamos a falar de Portugal, esse feudo da imbecilidade onde alguém sobre quem recaem suspeitas de ter comprado licenciaturas, falseado projectos de construção e de ter estado envolvido no licenciamento irregular de um centro comercial continua a liderar as sondagens com larga margem de conforto. Estranho haver posts sobre a posição da Igreja neste blog face a uma proposta eleitoral embandeirada pelo PS e não haver sobre Freeports e coisas afins. Dogmatizaçao socialista, Leocardo?
Caro Leocardo,
Aplaudo os seus variados e válidos argumentos nesta nossa troca de opiniões.
Poderia eu pegar nos vários aspectos que referiu para replicar e estariamos aqui várias horas cada um a puxar a brasa à sua sardinha como referiu.
Como já dissemos de nossa justiça sobre este assunto fico-me por aqui e resta-me apenas agradecer o espaço livre para debate e a elevação com que escreve e responde.
Ao anónimo das 14:58, não sou o Vitório e discordo do Leocardo em vários aspectos e opiniões e quando afirmo aquilo que entendo, seja a concordar ou a discordar. Não venho é para aqui dissecar o que é dito até ao mais pequeno detalhe e virgula e concluir, quando não concordo, com um "você é um saloio" e outros mimos de atrasados mentais que nada acrescentam a uma discussão.
Qualquer dia, por falta de comentários com substância, a caixa para comentários é bloqueada ou torna-se obrigatório o registo como noutros sites e depois fica cada um a falar para as paredes.
P.S. - Caro Leocardo, o artigo que indicou foi aquele que eu li.
Penso que dão muito mais importância à Igreja do que ela tem na realidade
A Igreja Católica já paga impostos em Portugal e tem vindo a perder paulatinamente os seus antigos privilégios, sem que tenha lançado qualquer guerra santa contra o governo por causa disso.
Não vale a pena dizer mais nada, que isto já tem comentários para todos os gostos. Por isso, apenas realço dois comentários: o do anónimo das 20.55, que arranjou para Portugal e o seu eleitorado o nome que eu já há muito tempo procurava para definir aquilo ("feudo da imbecilidade"); e o do Hugo, que diz muito bem que se dá "muito mais importância à igreja do que ela tem na realidade".
"...Mas estamos a falar de Portugal, esse feudo da imbecilidade ..."
Estamos é a falar de Portugal, que não obstante gerar idiotas ressabiados como este, consegue perceber que a escolha entre Sócrates, ainda que manchado com algumas nódoas, e os patéticos oposicionistas, que cada vez que abrem a boca mais se enterram, é como limpar o rabo a meninos...
Em democracia, qualquer organização social, religiosa ou política, desde que legal, tem não só o direito como a obrigação de se pronunciar sobre temas que entendam dizer-lhes respeito. Nessa medida a tomada de posição da Igreja sobre o casamento de homossexuais é tudo menos que expectável. O que já não é legítimo à Igreja é apelar ao não voto num determinado partido político por razão de uma qualquer diferença de opinião sobre um determinado tema. Nem inteligente, já que esse apelo pode afastar da Igreja muito boa gente. E nos dias de hoje, a Igreja não pode dar-se ao luxo de desbaratar os cada vez menos fiéis...
Ora aí está mais um (o anónimo das 9:53) a assumir-se como digno representante do feudo da imbecilidade.
A(s) Igreja(s) que opine(m), que está no seu direito. Aliás, não vejo o porquê deste assunto: Na Igreja Católica quem manda é, bem, a Igreja Católica e os seus fieis. Se estes não concordam, então não é permitido o casamento em igreja de Homosexuais, independentemente do que for aprovado na A.R.
Se se quizerem casar, que se casem no registro civil. Se para os gays a Igreja Católica não serve, arranjem outra, que mais não faltam por aí.
Agora se a discussão é sobre se a Igreja Católica é retrogada por agir da maneira como age, então essa seria outra discussão.
A minha pergunta é só esta: o que tem o direito que assiste à igreja de opinar ou participar na sociedade com o direito de interferir no sentido de voto dos eleitores?
Cumprimentos
O mesmo direito que tem qualquer outra organização ou grupo de pessoas.
Qual é o problema de uma organização dizer que se deve ou não deve votar no partido A ou B?
O voto é individual e secreto e cada um é livre de seguir os conselhos que entender.
Assim como cada um é livre de dar os conselhos que entender.
Porque e que com a Igreja isso é diferente?
Porque o Estado é laico e republicano, e o que a igreja está a fazer é chantagem. Mesmo os outros partidos apelam apenas ao voto neles próprios, e nunca contra outro qualquer. Já ouviu o Francisco Louçã dizer "votem no BE, mas se não votarem, por favor não votem no PS"?
É uma pena que o país ache isto "normal" (não acha, são só alguns mais teimosos), até parece que não aprendeu nada com a esmagadora influência da igreja católica durante os tempos. Enfim, quando tinha poder demais.
Admiro a igreja católica na sua vertente humanitária, que exercia e hoje continua a exercer. Mas o lobbyismo, por favor não. Continuem lá a rezar as missas e a explicar como se vai para o inferno caso se porte mal.
Já agora recomendo esta leitura: http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=383460&visual=26&rss=0 intitulado "Grupo católico homossexual regozija-se com compromisso de José Socrates". É de 20 de Janeiro.
Cumprimentos.
Mas entao vocês não entendem?
O que o Leocardo quer é que a Igreja em Portugal seja como a chamada Igreja Patriotica da China.
Ou como a religião é entendida pelos inteligentissimos e empreendedores dirigentes chineses.
Ou seja a religião e só missas, rezas e mais nada. Só espiritualidade e transcendência.
Qualquer actividade social, educativa e (Deus nos livre!!!) POLITICA ( e tudo acaba sempre por ter uma dimensão política), isso não faz parte das competências da igreja.
O Bispo de Setúbal era um perigoso subversivo que não tinha nada que denunciar a situaçao social que se vivia em Setúbal nessa altura.
Assim como o bispo Tutu da África do Sul.
Ou o bispo Ximenes Belo de Timor.
Todos eles se deviam limitar a rezar missas, espalhar o Evangelho e ficar de bico calado sobre tudo o resto.
Denunciar injustiças, ter actividade missionária e educativa e pregar comportamentos sociais que eles acham e tem o direito de achar que são correctos, ai isso é que não.
É só Pais Nossos e Avés Marias e nada mais.
Perante isto não é possível ficar calado sem acrescentar o seguinte
1.o O Estado é laico no sentido de que não promove ou apoia qualquer Igreja. Uma vez que a laicidade não retira a qualidade de eleitor a qualquer membro de qualquer religião, e se estes têm o direito a eleger e a serem eleitos, têm também o direito a opinar sobre esse direito e sobre esse exercício. Quem pode o mais pode o menos.
2.o A laicidade do estado não impede os representantes das várias religiões opinem e se manifestem sobre a vida em sociedade (ainda não percebi onde é que a república ou monarquia têm que ver com a igreja católica mas adiante).
3.o Chantagem só se recusarem a comunhão e ameaçarem com a excomunhão, o que ainda não vi em ponto algum.
4.o Opinam porque lhes assiste tal direito enquanto eleitores portugueses que vão designar os seus representantes. Quem de entre os católicos se revir nas palavras dos membros da conferência episcopal de certeza que não vota no PS. Quem não se revir poderá votar PS se for essa a sua filiação.
5.o Este grupo de portugueses não se revê na política do PS e entende que não merecem os que integram as suas listas de candidatos o seu voto e a sua designação como seus representantes na A.R.. E afirmou-o.
6.o A Igreja já por mais de uma vez afirmou o seu arrependimento sobre actos cometidos no passado e em outras eras. Se erros no passado conduzem à proibição de participação na vida em sociedade, então vamos proibir os alemães de falar porque os avós foram nazis, os japoneses kamikazes, os mongóis por causa do Gengis Khan que era um tipo mau como as cobras e cortou umas cabeças, os italianos porque os romanos massacraram cristãos e por aí fora.
Anónimo das 12:37, os exemplos que referiu vêm dar-me razão. Como já expliquei, admiro o carácter humanitário da Igreja, e tanto o Bispo de Setúbal, o Bispo Ximenes Belo e os outros (esqueceu-se do arcebispo Oscar Romero, de São Salvador, que pagou com a própria vida) são exemplos de como a igreja auxiliou o próximo em tempos difíceis, os pobres e os oprimidos, etc, etc, já percebeu onde quero chegar.
Só que ao contrário de El Salvador e Timor-Leste, em Portugal a Igreja pactuou com a ditadura, e foi afastada dos círculos do poder. Não se afastou por vontade própria. Não se esqueça disso. Não estamos ocupados, não existe apartheid nem se andam a executar comunistas na rua com tiros na cabeça. O que existe é uma perseguição aos homossexuais por parte dessa mesma igreja, coisa que já não é de hoje, e já agora gostava que o senhor me explicasse o que têm os homossexuais (a maioria católicos, como o resto dos portugueses) a menos que a Igreja não lhes reconhece direitos civis consagrados na constituição.
O seu exemplo da Igreja Patriótica foi infeliz, e só posso considerá-lo um acto de desespero. Não quero saber dela nem de nenhuma outra igreja, nem sou judeu, como já disseram algures nos comentários de um outro post. Sou agnóstico mas não reconheço uma religião pior que outra em nenhum sentido. São todas más e todas têm culpas no cartório.
Meu caro Leonidas: se o meu chefe me dissesse "ou você faz isto ou proponho à direcção que o afastem". Isto não era chantagem? A Igreja católica tem todo o direito de fazer o que está ao seu alcance para oprimir (é o que faz) os homossexuais, ora excomungando-os, ora recusando a casar pessoas do mesmo sexo. Agora não devem é de forma alguma interferir na sociedade civil. A proposta do PS diz respeito a casamentos civis, nada a ver com a Igreja. Gostava que a Igreja opinasse ou interferisse no nome que dá aos seus filhos, por exemplo?
Em todo o caso, já vieram negar que pretendem interferir no sentido de voto. Parece que foi só (mais um) mal entendido. Fico por aqui no que a este tema diz respeito. Cumprimentos.
Meu caro, eu não tenho nada contra os homossexuais, e nada contra a que eles se casem.
Assim como não sou católico e estou-me nas tintas para o que diz o sr. padre.
Mas o sr. padre, como qualquer outro cidadão tem o direito de opinar e de dizer os disparates que quiser.
E se não concorda com uma medida do governo, tem todo o direito de discordar.
A Igreja não é mais nem é menos do que qualquer outra organização que vive num pais democrático e com liberdade de expressão.
Ponto final parágrafo.
E outra coisa.
Você dá demasiada importância á Igreja e ao poder que ela tem.
Se ela tivesse o poder sobre as consciências dos portugueses que você diz que tem, em Portugal não seria permitido o divórcio e o "não" teria ganho no referendo ao aborto.
Sem querer interferir na discussão, só um pequeno reparo. A igreja fez tudo para impedir o divórcio, e fez campanha pelo "não" no referendo ao aborto. Não interferiu mais porque não podia.
E fez o que tinha a fazer, num país com liberdade de expressão.
E nao fez mais porque não podia, num pais democrático onde vence a vontade da maioria.
Tão simples quanto isto.
Leocardo,
Não é verdade que os partidos portugueses nunca tenham apelado aos eleitores para não votarem em alguém. A esquerda já o fez por diversas vezes. O PCP apelou a que os eleitores não votassem Freitas do Amaral contra Mário Soares nas presidenciais de 1986. Em outras eleições presidenciais e em várias legislativas, tem sido frequente o PCP ou o BE apelarem ao não voto neste ou naquele candidato ou partido, mais do que ao voto na sua própria cor.
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