Ouvi hoje com atenção o programa "Contraponto" da Rádio Macau. Confesso que estava à espera que depois dos escaldantes acontecimentos do último 1 de Maio tivessemos um programa animadíssimo com a presença de José Rocha Dinis, Ricardo Pinto e Carlos Morais José. O JTM fez-se representar por Sérgio Terra, o PF por Isabel Castro e o Hoje Macau não mandou qualquer "emissário". Opções. Mas não se pense que o programa foi fraquinho. Antes pelo contrário.
Falou-se da violência do 1º de Maio, escalpelaram-se as incidências, apontaram-se uns dedos aqui e ali, e o único contraste de opiniões deu-se na eficácia da acção policial e na passagem pela Av. Almeida Ribeiro. Concordo com Isabel Castro quando diz que a passagem pela artéria principal de Macau é um assunto que devia ser morto e enterrado, e a eventual passagem dos manifestantes pela Almeida Ribeiro não é mais nem menos incómoda do que a passagem pela Rua do Campo ou outro sítio qualquer.
Sérgio Terra insiste na questão do trânsito (ao Sábado, feriado?), do comércio (num feriado obrigatório?), do incómodo para os moradores e no facto de ser necessário encerrar aquela artéria "durante duas ou três horas". Em relação a estes dois últimos pontos, discordo em absoluto. Primeiro não conheço nenhuma associação de moradores ou comerciantes que se oponha à passagem dos manifestantes, e quanto ao facto da avenida precisar de ser encerrada durante "duas ou três horas", trata-se de manifesto exagero! Para quê fechar a Av. Almeida Ribeiro durante mais tempo do que o da própria manifestação? Demoraria no mais de 15 minutos para os manifestantes passarem, e no máximo seria necessário encerrar o acesso ao trânsito durante uma hora.
Esta ladainha do trânsito, comércio, incómodo para os turistas e moradores, etc. é um disco riscado, um bate-pé sem sentido. Os manifestantes passaram na Av. Almeida Ribeiro em 2006 (eu estava lá e vi) e não se registaram distúrbios de maior. Nenhum turista ficaria surpreendido por ver uma manifestação do 1º de Maio no dia...1 de Maio. Fez-se ainda referência ao incidente envolvendo a jornalista Carmo Correia, e de como "alguns blogues" consideram que a culpa é da Carmo Correia, que não devia lá estar, ou qualquer coisa assim. Não entendi muito bem, mas penso que não se referiam a mim, certamente. Estou solidário com a foto-jornalista, que é obviamente vítima do excesso de força utilizado pelas autoridades. Congratulo-me em saber que está melhor e recebeu hoje alta hospitalar.
Posto isto, passou-se para a controvérsia do par de mamocas exibido no Telejornal do canal Ou Mun do último Domingo. Fiquei desiludido com algumas afirmações de Isabel Castro, que se referiu ao deputado Paul Chan Wai Chi como "auto-intitulado democrata". Onde é que já ouvi isto? Pega-se? Chan Wai Chi, Ng Kwok Cheong e Au Kam San são os democratas, sim. Podem ser democratas "à moda de Macau", assim como temos muitas outras coisas "à moda de Macau", mas chamá-los de "auto-intitulados democratas" é passar um atestado de incompetência e burrice aos mais de 30 mil eleitores que votam no NMD e fazem dessa associação a mais representada na Assembleia Legislativa.
Surpreendeu-me ainda ouvir a jornalista do Ponto Final mencionar uma alegada relação entra as críticas à TDM e a caça ao voto, nomeadamente do segmento de eleitorado do deputado Ung Choi Kun, dos Cidadãos Unidos de Macau, conhecido por criticar (por tudo e por nada, diga-se de passagem) a estação da Francisco Xavier Pereira. Mas alguém me explica como é que criticar um canal de televisão dá votos a alguém? Chan Wai Chi esteve mal em advogar a censura por causa de um par de seios em nome dos valores morais e da juventude, ainda para mais num território onde os jovens têm acesso a imagens de sexo e violência desde tenra idade - como foi aliás referido. Só que as afirmações do sr. deputado têm tanta relevância como os dois segundos em que as controversas mamocas estiveram no ar: nenhuma.
16 comentários:
Os comentário do Terra fazem-me lembrar aqueles dos lambe-botas que se prostam perante o Poder...enfim!
Em Hong Kong, as grandes manifestações que são na ordem das centenas de milhares de pessoas, podem passar por Central, Wan Chai, Causeway Bay, Mong Kok, Tsim Sha Tsui, etc etc... que são 3 vezes mais movimentadas e com mais turistas que qualquer zona de Macau. Então em Causeway Bay, com as rendas astronómicas, o transtorno deve ser brutal para os comerciantes.
Mas aqui em Macau, coitadinhos dos comerciantes e turistas que não podem aguentar 20 minutos com a passagem de uns 1000 gatos pingados...
Esta coisa da manifestação não poder passar por certas zonas da cidade porque causam transtorno nos turistas e comerciantes e residentes é das coisa mais estúpida que já ouvi.
Então se não deixam que a manifestação cause qualquer impacto, qualquer transtorno, qualquer ruído, por minimo que seja, qual é a sua utilidade??? Mais vale proibirem de todo, ou então mandá-los para Coloane onde não chateiam ninguém.
Que lógica estúpida.
Se a Isabel Castro passou um atestado de burrice aos mais de 30 mil eleitores, eu secundo-a. São "auto-intitulados", sim, porque em nenhum lugar do mundo os democratas são xenófobos e pseudo-moralistas como estes. Só se houver democratas da extrema-direita...
Também ouvi com atenção. A parte das críticas à TDM e a caça ao voto mais o deputado Ung Choi Kun foi da autoria do Sérgio Terra, não da Isabel Castro
E no dia em que finalmente foi dado o OK para o inicio da camapanha eleitoral para as legislativas de 2009. Milhares de pessoas ligadas à lista 10, da Angela Leong, marcharam do Fundo da Almeida Ribeiro até ao Hotel Lisboa. Aí não ouvi preocupações com o comercio. Porque será?
Estava a comentar o post e a electricidade pifou.
Se não ficou registado (creio que não) eu volto a comentar.
Cumprimentos
Obrigado pela correcção, anónimo das 15:42.
concordo com os comentários das 13.43 e 14.05 e discordo com o das 14.29 porque, apesar de tudo, entre autointitulados e submissos que não desgrudam da tv e dos sofás ainda fico com os primeiros.
Como já percebi que não ficou gravado o comentário, aqui vai de novo:
1) As manifs na Almeida Ribeiro são uma teimosia infantil dos dois lados.
No dia em que um dos lados ceder, o outro ficará sem saber muito bem como reagir.
2) Os "democratas", como já antes escrevi, não são democratas, são safragistas, defendem o voto universal.
São coisas bem diferentes.
De democratas, mesmo à maneira de Macau, têm muito pouco.
3)A jornalista Carmo Correia.
Não sei quem é que comentou o caso dessa maneira cretina.
A jornalista estava a exercer a sua profissão, dignamente, e como é seu dever.
Resta desejar-lhe um rápido restabelecimento.
Cumprimentos
Sufragistas, sufragistas, desculpem o lapso.
Bem, basta olhar para o Boletim Oficial Ilustrado cá da praça para se perceber bem que o sabujo que lá trabalha muito obviamente vai sempre comentar em defesa da dama do seu patrão.
quem é o boletim oficial ilustrado?
O anónimo da 01:05 tem o direito de ficar com quem quiser, mas não era isso que estava em causa no meu comentário. O que disse e reafirmo é que esta gente não é democrata coisa nenhuma. Democratas não são xenófobos nem censores. O Pedro Coimbra deu-lhes o nome certo: não passam de sufragistas, porque acham que ser democrata se resume a ter direito a eleger através de voto directo o Chefe do Executivo (desde que esteja assegurado que as outras comunidades numerosas não-chinesas não possam nunca votar, claro).
anonimo das 04:29 não seja otário. Não é quem , é o quê? Em Macau todo o portugues com olhos na cara sabe o que é o Boletim Oficial Ilustrado.
O Boletim Oficial Ilustrado é o Jornal Tribuna de Macau. Esclarecidos?
Mas ao que interessa. Os democratas são a coisas mais hipócrita que se passeia pelas ruas da RAEM. São mais populistas que os populares e comparam-se com facilidade ao Bloco de Esquerda lá de Portugal. A sorte de Macau é que estas bestas nunca serão aceites no poder por Pequim.
Quanto ao deputado Ung Choi Kun, é o exemplo da ignorância infindável que se pode encontrar na AL e que nos leva a pensar quanto mal preparados estão os eleitores em Macau.
AA
Não é quanto mal preparados, é quão mal preparados.
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