domingo, 10 de janeiro de 2010

Eu vos pronuncio marido e marido


Foi aprovado na sexta-feira o casamento entre pessoas do mesmo sexo em Portugal. O nosso país volta a ser pioneiro nesta coisa de “direitos peregrinos”, como já o havia sido quanto à pena de morte, e é o oitavo país do mundo e sexto da Europa a legalizar a união civil entre homossexuais. Olhando para os restantes países europeus que o fizeram, temos a Suécia, Noruega, Bélgica ou os Países Baixos, por exemplo. Países com níveis de desenvolvimento muito superiores aos nossos, o que revela uma tentativa patética de reclamar um pârametro em que estejamos ombreados com a poderosa Escandinávia. Já que não pode ser na qualidade de vida e nos resultados a Matemática...

Fui em tempos um “activista” contra o casamento “gay”, porque sempre achei que se tratava de lançar uma confusão na sociedade em nome de uma minoria. Existem problemas que são da vontade da maioria resolver, e no entanto não conseguem ser resolvidos. A legalização vai trazer duas novas modalidades de casamento: homens com outros homens, e mulheres com outras mulheres, quando antes existia apenas uma. Eu por um lado até compreendo as mulheres, e se eu fosse uma, também continuava a gostar de mulheres. Quanto aos rapazes, agora vão poder casar também “unos con los outros”, como na anedota das batatas salteadas.

Não me identifico com os argumentos da Igreja, pois isso de “família” não é algo necessariamente emanado do casamento hoje em dia. Posso ter filhos, e viver maritalmente com alguém, sem precisar de assinar nada. Existem ainda casais que vivem juntos durante anos sem nunca terem tido filhos, e porque iam os homossexuais ser diferentes? Pois é, a questão dos direitos e das transmissões hereditárias, isso é que os incomoda. Não parece incomodar tanto assim os casais que vivem em união de facto, que não devem pensar assim tanto na morte e na tragédia. Quer dizer, vemos marmanjões de vinte e trinta e poucos anos preocupados com o que vai acontecer com o parceiro quando morrerem? Porque será?

Hoje em dia o assunto já não me diz tanto, e até me sinto mais ou menos aliviado que isto tenha sido legalizado e agora podemos começar a falar do passo seguinte: a adopção entre casais do mesmo sexo. Aí não há problema, pois num caso de divórcio, por exemplo, em que ambos os pais se voltam a casar, a criança fica com dois pais ou duas mães. Agora também a criança orfã pode ser adoptada por dois pais, ou duas mães. Pode ser que depois se encontrem todos uns com os outros e façam uma festa, e se divirtam e tal (ooops, é melhor parar antes que me acusem de defender o “mito” de que os homossexuais são promíscuos), e aí os orfãos ficam a dispor de uma gama de vários pais e várias mães, e aí não temem que nada de mal lhes aconteça.

Isso leva-me à questão do outro “mito” de que os homossexuais não conseguem manter uma relação amorosa estável. É verdade que conhecemos exemplo de bravos soldados do lobby gay que mantêm relações estáveis com pessoas do mesmo sexo durante décadas, e chegam a envelhecer juntos. Tiro-lhes o chapéu. Mas por cada um desses, conheço dez casos de indivíduos que têm outros parceiros sexuais enquanto numa relação estável, nunca chegam a ter uma relação estável, ou em alguns casos separam-se porque um deles começa a gostar de mulheres, casa-se e tem filhos. Não estou com isto a insinuar que a homossexualidade é uma doença mental ou um desiquilíbrio que se pode curar, mas está muito longe de ser um compromisso sério e estável.

A legalização do casamento gay não me incomoda, não me faz ter dúvidas sobre a minha própria sexualidade, nem obriga ninguém a casar com uma pessoa do mesmo sexo. O que me incomoda é que mais uma vez seja uma minoria a ditar o que está certo e errado. Não gostamos nada quando é uma pequena minoria de empresários, banqueiros e aldrabões a ditar o rumo da nossa economia. Não gostamos quando é uma minoria de políticos, fanáticos e malucos a gerir as nossas vidas. E não deviamos gostar quando uma minoria de gays nos dita quem pode casar com quem, ou que nos ensine o que é uma família.

PS: Não me importo que discordem com os pontos de vista aqui expressos, mas agradecia que não pautassem os comentários pelo insulto fácil e gratuito. Nesse caso até prefiro que não comentem.

11 comentários:

Anónimo disse...

Leocardo, nao percebo isto: "O que me incomoda é que mais uma vez seja uma minoria a ditar o que está certo e errado"

Cumprimentos,

Leocardo disse...

Bem, por "minoria" refiro-me ao lobby gay, evidentemente. Isso agora podia levar-me a defender o argumento do referendo, mas penso que isso seria uma enorme perda de tempo. Como já deixei claro, a questão já não me incomoda mais.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

Isso do casamento é para rotos!

Paulo39 disse...

Aparentemente, essa minoria não quer ditar o que está certo ou errado, mas sim alertar para uma descriminação que existia e que, segundo a Constituição, não deveria existir.
No entanto, ainda assim, não considero que o modelo "anterior" fosse discriminatório, visto que qualquer pessoa, hetero ou homossexual podia casar nas mesmas condições, seguindo as mesmas regras.
Além disso, isto leva a que se ponha em causa a proibição do casamento do poligâmico, ou entre familiares próximos, ou entre pessoas e animais, etc. Seguindo a ordem de pensamento dos fanáticos apologistas do casamento gay, teriam de ser legalizados todos esses tipos de casamentos, para que ninguém se sentisse discriminado.
No entanto, também admito que esta comparação (talvez exceptuando o casamento poligâmico) não é correcta, e que a situação não é bem equivalente.
Rematando a questão, a minha opinião pessoal é a seguinte: casem-se à vontade, é para o lado que eu durmo melhor e é algo que não é da minha conta, portanto não me vejo no direito de vos privar de algo que vos pode tornar mais felizes. Peace & Love

Anónimo disse...

viva o vitinho

Anónimo disse...

Referendo é que não, que custa muito dinheiro. Os referendos devem só ser feitos sobre coisas que afectem as pessoas directamente e, sobretudo, sobre coisas sérias.

Anónimo disse...

Agora k o casamento entre a paneleiragem é permitido em Portugal, gostaria de saber quando é que o Leocardo vai casar com o Manel a Portugal. Ou será que vai casar com a amante transexual tailandesa que costuma ir com ele ver os filmes ao cinema?

Leocardo disse...

Nem uma coisa, nem outra. Se quisesse posso fazê-lo no Consulado Geral de Portugal em Macau. Mas olhe, sei que V. Exa. é fã do meu pau, não lhe quero dar falsas esperanças. Não gosto de rabetas peludos.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

Leocardo, va levar no cu seu palhaço fdp

Anónimo disse...

Leocardo do Portugal dos pequeninos. Leocardo é um potugues mas felizmente nem todos os portugueses sao Leocardos. Senhor de um raciocionio de cafe, do acho que.Este gajo opina mas nao pensa.Leocardinho testemunha de jeova

Leocardo disse...

Lamento informá-lo, mas não sou "potugues", sja lá o que isso for.

Cumprimentos.