sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Bah, bruxas...


Hoje é Halloween, dia destinado a receber o Inverno e o novo ano celta. Trazido para o novo mundo pelos irlandeses, Halloween significa All Hallows' Even, e antecede o dia de todos os santos (é isso que significa, literalmente). Em Portugal é mais conhecido por “dia das bruxas”. Isto porque é um dia em que…não acontece nada. Bem, o Simão Sabrosa faz anos, a título de curiosidade.

Era um dia como outro qualquer. Lembro-me uma vez que fiquei na casa dos primos em Almada, fui com eles e uns vizinhos tocar às campaínhas, naquilo que se chamava “jogo do prego”. Já na universidade, fomos um dia passar a noite a um cemitério nos arredores de Lisboa, a beber jolas e fumar ganzas. Enfim, brincadeiras parvas.

Mas é para isso mesmo que serve o Halloween. Mais uma desculpa para cultivar a bebedeira, procurar sexo casual, enfim, mil e uma coisas. E logo por sorte este ano caíu a uma Sexta-feira. Na última (ou penúltima, sinceramente não me lembro) vez que o Halloween coincidiu com um fim-de-semana, fui a uma festa que acabou, assim como muitas outras que se realizam no território com a presença de estrangeiros, à chapada.

É mais uma desculpa para o deboche e para a javardeira, como se tem feito do Oktoberfest, por exemplo. Na Alemanha o Oktoberfest é a festa que marca o fim das colheitas, e quem pensa que é apenas uma desculpa para encher os cornos, desengane-se. A cerveja que os alemães bebem naqueles copos que mais parecem uma jarra não passa dos 2-2.5% de volume de alcool. É preciso beber umas três ou quatro jarras daquelas para se começar a sentir ligeiramente torpe.

Não gosto do Halloween porque não me diz nada, não me identifico com ele da mesma forma com que não me identifico, por exemplo, com o Carnaval. Porque carga de água alguém se lembrou de realizar uma celebração característica dos climas quentes e tropicais em pleno Inverno? Escolas de samba com meninas semi-nuas debaixo de temperaturas de oito graus centígrados e muitas das vezes a chover? Já alguém ouviu falar do Carnaval inglês, francês ou belga? O de Veneza é uma honrosa excepção, com um nível e significados a que nunca podemos sequer sonhar ombrear.

“Brincar ao Carnaval” servia meramente para 1) ter mais um feriado 2) um pretexto para brincar com explosivos e outros produtos tóxicos, que serviam para alguns meninos mal educados agredir ou enxovalhar outros. Nos outros países europeus cristãos onde se festeja o início da quaresma não há registos de tamanha selvajaria ou falta de civismo. Eu ficava sempre em casa no Carnaval, porque não me apetecia ser vítima, nem me juntar a associações de delinquentes.

Os miúdos sempre têm uma desculpa. Hoje na EPM estiveram lá as habituais 45 bruxas, 38 vampiros, 22 zombies. É também o dia em que se regista um número de múmias maior que o habitual. É uma falta de imaginação gritante. O mais curioso é a forma como alguns pais, ora assumidamente cristãos e apologistas do tal do "respeitinho" permitem aos filhos que celebrem este ritual pagão vestidos de forma a inchar de orgulho praticantes de missas negras ou rituais satânicos. São talvez os mesmo que tiram fotografias dos filhos a fazer pai-san em templos budistas para mandar para os avós.

Pois é, já sei que festa é festa, e já dizia o saudoso Carlos Paião, "dai-nos mais feriados para festejar". Mas passava-se muito bem sem o americanismo do Halloween. Bem sei que os bares, lojas da especialidade e afins se congratulam com a ocasião, e que isto não passa de mais uma forma engraçada de fazer negócio, como são o Dia dos Namorados ou o Dia da Mãe. E quem acredita em bruxas?

Os blogues dos outros


Seis meses depois de ter chegado a Macau, posso afirmar que me sinto completamente inadaptado a Macau e a tudo o que lhe está associado. Contrariamente ao que esperava, com o passar dos meses, continuo a não me identificar minimamente com Macau. Tudo me parece estranho, incluindo pessoas e os seus comportamentos. Veremos como será o futuro aqui por estas bandas…

El Comandante, Hotel Macau

Ando preocupado. Loureiro dos Santos asseverou que a instituição militar está descontente e que, inclusive, os militares mais jovens poderão empreender alguma acção mais irreflectida. Ora, eu tenho um enorme respeito pelos militares. Aliás, tenho um enorme respeito por todos quantos transportam armas, como é o caso dos ciganos da minha terra. Os militares, à falta de melhor para fazer, ou são pedreiros - v.g., às ordens do Comandante Eusébio Furtado, devemos-lhes a calçada portuguesa-, ou são revolucionários. Se fizesse parte do governo, daria a máxima atenção a estas indicações. Da última vez que não se fez a vontade a jovens militares descontentes...

VICI, MACA(U)quices

Nos EUA há agora preservativos com os rostos dos candidatos. Consta que a camisinha de Obama traz o slogan: “Use com sabedoria” e a pergunta “Quem diz que é necessário ter experiência?”. A versão McCain: “Velha, mas não vencida.” E a mensagem: “Testada na batalha, forte e durável, para aquelas ocasiões quando você precisa mudar de posição”. E se a moda pega, em 2009, por cá?

Maria Inês de Almeida, Corta-Fitas

Em Portimão, Algarve, vai ser inaugurado um autódromo. Não sei se já repararam na publicidade pobre, diria mesmo, miserabilista que os responsáveis da empresa exploradora do autódromo têm produzido para a televisão. Para uma obra tão apregoada como possuindo uma grande envergadura e importância para o desporto motorizado dão a ideia que já foram à falência antes das luzes se acenderem para a primeira corrida. Os anúncios não têm qualquer categoria, são de um mau gosto atroz, não são apelativos e transmitem a ideia de que o novo autódromo anda a contar os tostões.

João Severino, Pau Para Toda a Obra

Se bem ouvi o presidente do BCP este banco vai recorrer à garantia do Estado em duas situações possíveis, se houver dificuldades no acesso ao crédito e se tal garantia lhe proporcionar juros mais baixos. Quanto à primeira situação não há dúvidas sobre a transparência do processo, o mesmo não se pode dizer da segunda. Se recorrer à garantia do Estado para obter condições mais vantajosas o BCP está a usar a garantia dada pelos portugueses para alcançar maiores lucros, já que esses juros são mais baixos porque o risco de crédito é nulo. Como é lógico o BCP alcança um ganho de competitividade que não só lhe permitirá obter vantagens em relação a outros bancos, como consegue lucros à custa dos portugueses. Será isto legítimo?

Jumento, O Jumento

Um homem tinha um cavalo. Inicialmente dáva-lhe uma ração completa até que um dia teve uma brilhante ideia. Decidiu reduzir a ração do cavalo, 5% de cada vez. Para habituar o cavalo. Foi reduzindo a dose. Um belo dia gerou-se uma discussão à volta desta técnica de habituar o cavalo. Algumas pessoas tentaram impedir o homem de reduzir a dose diária em mais 5%. Diziam que o cavalo poderia morrer. Outras argumentavam que 5% não poderia fazer qualquer diferença. A discussão repetiu-se várias vezes até que um dia o cavalo morreu de fome.

João Miranda, Blasfémias

Miguel Esteves Cardoso disse há dias, numa entrevista, que o português gosta de ser mandado, ter uma chefia forte que mande nele. Dizia também que, a propósito da ASAE e da normalização Europeia, nos restaurantes e afins, os tugas gostam de se armar em bons, e correm logo a adoptar qualquer coisa que os burocratas de Bruxelas, gentilmente e generosamente, patrocionados por corporações amigas da malta, decidem a nosso favor. Qualquer dia somos todos iguais. Esta ideia, por exemplo, podia ser patrocionada pela Monsanto e amigos. Usa como demonstração, de não submissão a Bruxelas, os casos de Espanha e Itália, que dizem que sim e que tal, mas depois mandam-nos prá puta que os pariu e continuam com as suas tradições e costumes. Nós não, foda-se, nós temos a ASAE.

Francis, O dono da loja

Sócrates deu uma banalíssima entrevista a dois péssimos entrevistadores e recebeu miseráveis reacções da oposição e publicistas. Dizer que ele não pode ligar a situação nacional à crise internacional, que falhou na política económica e que não apresenta ideias novas, revela uma concepção da política que só sobrevive à custa da dissonância cognitiva. Depois desgostam-se com as sondagens, as alimárias.

Valupi, Aspirina B

O presidente da Associação Nacional das Pequenas e Médias Empresas abriu “guerra” à actualização em 2009 do salário mínimo nacional anunciada pelo governo, com a ameaça de que, se o aumento for para a frente, vai “determinar junto dos associados que não renovem os contratos”. Está em causa um aumento de 426 € para 450 €, ou seja, de 27 €. A ameaça abrange 43.720 trabalhadores com contratos a termo certo, de um total de 200.000 que auferem o salário mínimo nacional. Considero inqualificável a total ausência de sentido de responsabilidade social retratada nas palavras daquele responsável. O aumento pode gerar desemprego, mas abordar a medida da forma como o fez demonstra não apenas falta de tacto relativamente à justeza de um aumento ínfimo, mas também, do meu ponto de vista, uma imoralidade, por incitar publicamente à dispensa dos trabalhadores.

Margarida Corrêa de Aguiar, Quarta República

imaginemos: um indivíduo nasce na madrugada de sábado para domingo à uma e meia da manhã. 45 minutos depois (após as palmadas, o choro e a lavagem automática) vai-se a ver e falece. certidão de nascimento: 26/10/2008; 01.30h. certidão de óbito: 26/10/2008; 01.15h. e então? nada, era só isto.

João Gaspar, Last Breath

Já li a entrevista de José Rodrigues dos Santos à revista Visão. Parabéns para a fotografia da capa, que é muito boa. Apesar de se notar que, devido ao problema do espaço ( A Visão não é vendida em tamanho A-2), tiveram que optar por mostrar apenas uma orelha. O José Rodrigues dos Santos, nesta entrevista, revela que tentaram matá-lo em Timor. Ui! Em Timor?! Grande coisa, eles fazem sempre isso. Mal chegamos ao aeroporto, tentam matar-nos e a seguir tentam convencer-nos a comprar-lhes sandálias. É um costume deles. Mas, a grande revelação do Zé, é que já esteve na Antárctida! e teve de usar luvas, óculos e um barrete (e dois termo-acumuladores em cada orelha) porque, diz o José, na Antárctida fazia, imaginem – até dez graus negativos! - Ui! Dez graus negativos na Antárctida, eu imagino o frio que não estaria nas Penhas Douradas. Dez graus negativos na Antárctida, que horror! aposto que não dava para entrar na água mais que a cintura. Ai, Zé, Deus te proteja a ti e às pessoas que praticamente não têm orelhas. Beijos no tímpano.

João Quadros, O Mal está feito (outra vez)

My October Symphony


Pois é, lá está o Leocardo outra vez obcecado pelas estatísticas em vez de se preocupar com a "qualidade" das postagens. Mas é assim mesmo, os meus pais ensinaram-me a ser grato, e não posso passar sem fazer uma referência aos leitores deste blogue, que voltaram a fazer do último mês o melhor de sempre, pelo terceiro mês consecutivo! Foram 7630 visitas, mais 225 que o recorde anterior, do mês passado. Obrigado a todos e continuem a passar por cá. Já agora um grande abraço aos autores dos blogues O Jumento, Hotel Macau, O dono da loja e Last Breath que incluíram o Bairro do Oriente na sua lista de links. Kanimambo!

Zack and Miri Make a Porno


O novo filme de Seth Rogen, o comediante mais in em Hollywood. Zack e Mari so amigos e partilham o mesmo apartamento há dez anos, até que que se vêem depletos de capital e resolvem entrar para a indústria da pornografia. Apesar do tom ligeiro do filme, "Zack and Miri Make a Porno" foi censurado no estado do Utah, que como se sabe é a "base de operações" da igreja mormon. O filme foi contudo bem receido pela critica, e prevê-se que seja um sucesso de bilheteira.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Turista acidental


Ai o turismo, o turismo. O filho de um amigo meu entrou este ano na Universidade, e quando lhe perguntei o que andava a rapaz a estudar, respondeu-me “Turismo”. Aí mandei uma das nossas piadolas mais espirituosas, e perguntei-lhe se o rapazote fazia planos de se tornar turista.

Quando era miúdo lia muito as revistas da Disney (aquelas que os velhos chamavam “Patinhas”, mesmo que fossem do Mickey), e havia uma edição do Disney Especial dedicada aos “Turistas”. Eu sempre pensei que ser turista fosse assim mesmo, viajar para lugares distantes, com uma valise (passo o brasileirismo) cheio de etiquetas dos lugares por onde se passou, e de máquina fotográfica pendurada ao pescoço.

Quando cheguei a Macau passaram ainda alguns dias antes de começar a trabalhar, um simpático “período de adaptação” concedido pelo meu patrão da altura. Foi na altura que fiz turismo por Macau, que me perdia em ruas e vielas, dava com os locais turísticos quase por acidente. Lembro-me de uma vez ter andado sem direcção e ter ido parar às Portas do Cerco. Macau de noite era fascinante, completamente distinto do dia, graças ao colorido do néon e daquelas adoráveis lâmpadas que se penduram ainda em algumas mercearias.

Hoje quando um turista me pergunta que locais recomendo, pergunto-lhe sempre “já foi ao Farol da Guia/Mong-Há/Templo de Lin-Fong/Jardim Lou Lim Ieoc”? Se me responde que sim, então não sei mais o que lhe dizer. As ruínas de S. Paulo e o Templo de A-Má estão implícitos.

Quando levava os miúdos ao Jardim de Infância, costumava tomar o pequeno-almoço no café Rosa, ali em frente ao Tunel da Guia, e reparava na horda de turistas que vinham saindo do Hotel Mondial, em direcção àquelas camionetas que mais pareciam sobras da guerra da Coreia, a horas indecentes (8 da madrugada; é por isso que viajar em tour é uma merda), provavelmente a caminho daquele que é já considerado o passeio dos tristes. Ora ruínas de S. Paulo, depois lojas negras (inevitável), o Templo de A-Má, os casinos, e se der tempo, um pulinho à Taipa ou a Coloane.

Curiosamente na zona onde vivo, é raro ver excursões. Então a Penha não tem interesse? E o Lilau? O quartel dos mouros? Bem, assim também não estragam, se calhar é melhor. Incidentes recentes como a batalha de Hac-Sá, no final do ano passado, provam que o turista chinês está cada vez mais exigente, e já não se deixa enganar tão facilmente por operadores turísticos pouco escrupolosos.

Existe um conceito – talvez derivado da feroz concorrência no sector – que só se faz um bom trabalho na indústria do turismo se se for capaz de espremer o turista até ao último centavo. Virá-lo ao contrário para que o dinheiro lhe caia todo, ou sugando-lhe os bolsos com um daqueles aspiradores de migalhas.

A aspiração de qualquer turista, onde quer que vá, é ser bem tratado, saber onde se come realmente bem (ou em bom português “onde não se come mal”), exprimentar em primeira mão a cultura, a História, as cores e os sabores do lugar que visita. É preciso pensar em acabar com os compadrios entre as agências de viagem e as lojas que vendem recordações, bolachas, carne assada e outras porcarias, os restaurantes que se denominam de comida portuguesa e que só dão mau nome à dita cuja, enfim, a toda uma rede que se convencionou achar que tem dado resultado.

Há quem me tenha falado dos gloriosos tempos em que os turistas japoneses visitavam Macau, nos anos 80, que gastavam fortunas nos casinos, fotografavam as pedras da calçada e as igrejas de lés a lés. O que aconteceu, entretanto? Que se saiba os japoneses não acabaram, continuam lá felizes da vida no arquipélago à espera de descobrir novos mundos e novas aventuras.

Em Macau temos potencial para fazer do turismo qualquer coisinha de jeito, e ultrapassar a crise sem mácula de maior. Temos o Instituto de Formação Turística, um verdadeiro luxo, de onde saem todos os anos jovens preparados para uma carreira no turismo ou na hotelaria. Não há motivos para recear uma falta de profissionais, o que se deve apostar mesmo é num turismo de qualidade, que se afaste do inferno dos casinos.

Não temos muito para oferecer, é verdade. Ao contrário de outras paragens da Ásia não temos praias (temos, cheias de salmonelas e outras bactérias) ou estâncias balneares dignas desse nome. O que temos é uma cultura imensa. Está mais que provado que a maioria dos turistas que procuram Macau têm na sua agenda o encontro das culturas orientais e ocidentais.

É por isso que é preciso combater uma certa tendência que existe em politizar alguns dos aspectos que tornam Macau uma cidade diferente no contexto internacional. Devemos preservar o que é genuíno, o que é nosso, pois é isso que fica quando as fichas acabam, quando Taiwan inicia vôos directos para o continente, e quando a crise aparece. O património resiste a tudo isto, e está lá para nos servir.

Penas reduzidas


O Tribunal de Segunda Instância diminuiu as penas dos familiares e do empresário Nolasco da Silva no caso Ao Man Long. O tribunal considerou que a sentença tinha sido excessiva e inflacionada. Quem mais beneficiou foram os familiares de Ao Man Long, com o irmão do ex-secretário Ao Man Fu a ver a sua condenação de 18 anos reduzida a 5. O empresário Frederico Nolasco viu ap ena reduzida de 10 para 6 anos. A decisão não é passível de recurso. Veja aqui a reportagem da TDM.

Dia Nacional da Prevenção do Cancro da Mama


Hoje, dia 30 de Outubro, assinala-se o Dia Nacional da Prevenção do Cancro da Mama. O cancro da mama é uma doença que vitima centenas de milhar de mulheres em todo o mundo cada ano. Todos conhecemos pelo menos uma vítima: uma amiga, a mãe de uma amiga, uma colega, uma vizinha, um parente afastado. Mesmo nos homens, a incidência deste carcinoma é 100 vezes menor, mas igualmente mortal. A prevenção é a melhor cura. Com cancro, caros leitores, não dá para negociar. Não dá para desejar que se vá embora. Tudo o que podemos fazer é dar-lhe luta, e nunca desistir, se existe uma réstia de vida, e esperança. Mesmo quando se perde, é preciso ter a certeza que o cabrão não vai sem luta. A todas as mulheres que sofrem desta terrível maleita, hoje mando um enorme abraço, e fico a torcer por elas. Nunca, mas nunca virem as costas à vida.

Pornografia?


Legisladores indonésios forçaram através do parlamento uma rigorosa lei anti-pornografia, apesar dos protestos de artistas e minorias religiosas, alegando que a lei ameaça a unidade nacional. A lei - muito mais rigorosa que a anterior em vigor - propõe a criminalização de "expressões e actos corporais" considerados obscenos e capazes de perturbar a moralidade pública. A lei foi suportada pelo partido islâmico Justiça Próspera e apoiada pelo governo do presidente Susilo Bambang Yudhoyono. Segundo os críticos, esta nova legislação põe em causa algumas tradições indígenas, nomeadamente de tribos que ainda vivem semi-nuas, bem como ameaça algumas estátuas de alguns templos hindus, que representam símbolos fálicos, ou mesmo algum artesanato típico da ilha de Bali. Já foram registados alguns protestos.

Vai tudo abaixo n'América


O programa mais louco da SIC Radical está de volta. O "Vai tudo abaixo", de Jel e do irmão está agora na América, e de volta estão também o Ruço, os Homens da luta, Carlinhos o machista gay, e como não podia deixar de ser, Wanderley. E o falso brasileiro apanhou António Lobo Antunes em Nova Iorque. Um momento de humor "à maneira".

Cristiano Superstar


Cristiano Ronaldo parce estar a voltar à grande forma, e aos golos, em vésperas de se anunciar quem é o melhor jogador do ano de 2008. Ontem o ManU bateu o West Ham por 2-0, com dois golos do internacional português. Fica aqui o primeiro, a passe do outro português, Nani.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Trânsito, TDM e politiqueiros


1) Fiquei movido pelo protesto de cem pessoas que pediam às autoridades esclarecimentos sobre a morte de um familiar/amigo na madrugada de Segunda-feira, num acidente de viação. O motociclista chegou sem vida ao hospital depois de um condutor alcoolizado não ter respeitado a regra da prioridade. Infelizmente vai sendo assim. Não se respeitam as regras, caga-se na lei, e ainda hoje eu próprio ia batendo num palerma que vinha conduzindo a mota com uma mão, pois a outra estava ocupada a segurar o telemóvel, onde falava. É preciso começar a trabalhar no sentido de garantir a quem trabalha ou sai de casa num veículo, de que volta com vida. Morrer pela própria estupidez, tudo bem. Pela estupidez dos outros, não obrigado.

2) O deputado Ung Choi Kun manifestou hoje na AL a sua insatisfação pelo facto das suas queixas sobre a TDM terem sido respondidas pelo administrador-geral Manuel Gonçalves, e não pelo Governo, que segundo o sr. deputado "tem responsabilidades sobre o canal de televisão". De lembrar que este deputado se insurgia contra a "pouca cobertura" que o canal da Xavier Pereira deu ao terramoto de 12 de Maio, em Sichuan. Ung queria provavelmente que a TDM - com as limitações que se lhe conhecem - mandasse para o local hordas de jornalistas que pudessem fazer uma cobertura exaustiva dos antes, depois e entretantos daquela tragédia. Sobre a ideia que o sr. deputado tem sobre o que deve ser a liberdade de informação e a função da TDM, para ele "um orgão governamental", abstenho-me de comentar.

3) Agnes Lam Iok Fong não pára. Hoje, em mais uma sessão de esclarecimento sobre a legislação do artº 23 com a presença do Chefe do Executivo, a estrela do departamento de comunicação da UMAC voltou a levantar "questões pertinentes", sobre o que será dos jornalistas se tiveram acesso a informação sensível, como quem será o próximo Chefe do Executivo, ou sobre quem virá a desempenhar este ou aquele cargo de direcção. Ora aí está a descoberta da pólvora por esta senhora. Perguntas que nunca passaram pela cabeça de ninguém, como se os jornalistas tivessem a toda a hora acesso a este tipo de informação. Os objectivos desta senhora, e isso é claro como a água, são meramente políticos. Pensa que representa a "maioria silenciosa", e que preenche "um vácuo" na politiquice local. Há quem a considere "inteligente" (discutível) e até "bonita" (por amor de Deus...), mas como diz aquele indivíduo d'Os Contemporâneos: "tu queres é aparecer".

Não batam mais no ceguinho


Saramago viu "Blindness", o filme de Fernando Meirelles baseado no livro "Ensaio sobre a cegueira", da autoria do Nobel português. Como não sou fã de Meirelles e muito menos de Saramago, não faço planos em ver o filme. Se o filme é bom? Não sei. Saramago chorou ao vê-lo, diz que ficou feliz e Meirelles chorou baba e ranho e até beijou a careca do comunista ateu. No entanto, e deixando isto de filmes a quem percebe, o conceituado crítico norte-americano Roger Ebert deu nota negativa ao filme. Não sei porquê, mas até desejei que Ebert tivesse dado uma nota positiva ao filme. Talvez um sentimento patrioteiro recalcado qualquer, não sei. Segundo o crítico do Chicago Sun Times, o filme é "desagradável, exasperante e doentio", um dos piores que já viu. Uma alegoria sobre a cegueira, que até não começa mal, mas que se arrasta pelos últimos três quartos como um exercício de mau gosto. O filme (não sei se no livro é igual) é cheio de cenas de violência, nudez e violações, a maior parte do tempo em prisões. Segundo Ebert, José Saramago resistiu a várias propostas para transformar o seu livre em filme, e para o crítico, devia ter resistido mais um pouco. O melhor mesmo é ler aqui a crítica completa (em inglês). O filme estreia em Portugal daqui a duas semanas e certamente que toda a gente vai exercitar a vontade de falar bem do que é nacional e vinga no estrangeiro. O filme foi marcado por protestos aquando da sua estreia nos Estados Unidos, por ser ofensivo para os cegos. Mas neste caso quem sabe se tiveram sorte, em não poder vê-lo.

Advogados do Diabo


Decorreu ontem o julgamento daquele artista que agrediu um árbitro auxliar no desafio entre o Benfica e o FC Porto a contar para a 3º jornada da Liga Sagres (já me apetecia uma, por acaso). O meliante, de nome Carlos Santos, é um conhecido adepto do Benfica (tipo o Barbas), só que como imagem de marca é completamento calvo e usa uma longa barba branca. Naquele dia sentiu-se possuído pelas vestimentas de diabo (com chifres e tudo), entrou no campo e agrediu José Ramalho, porque não tinha gostado que o árbitro não tivesse assinalado alguns fora-de-jogo do ataque portista e quis chamar-lhe a atenção para esse facto, contou ao Tribunal de Pequena Instância Criminal de Lisboa. "Foi um flash que me passou", confessou Carlos Santos ao Expresso, que segundo as testemunhas "é um bom rapaz". Uma das testemunhas contou que a mulher e os filhos do arguido ficaram sem lhe falar duas semanas após o incidente. Eu se fosse filho do Carlos Santos não lhe falava a vida toda.

O árbitro auxiliar José Ramalho foi "surpreendido" pela agressão. Durante o julgamento, a violência do ataque foi questionada pelo juíz: "Mas foi um calduço ou um cachaço?". Na segunda-feira a seguir, Ramalho foi analisado no Instituto de Medicina Legal, onde lhe diagnosticaram um traumatismo cervical. Ficou sem trabalhar cinco dias. O seu filho de cinco anos, que assistia ao jogo pela televisão, chorou, e vociferava entre baba e ranho "porque ninguém ajuda o meu pai?". Já consigo imaginar Artur Albarran a relatar o caso: "o horror...o drama...o cachaço". As mazelas psicológicas foram piores. Ramalho continua a ser ameaçado e enxovalhado na rua, tem pesadelos à noite (?!) e está a ser acompanhado por uma psicóloga. Nunca mais teve coragem de apitar jogos em Portugal (ou no estrangeiro, para esse efeito) e tem ataques de pânico quando vê relva ou diabos (esta fui eu que inventei agora). Prevê-se que fique em casa com a cabeça escondida entre os lençois durante este Halloween, e no próximo Carnaval.

Assim vai a justiça portuguesa. Julgamentos absolutamente embaraçosos para vítimas, testemunhas e magistrados, dignos dos palhaços Croquete e Batatinha. A sentença será proferida na próxima quinta-feira. O país vai certamente parar para assistir às tigelas de caldo verde cheínhas de justiça que os srs. drs. juízes vão distribuír. Já agora, pode visionar aqui o vídeo da agressão (que seria mais que suficiente para evitar um processo tão complicado e punir o infractor), em que se percebe também a gravidade da mesma que causou um "traumatismo cervical" ao sr. árbitro assistente. Curiosamente dos responsáveis da segurança no Estádio da Luz nesse dia, que deviam ter evitado que tudo isto acontecesse, nada se sabe.

El Pibe patrón


Os argentinos estão eufóricos. O seu melhor jogador de todos os tempos, Diego Maradona, é o novo seleccionador nacional. Maradona vai liderar uma equipa técnica que, não vá o diabo tecê-las, vai ser constituída por outros treinadores de renome. O investimento da Associação Argentina de Futebol deve-se à saída de Alfio Basile e dos maus resultados da selecção das pampas, que venceu apenas um dos últimos cinco jogos da fase de grupos da qualificação sul-americana para o mundial de 2010, na África do Sul. A Argentina reparte o terceiro lugar com o Chile, a um ponto do Brasil e a sete do líder Paraguai. Uma grande oportunidade para Maradona demonstrar se é tão talentoso como técnico, como foi quando jogador.

Final do campeonato de filósofos


Um clássico dos Monty Python, do seu "Flying Circus", programa que revolucionou o humor britânico (e não só!) no final dos anos 60. Um jogo de futebol entre filósofos alemães e gregos, arbitrado por Confúcio, assitido por Santo Agostinho e S. Tomás de Aquino. Imperdível.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Macau serve-se frio


Macau é uma cidade de Inverno, uma cidade invernal, e às vezes infernal. As cores cinzentas, amarelo pálido ou branco contrastam com os vermelhos, laranjas e os azuis fortes das suas irmãs Goa e Malaca. Em Macau predominam os castanhos, os ocres, os verdes pálidos da batata doce, das castanhas, do gengibre ou da couve seca.

Daí que Macau seja muito mais linda, agradável e interessante na época do frio. No calor Macau é sufocante, apertada, húmida, cansativa. Costumo dizer que se pudesse, passava o Verão em Portugal e o Inverno aqui. As chuvas são no Verão, o intenso calor e a sua incómoda parceira humidade visitam e vão ficando por mais de metade do ano, as roupas colam-se ao corpo, o suor escorre em cascata.

Lembro-me de quando cheguei a primeira vez a Hong Kong, ao sair do aeroporto naquela tarde chuvosa de Junho, senti como que o bafo do Diabo, um vento quente e parado que logo estimulou as glândulas soporíferas. Foram anos até me habituar, e nem hoje sei se consegui. Os melhores dias são os imediatamente anteriores e seguintes ao gelado frio de Janeiro; usa-se uma camisola leve, o sol aquece o ar parado, desligam-se os nefastos ares-condicionados.

Assim, Novembro (depois do Grande Prémio), Dezembro, alguns dias de Janeiro e o período depois do Ano Novo Chinês, até Maio. Este ano foi excepcionalmente frio, o que foi muito bom! O frio é sem dúvida o melhor amigo da moda. Os fatos, sufocantes no Verão, ganham um novo significado. Os casacos, as botas, as luvas, os chachecóis de mil cores passam a ganhar sentido. As meninas ficam mais bonitas de meias e de botas, e mesmo as criancinhas são menos irritantezinhas, imóveis de frio com as suas rubras faces a darem-lhes uma demão de tinta da vida.

E aquele solinho altaneiro e brilhante num dia gelado, a funcionar como que um pequeno aquecedor, e que sabe tão bem quando bate na cara? É o mesmo sol de que só apetece fugir no Verão. Os melhores turistas visitam Macau no Inverno. Os que percebem a beleza taciturna dos cinzentos, da pedra branca e preta. As pessoas mais interessantes que conheci em Macau foi no Inverno.

O frio é ideal para amar, abraçar durante horas a fio, ficar na cama todo o dia e não querer saber de mais nada. Já tenho saudades de dormir todo o dia durante o Ano Novo Chinês, e poder dizer “já sei, é meio-dia, e depois?”. Não há nada como tomar um duche demorado nos dias mais frios do Inverno, aquilo que os ingleses chamam “dead of winter” (precisamos de um tradução urgente para isto), ou de ficar na banheira a apodrecer enquanto se sopra a espuma e se ouve música suave e se bebe um rum.

Mal posso esperar pelo primeiro caril que me faça suar num dia gelado. De beber vodka puro por “noblesse oblige”. A maioria das pessoas engorda no Inverno, o que não acontece comigo. O frio não me abre especialmente o apetite, e para mais o calor puxa sempre à cervejinha gelada, uma desgraça para qualquer dieta. O frio puxa mais pelo vinho tinto, pelos alcoois brancos, as bebidas destiladas.

Chega à mesa a carne de carneiro, o tradicional Tacho, o sempre apetecível ta-pin-lou. Este ano já decidi logo que chegar o frio renovar a minha prateleira de piri-piris e outras malaguetas. Enquanto na Europa já chegou o frio, aqui fico esperando ansiosamente. Quando chegar, vou abrir os braços para recebê-lo, e depois encolhê-los para realmente apreciá-lo. E já mandei o meu roupão favorito para a lavandaria. Portanto, fai-ti, fai-ti!

Vietname e as bombocas


O governo vietnamita está a considerar aprovar uma lei que proíbe pessoas com "peitos pequenos" de conduzir. A notícia deixou incrédulos os vietnamitas, e principalmente as vietnamitas, conhecidas por não serem assim tão...dotadas. O Ministério da Saúde do Vietname recomendou que pessoas com um busto inferior a 72 centímetros não devia conduzir motociclos, bem como aqueles que são "demasiado magros" ou "demasiado baixos". Le Quang Minh, um corrector da bolsa de Hanoi, de 31 anos, afirmou que "a proposta de lei pode parecer até engraçada, mas vai fazer muitas vítimas". "A maioria das mulheres vietnamitas tem peitos pequenos, pelo menos a maioria das minhas amigas não vão preencher os mínimos exigidos", acrescentou. Quem não vai ter problemas em conduzir no Vietname vai ser esta menina na fotografia.

À boleia da Índia


Macau conseguiu a qualificação para os quartos-de-final do Mundial B de hóquei em patins, ao bater a Índia por 14-5, em jogo realizado esta manhã (17.30 hora de Macau) na África do Sul. Macau nem precisa de esperar pelo resultado do jogo entre o Uruguai e Israel, uma vez que seja qual for o desfecho, os comandados de Alberto Lisboa serão sempre um dos dois melhores terceiros classificados. Resta aguardar o resultado entre Holanda e Áustria para saber se Macau vai defrontar os Estados Unidos, virtuais vencedores do Grupo A, ou a equipa da casa, que já venceu o Grupo B. Seja como for, não se afigura um jogo fácil para a formação macaense.

Kanzi faz anos


Kanzi, o não-humano mais inteligente do mundo, faz hoje 28 anos. Nascido em cativeiro, em Atlanta, filho de dois macacos da espécie Bonono. Kanzi, que significa "tesouro" em Swahili, é o primeiro primata a compreender correctamente a fala humana. Testes realizados pelo centro de pesquisa linguística da Universidade da Georgia provam que Kanzi é capaz de ouvir o nome e apontar para vários objectos, e compreende mais de 500 palavras. A sua compreensão é equivalente à de uma criança de dois anos e meio (e talvez muito boa gente adulta...). Kanzi consegue ainda esculpir objectos em pedra, sendo capaz de produzir objectos afiados em pedra lascada, e até cortar cordas. A sua comida favorita são cebolas, a sua brincadeira de eleição é a apanhada, e o seu brinquedo predilecto é uma bola vermelha.

Regresso ao passado: Zé Gato


Uma série policial realizada por Rogério Ceitil, de 1979, que contava com as participações de Orlando Costa, Márcia Breia, António Feio, e os saudosos António Assumpção, Canto e Castro e Jacinto Ramos. A música original era de Tozé Brito e Jorge Palma. Para quem acompanha a telenovela "Sonhos Traídos", aos finais da tarde na TDM, é curioso verificar como Orlando Costa mudou tão pouco em quase 30 anos. Hoje, parecendo que não, já é um senhor com 60 anos.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O que faz falta


Quando deixei a santa terrinha e fui para Lisboa, era ainda um catraio a cheirar a leite, aprendi uma lição muito importante: como viver sozinho. Aprender a sobreviver é como uma vacina, quanto mais cedo se toma melhor.

Vivi primeiro na casa dos tios, em Almada, mas isto de ser um pequeno adulto a viver na casa de outros mais velhos é complicado, para mais que os meus primos já eram todos emancipados. Mudei-me então para uma casinha ali para os lados de Arroios, pertença de uns amigos do pai emigrados na Alemanha. Não era grande coisa, mas chegava e sobrava para mim.

Em pouco mais de um ano trabalhei em três sítios diferentes, qualquer coisa que desse para pagar os estudos, que devido à falta de tempo, andavam muito mal, sinceramente. A maior lição que tirei de tudo isto foi a economia doméstica. Ia ao supermercado duas ou três vezes por semana, à Praça no Sábado de manhã, e nunca cometia excessos. Como não sou um grande adepto das batatas fritas, acompanhava sempre as refeições com massa, que sempre dá para encher mais a barriga.

Com a variadade de fresquíssimos legumes que se podiam encontrar no mercado perto de casa, havia sempre salada. Quando estava inspirado fazia uma sopa, que às vezes eram o único sustento durante dois ou três dias. Sobrava sempre um dinheirinho para as saídas ao Sábado à noite, ou para o cinema ao Domingo, desde que não abusasse do uso do táxi. Lia os jornais no trabalho (quando dava), e durante um ano só voltei a casa em Agosto e no Natal.

Depois surgiu Macau, e como tudo mudou. Mas olhando a despesas, não pensei duas vezes; o que vinha ganhar a Macau era o triplo do que ganhava em Portugal, e sempre me fascinaram as mudanças de ares. Depois de usufruír da simpatia do casal que me acolheu à chegada ao Oriente durante dois meses, não tardou que o passarinho quisesse novamente bater as asas e encontrar um ninho. Só que aqui a adaptação foi bastante mais difícil.

Estávamos no ano de 1992, e a lista de compras era sempre muito limitada. Os vegetais não pareciam assim tão viçosos e frescos, a barreira da língua impedia uma incursão regular pelos mercados, e habituei-me a comprar comida congelada. Ainda me lembro duma vez que passei um dia inteiro à procura de bolachas Maria por toda a parte, para fazer um bolo de bolacha.

Depois descobri este Tin Une (na imagem), através de um amigo, e diz que era ali que a comunidade portuguesa comprava as necessidades básicas. De facto, ali havia (e ainda há) bacalhau, latas de grão e feijão, farinha Maizena, chouriço, mixórdia de cevada Pensal, polpa de tomate, latas de azeite que diziam “Azeite” e garrafões de vinho tinto que diziam “Vinho”.

Tão simples quanto isso. Fiquei encantado. Parecia uma daquelas mercearias portuguesas dos anos 50 onde se vendiam os cereais ao litro, dentro de vasilhas altas, com os enchidos pendurados no tecto e as contas ainda eram feitas em papel com o lápis atrás da orelha. Tempos houve em que uma lata de sardinhas Minerva era um verdadeiro pitéu ao alcance de poucos.

Quem procurasse por becos e vielas conseguia por vezes encontrar surpresas agradáveis. Havia uma mercearia na Areia Preta que vendia Moscatel de Setúbal, em garrafas de aspecto suspeito, mas de sabor imaculado. Uma padaria da Rua da Barca fazia sair às 6 da manhã uns pães de leite que nada ficavam a dever aos de Portugal. Às vezes lá aparecia um padeiro, pasteleiro ou merceeiro com imaginação que aprendia com os seus ex-patrões portugueses ou ainda mantinha algum contacto na pátria lusitana.

O que sempre achei uma roubalheira foi o café, a nossa bica, ao dobro e às vezes ao triplo do preço e de qualidade muito inferior ao que se bebia em Portugal. Mas falando de vícios, o que compensava era o preço dos cigarros, baratíssimos, quase dados. Comecei a fumar muito mais em Macau, onde um maço custava o equivalente a 120 escudos, já em 1995.

Depois apareceu o Bolo de Arroz, a pastelaria. Devem estar lembrados que o primeiro foi ali mesmo no meio do Largo do Senado, onde fica hoje o Vong Chi Kei, mas rapidamente mudou-se para a Travessa de S. Domingos. Os mais simpáticos elogiaram os esforço empresarial que visava aguçar o dente açucarado dos nossos expatriados e dar a conhecer à comunidade local o melhor que se fazia da doçaria portuguesa, e chegavam a comparar os bolos do BDA aos de Portugal.

Quer dizer, para mim que ainda limpava da camisa as migalhas dos pastéis de massa tenra da Pastelaria Nené, na Rua Augusta, onde comia todas as manhãs o pequeno-almoço, sabia que não era bem assim. Compreende-se e aceita-se, afinal é o problema dos ovos, da farinha (o pão em Portugal é imbatível), do leite, da manteiga, enfim, torna-se difícil fazer um queque ou um caracol igual ao da Pastelaria Suíça, por exemplo.

Gostei do esforço heróico com que o BDA começou a produzir bolo rei no Natal de 1993. Aquilo é que foi ver os nossos compatriotas, ávidos de um pedaço de saudade, mesmo que não gostassem do bolo propriamente dito (conheço pouca gente que realmente gosta). Havia que lhes tirar o chapéu por conseguirem produzir o galão, a meia-de-leite, o capuccino, os rissóis, enfim, mais com o intuito de nos aquecer o coração do que atingir a perfeição.

Depois do aparecimento do aeroporto ficámos um bocadinho mais perto, com os tais vôos da TAP, que nos traziam um pouco de tudo todas as semanas. Ali no antigo Park’n’Shop da Av. Sidónio Pais havia um pequeno negócio de um rapaz de cabelo encaracolado e bigode, cujo nome agora me escapa, que vendia jornais, revistas e até livros de banda desenhada com apenas alguns dias de atraso. Antes a alternativa era ler na Livraria Portuguesa O Expresso ou A Bola do mês anterior.

Isto tudo, é preciso não esquecer, antes do evento da Internet. Depois tornou-se tudo mais fácil, claro, apenas à distância de um clique. Confesso que tenho algumas saudades desse tempo. Em que a informação era muito mais difícil de obter, e prezávamos qualquer livrinho ou qualquer jornal como se fosse um amigo distante cheio de novidades para nos contar. Hoje pode-se fazer o download de dezenas de discos e centenas de músicas, quando antes vinhamos carregados de CD’s da Tower Records de Hong Kong, ou que vinham de Portugal traziam os últimos sucessos da cena pop/rock nacional.

Hoje a caça não sabe tão bem porque passamos da flóber do avô à implacável semi-automática. Hoje se me der na real gana posso entrar pelo supermercado Gourmet adentro e levar umas daquelas batatinhas rosadas, perfeitas para fritar (com o senão de custarem umas cem lecas o quilo), ou comprar meia bola de queijo Limiano em vez de me contentar com os quadrimétricos da Kraft, ou uma caixa de camarões da Pescanova, uns lombinhos de tamboril, sapateira, Skip máquina, chá Li-Cungo, farinha Branca de Neve, óleo Fula, enfim, não falta nada.

Quer dizer, faz falta muita coisa, e a preços convidativos. Sabem quanto custa uma couve-lombarda? Um quilo de bacalhau da Noruega? Uma alheira de Mirandela? Um queijo de azeitão? Custa o mesmo que em Portugal, mais o preço do bilhete do avião que traz essas iguarias.

No outro dia deparei-me com as bolachas Belgas da minha infância (Belgas Belgas, deli-ciosas), chocolates Regina (fortificam a vagina). Só faltavam mesmo as Bombocas. E as batatas Pala-Pala. E os Mon-Cheris cheinhos de licor, ao contrário daqueles ressequidos que por aí andam. E, e, e…

A vontade de importar produtos portugueses, muitos e bons, não passa apenas pelas FIM's ou pelo tal centro de produtos portugueses de Zhuhai. Passa pela vontade dos senhores empresários, e dos comerciantes locais, claro. Os produtos portugueses que temos são de qualidade reconhecida pelos consumidores macaenses, e certamente que mesmo os mais cépticos não se importavam de expandir os seus horizontes.

Quer dizer, temos aqui coisas muito boas a preços acessíveis (Sumol, Compal, Azeitonas, vinho), a preços mais ou menos acessíveis (queijos, enchidos), ou a preços escandalosos (aquele presunto da Pata Negra por exemplo) e outros sofríveis (Ferber, Vieira de Castro, eles que me desculpem), mas todos com relativa boa saída.

Basta olhar para o nosso produto nacional por excelência, o bacalhau. Até dá para inventar pratos locais com o fiel amigo (arroz de bacalhau). Já alguém ouviu falar da popularidade do bacalhau na Tailândia, nas Filipinas, na Índia ou no Japão? Existe caril de bacalhau? Ou sashimi de bacalhau? Ah, bom.

E mesmo os filipinos, reparem como vão conseguindo impor a sua gastronomia e importar os seus produtos a uma velocidade vertiginosa. E não me falem de distâncias, de logística ou de mercado. O segredo do sucesso passa, neste caso, apenas pela vontade de investir num território onde temos uma história tão antiga, e continuamos a reafirmar o nosso interesse. Ou sim, ou sopas.

Penico


Esta é uma imagem curiosa e muito comum em Macau. Dois senhores descansam agachados de cócoras, aqui em plena Rua Pedro Nolasco da Silva, enquanto esperam pelos amigos, pelo patrão, ou quem sabe pelos amores da sua vida. Esta posição, que carinhosamente chamo de "banquinho invisível", é muito popular entre o pessoal da China continental, e um tanto ou quanto rejeitada pela malta local, como sendo "sinal de má educação" (sabe-se lá porquê...). Entretanto se for novo em Macau e observar alguém nesta posição, resista à tentação de lhe dizer: "olhe meu amigo, não se assuste, mas roubaram-lhe o penico".

Com o pé esquerdo


A selecção de hóquei em patins de Macau entrou a perder no campeonato do mundo "B" que se disputa até ao próximo Domingo na África do Sul, com uma derrota frente à Colômbia por 5-12. Os comandados de Alberto Liboa defrontam hoje o Egipto (0:30 hora de Macau), encontro que não se afigura nada fácil, uma vez que os egípcios golearam a Índia por 14-3. Nos outros grupos, os super-favoritos Estados Unidos têm-se imposto com mais ou menos dificuldade; ontem bateram o Uruguai por 5-3, e já hoje a Austrália por 5-0. Destaque para a equipa da casa, que depois de vencer a Áustria por 3-1 na primeira jornada, derrotou ontem à noite a Holanda por 8-4.

Actualização: Macau perdeu esta noite com o Egipto por 2-3. A selecção do território precisa assim de golear a Índia hoje para poder aspirar a um dos melhores 3ºs lugares e garantir a presença nos quartos-de-final.

Uma sugestão


Srs. da TDM, que tal mandar para o ar o programa "Cantonese in one minute", apresentado pelo excelente Pierre-François Metayer, antes da telenovela "Páginas da Vida"? O que acontece é que os miúdos querem esperar pelo programa - que além de divertido é educativo - que só passa às 23 horas. Como o "Cantonese in one minute" nada tem de violento, controverso ou pornográfico de conteúdo, seria interessante alargar o número de espectadores à faixa etária que não pode ir para a cama tão tarde. Obrigado pela atenção.

O fim da inocência


Um só golo do espanhol Xabi Alonso, aos dez minutos de jogo, deu a vitória ao Liverpool em Stamford bridge, onde o Chelsea não perdia para a Premier League desde Fevereiro de 2004. Foi a primeira derrota de Luiz Filipe Scolari no comando dos "blues", e o fim de 87 jogos (!) sem perder em casa. O Liverpool lidera agora isolado a EPL com 23 pontos, mais 3 que Chelsea e Hull, e mais 4 que o Arsenal.

Rinchoa, Rinchoa


Um momento musical dos Gato Fedorento. Qualquer coisa entre os Xutos e os Guns N'Roses.

domingo, 26 de outubro de 2008

O homo lusitanus


E pronto, está decidido. Este ano vou passar o Natal a Portugal, muito contra o meu gosto, uma vez que vou ficar apenas 8/9 dias. Compromissos inadiáveis na base da quase centena de milhar de patacas que viagens, prendas, deslocações e outras porcarias vão implicar. Gosto muito de ir a Portugal sim senhor, apesar de não o fazer todos os anos, ou nem sempre com a regularidade que me apetecia. Adoro passear pela minha adorada lezíria, sentir aquela frescura, pisar aquelas gigantescas bostas, matar as saudades.

Só que me sinto cada vez mais estrangeiro cada vez que lá vou, principalmente desde que os meus pais e irmãos decidiram assentar arraiais na capital. Ainda me lembro da primeira vez que lá fui, três anos depois de ter vindo para Macau. Os tios foram-me buscar ao aeroporto, e primeira paragem, Café Central, em Almada, para comer um pastel de nata e beber um galão. Lá chegado, ainda às primeiras horas da manhã, fui tratado como um criminoso pelas empregadas de mesa: “Aos Domingos é pré-pagamento. Se quiser qualquer coisinha tem que pagar primeiro”. Aparentemente os seres noctívagos iam lá depois da febre de Sábado à noite cantar o “Chamem a polícia, que eu não pago”.

Outra moda irritante dessa classe tão peculiar, os empregados de mesa, é a do “copos de água não temos, só copos com água”. Uma vez, cansado dessa boa piada, expliquei a um deles que o “copo de água” aqui é uma medida, um quantitativo, assim como a garrafa de água, o barril de cerveja ou o jarro de sangria, e não significa que o copo é “feito de água”. Escusado será dizer que não gostou do meu aparte. As compras eram também um calvário. Às vezes entrava numa loja, comprava 10 ou 20 contos de roupas, livros, discos, prendas ou seja lá o que fosse, e sempre que chegava ao balcão era tratado como um maluquinho, que não sabia o que fazia, e levava sempre com uma cara de “olha que não podes pagar isto, seu palerma”.

Depois há a questão dos cigarros. Quando ainda fumava, dizia-se e com razão que “em Lisboa dois maços: um para fumar e outro para dar”. Será que nem o preço dos pauzinhos do vício intimida os fumadores que não conseguem sustentar esse mesmo vício? Alguns dos mal-entendidos, discussões de taberna, conflitos de tráfego (e logo eu, que tirei a carta em Macau), e outras tricas vão sendo cada vez mais difíceis de aguentar cada vez que vou a Portugal de férias.

Quando cheguei a Macau também não foi fácil a adaptação. Cheguei a ir a festas (era convidado para muitas, mais que agora curiosamente) onde via os pais a tratar os filhos por “você”. Ia a casa de conhecidos que pareciam o Museu Britânico de tantas peças de “artesanato” e móveis que lá haviam. As idas a Zhuhai com as “senhoras” mais pareciam um saque colonial, tal era a procura de objectos de decoração, loiças e tudo mais que hoje se pode encontrar em qualquer loja de chineses em Portugal.

Macau dos anos da pré-transição era o paraíso dos cabotinos. Qualquer um via um livro publicado, gravava um disco ou fazia uma exposição. Era tão fácil aparecer na televisão e nos jornais que a única forma de evitá-lo era ficar em casa e não aparecer em qualquer evento que juntava os nossos “artistas”. Isto sem desdém para o que de bom também se fazia, muito mais que agora, por sinal. Havia mais dinheiro, pois é.

A reverência aos doutores (não aos médicos, entenda-se) consegue ser pior ainda. Da parte das pessoas mais velhas, especialmente, mas os mais jovens também lhes seguem o caminho. Alguns falam de fulano que é “doutor” como se fosse um herói de guerra. Estudar em Lisboa/Porto/Coimbra é o equivalente em alguns países a ter servido na II Guerra, na Coreia ou na Bósnia.

Uma vez estava num conhecido café onde se juntava a nossa comunidade, e perguntei a um senhor, ilustre advogado entretanto já regressado à pátria, “se o jornal que estava em cima da mesa era seu”. Respondeu-me com um ar afectado: “Se o jornal é seu, senhor doutor! Ó homem, você já aprendeu com os chineses, que raio!”. Primeiro pensei que estava a brincar, e depois de um compasso de espera de segundos e ter percebido que a coisa era séria, respondi-lhe que não o conhecia, que não trabalhava para ele, mas que não me importava de o tratar por “senhor doutor”, desde que ele me tratasse por “Sua Majestade”.

Mas enquanto me passeava pela baixa da cidade no outro dia, à hora de almoço, apercebi-me da quantidade ainda significativa de portugueses que cá temos, ou que pelo menos estão de passagem pelo território. Gente jovem e bonita, e congratulo-me que cá estejam ou que cá venham. Se cá estão, é porque são mesmo bons, e quantos mais, melhor.

Precisa mesmo de emagrecer?


Sem palavras.

De Hull a Matosinhos (passando por Kazan)


Todos gostamos quando o pequeno David vence o grande e arrogante Golias. É por isso que gostamos da Taça de Portugal, e chamamos-lhe "a festa". É uma oportunidade única de clubes pequenos e menos conhecidos de esgrmir os seus argumentos contra os clubes ricos, que tudo açambarcam, e que beneficiam de isenções e aparecem de cara lavada na justiça, apesar de todos sabermos que não é bem assim.

Na Inglaterra existe um pequeno clube de Kingston Upon Hull, na faixa leste de Yorkshire (população: 250.000) que tem batido o pé aos gigantes do futebol inglês. Ontem após a vitória por 3-0 no reduto do West Bromwich Albion, o Hull City AFC "apanhou" o Liverpool e o Chelsea no topo da Premier, e logo no ano de estreia. O Hull tem um orçamento de 7 milhões de libras, bastante pra um clube médio em Portugal, por exemplo. Uma ninharia para a Premier. Este é o ano de estreia do Hull City no escalão maior do futebol inglês, mas já conseguiram vitórias em White Hart Lane, contra o Tottenham, em St. James Park, contra o Newcastle, e no Emirates Stadium, contra o poderoso Arsenal. Somam 20 pontos à 9ª jornada, quando muitos pensavam que iam obter menos que isso no final das 38 jornadas que compõem o campeonato.

Em Portugal o Leixões venceu o FC Porto no Estádio do Dragão por três bolas a duas. Os portistas passaram praticamente a morder o pó dos leixonenses, clube de Matosinhos, uma cidade-satélite da grande invicta. O Leixões já não vencia no Porto desde a longíqua época de 1972/73, e foi a primeira derrota do Porto para o campeonato. O mais curioso é que com esta vitória, graças ao golo do brasileiro Braga (no vídeo), o Leixões isolou-se no comando da Liga Sagres, o que nunca tinha acontecido na história.

No campeonato holandês o pequeno Groningen lidera isolado, e na Rússia o Rubin Kazan, da cidade de Kazan, no Tataristão, está a uma vitória (faltam quatro jogos) para conquistar o campoenato russo, e garantir a entrada directa na Liga dos Campeões. Na época passada o CFR Cluj da Roménia ganhou o campoenato, e o Anorthosis Famagusta tornou-se este ano a primeira equipa cipriota a participar na Liga dos Campeões. Se o futebol está a mudar neste sentido, é uma mudança muito bem vinda. Abaixo o rei, e viva o pequeno.

Diz que não sabia quem era


Na leitura semanal que fiz do Jornal Record deparei com uma notícia engraçada: "Para além disso, [Alberto João] Jardim teceu duras críticas à gestão do clube e não poupou Lori Sandri. “Acho que este ano houve uma série de disparates desde aquela inqualificável ida à Venezuela, jogadores que já vi jogar e até dão-me vontade de rir, mas foram contratados, um treinador que eu não sei quem é... e uma série de coisas”". A propósito deste último comentário, Lori Sandri sugeriu que Alberto João, uma vez que não sabe quem ele é, "procurasse na internet". Ora foi isso mesmo que eu fiz. E eis o resultado: num jogo do campeonato brasileiro entre o Sport do Recife e o América do Rio Grande do Norte - clube treinado por Sandri - o actual treinador do Marítimo sai algemado e escoltado pela polícia, depois de discutir uma decisão da arbitragem. Alberto João deve desculpas a Lori Sandri. Afinal o brasileiro é um celebridade.

sábado, 25 de outubro de 2008

Leituras


- Pinto Fernandes fala dos autocarros e muito mais, em Espere que venha outro!, no Hoje Macau.

- O Hoje Macau dá destaque à legislação sobre o artº 23, em Em nome da Pátria, por Alexandra Lages, Votos a favor, por Island Ian e Sónia Nunes, e Ferida aberta, por Kahon Chan. Leia ainda o editorial de Carlos Picassinos, O diário de Pandora.

- Severo Portela dá também a sua opinião sobre o articulado na edição de sexta-feira (finalmente online), em Gestão de ansiedades.

- A abertura do novo ano judicial merece também destaque no HM. Leia Cada cabeça sua sentença, por Sónia Nunes.

- Ainda no Hoje Macau leia a entrevista a Júlio Pereira, que actuou ontem no Centro Cultural, no âmbito do Festival de Música de Macau.

- No JTM também se fala do artº 23 da Lei Básica. Conheça a opinião de Rodolfo Ascenso, em Segurança e jornalismo.

- A edição de hoje do JTM fala da reacção da Igreja Católica ao artº 23, uma reportagem de Emanuel Graça.

- N'O Clarim, José Miguel Encarnação fala dos ex-combatentes e do Festival da Cerveja, em Atentado.

- Os e-mails da quinta dimensão falam do Sporting Clube de Macau e do Conselho das Comunidades, em Quem vai para o ar, avia-se em terra!

Bom fim-de-semana!

Sabia que...


Os cegos sonham? O musicoterapeuta brasileiro Luiz António Milleco, cego de nascença, garante que todos os cegos sonham. Ele explica que seus sonhos acontecem por meio de sensações, sons, cheiros e toques. "Sonho com todos os sentidos que compõem meu dia-a-dia", resume ele.

Como falam os ventríloquos? O dom de falar fazendo parecer que a voz vem de outro lugar é possível devido ao uso do estômago durante a inalação (do latim “venter loqui” significa barriga falante). O ventríloquo inspira e expira devagar, pressionando com força as cordas vocais. As palavras são formadas pelo estreitamento da garganta; a boca abre-se o mínimo e a língua move-se apenas na ponta.

Os animais são curiosos? Os bichos também são curiosos, e essa característica desempenha um papel importante em sua sobrevivência. “A combinação entre curiosidade e coragem pode levar animal à morte ou revelar algo novo que melhora sua qualidade de vida”, explica o zootecnista Alexandre Rossi. Um pássaro “curioso”, por exemplo, decide provar uma nova frutinha, que pode ser venenosa ou não. “Ele pode tanto contaminar-se ou, com sorte, ter uma nova fonte de alimento”, descreve Rossi. Os animais que têm mais curiosidades são os chamados exploradores, como os ratos, os cães e os primatas.

Qual o segredo dos encantadores de serpentes? Todas as cobras, inclusive a naja, usada nas apresentações de encantadores, são praticamente surdas. Quando o encantador abre o cesto onde a serpente está, ela se levanta porque costuma ficar com parte do corpo na posição erecta. O que desperta a curiosidade do animal é o movimento que o encantador faz com a flauta. Alguns encantadores passam urina de rato na ponta da flauta, o que atiça o faro da naja e ajuda a manter sua atenção.

Os peixes dormem? Não exactamente. Eles apenas alteram estados de vigília e de repouso. O período de repouso consiste num aparente estado de imobilidade, em que os peixes mantêm o equilíbrio por meio de movimentos bem lentos. Como não têm pálpebras, seus olhos ficam sempre abertos. Algumas espécies deitam-se no fundo do mar ou rio, enquanto os menores se escondem em buracos para não serem comidos enquanto descansam.

De onde vêm as palavras Fulano, Beltrano e Sicrano? Fulano vem do árabe "fulân" ("tal"). No espanhol do século XIII, fulano era usado como adjectivo, mas depois tornou-se esse substantivo que designa algo que não sabemos o nome. Beltrano veio do nome próprio Beltrão, muito popular na Península Ibérica por causa das novelas de cavalaria. A terminação em ano veio por analogia com fulano. E Sicrano tem origem misteriosa.

Como surgiu a numeração dos sapatos? Tudo começou em 1305. O rei Eduardo I, da Inglaterra, decretou que se considerasse como uma polegada a medida de três grãos secos de cevada alinhados. Os sapateiros ingleses ficaram entusiasmados com a ideia e passaram a fabricar, pela primeira vez na Europa, sapatos em tamanho-padrão, baseando-se nos tais grãos de cevada. Um calçado que medisse, por exemplo, 37 grãos de cevada era conhecido como tamanho 37.

Porque é comum os cofres serem retratados em forma de porco? No século XVIII, as pessoas guardavam moedas em potes feitos com uma argila chamada pygg. Certa vez, um ceramista não muito familiarizado com o assunto recebeu uma encomenda de algumas peças deste material e imaginou que o cliente queria compartimentos com aparência de pig (porco, em inglês). Assim nasceram os cofres em forma de porquinhos, hoje tradicionais em todo o mundo.

De onde vem o nome das estações do ano? No passado, o ano era dividido em veris (bom tempo, estação da floração), e hiems (mau tempo, estação do frio). O Diccionário Etimológico de la Lengua Castellana, de Juan Corominas, diz que o sistema de quatro estações foi adotado a partir do século XVII. Derivados do latim, o nome das estações significam:

Primavera – de “primo vere”, quer dizer princípio da boa estação;
Verão – de “veranum tempus”, significa tempo da frutificação;
Outono – de “tempus autumnus”, é o mesmo que tempo de ocaso;
Inverno – de “tempus hibernus”, quer dizer tempo de hibernar.

Por que muitos países Islâmicos levam a terminação “istão” no nome? O sufixo “istão”, presente nos nomes de nações como Tadjiquistão, Uzbequistão, Cazaquistão, Afeganistão e outras, vem da raiz iraniana “stan”, que significa “lugar, lar ou país”. Nas terras hoje ocupadas por estas nações já viveram povos cujos nomes foram utilizados para compor, juntamente com o sufixo “stan”, a denominação do país. A única exceção é o Paquistão, já que “pak” (de Pakistan) reúne as iniciais de Punjab, Afeganistão e Cachemira (Kashmir).

In O Guia dos Curiosos, Marcelo Duarte

Ai o vício...


O MissPoppy.com, um site para adultos, oferece pela módica quantia de de $8.49 US (cerca de 67 patacas) este pacote de creme anti-masturbatório Handzoff. Feito com coco, baunilha e manteiga, aplica-se na região "afectada", até se sentir alívio. Deve-se evitar as mucosas e os olhos, ou usar mais de três vezes por dia. Por mais uma mão cheia de dólares pode adquirir também a pastilha elástica e o desodorizante de carro. Saiba mais aqui.

The Winners Song


A brincar, a brincar, o comediante britânico Peter Kay venceu o Britain's Got the Pop Factor atingiu o #2 do top britânico de vendas com este "The Winners Song", na pele de Geraldine McQueen. Confesso que pensava que era apenas uma senhora gorda, mas aquela voz...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Católicos sem humor


As queixas na ERC, Entidade Reguladora para a Comunicação, contra a sátira dos «Gato Fedorento» ao computador Magalhães chegaram ontem às 50.

«Nunca um programa, no caso, um sketche, recebeu um tão elevado número de cartas a contestá-lo», disse fonte da Entidade Reguladora ao Jornal de Notícias.

As queixas em relação à sátira feita ao computador Magalhães são todas no mesmo sentido: ofensa à Igreja Católica, mais concretamente, ao seus símbolos sagrados.

O sketche 'Louvado sejas, ó Magalhães' imita os rituais da missa, incluindo a entrega da hóstia pelo personagem de Ricardo Araújo Pereira, que na sátira substituí a expressão «Corpo de Deus» por «disco de Instalação».

É neste cenário que se ouve, ainda, um discurso que elogia o computador. Numa das falas, é dito: «Bendito seja Sócrates que nos reuniu em nome do Magalhães».


In Jornal Sol

Estamos de parabéns. Somos provavelmente o único país da UE e um dos poucos do mundo em que ainda se vive na idade das trevas. Imaginem só que bom que isto vai ser para o turismo. Esqueçam lá as crucificações na Páscoa em San Fernando, Pampanga, nas Filipinas. Venham a Portugal ver a fogueira da inquisição queimar os blasfemos, possuídos pelo demo que se atrevem a brincar com as mui sagradas instituições religiosas. Já estou a aprender português arcaico e a tocar o alaúde. Mal posso esperar pela Peste Negra. Viva El-Rei.

Este sketch dos Gato Fedorento, que nada tem de mal, não ofende ninguém, não menciona o nome de Deus ou sequer qualquer outro elemento da santíssima Trindade, tem recebido imensas queixas, pois. Queixas de gente que não tem absolutamente nada que fazer. Podia dar aqui o meu habitual sermão sobre a conveniência de mudar de canal cada vez que passa qualquer coisa de que não se gosta, mas nos dias que correm a curiosidade mórbida e a vontade de falar mal tomou conta de tudo e todos.

Lembram-se em 1991 quando passou na RTP2 aquele filme japonês, O Império dos Sentidos? Foi um escândalo, toda a gente viu. Com que então pornografia, seus malandrecos. O clero português ficou irado. Viu o filme com redobrada atenção, quiçá gravou (como prova, pensam o quê?) e bateu com o pé. Mudar de canal nunca foi opção. Lembram-se quando um tal deputado de nome Sousa Lara se insurgiu contra o "Evangelho" de José Saramago, que levou o escritor a emigrar e tudo? Saramago é uma referência e até ganhou o Nobel. De Sousa Lara nunca mais se ouviu falar.

Gostava de poder acreditar que não somos um país de beatos e beatas (designações que em outros países tem uma conotação positiva), mas sinceramente começa a faltar pachorra. Já não basta a hipocrisia de sermos um país em que já quase ninguém vai à Igreja, que baptizam os filhos (não lhes dando qualquer escolha) "por tradição", como agora temos que levar com as virgens ofendidas a condenar uma paródia ao computador Magalhães. Nada a ver com a Igreja. É sobre o Magalhães!

Ele há coisas "com que não se pode brincar": igrejas, cemitérios, santos, romarias, e mesmo os tais dogmas que carecem de ser comprovados cientificamente. Se fosse uma piadola racista, machista ou ordinária já não fazia mal nenhum. E não fazia, cada um tem a liberdade de achar graça ao que quiser. O cardeal Cerejeira, a muleta clerical do Estado Novo, deve estar a dar barrigadas de riso onde quer que esteja. Ainda somos um país atolado na lama do "respeitinho é muito bonito", que inconscientemente advoga a pérfida censura.

Imaginem só esta notícia traduzida para outras línguas. O que vão pensar os holandeses, ingleses, franceses, ou até os espanhóis, católicos ferverosos que elegeram um Governo socialista que legalizou o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo como quem bebe um copo de água? Ou mesmo os irlandeses, muito mais praticantes que nós, mas ao mesmo tempo dotados de um extraórdinário sentido de humor? Isto para mim é uma autêntica vergonha.

Sou completamente pela liberdade de culto, mas cada coisa no seu lugar. Os políticos no Governo, os professores na escola, os padres na Igreja e os humoristas na televisão. E liberdade para todos exercerem o seu ofício. O pior é que existem pessoas que advogam a liberdade de culto, mas apenas do seu culto, enquanto espezinham outras liberdades. Se está na moda dizer que se calhar Marx tinha razão graças à recente crise dos mercados financeiros, quase me apetece também dizer que Mao tinha razão quando afirmou: "a religião é um veneno".

Mas isto não me surpreende, vindo de gente que se contradiz, acreditando na misericórdia infinita de Deus, mas ao mesmo tempo acreditando que os pecadores vão arder nas chamas do Inferno. Eu pessoalmente acredito que Jesus era um homem bom, e como todos os homens bons, dotado de um sentido de humor especial. O que pensaria Ele de tudo isto? Do resto não me perguntem. Reduzo-me à minha insignificante existência para me abster de responder a questões do âmbito do sobrenatural. E mais não digo.

Os blogues dos outros


Na mesma altura em que o Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, se dirigia para aquela que é a partir de hoje a primeira escola de Direito China - União Europeia, o parlamento Europeu anunciava que o prémio Sakharov ía ser atribuído a Hu Jia. Ninguém comentou. Mas afinal agora estão todos cá. Durão a representar a Comissão e a dizer que vai lembrar o 60º aniversário da Declaração dos Direitos do Homem, os líderes chineses e os dos países asiáticos. E Hu Jia. Preso e considerado um criminoso contra o Estado chinês.

Maria João Belchior, China em Reportagem

Harry Redknapp, treinador do Portsmouth de Inglaterra, quando questionado sobre o Sp. Braga, terá afirmado que conhecia pouco sobre o clube português e que apenas tinha visto uns vídeos. Um desconhecimento que não advém de uma qualquer superioridade futebolística - que, de resto, não existe -, mas sim da típica petulância britânica. Seja como for, tão cedo não se esquece do Braga e vai com certeza passar a respeitar os seus adversários. Ontem, Jorge Jesus deu-lhes 3! Parabéns Sp. Braga! Parabéns Jorge Jesus!

VICI, MACA(U)quices

O eurodeputado do CDS-PP José Ribeiro e Castro acusou ontem o primeiro ministro José Sócrates de ser "lambe-botas" do presidente venezuelano Hugo Chavez e de prosseguir uma "política externa de cócoras". Durante o debate sobre "perseguições políticas na Venezuela" no Parlamento Europeu, Estrasburgo, Ribeiro e Castro lamentou ainda que "Portugal esteja a ser transformado na sala de visitas do tirano".

João Severino, Pau Para Toda a Obra

Não sei se já alguém reparou nisto, mas que Stefan Petzner ou o seu malogrado antecessor fossem líderes de um partido de extrema-direita e abafassem a palhinha, quanto a mim ainda...enfim...é como o outro. A gente sabe que o conceito de camaradagem já é ambíguo desde as calendas. Agora, «medo do escuro»? Eh, pá! Isso já é mesmo demasiado mariquinhas.

João Villalobos, Corta-Fitas

Em Portugal não existem trabalhadores, há colaboradores. Ninguém é despedido, há ajustamentos às necessidades de produção. As empresas não fecham a porta, deslocalizam a produção. Não existe perda do poder de compra, há contenção salarial. É populista e demagógico lembrar as crescentes disparidades salariais, devendo antes realçar-se que o mérito deve ser premiado e os gestores têm que estar identificados com os interesses da empresa. Que são os mesmos dos trabalhadores. Desculpem, dos colaboradores.

Pedro Sales, Arrastão

É tempo de fazermos justiça ao general Vasco Gonçalves. Ele foi provavelmente o único homem que, sentado na cadeira de primeiro-ministro em Portugal, acreditou que quando dizia que o país ia ser socialista tal propósito era mesmo para ser levado à letra. Nacionalizou quanto pôde, defendeu ao limite o colectivismo e por essa via teria entusiasticamente prosseguido não fosse ele e o seu fervor comicieiro terem-se tornado obviamente dispensáveis em Setembro de 1975, quando o país já podia arrumar a revolução e as violas no saco.

Helena F. Matos, Blasfémias

Estou a ler o último livro do Miguel Esteves Cardoso Em Portugal não se come mal. Além de me dar uma vontade gigantesca de comer coisas verdadeiramente saborosas e de me fazer soltar umas quantas gargalhadas para o ar, ainda me está a dar ganas de viver uns tempos no Porto.

Minerva McGonagall, Avada Kedavra

"...o Sousa Tavares?!...e levaram-lhe o computador?! Bem feito! é para ele saber o que custa ser roubado em casa!"

O Mal, O Mal Está Feito (outra vez)

Fruta


A "fruta" tem em Hong Kong um significado diferente do de Portugal. Não tem nada a ver com o futebol, realmente, ou sequer muito a ver com a própria fruta. Assim o Chefe do Executivo da RAEHK, Donald Tsang, anunciou hoje que vai submeter ao LEGCO a proposta para atribuír aos cidadãos de HK com mais de 65 anos um subsídio mensal de 1000 dólares de HK (100 euros) para "fazer face a despesas", aquilo que é também conhecido por "dinheiro da fruta". Com esta medida o CE pretende fazer face à crise económica mundial e dos mercados de capital e crédito. A ideia inicial passava por atribuír o subsídio apenas aos cidadãos com mais de 65 anos "mais necessitados", mas essa medida foi considerada "uma falta de respeito", uma vez que os idosos teriam de provar precisar do dinheiro. Assim é justo, Sr. Tsang.

Palin sai cara


A sra. Sarah Palin, candidata à vice-presidência dos Estados Unidos ao lado do republicano JohN McCain gastou 150 mil dólares norte-americanos (1.2 milhões de patacas) em vestidos, cabeleireiros, maquilhagem e "outros acessórios" desde o início da campanha em Agosto último. Um caso sério de despesismo, e um verdadeiro insulto aos pobres. O Partido Republicano já anunciou que as roupas usadas pel governadora do Alasca durante a campanha "serão doadas a um fundo de caridade depois das eleições". Já consigo imaginar as pobres mais elegantes do mundo nos EUA, só resta saber o que vão fazer com os cabelos e a tinta que a senhora gastou na cara. E tudo sem efeitos notoriamente visíveis, diga-se de passagem. E já ouvi dizer coisas fantásticas sobre a aparência de Palin. Enfim, há gostos para tudo...

Braga deixa a porta aberta


As equipas portuguesas presentes na fase de grupo da Taça UEFA merecem nota positiva. O Benfica empatou no difícil Estádio Olímpico de Berlim, contra o Hertha. Os encarnados adiantaram-se no marcador já na segunda parte, por Dí Maria, e só um grande golo de Pantelic a dez minutos do fim impediu que o Benfica fizesse história, obtendo a primeira vitória na Alemanha, em 17 jogos. O Braga fez ainda melhor, e goleou o Portsmouth em casa por três golos sem resposta. Os ingleses que contam com jogadores como Sol Campbell, Jermaine Defoe ou Peter Crouch pagaram cara a arrogância (Harry Redknapp disse que "nunca viu o Braga jogar"), e ficou com más recordações da capital minhota. No próximo dia 6 de Novembro o Benfica recebe o Galatasaray, enquanto os minhotos vão a San Siro defrontar o poderoso AC Milan. Fica aqui o primeiro golo do Braga, um lvre apontado de forma exemplar por Luís Aguiar.

Ga-gago


Um "apanhado" da SIC super-divertido. No concurso Roda da Sorte, apresentado por Herman José, um dos concorrentes é gago, outra concorrente acha isso bastante engraçado e o terceiro concorrente não acha piada nenhuma. Gera-se conflito, Herman tenta resolver com calma, só que nem tudo é o que parece. Não perca.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Artigo, ministro e livros


1) Foram várias as reacções à divulgação do diploma que regula o artº 23 da Lei Básica. Entre o optimismo (na maioria) aos receios relacionados com alguma interpretação dúbia ou a zonas cinzentas do diploma, muito se escreveu e falou sobre o diploma. Pessoalmente estou optimista. Trata-se de uma regulação que existe em países e territórios do mundo inteiro, e foca sobretudo crimes graves ou violentos contra o Estado chinês, nada que diga respeito ao cidadão comum. Segundo o executivo, o diploma mereceu meses de estudo e consideração, tendo em conta os direitos e liberdades fundamentais da população. Quero acreditar que sim senhor, não há problema, e mesmo que houvesse existe agora um período de consultas, que se extende até 30 de Novembro. A versão já não é má de toda, e ainda pode melhorar.

2) O ministro dos negócios estrangeiros de Portugal, Luís Amado, passou pelo território, onde visitou a Escola Portuguesa, o IPOR, participou da inauguração da FIM, e manteve contactos com altas individualidades da RAEM. Não me apetece criticar a visita do ministro, ou as juras de amor eterno e "realização de compromissos" e outro blá, blá, blá tão típico dessas coisas da política, mas quero acreditar que tanto as intenções de Luís Amado como do Estado português são as melhores. E porque não haviam de ser? E já agora quero comprar o Magalhães, o computador Made in Portugal de que tanto se fala. Aliás vou comprar dois, que os miúdos já me passaram o dia a chagar o juízo. É só uma questão de como, quando e onde.

3) A propósito da visita do ministro e de mais um excelente artigo do grande H. Pinto Fernandes na edição de hoje do HM, gostava de falar do preço e da variedade das publicações de livros em português no território. Quem compra livros na internet como eu sabe bem como podem ser elevados os preços do porte, e compreendo como os livros na Livraria Portuguesa ou no IPOR podem ser um pouco caros. Há também publicações de Macau a preços bastante módicos (algumas menos de 100 patacas). O problema é a falta de variedade e o exasperante lag entre a publicação das edições na República e o seu transporte para Macau, o que leva aos menos pacientes a optar pela compra dos livros durante as férias, ou simplesmente pela internet. O que se podia fazer era uma cooperação mais próxima entre os livreiros portugueses e as lojas de Macau, o que nos poupava alguns amargos de boca. Valeu?

Liceu de Macau 1893-1999


Recebi um -mail, que passo a publicar na íntegra.

Um ano depois da sua edição, o livro "Liceu de Macau: 1893-1999" está praticamente esgotado. Nesta primeira edição foram impressos mil exemplares e restam apenas 150. Para o autor, um antigo aluno do Liceu, "trata-se do corolário natural de um projecto que desde muito cedo contou com o apoio das várias centenas de antigos estudantes do liceu de Macau e que preencheu uma lacuna editorial sobre uma instituição que terminou a sua missão em 1999, aquando da transferência de soberania de Macau". "Estamos a falar de números pequenos mas significativos se tivermos em conta o mercado editorial português e que se tratou de uma edição de autor sem locais de venda massiva." CURIOSIDADES:- este mês passaram 50 anos sobre a inauguração do Liceu de Macau na Praia Grande- o livro inclui documentos, fotografias e testemunhos inéditos LOCAIS DE VENDA Portugal:Casa de Macau - LisboaDelegação Económica e Comercial de Macau em Lisboa / Turismo de Macau - Lisboa Macau:Livraria Portuguesa e na Internet para Todo o Mundo em
Portugal

encomenda mínima: 2 exemplares a 10 euros

(para Portugal Continental, Madeira e Açores)

15 € - Europa
20 € - Resto do Mundo
- no preço estão incluídas as despesas de envio -
http://liceumacau.googlepages.com
Transferências nacionais
NIB – Número de Identificação Bancária - 0010 0000 31544840001 79

Transferências internacionais

IBAN – Número Internacional de Conta Bancária - PT50 0010 0000 3154 4840 0017 9

SWIFT/BIC - BBPIPTPL
PREÇOS ESPECIAIS PARA INSTITUIÇÕES E EMPRESAS