segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

E as crianças, senhor


Leio na edição de hoje do "Hoje Macau" que "Cinco estudantes envolvidas nas agressões a uma colega irão ser alvo de uma medida de acompanhamento educativo, por sugestão do Ministério Público, que entregou o caso ao Tribunal Judicial de Base. Segundo foi apurado, três jovens de quinze anos, colegas de ensino da vítima, terão solicitado a outras seis estudantes que detivessem a vítima junto à entrada da escola e levaram-na para um edifício próximo. Nesse local a jovem foi vítima de agressões, foi pintada com um spray, foi-lhe cortado o cabelo e as agressões só pararam quando se ajoelhou e pediu perdão às agressoras. Todo o sucedido foi filmado com a câmara de um telemóvel."

Tanta violência, Deus meu. E não fica por aqui. Ultimamente não sei o que se passa com os nossos jovens. Estão cada vez mais sádicos, mais perversos, mais violentos, e tudo isto cada vez mais cedo. São os filhos dos casinos e dos casineiros. Segregados, atirados para os subúrbios, que no futuro beneficiarão do ensino gratuito de Chui (porque não inscreve ele os filhos nessas escolas, para dar o exemplo?) e pronto. Estão entregues. Ainda não estão satisfeitos?

O pior mesmo são os requintes de malvadez com que estes ajustes de contas se processam. Nesta pequena caixa do "Hoje" lemos que a jovem foi agredida, cabelos cortados, pintada com "spray", tudo com o sórdido pormenor de ter sido filmado por telemóvel, como que para memória futura. Outros episódios no passado incluíram agressões sexuais (a tal da flauta) ou daquele jovem que se encontra em estado de coma há já bastante tempo.

Não sei se isto é influência da cultura manga japonesa que os jovens tanto apreciam, que lhes fazem perder o respeito pelos mais básicos conceitos de dignidade humana. Ou se o problema é o mesmo de sempre: as triades, as promessas de glória fácil, as más companhias etc, etc. Penso que um amigo meu, advogado, não estava a exagerar quando uma vez me disse que muitos dos jovens que se encontram encarcerados no Instituto de Menores, em Coloane, eram "mais perigosos" do que os adultos ali ao lado, no EPM.

Mas o que me deixa mais triste ao ler notícias como estas. Notícias que descrevem actos grotescos perpetrados por meninas que se querem angelicais. Meninas que hoje se juntam em missões de vingança, de ódio, que começam a fumar cada vez mais cedo, que consideram o aborto "normal", uma opção, que desvalorizam a vida, que acham que começar a viver depressa é a única opção de sobrevivência nesta selva. Esta selva que criámos e onde nos esquecemos de incutir os valores mais importantes, os essenciais.

Reduz-se a idade da imputabilidade, repreende-se, reeduca-se, reforma-se...tudo em vão. E a seguir? Policiamento nas escolas primárias? Gradeamentos nos jardins infantis? E que tranquilos que muitos que nós estamos, sabendo que podemos pagar uma boa escola para os nossos filhos. E a fazer figas para que o problema não transborde, claro...

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