domingo, 20 de junho de 2010

A festa não é para todos


Já passaram quatro anos desde o Alemanha 2006, e aí está, mais um mundial de futebol. O mundial é a festa do futebol, e mesmo quem goste “só um bocadinho” do desporto-rei, tem oportunidade de ver os melhores jogadores num torneio inter-nações que determina qual o melhor país do mundo com a bola no pé. E para determinar qual é o melhor país, uma festa sempre é melhor que uma guerra.

Durante o mês do mundial de futebol, todos são especialistas, e pessoas que normalmente não perdem tempo a acompanhar os principais campeonatos europeus dão um ar de sua graça, e têm também eles uma opinião muito própria. O ratio de disparates durante este mês sobe em flecha, o que é normal tendo em conta que há pessoas que não conhecem as regras do desporto e mesmo assim gostam de acompanhar o mundial, dar pareceres técnicos, fazer previsões pífias. All is good.

Aparecem também nesta altura os habituais pseudo-intelectualóides a quem a cobertura mediática do campeonato do mundo incomoda. Ora é porque “não se fala de outra coisa”, ora porque não dá a novela, e até se criticam os elevados salários dos jogadores, como se isso tivesse a ver com alguma coisa. Tinha um amigo que dizia que o futebol era um bocado gay: vinte e dois homens de calções a correr atrás de um bola, e outro mais velho vestido de preto com um apito na boca. Fazia-nos rir. Era o mesmo que depois aos Domingos ia ver jogar o Atlético Ouriense, e chegou a ser detido duas vezes pela GNR por invasão de campo. Mas de segunda a sábado, chegava a ser um gajo normal.

Quando era puto, num dos fins-de-semana que ia a Lisboa passar na casa dos tios, fui ver um Sporting-O Elvas (acabou 0-0) a Alvalade. Fiquei sentado junto de uns lagartos que antes do jogo filosofavam sobre como o futebol não era o mais importante, e o mais importante era a educação, que faltavam escolas, hospitais e o diabo a sete. Mal começou a bola a rolar, ficaram possessos de um qualquer espírito que os fazia gritar, pular, espumar da boca. O futebol tem esse efeito nas multidões. É o (verdadeiro) ópio do povo.

Só não compreendo muito bem a pancada das bandeiras penduradas nas varandas, ou dos festejos nas ruas quando se ganha um jogo. Que se festeje nas ruas quando se ganha um mundial ou um europeu, ainda vá lá, mas agora, uma vitória contra o Irão? Estive em Portugal de férias durante o Euro 2004, e como vibrava aquela gente, a qualquer hora do dia. Um amigo meu que trabalhava por turnos queixava-se que não conseguia dormir durante o dia, tal eram os buzinões e os gritos nas ruas. Depois da derrota na final com a Grécia, fomos jantar fora, e lá estava ele a provocar os transeuntes: “Então, e agora? PORTUGAL! PORTUGAL!” com cara de gozo. Como o compreendo...

Mas os críticos da festa do futebol que guardem o rancor para coisas que valham mesmo a pena. Afinal o mundial é durante um mês de quatro em quatro anos. Trinta dias em 1464. Custa assim tanto?

4 comentários:

Anónimo disse...

O futebol serve de escape para as nossas frustações,sempre foi e será sempre assim.

Anónimo disse...

Esse seu amigo é um idiota.

Anónimo disse...

Por acaso para mim o comentador da 01:01 é que é um idiota. Opiniões...

Anónimo disse...

Eu que critiquei o Queiroz tiro-lhe o chapéu. Sim senhor. Boas alterações.