O holocausto do atum azul

Não foi uma lula ou um polvo, ou outro animal marinho com tentáculos, mas sim o pobre atum azul, quase extinto, que "tramou" a TDM desta vez. A minha mulher já me tinha dado um lamiré sobre esta notícia, mas foi hoje quando li o sucedido em extensivo detalhe no Hoje Macau que me despertou o interesse. O deputado Chan Chak Mo, um homem de negócios de Hong Kong que só está na AL devido ao intrigante sistema de eleição indirecta, foi ao Japão comprar um atum gigante em leilão.

Até aqui tudo bem, mas agindo para o nosso bem, achando a notícia de relevância para a promoção do nome de Macau no exterior, fez-se acompanhar por uma equipa da TDM que fez uma reportagem de dois minutos. A despesa saíu do bolso do próprio deputado, mas a TDM, companhia de que depende fundamentalmente de dinheiro público, tenha disponibilizado os meios e o tempo de antena para promover uma iniciativa privada.

A TDM defende-se dizendo que o nome da companhia de Chan Chak Mo não foi mencionadon a reportagem, e o empresário insiste que em termos turísticos, o nome de Macau ficou bem visto. Ou não? No que toca aos atuns propriamente ditos, é uma espécie em perigo de extinção, mais um dos produtos da crueldade dos japoneses em mar. Um dos licitadores, um empresário de Hong Kong, adquiriu um dos peixes por 1,3 milhões de HK dólares e teve uma manifestação de ambientalistas à porta do seu restaurante no dia seguinte.

O assunto foi comentado no fórum CTM (o Bairro do Oriente chinês) de uma forma que adjectivada de "mordaz" seria bastante simpático, mas o que se destaca é a afirmação do deputado Au Kam San: "Se a empresa é financiada pelo Governo, não parece razoável mandar uma equipa de reportagem numa viagem paga por uma empresa privada". Isto são os factos puros e duros. O resto são fantasias.