sexta-feira, 22 de maio de 2009

Os blogues dos outros


Esta é a escola E. B. 2, 3 Sá Couto, sita na rua 34, em Espinho. Pelo menos é o que lhe chamam agora; quando lá andei tinha um nome mais simples: era o "ciclo". Ali fiz os dois anos da escola preparatória (também já sei que agora se chamam quinto e sexto anos, parece que é mais elegante). Acontece que, por causa da chanfrada da Josefina - e da bufa da aluna, que mais faz lembrar uma informadora da PIDE em ponto pequeno -, Espinho tem sido mais falado do que quando o Maia e o Brenha andavam a botar figura nos jogos olímpicos. Até apetece dizer, como nos tempos em que as miúdas gostavam de jogar à macaca e não andavam de telemóvel e gravador na mochila, nem se armavam em queixinhas (e os professores ainda eram dignos desse nome e não ameaçavam ou processavam alunas de 12 anos), que a professora e a aluna estão metidas num saralho do carilho, mas é de gente desta cepa que se fazem as lêndeas. Há, pois, que agradecer à loquaz senhora e à sensitiva criança. Até porque não é todos os dias que vemos a escola onde estudámos nas notícias. Por tudo isso, e pelas boas recordações que me trouxeram, os meus agradecimentos à garota e ao seu gravador. E, claro, o meu penhorado agradecimento à sôtora e ao seu esmerado vernáculo!

VICI, MACA(U)quices

Esta semana fui visitar uma amiga ao Hospital Conde de S.Januário e fiquei chocado ao ver pessoas amontoadas nos corredores sem o menor respeito pela condição humana. Diz quem cá vive há mais tempo que em tempos, este era um hospital de referência na região. Pois bem, o panorama actual faz o Hospital Guido Valadares em Dili, parecer um hospital de luxo. Numa cidade onde se falam de milhões como quem come pevides, isto deveria envergonhar qualquer um, mas as prioridades parecem ser outras.

El Comandante, Hotel Macau

A Internet continua muito censurada nestes dias sensíveis. A mãe de Tiananmen (fundadora do movimento) foi proibida de sair de casa para a cerimónia que só acontece cada cinco anos. O livro de Zhao Ziyang «Prisioneiro de Estado» esgotou a versão inglesa em Hong Kong. Assim anda a China.

Maria João Belchior, China em Reportagem

O YouTube apagou centenas de vídeos pornográficos, alegadamente publicados por utilizadores, naquele que já é considerado "um ataque planeado". O Google, proprietário do site de partilha de vídeos, admitiu estar ciente do problema, acrescentando que muitos outros ficheiros ainda esperam para ser removidos. O material foi enviado sob nomes de adolescentes célebres, sendo que muitos vídeos começavam com cenas inocentes de crianças, mas, em seguida, mostra adultos a ter relações sexuais. O cibercriminoso declarou que se trata de uma forma de protesto, "porque o YouTube apaga os vídeos de música". Pelo menos é um protesto pacífico...

Livreira Júnior, A Leste da Solum

Os retratos de Mongkut (Rama IV) do Sião (r. 1851-68), Radama II de Madagáscar (r. 1861-63), Kalakaua do Havaí (r. 1874-1891) que visitou Lisboa em 1881, Menelik II da Etiópia (r. 1889-1909), D. Pedro VII do Congo (r. 1923-1957), Sisavang Vong do Laos (1946-1959), do Kabaka (rei) Mutesa II do Buganda (r.1939-1969) e Sobhuza II da Suazilândia (r. 1899-1982), o mais longevo reinado nos anais da história, merecem ser observados. Antecedem em décadas ou mesmo em poucos anos o triunfo do mundo moderno. Depois, com o progresso, o desenvolvimento, as cartas universais, os direitos, os socialismos, as libertações, o mercado e tantas outras superstições contemporâneas vieram outros dirigentes que melhor ilustram o tempo presente: Idi Amin, Hailé Mariam, Pol Pot, Bokassa e Machel, Neto e Saddam Hussein, Macias Nguema, mais os Ches, os Castros, os Kim il Sungs e os Duvalier Papa & Baby Doc. Vivemos num mundo maravilhoso. Para quê olhar o passado ?

Miguel Castelo-Branco, Combustões

Não sei fazer obituários e haverá textos muito mais certeiros sobre a morte de João Bénard da Costa, mas serve este post para agradecer ao senhor que organizava os sumptuosos ciclos da Cinemateca na Fundação Gulbenkian, onde vi tantas maravilhas. Lembro-me de ficar deslumbrado com Johnny Guitar (na imagem), que Bénard da Costa incluiu no ciclo de cinema americano dos anos 50. A cópia estava cor-de-rosa, pois era a única disponível. Tinha sido encontrada algures numa cinemateca africana, talvez em Tumbuctu. Não me lembro do sítio exacto, mas gosto de imaginar que era Tumbuctu. Mais tarde vi o filme nas cores terríficas em que foi filmado, mas para mim será sempre a magia cor-de-rosa de um objecto raro e precioso, entre frases que apertam o coração. Obrigado por o ter mostrado assim.

Luís Naves, Corta-Fitas

A Comissão Europeia considera ilegais os contratos que o estado português estabeleceu com empresas informáticas, ao abrigo do programa e-escolas, onde se incluí o Magalhães. Em relação ao Magalhães, o caso mais conhecido, o governo pensa que pode continuar a enganar os portugueses. Só assim se pode entender as declarações do secretário de estado Paulo Campos, que negou que o estado tenha favorecido de qualquer forma a JP Sá Couto na aquisição dos computadores Magalhães. Se alguém pensar isso só pode estar equivocado. Aliás, bastaria ver a acção do próprio Primeiro-ministro, que tem funcionado como o verdadeiro director de marketing da empresa matosinhense, para dissipar qualquer incerteza. Não há dúvidas sobre o favorecimento escandaloso que a JP Sá Couto recebeu do estado, senão repare-se nos números obtidos pela empresa. Segundo uma notícia da semana passada da Agência Financeira, a empresa cresceu 1308,5 por cento no primeiro trimestre deste ano. Neste momento a JP Sá Couto lidera a venda de portáteis em Portugal, com 40,8 por cento de quota de mercado. Este ano a empresa vendeu 212 mil portáteis, contra apenas seis mil no ano anterior. E o que permitiu este crescimento fantástico? O contrato Magalhães!

Nuno Gouveia, 31 da Armada

Os alunos da Escola de Artes António Arroio vaiaram o primeiro-ministro José Sócrates quando este efectuou, hoje, uma visita ao estabelecimento na companhia da ministra da Educação. Os alunos gritaram vários impropérios e assobiaram Sócrates, em protesto contra umas obras desnecessárias que o Governo se propõe fazer, quando o mais importante naquela escola é o material escolar que não existe. José Sócrates foi obigado a fugir pela porta dos fundos...

João Severino, Pau Para Toda a Obra

Assistimos na noite passada, à hora de jantar e praticamente em directo, ao fim da carreira de Manuel Alegre. À morte política, em vida, de uma dos últimos protagonistas da fase construção do nosso Estado democrático. A anunciada automarginalização dentro do Partido Socialista é, naturalmente, uma escolha dele. É lícita e será até compreensível. Se fosse alguns anos mais novo talvez tentasse ainda uma outra saída, mostrasse um outro arrojo, mas é provável que agora não se sinta já com força e ânimo para recomeçar do zero com base num projecto cheio de intenções tão boas quanto vagas. Para mais, um projecto politicamente inócuo que deveria obrigatoriamente transportar às costas. Mas já me parece de uma inocência inaceitável, revelada por diversos comentadores políticos - e, eventualmente, partilhada pelos próprio Alegre e por muitos dos seus apoiantes -, que se pense sequer na possibilidade real de o vermos transformado numa espécie de «reserva moral» para nas próximas eleições presidenciais derrotar o candidato da direita.

Rui Bebiano, A Terceira Noite

A imagem de Nossa Senhora de Fátima encontra-se em Lisboa no âmbito das comemorações dos 50 anos do Cristo-Rei. Aquilo a que alguns chamariam meeting de estátuas é vivido por outros como um dramático reencontro, dois mil anos passados.

Bruno Sena Martins, Avatares de um Desejo

Acabei de ler o "i". "i" de irrelevante. Não vai passar do primeiro semestre.

David Afonso, Dolo Eventual

Expliquem-me lá porque é que no Sporting o levezinho é o jogador com mais peso no plantel.

João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns por esta iniciativa de publicar "Os blogues dos outros", mais uma vez a melhor posta para mim é a do Vici..Abraço