quarta-feira, 27 de maio de 2009

Vodka vodka


O caso da pequena Alexandra, que foi retirada da sua família de acolhimento em Barcelos por um tribunal de Guimarães e entregue à sua mãe biológica na Rússia é um exemplo da justiça portuguesa no seu pior. A menina, filha de uma emigrante russa e de um emigrante ucraniano, agora a viver em Espanha, foi entregue à família Pinheiro, de Barcelos, que se ofereceu para tomar conta da criança enquanto a mãe trabalhava. Depois da mãe ter sido referenciada como tendo problemas de alcoolismo, a Alexandra foi entregue à guarda da família Pinheiro. A menina, que apenas fala português, foi literalmente mandada para os confins da Rússia (uma aldeia perto de Yaroslavl, a 350 km de Moscovo) pelo tribunal de Guimarães, pressionado pela embaixada russa. Um exemplo de funcionamento da "diplomacia" de mãos dadas com a "justiça". Deus nos livre de arranjar problemas com os camaradas russos.

O canal NTV transmitiu imagens daquilo que aparentemente é o dia a dia de uma família funcional russa: a menina a ser espancada pela mãe. A mãe, uma tal Natália Zarubina, diz que a menina "está estragada com mimos" por culpa da "estúpida educação portuguesa". Os russos consideram as imagens das agressões "normais", e estão do lado da sua compatriota. As crianças que se portam mesmo mal na Rússia são mandadas para um gulag com uma orelha cortada. A pobre Natália, vítima desses facínoras portugueses, não fez mais que honrar a nobre tradição russa da bebedeira e da prostituição, e por isso tiraram-lhe a filha. Que escândalo. A honrada senhora ainda pensa que os pais afectivos da pequena Alexandra queriam "retirar-lhe os orgãos" ou "vendê-la à prostituição". Se calhar confundiu-os com os Pinheirov ou os Pinheirovsky de Rostov. Engraçado, eu que pensei isso precisamente mas em relação ao que ela quereria fazer ao querer de volta a criança.

A família Pinheiro parte hoje para a Rússia onde vai participar num debate televisivo onde provavelmente vão ouvir um rol de insultos vindos de gajos que falam com a boca cheia de favas, inebriados de vodka e do nacionalismo que é agora endémico no país de Putin e a sua marioneta Medvedev. Já estou todo arrepiado de pensar quando a RTP transmitir as imagens desse debate. Tenho muita pena da família Pinheiro. Às vezes penso que em Portugal, onde tudo é tão "justo" e "racionalizado" teríamos muito mais a ganhar com outros expedientes. A lei da bala, por exemplo.

5 comentários:

Anónimo disse...

O Putin ainda mandava uns agentes enfiarem uma bala nos Pinheiros.

Leonidas disse...

Caro Leocardo,

Uma pergunta. Com esta produção em massa de postas, com a qualidade do costume, a sua família não se queixa de não o ver ou ter de se sentar ao seu lado junto ao computador para passar algum tempo consigo?

Ou isso ou você é como o Prof. Marcelo, dorme duas a três horas por noite.

Um abraço e obrigado pelas postas

Anónimo disse...

Ou há vários Leocardos.

Demo Crácio disse...

É impressão minha, ou os russos eram melhorzinhos no tempo da URSS? Afinal, que importa tudo isto, se hoje os russos têm direito a voto, que é o que interessa?

Leocardo disse...

É tudo uma questão de método. Os miúdos vão para a cama normalmente às 9 horas, e a mulher também tem o seu bloguezinho que actualiza frequentemente. É uma família de bloguistas. Em todo o caso, há tempo para tudo. E durmo 6/7 horas por dia.

Cumprimentos.