sexta-feira, 8 de maio de 2009

Os blogues dos outros


É certo que ao primeiro "Nihao" muitos chineses (sobretudo vendedores) vão dizer que o nosso chinês é óptimo. E se conseguirmos dizer - vire à esquerda, vire à direita -, então aí são os taxistas que dizem que somos mesmo o máximo a falar chinês.
Os serões habituais e as conversas sempre iguais... até que no outro dia descobri um dos taxistas mais originais na forma de abordagem à conversa.
- Vocês são de onde?
- De Portugal.
- Pois! Eu sabia. Vi logo.
- Desculpe...? Viu o quê?
- Vi logo que tinham de ser portugueses, percebi logo que vinham de Portugal.
- Tem de estar a brincar... Como é que pode perceber que somos portugueses?
- Não foram vocês que chegaram a Taiwan primeiro?
- Desculpe...?
- Sim. Vocês foram os primeiros a descobrir Taiwan não foi? Vi logo que vocês eram portugueses.
.....
(Fiquei em silêncio. Tive pena de não ter dito que era iraniana ou indiana e ver como teria sido a conversa.)


Maria João Belchior, China em Reportagem

Uma senhora chinesa que estoirou 53 milhões de patacas nos últimos 2 anos em casinos, queria processar o Casino Wynn por o retorno das apostas ser muito baixo. Acrescente-se que estava zangada por não a terem deixado apostar simultaneamente em 20 máquinas diferentes juntamente com familiares e amigos. Curiosamente ou talvez não, ontem saiu-lhe um jackpot de 5 milhões de dólares de Hong Kong. Felizmente que ela diz não ser viciada no jogo. Imaginem se fosse…

El Comandante, Hotel Macau

A quarentena dos hóspedes do hotel Metropark, em Hong Kong, terminou em festa. Nos 7 dias, segundo divulgam os jornais, os hóspedes aproveitaram para se conhecerem mais intimamente. Quarentena boa.

Pseudo-Livreiro, A Leste da Solum

A pequenérrima agressão ao candidato do PS às eleições europeias marcou de forma definitiva a actualidade política nacional. O incidente em si não tem nada de extraordinário para além de em terras do PCP as mentes brilhantes do PS imaginarem que fazendo pavonear o candidato lhe daria mais votos. E tornou um dos mais odiados caciques da propaganda socialista o bombo da festa do descontentamento de parte do eleitorado com a gestão socialista. Do PCP espera-se tudo e só os mais ingénuos imaginam que o tempo terá ajudado a mudar o partido de Cunhal. É o partido trauliteiro e caceteiro que sempre conhecemos e cujo desprezo pela democracia e pelo pluralismo democrático normalmente disfarçado explodiu num tempo de nervosismo com a crise económica. A reacção do secretário-geral do PCP é natural e, apenas, o meu amigo Prof. Marcelo Rebelo de Sousa imaginaria que os comunistas portugueses se entregaram às doçuras da tolerância burguesa. É bom isto ter acontecido para que as vozes mais prudentes e circunstanciadas possam ser ouvidas e natureza dos actores políticos bem percebida. Não estou convencido que este episódio à Marinha Grande seja o empurrão do PS para a maioria absoluta. Apesar da enorme habilidade de Søcrates com a distribuição dos rebuçados os portugueses estão magoados com ele e ainda não ouvi, desde que estou em Lisboa uma voz a defendê-lo. Bem todos os partidos da oposição a tirarem lições dos acontecimentos para as suas próprias estratégias eleitorais, sobretudo o PP de Paulo Portas. Estamos na fase dos jogos florais e apenas perceberemos - mais próximo da data das eleições - o que estas refregas têm de substancial. O que é claro é o desacerto do PS com a escolha de Vital Moreira, que não consegue abrir a boca sem dizer ou fazer asneiras. Costuma-se dizer que os piores são os cristãos-novos e Vital Moreira é, depois de Ana Gomes, um exemplo de démodé, de um político ultrapassado, de absoluto desconchavo com a política dos novos tempos e das necessidades de renovação da comunicação e da prática política. É uma espécie de cabeçudo das feiras do antigamente, do país interior, que faz muita algazarra, atrai a populaça, mas nada acrescenta de substancial ou divertido. Parafraseando Marcelo Rebelo de Sousa se fosse meu aluno não lhe daria mais de 23% de marca de avaliação.

Arnaldo Gonçalves, Exílio de Andarilho

Suponho que foi George Orwell que disse que o pior do estalinismo está na perseguição aos dissidentes e no ódio aos que, depois de deixarem o Partido, não abdicam do seu direito de lutar por outras causas. Os comunistas entendem que quem deixa o partido entra em "morte cívica" para todo o sempre. No meu caso, passados vinte anos, ao ódio aos antigos militantes ("traidores" por definição) junta-se o facto de eu ser candidato do PS, que para o PCP sempre foi o principal inimigo político. Ódio ao quadrado só pode dar na histeria do ataque contra mim no 1º de Maio.

Vital Moreira, Causa Nossa

Santos Silva não se cala. Parece aqueles seminaristas que treinam para padre e depois acabam por ir casar e ter muitos filhos. A líder do PSD indignou-se, com muita razão, contra a palhaçada da dupla Pinho/Basílio e a misturada que fazem em intervir contra condidatos às europeias quando deveriam cumprir os seus serviços de ministro e de funcionário do Governo, respectivamente. Manuela Ferreira Leite marcou pontos e voltou a assustar as hostes socialistas porque nas sondagens a distância é apenas de 1%. Em face disso, saltou logo para a pista do circo o tal do jornalismo de sarjeta, mais conhecido na Alemanha pelo SS. Pois, o SS veio ofender MFL aproveitando-se alarvemente das declarações de Paulo Rangel sobre a tão falada mordaça. Coloquem uma mordaça no SS, já!

João Severino, Pau Para Toda a Obra

Contrariando o negociado entre Comissão, PPE e PSE, os deputados europeus votaram favoravelmente a proposta de apenas permitir o corte de acesso à internet mediante decisão judicial (e não por autoridades administrativas, conforme proposta defendida pela França). Não é ainda conhecido o resultado da votação dos deputados portugueses, mas é certamente um resultado positivo para a liberdade do cidadão.

Gabriel Silva, Blasfémias

A proposta de lei sobre o financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais aprovada há dias é uma almofada à corrupção. Quando se torna cada vez mais urgente clarificar a origem do financiamento partidário, estas alterações vêm diminuir o grau de exigência de justificação das receitas dos partidos políticos. As constantes alterações feitas no que toca a uma maior exigência no controlo do financiamento partidário, por exemplo em 2003, mostram-se uma farsa, quando em ano eleitoral tudo é revisto para servir o esforço financeiro dos partidos. As perguntas que ficam são: de onde vem esse dinheiro, que entra sem controlo nas contas dos partidos, e quanto isso vai custar aos contribuintes futuramente? É o resultado do facto de os deputados legislarem sobre aquilo que lhes é mais querido...

Filipa Martins, Corta-Fitas

O Ministério da Educação escreveu-me, um destes dias, uma carta. Desta feita não utilizou indevidamente o meu endereço electrónico, como havia feito há uns tempos, e fez o obséquio de me endereçar uma carta escrita através dos serviços administrativos da minha escola. Na dita carta, fui então informada que o contrato que firmei com o Ministério no início da década de 90 e segundo o qual era professora efectiva na minha escola deixou de vigorar. O legislador, que terá usado o pé que tinha mais à mão para delinear as leis que nos regem e que regem o Ministério da Educação, decidiu que a partir de agora tenho um contrato por tempo indeterminado. Assim, sem mais. O tempo indeterminado do contrato implica que, caso haja professores a mais, estes possam ser dispensados para outra escola. A escolha dos professores excedentários é feita através dessa figura bafienta de outrora, que este governo fez o favor de instituir nas escolas, o Director. Cabe a este decidir qual o professor que vai para outra escola. Ora, como a avaliação de professores é o que se conhece, também elaborada com os pés, e com o belíssimo sistema de quotas, onde os Muito Bons e Excelentes são distribuídos magnanimamente ainda antes da avaliação - se não como pagar aquele favorzinho especial? Onde ficariam os amigos dos amigos, os tios dos sobrinhos, os primos do sobrinho da avó e do cunhado? - ficaremos todos desgraçadamente entregues à mercê do Senhor Director, esse ser de uma estirpe superior que manda, põe e dispõe como muito bem entender – obrigada, Partido Socialista - e qualquer um de nós pode ir parar a outra escola, independentemente das habilitações literárias ou profissionais ou do serviço que prestou à Escola. Posso ser eu ou qualquer outro que não caia nas boas graças do Senhor Director e que também pela mesma razão não tenha tido Muito Bom ou Excelente. Tudo isto pela mão de um partido que se diz socialista.

Leonor Barros, Delito de Opinião

Num conhecido blogue de esquerda pode ler-se: “A minha gata, como eu, é adulta, toma as suas decisões em consciência, e sabe melhor do que o Estado o que é melhor para si.” Explicando melhor para quem não ler o post: o blogueiro quer que o consumo de cannabis seja livre. Mais do que isso, ele escreve que só não mantém uma plantação da coisa no quintal porque os instintos animalescos da gata lá de casa se antecipam ao agricultor (isto é, o próprio blogueiro de esquerda faz uma declaração de interesses e confessa-se proprietário agrícola e capitalista) e lhe come as plantas. Aqui temos, pois, mais um perigoso capitalista que prefere não investir a ver os frutos do investimento do seu capital serem desviados a favor de um parasita oportunista, ainda que este parasita oportunistas seja o animal de estimação. Mas não é só isso, é ainda pior. Fica evidente que por trás de cada socialista, bem lá no fundo, esconde-se um perigoso neoliberal, alguém que acha que “eu sei melhor do que o Estado o que é melhor para mim”. Agora é só deixar cair os blocos de preconceito que entrevam, encravam e emperram o raciocínio e o mundo ganha mais um potencial Reagan. O que falta para dar este passo fatal? Talvez deixar de fumar ganzas. Sugiro em alternativa um charuto de quando em vez e um ou dois whiskies velhíssimos à temperatura ambiente.

Paulo Porto, Fiel Inimigo

Confesso sentir protecção quando vejo o exército nas ruas. Porém, sei que há exércitos e exércitos: uns que intervêm apenas para fazer rematados como tremendos disparates, atirando países para precipícios (não quero dar exemplos, os portugueses sabem-no por experiência própria desde 1820); outros atando, amparando e protegendo o Estado e o povo. As ruas de Banguecoque estão cheias de tropa. Gosto. Assim durmo descansado. Como seria bom ver tropa em todas as esquinas de Lisboa, em vez dos meliantes e vendedores de drogas que passaram a fazer parte cativa da paisagem urbana portuguesa.

Miguel Castelo-Branco, Combustões

Carla Bruni desce do aviao, Carla Bruni e o protocolo, o dior de Carla Bruni, os mini-saltos de cinco centímetros de Carla Bruni, o rabo de Carla Bruni, as costas ao ar de Carla Bruni, Carla Bruni e o duelo de estilo com Letizia, Carla Bruni e os olhares malandros do Rei, Carla Bruni tem um secador escondido atrás do pescoço, Carla Bruni e o jantar de gala, Carla Bruni e as Meninas, Carla Bruni no Liceu Francês, Carla Bruni e as poses pedantes de modelo armada em intelectual com guitarra, Carla Bruni brinda como se estivesse num anúncio de champanhe, Carla Bruni é bem gira, Carla Bruni sorri sempre igual, Carla Bruni afinal é de cera, Carla Bruni, Carla Bruni, Carla Bruni, Carla Bruni, Carla Bruni, Carla Bruni, Carla Bruni, Carla Bruni, Carla Bruni, Carla Bruni, Carla Bruni, Carla Bruni, Carla Bruni, Carla Bruni, Carla Bruni, Carla Bruni, Carla Bruni.

Rititi, Rititi

Proposta para acção de responsabilidade social para seguradora:
Sexo seguro é uma Tranquilidade.
(e como é que a tranquilidade não contratou o Paulo Bento para publicidade quando devia é que não entendo).


João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária

3 comentários:

Leitor Atento disse...

O Leocardo, que andava a fazer uma óptima selecção de "Os Blogues dos Outros", agora anda a exagerar. Qualquer coisa lhe serve, e como maior exemplo do que digo temos as doutas palavras do Avô Cantigas. Se eu fosse, por exemplo, a Filipa Martins, ficaria ofendidíssimo por ver ao lado de um meu artigo uma conversa da treta de um político da treta. Se calhar o Leocardo quis-se redimir por ter chamado Avô Cantigas ao Avô Cantigas, o que muito chateou um dos 25 membros do ressuscitado PS de Macau.

Leocardo disse...

Esta rubrica visa dar voz a todas as correntes de opinião. Mesmo as que não concordo.

Cumprimentos.

Leitor Atento disse...

Está bem, o Leocardo é que sabe. Mas se apenas publicasse textos bem escritos e com algum substrato (como, aliás, já fez) a qualidade seria muito superior. Mas isto é apenas uma opinião e não uma demanda.