quinta-feira, 14 de maio de 2009

Largo do Senado after hours



O Largo e Senado é e sempre foi o maior ponto de referência de Macau. É a zona da cidade mais visitada, mais fotografada, única na Ásia. No Largo do Senado podemos encontrar o Edifício do IACM, o Edifício dos Correios, a Santa Casa da Misericórdia, a Igreja de S. Domingos, enfim, um riquíssimo património histórico e arquitectónico. O Largo é uma visita obrigatória para quem visita Macau, e a menos de dez minutos a pé estão as Ruínas da Igreja de S. Paulo, o ex-libris de Macau por excelência.

No outro dia encontrei perto da Escola Portuguesa um casal português que me perguntou se "o centro de Macau é só isto?". Foi quando perguntei se já tinha ido ao Largo do Senado. Disseram-me que sim. Indiquei-os as Ruínas de S. Paulo, que ainda não tinha visitado. Este "só isto" pode não ser a mesma coisa que Central em Hong Kong, o Picadelly em Londres ou os Campos Elísios em França, mas é só nosso. So mais de quatro séculos de História condensados numa área tão exígua, mas ao mesmo tempo com tanto por descobrir.

Mas o que sobra de pujança e animação ao Largo do Senado durante o dia, falta à noite. A partir do final da tarde desaparecem os turistas, acabam-se as fotografias, fecha-se a comércio. O Largo toma o aspecto de uma cidade-fantasma, triste, parada, sem vida, ocupada por marginais e mesmo algumas prostituas. Mesmo o café Starbucks, aberto agora até às 23:00, não é nada quando comparado com o resto do dia. Ficam abertas algumas lojas de sopa de fitas, o McDonald's, uma ou outra tendinha de fruta, e mais nada. Só existe ambiente durante as festividades do Natal ou do Ano Novo Chinês.

Moradores da zona dizem-se "preocupados" com o barulho e a conduta imprópria de alguns imigrantes, nomeadamente filipinos, que se quedam pelo Largo do Senado depois das horas da azáfama. Alguns queixam-se do intenso cheiro a urina que se faz sentir perto dos Correios. Uma situação de causa efeito que se explica facilmente. Apesar de censurar o acto de urinação pública, a verdade é que os rapazes se sentam ali a beber cervejas (o que ainda não é ilegal), e não existe uma única casa-de-banho pública em funcionamento nas redondezas. E nem um polícia por perto. Depois da meia-noite, o Largo do Senado chega a ser desaconselhável a menores e pessoas impressionáveis.

Era altura de trazer vida à parte mais viva da cidade. Não chega só pensar em fazer dinheiro de dia e fechar as portas de noite. A "diversão nocturna" não pode ser exclusivo dos casinos ou das saunas. Assim não se cumpre a modernidade, e falha-se a diversificação da economia do território. É verdade que os residentes têm que trabalhar e não podem celebrar ou passear toda a noite, mas não é Macau uma cidade que aposta no turismo? A aposta não pode passar apenas pelas indústrias criativas de S. Lázaro ou pelos bares e karaokes de malandragem no NAPE. É tempo de chamar a noite de volta ao Largo do Senado.

1 comentário:

Anónimo disse...

Um dos grandes problemas do Largo é a iluminação. É escuro, mal iluminado, pouco convidativo a confraternização, a visitas de turistas, a fotografias e passeios.

Quando falamos de iluminação não falamos apenas de intensidade, mas da forma como a luz é moldada e permite destacar e valorizar o espaço. Na Praça do Senado, por exemplo, uma boa iluminação não se deve limitar a apenas iluminar os edificios, mas sim de iluminar toda a praça. E essa iluminação deveria ser feita por peritos, e não por qualquer engenheiro ou empreiteiro. Nos centros históricos das grandes capitais da Europa, as praças e património são iluminados com critério e de forma a destacar, valorizar e convidar a visita ao espaço.

Exemplos horriveis de iluminação de Património, em Macau, são o Largo do Senado, a zona das ruinas de São Paulo, onde a escadaria é praticamente "esquecida" e as Ruinas se revelam "tristes"(porque aquele azul, sem força, tão frio?). O pior dos exemplos, a meu ver, é o da recentemente remodelada praça do Tap Seac, com fraca iluminação à base de holofotes brancos frios e de cor desconfortavel que pejudicam a tonalidade quer dos edifícios da praça quer a própria calçada Portuguesa. Destaco pela negativa o edifício do Instituto Cultural, cuja iluminação apenas se pode classificar de mórbida... Será que se pretende dizer alguma coisa com isso?