sábado, 14 de fevereiro de 2009

Salman Rushdie e a fatwa


Passam hoje 20 anos desde que o Ayatollah Ruhollah Khomeini, antigo líder espiritual do Irão decretou uma fatwa contra o escritor britânico Salman Rushdie, autor do livro "Versículos Satânicos". Segundo os "Versículos Satânicos", o profeta Maomé teria incluido no Corão versos sobre três divindades femininas que eram adoradas em Meca, e mais tarde retirou-os, alegando que foi o Diabo que o iludiu a incluír os tais versículos, por isso mesmo "satânicos". O narrador do livro vem mais tarde a explicar que os versos foram ditados pelo Arcanjo Gabriel.

O livro foi publicado em Setembro de 1988, e causou desde logo uma enorme controvérsia nos países islâmicos. Em outros países onde existe uma grande comunidade muçulmana, o livro nunca foi publicado ou traduzido. Foi no dia 14 de Fevereiro de 1989 que a Rádio Teerão anunciou a fatwa, que consistia "no dever de qualquer muçulmano em eliminar o herege Rushdie", chegando mesmo a anunciar uma recompensa. Depois da fatwa houveram protestos, explosões em livrarias onde se vendia o livro, e até atentados contra Rushdie, que passou a viver no Reino Unido sobre apertada vigilância policial. Na sequência disso, o Irão cortou relações diplomáticas com os britânicos a 7 de Março.

Em 1990 um filme paquistanês intitulado "Internacional Gorillay" mostrava Rushdie como uma espécie de Rambo, que conspirava para derrubar o Islão no Paquistão e abrir uma cadeia de casinos e discotecas no país. O filme foi um enorme sucesso no Paquistão, mas os ingleses recusaram a dar-lhe certificação, e nunca foi exibido no Reino Unido, onde vive uma significativa comunidade paquistanesa. Com a morte de Khomeini, os ânimos serenaram e o Irão viria a restabelecer relações diplomáticas com o Reino Unido em 1998. Em 2005 o líder espiritual Ayatollah Ali Khamenei reafirmou a fatwa, e o Irão ainda se recusa a levantá-la com o argumento de que "o seu levantamento só pode ser determinado por quem a decretou", e o Ayatollah Khomeini morreu em Junho de 1989.

A vida de Salman Rushdie não foi fácil durante estes 20 anos. Sem poder sair de casa durante longos períodos de tempo, a situação custou-lhe três casamentos, o último com a actriz e modelo indiana Padma Lakshmi, 23 anos mais nova que Rushdie. Um dos seus antigos guarda costas, Ron Evans, pensou em publicar um livro onde escrevia que Rushdie queria tirar contrapartidas financeiras do seu cativeiro, e de que era suicida. Rushdie acusou Evans de mentir, meteu-lhe uma acção em tribunal e ganhou, chegando mesmo a receber um pedido de desculpas. E têm sido assim os últimos 20 anos da vida de Rushde, actualmente com 61 anos, sembre debaixo do espectro da fatwa.

1 comentário:

Anónimo disse...

A estupidez dos muçulmanos só fez com que mais gente lesse o livro. Eu, por exemplo, só o li por causa da celeuma que provocou.