domingo, 8 de fevereiro de 2009

Os blogues dos outros


Nos Estados Unidos há um grande alvoroço por Michael Phelps ter sido fotografado a consumir cannabis numa festa privada. Este caso exemplifica bem o ridículo puritanismo da sociedade americana. Para eles não há qualquer problema em qualquer puto poder comprar uma arma livremente e desatar aos tiros no pessoal, mas se o caso envolve sexo ou drogas é 0 fim do mundo e levanta-se uma confusão das antigas. Num país onde a ridícula Ms Pallin foi candidata à vice-presidência, tudo é possível…

El Comandante, Hotel Macau

Não estou satisfeita com as repentinas mudanças de regras do governo, mas também, não estou preocupada em reformar-me, ainda estou no inicio dos meus quarenta anos porque hei-de estar à espera de me reformar? O que vou fazer depois? Arranjar um outro emprego? Só se for isso mas estou muito bem onde estou, adoro aquilo que faço, o ambiente de trabalho é bom e se sou funcionária publica claro que não estou a pensar em enriquecer senão já tinha apostado numa carreira empresarial...Admiro as pessoas que vivem a pensar na reforma, com pouca idade já a contar com o fim de vida e depois? Será que sabem o que significam a reforma? Ou só querem é não fazer nenhum? Não me chateia levantar cedo todos os dias para vir trabalhar, já incomodou mais nos meus dias de juventude quando frequentava a vida nocturna, precisava de mais horas de sono, agora não e até é um prazer, não sou workaholic, quando saio daqui, deixo tudo para trás, nem sequer falo em trabalho em casa nem sobre os colegas.

Gotícula, O Eu Universo

O Benfica imita José Sócrates, talvez por este ser adepto do clube. E com todo o descaramento. Também inventa cabalas. Um senhor que andou pelos gabinetes da Presidência da República como assessor de imprensa foi parar a director de comunicação do 'glorioso', mas sem glória nenhuma inventa cabalas e vê fantasmas onde não existem. Jorge Gabriel teve o desplante de ir para o canal de tv Benfica inventar que houve uma aliança entre o Sporting e o FC Porto, presume-se, para tramar o Benfica. Toda a invenção de Gabriel, diz, deve-se a um encontro que teria existido no hotel Sheraton, em Lisboa, entre os presidentes dos dois clubes. Caramba, então, as pessoas já não se podem encontrar? Dois clubes que vão disputar uma meia-final e que têm problemas semelhantes de gestão não podem falar sobre esses problemas? Dois cidadãos que se conhecem há anos, que fazem parte de uma Liga de Clubes, também já não podem conversar? Para certos iluminados da treta tudo é cabala. Que pena a "cabala" não poder enfiar o microfone pela boca abaixo a estes criadores de fantasmas...

João Severino, Pau Para Toda a Obra

A dupla Obama-Biden enfrenta neste momento uma das suas primeiras provas de fogo. O Quirguistão, uma antiga república soviética, fechou uma base americana do seu território: a base de Manas. A base é fulcral para a guerra no Afeganistão, que é o centro das atenções de Obama ao nível externo. Segundo diz a administração Obama, o encerramento foi devido à pressão exercida pela Rússia e começa a ser visto como uma afronta. O medo de uma nova guerra fria está a surgir e Obama vai ter de escolher entre a guerra com o Afeganistão e a paz com a Rússia. Can he handle it?

Tiago Moreira Ramalho, Corta-Fitas

Afinal Barack Obama é humano e a sua presidência é deste Mundo. Um-dois-três nomeados foram pelo ar. Tom Daschle, indigitado para ministro da Saúde, renunciou hoje ao cargo, depois de saber-se que cobrara mais de 150 000 euros como consultor de empresas do ramo da saúde, as mesmas que iria regular, e depois de saber-se que tinha 108 000 euros de impostos em atraso. Bill Richardson, nomeado para ministro do Comércio, renunciou duas semanas antes da investidura, antecipando-se a «distracções» provocadas por uma investigação federal sobre ligações a uma empresa enquanto era governador do Novo México. E espera-se que às três seja de vez, porque Nancy Killefer, que iria titular o novo cargo criado propositadamente por Obama a bem da transparência, o de vigiar o cumprimento do Orçamento de Estado, também renunciou hoje mesmo, também por problemas fiscais com a taxa de desemprego. (Para não falar dos assessores cujo papel é investigar os nomeados, e cujo emprego já teve um futuro mais risonho.) Fatal como a morte e os impostos, dizem eles.

José Mendonça da Cruz, Risco Contínuo

Numa semana em que as sondagens voltaram a malhar em Manuela Ferreira Leite surge o ministro Santos Silva, um ex alegrista, a dizer que gosta de malhar na oposição. Há aqui uma evolução política significativa, enquanto que no tempo de Guterres o Jorge Coelho dizia que quem se metesse com o PS levava, já Santos Silva não se espera que se metam com o PS, malha por prazer. Com estas palavras do ministro voltou o debate do medo que agora parece que também se instalou no PS, a crer nas declarações de Henrique Neto, motivo suficiente para Manuel Alegre voltar a montar a sua pileca e vir em defesa da liberdade, ele que é dono e senhor dos votos que recebeu nas presidências.

Jumento, O Jumento

Francisco Louçã contou uma historieta tristíssima durante a convenção nacional do Bloco de Esquerda que está a decorrer. Queria, com ela, ilustrar o que tentava explicar, mas a coisa não lhe correu nada bem e acabou por fazer fraca figura. A ideia parece que era demonstrar que o capital nada produz; o trabalho é que produz. Ao caricaturar isto em palavras, saiu-lhe mais ou menos como tentarei reproduzir.
Imaginemos que se metiam dois coelhos numa toca — disse Louçã. Em breve haverá muitos coelhinhos. E apressou-se a acrescentar: «se for um casal». Agora metam-se duas notas de cem euros numa caixinha — continuou ele. Alguém acha que irão nascer notas de vinte? Realmente, isto não lembrava a ninguém. Duas notas de cem não se reproduzem. Só se for uma nota e um noto, não é? O pior, no entanto, foi o caso dos dois coelhos. «Se for um casal» — apressou-se Louçã a acrescentar, perante o silêncio da plateia. Mas o remendo tardio não surtiu efeito e a audiência manteve-se muda. Não admira: e se fosse um casal de coelhos do mesmo sexo? Partindo isto de um guru na ciência dos casamentos entre dois seres do mesmo sexo, a coisa saiu-lhe mal, mal, mal...


João Carvalho, Delito de Opinião

Mário Soares escreveu há dias, no DN: «Lula da Silva, Hugo Chávez, Evo Morales, (…) manifestaram-se violentamente contra o capitalismo financeiro-especulativo – o que está certo: esse tipo de capitalismo morreu – e em favor do socialismo. Mas que socialismo? Não, seguramente, o socialismo de tipo soviético ou, muito menos ainda, chinês... Do socialismo democrático, não gostam. Então, qual?». A questão é esta. Qual «esquerda»? Qual «socialismo»? A «convergência à esquerda» e «quebrar o tabu da incomunicabilidade das correntes de esquerda» são frases delidas pelo uso no último século. São frases ocas, vazias, que só querem dizer que quem as profere não sabe o que quer. Convergência à volta de quê? O que é que se abriga debaixo do chavão «esquerda»? O totalitarismo soviético era de esquerda? O «socialismos» cubano e norte coreano são de esquerda? Se a «convergência de esquerda» tem apenas por limite eleger um candidato presidencial de esquerda expliquem-nos isso claramente (o PS sozinho já elegeu dois), mas não nos contem histórias da carochinha. Isto não funciona com a «táctica» de tudo ao monte e fé na revolução porque depois quem paga a factura não é quem foge para o exílio é quem fica cá.

Tomás Vasques, Hoje Há Conquilhas, Amanhã Não Sabemos

O nosso sistema económico, com todos os planos milagrosos para resolução de um problema em boa parte criado por quem agora os lança, tenderá a ver a sua transparência e equidade degradarem-se. O que, sem estes apoios selectivos, eram decisões de todos, todos os dias, passarão a ser decisões de uma pequena minoria dominante em momentos-chave de influência política, jogos de bastidores e ideologia barata. O dinheiro para este festim, esse, continuará a vir dos bolsos de todos (bom, mais de uns que de outros), todos os dias.

Diogo Almeida, Ideias Livres

Tornou-se norma entre a classe político-jornalística usar de um tom chocarreiro e trocista quando se alude à imagem de austeridade e de honestidade popularmente associada ao salazarismo. Entende-se perfeitamente. Numa época em que qualquer um que passe um só ano ministro ou secretário de estado e não surja depois rico como Cresus é visto como sendo tolinho ou incapaz (ou, pior que tudo,como estando afectado ainda por condicionamentos e atavismos salazaristas), não podia ser de outra forma. Que tempos! Que costumes!

Manuel Azinhal, Sexo dos Anjos

Na sequência de um acidente de automóvel, a italiana Eluana Engalo encontra-se há 17 anos descerebrada, ligada à máquina e alimentada por sondas. Está, desde então, em estado vegetativo. Em boa verdade esta mulher morreu aos 21 anos nesse trágico acidente. Não admira que o pai tenha pedido aos tribunais autorização para lhe ser desligada a máquina que artificialmente mantém o corpo inerte a respirar. O tribunal compreendeu o drama inútil do pai, obrigado a velar um cadáver que respira, durante 17 anos, e autorizou que desligassem a máquina. O mínimo que se esperaria de pessoas civilizadas era o silêncio e o respeito pelo drama de quem pediu para lhe deixarem enterrar a filha. Uma sociedade liberta de sectarismos ideológicos deve decidir quem e como libertar alguém da condenação à vida e deve, sobretudo, respeitar a vontade do próprio ou, neste caso, de quem ama e tem o direito de decidir por quem não o pode fazer. Do Vaticano veio um grito de intolerância através do cardeal Losano Barragan: «Parem essa mão assassina» - anatematizando a decisão de desligar a máquina. Quem é pai não pode deixar de gritar: - Cala-te, cardeal!

Carlos Esperança, Diário Ateísta

Pois é, lá vem crise e o euroverniz começa, portanto, logo a rebentar pelas costuras. O caso dos jobs ingleses for the boys ingleses choca-nos porque os estrangeiros ameaçados (porque ameaçadores) somos nós, portugueses. Mas as notícias podiam muito bem vir da França, da Alemanha - a Itália e a Espanha já há algum tempo que andam a brincar às xenofobias. Nada de espantar: a força do fascismo larvar é o medo, e a triste e humana verdade é que, ao mínimo susto, soltamos cantando e rindo o PRD que há em nós.

Rui Zink, Rui Zink versos livro

a relação dos portugueses com os piscas é igual à relação dos portugueses com os preservativos. sabemos onde estão, podem evitar acidentes, mas quase ninguém os usa.

João Gaspar, Last Breath

3 comentários:

Anónimo disse...

Escusava de ter citado o blogue Hotel Macau desta vez, que agora o anónimo higienista, ao se rever na expressão "ridículo puritanismo" associada à sociedade norte-americana e demonstrando que os norte-americanos não detêm a exclusividade dessa "qualidade", meterá a cassete de novo e ainda começa a desancar em El Comandante. Não havia necessidade, até porque ser ridiculamente puritano, ao contrário de fumar uma broca, não vai contra a lei, que é o que realmente interessa. Mas a autoridade máxima no assunto já cá virá explicar essas coisas.

joãoeduardoseverino disse...

Obrigado Leocardo pela deferência. Abraço

Anónimo disse...

Obrigado pela citação, meu caro. Abraços.