segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Fez-se justiça: Ched Evans é INOCENTE! (parte III)


Um bom exemplo que demonstra a grosseira injustiça que teve lugar. Depois de cumprir o tempo mínimo para requerer a liberdade condicional, e ter saído da prisão, Ched Evans foi tentar voltar a fazer a única coisa que sabe: jogar futebol. Esqueçam tudo o que ouviram até agora a respeito do "carácter correcional da prisão", da "reabilitação e reintegração da sociedade", ou aquela chalaça muito gira que fala da "dívida paga à sociedade", após o cumprimento da pena. Para a sociedade, Ched deixou de existir. Não para toda a sociedade, mas para um grupo muito suspeito em termos de idoneidade, e de cujas "boas intenções" tenho sérias reservas. Quando tentou reingressar no Sheffield United, o clube que representava à data da condenação, viu as suas intenções esbarrarem com a indignação de associações feministas e afins, que ameaçaram tomar medidas para impedir que o atleta voltasse ao activo. Jessica Ennis-Hill, campeã olímpica do Heptatlo nos jogos de Londres em 2012 e natural da cidade de Sheffield, anunciou que caso o United voltasse a integrar "uma pessoa condenada por violação" no clube, ia exigir que retirassem uma placa em sua homenagem existente no Bramal Hall, o estádio da equipa de futebol. Nos últimos dias Ennis-Hill tem sido assediada com mensagens nas suas páginas das redes sociais, contendo insultos e comentários depreciativos relacionados com a sua irredutibilidade quanto à culpa de Ched Evans. A atleta comunicou o facto às autoridades (pfff..."as if"), e numa delas lia-se qualquer coisa como "eu gostava era que alguém na tua família fosse acusado de um crime que não cometeu, para ver como reagias". Não noto ali qualquer tom de ameaça, e permitam-me que subscreva.  Como dizem os brasileiros, "pimenta nos olhos dos outros é refresco". Esta pessoa parece-me pouco digna dos encómios que lhe são endereçados, se não se inibe de chamar de "violador" a uma pessoa que foi condenada por não ter conseguido provar que lhe foi dado o consentimento de uma pessoa com quem teve relações sexuais, sem recurso a meios violentos ou qualquer pista de que o fez premeditamente ou com dolo, ou com intuitos predatórios, não é alguém que eu considere digna de representar o ideal olímpico, ou qualquer outra valência que se recomende. E o que dizer quando se chega ao ponto que vou mostrar agora?


Isso mesmo. Na segunda noite que passou no estabelecimento prisional de Wymott, em Lancashire, Ched Evans encontrou uma lâmina no chão da sua cela, que alguém terá feito passar por debaixo das grades. Sem entender bem o significado da "oferta", pensou inicialmente que alguma alma caridosa lhe teria fornecido o objecto para que se pudesse defender, mas mais tarde veio a saber que se tratava de um "recado" de alguém de fora, a sugerir que o melhor que teria a fazer era cortar os pulsos e colocar um fim ao seu pesadelo. E "almas caridosas" é algo que nunca encontraria em Wymott, uma prisão de alta segurança onde durante dois anos e meio conviveu com alguns dos piores elementos da sociedade, e onde foi obrigado a frequentar um curso correccional destinado a violadores e agressores sexuais. Cada dia que ali passava parecia nunca mais acabar, segundo afirmou o próprio Ched. Não é para admirar que na batalha que o jogador e a sua corajosa namorada travaram durante cinco anos no sentido de provar a sua inocência tenham chegado ao ponto de oferecer uma recompensa em numerário a quem tivesse a coragem e o bom senso para apresentar a VERDADE sobre o que realmente aconteceu. Pensem bem nisto, e ponham-se no lugar do Ched Evans. Ele veio admitir que a sua conduta foi reprovável, pediu desculpa pelo seu comportamento vezes sem conta, mas NUNCA poderia pedir desculpa por um crime que não cometeu, pois isso seria interpretado como uma confissão, e com a agravante de ser tardia. Não é preciso acrescentar que isso não o iria ajudar em nada. Antes pelo contrário. E então o que mudou entre o primeiro julgamento e este, para que Ched Evans passasse de "violador" a vítima de erro judicial?


Muito simples: neste julgamento foram apresentadas PROVAS, ao contrário do primeiro em 2012, onde a acusação se limitou a demonstrar que a alegada vítima "não se recorda de ter dado consentimento", apesar do arguido garantir que tudo decorreu com a maior naturalidade. Ela nunca afirmou em circunstância alguma ter rejeitado a investida de Ched Evans, e nem sequer negou ter dado consentimento - apenas que "não se recorda ter dado". Aqui o "in dubio pro reu", figura que assenta no princípio de que mais vale deixar um culpado sair um culpado em liberdade do que prender um inocente, foi a voar pela janela, como um lenço onde alguém se acabara de assoar o ranho. E porque carga de água a moça não se recorda se autorizou ou não a prospecção que o Ched Evans lhe fez nessa noite à gruta, e onde não foi avisado do perigo que isso representava? Será que come muito queijo? Não, mas bem que podia ser, e talvez fosse menos nocivo se acompanhasse com queijo as copiosas quantidades de álcool que consumiu nessa noite, ao ponto de "não se recordar de nada" que se passou. Com o pretexto de dar consistência à tese do "lapso de memória", a acusação afirmou que a vítima teria consumido uma bebida "contendo uma substância desconhecida" que a deixou naquele estado, mas que não terá sido Clayton McDonald a fazê-lo, antes de a levar para o hotel. Mas isto faz algum sentido? Quem será o brincalhão que coloca narcóticos nas bebidas das donzelas "por nenhuma razão especial", e nem tem a possibilidade de assistir aos efeitos? E esta foi apenas uma de muitas, muitas contradições, omissões e outros truques de manga que não se inserem do contexto do que seria o apuramento dos factos com o objectivo de ver servida a justiça: 

-  As testemunhas que inicialmente afirmaram ter alertado a polícia devido ao "estado lastimável" em que a vítima se encontrava vieram dar agora o dito por não dito, e uma delas disse mesmo que a razão porque a jovem tinha dificuldades em andar se devia "aos sapatos de plataforma que usava nessa noite". 

- Uma outra testemunha diz ter visto a vítima a conversar com amigos e a comer pizza menos de uma hora antes de chegar ao ponto de "não poder de maneira alguma ter dado consentimento ao arguido.

- Apesar de "não se recordar" do momento em que o arguido alegadamente abusou do seu estado debilitado, afirmou durante o novo interrogatório recordar-se de detalhes como "Ched não lhe ter dito o seu nome", ou "ter sequer falado com ela", e de que depois de terminar o coito, "saiu pela porta de incêndio". Portanto, recorda-se de pormenores de um evento de que não se recorda de todo. Certo.

- Ched chegou ao hotel quinze minutos depois de Clayton lhe ter ligado, identificou-se na recepção apresentando a carta de condução, deram-lhe a chave do quarto, e no fim saiu de facto pela saída de incêndio, conforme comprova um vídeo recolhido por uma câmara CCTV, que durante o primeiro julgamento ninguém achou ser relevante. Nem quando a acusação conseguiu convencer o júri de que Ched foi até ao hotel cometer o acto de que o acusavam "às escondidas, evitando que o vissem". 

É evidente que todos estes factos foram comprovados, e são razão mais que suficiente para duvidar das alegações apresentadas pela acusação. Mas o que a prova decisiva para que a verdade emergisse e o pobre do Ched visse o seu nome levantado da lama, reveste-se contornos um tanto ou quanto sórdidos: 


Isso mesmo: a defesa apresentou uma testemunha polémica, optando por uma estratégia tão arriscada quanto questionável em matéria de "fair-play", mas isso é uma coisa que nunca chegou a contar para este autêntico compêndio de degredo. Um homem testemunhou ter passado várias noites com a alegada vítima, antes E DEPOIS de se terem verificado os factos, descrevendo ainda o carácter da mesma, que pouco que se coaduna com a condição de "vítima" de uma agressão monstruosa, sem nada que a possa justificar ou lugar para perdão. Já lá vamos, porque antes que retirem conclusões precipitadas quanto à minha posição nesta matéria, vou deixar algo bem claro: não censuraria esta nem qualquer outra pessoa por dormir com quem lhe apetecer, ponto. À liberdade que nos é dada para tomar este tipo de decisões cabe a cada um dar-lhe o uso que achar mais conveniente, desde que do outro lado esteja alguém que se disponha a dançar ao som da mesma música, é lógico. A jovem que agora fica provado ter mentido sobre o que realmente se passou naquela fatídica noite tem todo o direito de fazer o que quiser com aquilo que lhe pertence e com que já nasceu incorporado no resto da embalagem, e nem eu nem ninguém tem o direito de questionar as suas opções. Só que no momento em que foi necessário assumir a sua conduta, que ao contrário de mim, alguns podem considerar "leviana", ou até promíscua, preferiu dotar-se de asinhas e colocou uma auréola é volta da cabecinha, e garantiu que "não senhor, não é nada disso, o outro é que é um violador sem alma". Posto isto resumiu a sua actividade normal, dentro do que lhe permite o livre-arbítrio e ai de quem disser o contrário, e que se vá meter na sua vida, menos quando as coisas correrem para o torto, e aí ela não se inibe de se meter na vida de um inocente, deixando-a completamente do avesso.


(CONTINUA)

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