sexta-feira, 1 de março de 2013

A guerra é para os machões


Morrisey é um músico inglês que ficou conhecido pela minha geração como vocalista da banda The Smiths, um dos conjuntos mais populares dos anos 80, um dos pioneiros da chamada “música independente”, ou no seu diminutivo “indie”. Seguiu-se uma respeitável carreira a solo, e o músico permanece no activo aos 53 anos. Vegetariano desde a infância e defensor dos direitos dos animais, usa botas de imitação de cabedal feitas especialmente para si, “por uma questão de coerência”. Isto é, desde que tenha dinheiro para combinar elegância e convicções, claro. Figura controversa, chegou a ser acusado de racismo por mais de uma vez devido à sua posição quanto à imigração no Reino Unido – ama os animais e é contra estrangeiros, portanto isto faz dele a Briggite Bardot inglesa (ou inglês).

E por falar nisso, Morrisey é também conhecido pela sua sexualidade ambígua: não se sabe muito bem em que equipa joga. Deu esta semana uma entrevista à revista online norte-americana Rookie, e desta destaco uma afirmação interessante: “O ser humano é essencialmente solitário”, acrescentando que a instituição do casamento “acentua a solidão, porque permite ao Estado determinar as tuas obrigações para com outra pessoa, como se tu não pudesses confiar e gerir tu próprio os teus sentimentos”. Não há como discordar. Mais curiosa é a sua opinião sobre a Guerra, que considera “um dos maiores defeitos da heterossexualidade”: “Se mais homens fossem homossexuais, não haveria guerras, pois os homens homossexuais nunca se matariam uns aos outros, mas os homens heterossexuais adoram matar outros homens. Até ganham medalhas por isso”. Morrisey considera que “guerras, exércitos e armas nucleares são hóbis heterossexuais”. Pois é, até é possível que tenha razão neste aspecto. Nos homossexuais as invasões e os bombardeamentos são de outra natureza. Eh eh. Continua a ser quem és, Morrisey.

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