quinta-feira, 14 de março de 2013

O mundo é redondo (e tão giro!)


Quando estudamos na escola primária e começamos a perceber melhor o mundo que nos rodeia, somos confrontados quase diariamente com um sem número de novidades. A vida é uma verdadeira caixinha de surpresas. Quando tinha 8 anos ofereceram-me um Atlas Universal pelo Natal. Foi provavelmente a melhor prenda que alguma vez recebi, pois aprendi a localizar quase todos os países no mapa mundo e “empinei” a esmagadora maioria das capitais. Cheguei a entreter os amigos dos pais com os meus conhecimentos geográficos, e todos achavam imensa graça que um puto de 9 anos soubesse que a capital da Mongólia é Ulaan Bator – especialmente por eles próprios ignorarem esse facto. É básico fazer troça de nomes estrangeiros que nos soam estranho, mas é impossível deixar de tecer algumas observações “off the record”. Não seria capaz de fazer um trocadilho com um natural da Mongólia chamando-o de “mongolóide”, mas há realmente locais com nomes que nos convidam a rir baixinho.

Dos países propriamente ditos não há motivos de risota galhofeira. Quer dizer, no continente africano temos o Burkina Faso, o Botswana ou o Lesotho, que fazem lembrar letras das músicas do Bonga, mas nada de muito grave. Temos um país que se chama “Camarões”, e cuja simples menção nos lembra uma bela petiscada regada com imperiais geladinhas. O que pouca gente sabe é que foram os portugueses que baptizaram este país da costa Atlântica do continente africano, devido à abundância de lagosta branca no mar da região. Há países no continente negro que não se livram dam á fama. Cada vez que se fala de Etiópia, lembramo-nos de criancinhas subnutridas com barrigas inchadas do edema da fome e moscas no rosto. É no continente africano que predominam os territórios começados pela letra “Z”: Zâmbia,Zimbabwe, Zanzibar (na Tanzânia, que também leva um “z”) e Zaire, um dos maiores rios de África e antigo nome do país hoje conhecido por República Democrática do Congo. A palavra “democrática” é aqui usada livremente, este é o país dos Mobutus. Existe um arquipélago no mar Índico, não muito longe de Moçambique, chamado “Seychelles”, facilmente confundível com o nosso querido Seixal, na margem sul de Lisboa. A maior ilha do continente, Madagascar, tem como capital “Antananarive”. Quando alguém diz que vai de férias a Antananarive, quando acaba de pronunciar o nome já se acabaram as férias.

Na América do Sul temos o Perú, a ave que todos adoramos saborear no Natal, só que neste caso o nome do país tem origem na tribo indígena dos Viru. A capital, Lima, faz lembrar uma ferramenta ou um citrino, o que só vem agravar a miséria dos pobres peruanos aos nossos olhos. Pior que o Perú temos a Antigua e Barbuda, um estado insular das caraíbas. Quer dizer, Barbuda? Estarão a falar da mulher do presidente ou quê? Tenham dó. Ainda nas Caraíbas existia um país chamado “Antilhas Holandesas”, que há dois anos foi extinto e dividido em dois: Sint Maarten e Curacao, que é nome de bebida. A região caribenha deixa-nos a sonhar. Quem nunca ambicionou a umas férias nas Baamas, em Aruba, na Jamaica ou na República Dominicana? Ou ter uma conta bancária bem recheada nos paraísos fiscais das Ilhas Caimão (que é um lagarto gigante) ou nas Ilhas Virgens Britânicas? O maior país da América Central é o fascinante México, um local encantador. Não consigo deixar de brincar com o nome do país dos antigos aztecas. Quando estou com pressa e há alguém no meu caminho a pisar ovos digo sempre “México, México”. Perceberam a piada? É muito gira.

A velha Europa, onde estamos inseridos, não é fecunda em nomes bizarros, talvez devido à sua exiguidade que leva a que não existam diferenças culturais ou linguísticas de monta. Mesmo assim não posso deixar de achar alguma piada à “Macedónia”, que além de uma salada de ervilha, cenoura e batata e um gelado de frutas cristalizadas é também um jovem país das Balcãs. Também nas balcãs temos outra ex-república jugoslava que dá pelo nome de “Kosovo”, ainda não reconhecida na sua plenitude. Não sei se sou apenas eu, mas quando oiço falar no “Kosovo”, lembro-me de ovos cozidos. Existe ainda quem confunda a Eslovénia e a Eslováquia, talvez pelo facto de terem sete letras em comum no seu nome. Para evitar a confusão basta saber um pouco de História: a Eslovénia e uma ex-república Jugoslávia, enquanto a Eslováquia era parte da antiga Checoslováquia. Até aos anos 80 existiam apenas 40 países europeus, mas com o fim da União Soviética, Jugoslávia e Checoslováquia passaram a existir mais de 50. Ficou tudo um pouco mais baralhado, de facto.

Na Ásia, o maior continente do mundo, temos dois pólos distintos: o médio e o extremo oriente. Antigamente tinhamos o próximo oriente, que englobava os países da peninsula arábica e da antiga Pérsia, o médio oriente era então a Índia e arredores, e o extremo-oriente: China, Japão, peninsula coreana e países do sudeste asiático. Quando era puto ouvia falar muito de uma tal Cochinchina, que era um sítio misterioso onde tudo era supostamente muito diferente: “nem aqui nem na Cochinchina”, dizia o povão. Esta região, localmente conhecida por “Nam Ký”, é situada no sul do actual Vietname, e fazia parte da Indochina francesa. Pelas arábias temos o “Kuwait”, que se lê “cu-ueit”, se bem que há quem teime em pronunciar “cu vai-te”. Em Agosto de 1991 foi notícia a invasão do Iraque de Saddam…“ao cu vai-te”. No subcontinente indiano, além do Bangladesh (que vem depois do Banglanove e antes do Banglaonze) temos o Butão. Sim, o Butão, não o “botão”, sem bem que ambos se pronunciam da mesma forma. Um nome bem divertido, sem dúvida. Uma das tais ex-repúplicas soviéticas, o Uzbequistão, tem como capital “Tashkent”, que se lê “tás quente”. Hilariante!

Finalmente na Oceânia, já em pleno Oceano Pacífico, existe um sem número de estados de que sabe muito pouco. Todos conhecemos a Austrália e a Nova Zelândia, e mesmo os adeptos do “rugby” são familiares com países com o Tonga, as Fiji, o Tuvalu, a Samoa – ou Samoas, existe a Samoa Ocidental e a Samoa Americana, também conhecida por “Ilhas Marianas”. Outros estados, se é que os podemos chamar de tal, são completamente desconhecidos. Um bom exemplo disso é Niue (não sei como se pronuncia), localizado mesmo no meio do Oceano Pacífico e com pouco mais de um milhar de habitantes. A sua capital é Alofi, mas a maior cidade é Hakupu. Talvez porque a primeira tenha apenas 200 habitantes, enquanto a segunda tem 250. Mas uma curiosidade sobre este Niue desconhecido: foi o primeiro país a ter Wi-Fi, em 2003. Ora toma! As capitais de alguns destes países polinésios têm nomes que não lembram ao Diabo. A do Tuvalu é “Fanafuti”, que parece o nome de um prato africano. A capital do Tonga é Nuku’alofa. Às vezes dá-nos vontade de mandar alguém ir tomar “Nuku’alofa”. É um mundo tão divertido, este que habitamos.

1 comentário:

Pedro Coimbra disse...

Bom fim-de-semana!!
Um abraço