terça-feira, 20 de abril de 2010

Água, electricidade, gás e telecomunicações


Pouco se fala em Macau dos serviços de água, luz, electricidade e gás, utilidades que são indispensáveis ao dia-a-dia. Já passei por um pouco de tudo; cheguei a ter uma inundação em casa e no mês seguinte paguei uma factura de 400 patacas no mês seguinte, quando pagava habitualmente 40/50 patacas. Já voltei de Portugal uma vez e dei com a luz cortada por falta de pagamento - puro esquecimento. Já cheguei a ter gás canalizado, e prefiro o outro. O facto da internet não ser completamente gratuita em Macau é algo que ainda não consegui perceber.

Ponto por ponto. A água em Macau continua a ser das mais baratas do mundo, apesar das crises ocasionais da salinidade. O Governo ainda por cima subsidia o pagamento, para que não fique pelo menos ninguém sem tomar banho. Quanto à água que se bebe, não sei porquê não confio na torneira. Quando vivia em Portugal só bebia água da torneira (deliciosa!), mas aqui disseram-me que a engarrafada "é preferível". Já me disseram que estou a comprar gato por lebre, e que a água da rede "é segura", mas quando falta em casa um garrafão de Luso, falta tudo.

Quanto à luz, continuamos a pagar a electricidade mais cara do mundo. Apesar do serviço ser bastante decente (raramente falta a luz), mais de mil patacas por mês só para aguentar os rigores o Verão e da humidade parece-me excessivo. O única voz dissonante nesta autêntica escravatura energética foi em tempos a do deputado David Chow, que em plena AL questionou as tarifas praticadas pela CEM. Certamente que existem muitas explicações para o facto de Julho, Agosto e Setembro serem meses em que normalmente a chegada da conta da luz causa transtorno, mas nada me convence.

O gás é o serviço que mais me assusta. Cheguei a viver num apartamento abastecido com gás da companhia, e todos os meses pagava entre 300 e 400 patacas, sem sequer saber bem porquê. Uma bilha de gás ao domicílio, que chega muito bem um mês, custa cerca de 180 patacas, gorjeta incluída, e dependendo ainda da oscilação do preço do gás natural - o que, naturalmente, não me interessa. Sem dúvida que sai muito mais barato "chamar" o gás do que tê-lo a toda a hora em casa. O que me fascina é a qualidade da instalação das bilhas de gás nas casas de Macau. Surpreende-me que quase não se tenham registem casos de explosões ou incêndios, da forma como os tubos são enfiados debaixo do lava-louça da cozinha de forma tão primitiva, e quase sem inspecções regulares de seja lá quem for que devia ter esse trabalho.

Finalmente, as telecomunicações. Este ano a CTM teve lucros de 711 milhões de patacas, um aumento. Com a catrefada de dinheiro que a empresa que detém o monopólio das telecomunicações em Macau arrecada com as chamadas internacionais e com a rede móvel, não seria porreiro incluir o serviço de internet nas duzentas e tal patacas que pagamos pelo aluguel da rede fixa? Trezentas, que fossem. Quanto ao serviço, é melhor nem falar para não dar azar. Senão ainda fico sem internet durante uma semana, que é o tempo normal de atendimento do respectivo serviço.

9 comentários:

Anónimo disse...

Apesar de tudo, não há grande razão de queixa. Se comparar com Portugal, por exemplo, aqui é tudo mais barato. Experimente passar um mês em Portugal com ares condicionados sempre ligados como aqui, e vai ver se a conta não é maior.

Anónimo disse...

"Quanto à luz, continuamos a pagar a electricidade mais cara do mundo"isso é porque toda a gente abre o ar condicionado em macau para dormir no verão,experimenta não abrir nunca o ar condicionado no verão,que vai ver que a electricidade é muito mais barata.

Anónimo disse...

Também ninguém disse que Macau era um paraíso. Para mim uma grande desvantagem mesmo é a água da torneira, que não é tratada. Aqui em Portugal só bebo praticamente água da torneira, que é boa.
E pelos vistos a vida em Macau agora também está mais cara...

Anónimo disse...

E a qualidade do esparregado congelado que se vende no Welcome? Quiçá, o assunto conceptualmente mais importante do ano e merecedor de um grupo de trabalho, de uma comissão, de uma auscultação pública e talvez mesmo de uma posta de V. Exa. Nela poderá explanar os seus densos pontos de vista sobre esta matéria. Estaremos atentos às orientações estilísticas da prosa que, sobre esse assunto, venham a ser seguidas.

À superior consideração de V. Exa.

Anónimo disse...

Lol. Excelente comentário. Deu-me vontade de rir.

Quanto ao tema, julgo que o Governo vai por internet de borla nos espaços públicos. Um bom começo.


AA

Unknown disse...

A electricidade em Macau não é a mais cara no mundo!! Só neste lado do mundo, é mais barata que em Tóquio, Seul, só para dar uns exemplos!

Leocardo, se paga mais de 1000 patacas por mês na electricidade, é melhor ver o que está a fazer! Eu concordo que é um exagero. Não deixe as luzes abertas nem ar condicionados ligados em quartos vazios.

Anónimo disse...

Acaba de me chegar a conta da CEM: 310 patacas. E juro que aqui em casa ninguém se lembra de poupar, caso contrário ainda dava para reduzir bastante. Já agora, 310 patacas são para aí 28 euros. Seria interessante alguém que vive em Portugal dizer quanto é que pagou da última vez.

Anónimo disse...

"Acaba de me chegar a conta da CEM: 310 patacas" e abriste quantas vezes o ar condicionado?

Anónimo disse...

Nenhuma. O que prova que a electricidade não é mais cara do que noutros sítios, as pessoas aqui é que a usam mais.