segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

E ainda não passamos disto?


Foi uma passagem de ano problemática no mundo do glamour nocturno de Macau. Na noite de passagem de ano, parece que um jovem estrangeiro residente no território se envolveu numa briga numa discoteca com um cidadão português (pelo que ouvi). A briga seguiu para outro local de diversões nocturnas, onde as coisas se complicaram ainda mais, e parece que houve karate e tudo.

Entretanto no Sábado à noite um médico do Centro Hospitalar Conde S. Januário foi agredido em pleno hospital por um indivíduo que “não gostou” que o médico em causa tivesse efectuado uma rectoscopia (a sério, uma rectoscopia) à sua namorada. A notícia foi amplamente divulgada na imprensa em chinês, visto que o alegado agressor é uma figura mais ou menos conhecida da cena musical da região. Na imprensa em português, nada, o que me levou a saber desta notícia através de tradução, pelo que peço desculpa por alguma inverdade cometida. (Entretanto a notícia deu hoje no Telejornal, com link aqui).

Isto tudo sem referir nomes, o meu ponto é um seguinte: não somos mais crianças, minha gente. Conte o leitor que não anda frequentemente alcoolizado qual foi a última vez que andou à porrada? Olhem, para mim foi há vinte anos. Já estive perto, mas penso que nunca ao ponto do primeiro empurrão ou soco. E pronto, às vezes vontade não falta, mas felizmente há cada vez mais pessoas tolerantes por aí.

Andar à porrada é uma coisa de miúdos. Eu andava à porrada praticamente todos os dias quando tinha 11 ou 12 anos. É uma coisa mesmo infantil, que em espécies adultas se verifica mais em símios e canídeos. Por isso, hoje, graças a nunca me terem partido um copo na cara, atirada com uma cadeira nas fuças, ou nunca ter tido um olho negro ou um nariz partido, sou um gajo “muita” bonito.

Em vez de andar à porrada ou serem rudes, podem ser simplesmente inteligentes e agradáveis. No outro dia estava sentado sozinho num café português do território quando chega um senhor, já com muito boa idade para ter juizinho, e perguntou-me alto e bom som: “Olha lá pá, os jornais portugueses? Onde estão?”. Escusado será dizer que não conhecia a figura de lado nenhum a não ser daquele lugar e naquele momento.

Fitei-o por dois segundos, com adagas a sair dos olhos, e respondi: “Por acaso tenho cara de jornaleiro?”. Pelo que o fulano se encolheu, meio mijado de medo, e murmurou qualquer coisa como que não estava a falar comigo, e ficou-se. Como eu estava de costas, penso que o senhor me confundiu com outra pessoa, o que mesmo assim é desagradável, pois ninguém gosta de gente malcriada.

Claro que o leitor bravio do Bairro do Oriente está já a pensar “se fosse comigo partia-lhe uma cadeira nos cornos”. Mas corno partido aqui, corno partido acolá, lá vamos nós marchando alegremente para o hospital fazer suturas e levar pensos na cabeça. Até ao dia em que ficamos parecidos com o monstro de Frankenstein, ou como o Fantasma da Opera.

Menos agressividade, minha gente. Principalmente para com os mais fracos, as mulheres, as crianças, os idosos. Não há nada mais ridículo do que ver dois matulões à porrada, como se via muitas vezes no saudoso Talker Pub, na Rua de Pedro Coutinho. Matem-se, esfolem-se, mas não me aleijem. Era esta a mensagem que tinha hoje para o leitor, imbuído ainda da calda dos Sonhos de Natal.

18 comentários:

Anónimo disse...

Eu ando muitas vezes alcoolizado ao fim-de-semana e não é por isso que ando por aí à porrada. O álcool não pode ser desculpa para tudo. Quem não sabe beber, beba água. Eu, como sei, continuo a beber álcool quando não tiver de trabalhar no dia seguinte. Aliás, eu até fico mais simpático quando bebo. A única vez que em Macau poderia ter chegado a vias de facto, tive mais paciência do que seria normal. Se calhar, se estivesse mais sóbrio, não tinha aguentado a melga que não conhecia de lado nenhum e que estava a abusar da minha paciência, a dar-me palmadas vigorosas nas costas e a perguntar-me "Então, pá, estás bom ou quê?". Agora, adivinhem a nacionalidade do animal... Pois claro, tuguinha da silva!

Anónimo disse...

O que aqui me interessa é a apurar a identidade do tuga que esmorrou o turista atrevido.

Quanto à celebridade já sei que se trata do cantor Joventino Couto Remotigue.

Leocardo disse...

Não era um turista atrevido, era um outro residente estrangeiro, nem português, nem chinês.

Anónimo disse...

O leocardo sabe mais detalhes desta estória interessante. Agradeço a correcção. Compreendo que o segredo seja a alma do negócio mas podia ao menos situar-me aonde essa briga de residentes se passou?

Leocardo disse...

Primeiramente no D2, depois noutro local cujo nome começa pela letra "K" mas cujo nome agora não me recordo. Compreendo que queira saber detalhes, mas posso-lhe adiantar que não resultou em consequências graves para ninguém. A não ser o embaraço, é claro.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

Muito agradecido. Começou no D2 e acabou no Cubic com "C", foi assim? Com esta valiosa pista já é possível seguir o rasto do bravo lusitano.

Leocardo disse...

Isso mesmo, Cubic. Boa sorte :)

Anónimo disse...

Ah, ainda me lembro das porradas do Liceu.. FIcavamos todos à porta à espera dos duelos...Isso sim, era entretenimento! Nada como uma boa porrada para animar a malta...

SnatchPot disse...

O estrangeiro residente deve ser o animal que é manager no wynn. Ta sempre todo cocado no d2 e arma confusão com toda a gente. E como tem os se seguranças nepaleses no bolso, não é expulso e ainda dá uma de herói.

Anónimo disse...

ou o RP que gosta disso

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Estou ausente de Macau, mas sempre vou sabendo as novidades da urbe atraves do Bairro do oriente.
Nos meus longos anos de permanencia em macau, ja assiti a muita pancadaria, nos tempos em
que as seitas, usavam e abusavam.
Pessoalmente so estive metido uma vez em pancadria a serio, foi no Restaurante Imperador, onde tive que disparar para cima de um tipo, e prendidindo 12 dos agressores.
Nos meus tempos da mocidade sim, por vezes la andava eu a bulha e um dia fui condenado a 28 dias de prisao, com 3 anos de pena suspensa, por ter defendio~me em legitama defesa, enfim!...
Hoje em dia, nem copos nem porrada, vivo em paz.
Um abraco amigo e um bom ano para si amigo Leocardo e todos os leitores deste belo blog.

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Esqueci-me de dizer que uma noite parti os dentes e nao so, a um bombeiro no clube nocturno Fai Vong, por este, sem mais nem menos me ter mandado para a da minha mae.

Anónimo disse...

Já não se pode meter o dedo no rabinho da menina, que ela estrabucha logo...

Anónimo disse...

Ó homem, e o bombeiro era Chinês ou tuga?


Já há novidades sobre a identidade do bravo lusitano? Haja alguém que tenha visto.

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Ao anónimo das 18.38 informou que o tipo era macaense, mas já se passaram alguns anitos.
Agoa esse luso, que manhou o bife ou ianque, não fui, pois longe estou de Macau, mas se um dia acontecer, não as perdoarei, principalmente a um tal tuga, que me ofendeu, se ele tiver vergonha na cara que se mostre que eu lhe partirei a cornamenta.

Anónimo disse...

Tais tugas ha muitos... É por isso que ficam em Macau...

Anónimo disse...

Copos, noite e porrada são os três lados da mesma moeda. Como???
Este vaisikei da porta do cerco está cada vez pior!

Anónimo disse...

O RP é o Ricardo Pinto? Badernista e caloteiro.