Esta é a grande noite em Hollywood, com a realização da 81ª edição dos óscares da Academia de Artes e Ciências. Ficam aqui as humildes previsões do Bairro do Oriente, que se confirmarão (ou não) amanhã perto da hora de almoço, hora de Macau.
Melhor filme: O vencedor terá de ser
Slumdog Millionaire. Toda a gente adorou o filme, que é um daqueles que aparece uma vez em cada vinte anos. Os principais adversários são "Milk", que conta a história de um activista dos direitos homossexuais, e "The Curious Case of Benjamin Button", que conta com 13 nomeações. Quanto a "Milk", diria que o argumento dos homossexuais conheceu a sua glória há 3 anos com "Brokeback Mountain", e "Benjamin Button" é um filme que teve uma recepção mista, sem estofo para a principal estatueta. "The Reader" e "Frost/Nixon" deverão estar felizes com a nomeação.
Melhor realizador:
Danny Boyle deverá fazer aqui o duplo, se bem que se recuarmos outra vez até 2005 quando Ang Lee venceu para melhor realizador mas não para melhor filme ("Crash" foi o melhor filme), é possível que David Fincher e o seu "Benjamin Button" ou Gus Van Sant (que é "gay") com "Milk" tenham algumas hipóteses. Mas duvido.
Melhor actor: Este seria o ano de Brad Pitt, que já foi nomeado em 1996 para melhor actor secundário com "Twelve Monkeys". Isto não fosse o desempenho de Sean Penn em "Milk", e especialmente o de
Mickey Rourke em "The Wrestler". para o papel Rourke ganhou 12 quilos só de massa muscular, comendo sete refeições diárias, dormindo 10 horas por dia e correndo o resto do tempo. O oscar simpatiza com este tipo de esforço, e como já aconteceu com Robert de Niro em "Raging Bull" e Adrien Brody em "The Pianist" (que ganharam e perderam peso para os seus papéis), a estatueta não deve fugir ao actor que foi bastante popular nos anos 80, fez uma travessia do deserto e agora aos 52 anos aparece no papel de um lutador que procura "uma última oportunidade". Frank Langella foi bastante elogiado pelo seu papel em "Frost/Nixon", mas será ao lado de Richard Jenkins ("The Reader"), o outsider deste prémio.
Melhor actriz: Nesta categoria os Globos de Ouro não devem enganar, e
Kate Winslet deve levar para casa o oscar. Dos filmes que vi gostei especialmente de Anne Hathaway em "Rachel Getting Married", e Meryl Streep é a actriz com o maior
pedigree. Mas 15 nomeações, dois oscares e o facto de desempenhar um papel nada simpático em "Doubt" devem afastar a diva da corrida. Em "The Reader" Winslet vai finalmente ver reconhecido o seu talento, que já lhe valeu cinco nomeações. Pode não ser a melhor das interpretações (esteve melhor em "Eternal Sunshine of the Spotless Mind", por exemplo), mas chegou a hora.
Melhor actor secundário:
Heath Ledger, com 100% de certeza. O seu Joker, uma alma demente e atormentada em "Dark Knight", que ainda causa pesadelos a muita gente já era razão suficiente para vencer o oscar, e isto a juntar-se ao facto que Ledger morreu em Janeiro de 2008, torna tudo mais simples. Ledger será o primeiro actor a receber um oscar póstumo depois de Peter Finch em 1977, com "Network". Não fosse o factor Ledger, e Robert Downey Jr. em "Tropic Thunder" seria o grande favorito. Posto isto...
Melhor actriz secundária: A escolha mais difícil. Nesta categoria "Doubt" tem duas candidatas de peso: Amy Adams e Viola Davis, principalmente a última no sofrido papel de mãe da única criança negra de um liceu católico conservador do Bronx nos anos 60. Mas não sei porquê, inclino-me para
Penelope Cruz. Já passaram 14 anos desde que Mira Sorvino venceu com "Mighty Aphrodite", e talvez tenha chegado a altura da Academia agraciar mais uma das "divas" de Woody Allen.
Melhor filme de animação:
WALL*EMelhor filme estrangeiro: Gostei muito de "Waltz with Bashir", de Israel. Mas por razões políticas e de "coerência", o cinema japonês poderá sair vencedor pela primeira vez com
Departures.
Poderá assistir à cerimónia de entrega dos Oscares amanhã em diferido na TVB Pearl, a partir das 20 horas.