terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Eurodeputados, Kosovo e Timor


Vi esta manhã o programa da RTPi Eurodeputados em que se falou da independência do Kosovo e da nova crise em Timor.

A deputada socialista Ana Gomes, favorável à autodeterminação kosovar, viu-se 'apertada' pelos deputados bloquista e comunista, Miguel Portas e Pedro Guerreiro, respectivamente, que falam de "Soberania nacional", e de "berço da nação sérvia" para justificar a sua oposição à mais nova nação do mundo. É curioso observar como se comportam os nossos ideólogos em relação ao longínquo Kosovo. A extrema-esquerda e a extrema-direita tocam-se e estão contra, a pseudo-esquerda socialista é a favor, a direita moderada, na falta de uma terceira via, está-se nas tintas.

Já em relação a Timor, confirma-se o pior. Os eurodeputados têm medo de dizer o que já toda a gente sabe mas é politicamente incorrecto dizer: a nação timorense falhou. Dizem que "não falhou mas sofre de profundas carências, e deficiências" etc. etc. mas o povão continua a ter pena, a achar que são uns coitados e mais não sei quê. Curiosa uma afirmação de Miguel Portas, que se questiona sobre o papel de Xanana Gusmão em todo o processo.

8 comentários:

C disse...
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C disse...

Caro Leocardo,

Bastante interessante este assunto que trouxe à baila.
Não tive tempo para me dedicar ao assunto, mas a questão suscitou-me várias dúvidas:

1. Mexer nas soberanias e fronteiras é sempre uma emoção, será que a História e especialmente dos Balcãs nada ensinou ao longo dos séculos? Que repercussões?

2. Pareceu-me evidente que as potências marítimas, em especial os EUA chegaram para "partir" pedra da tradicional esfera de influência geopolítica Russa, ou seja um duelo entre potências e aliadas maritimistas (onde Portugal se inclui) contra as continentalistas (tradicionalmente representada pela Espanha, França, Alemanha, Rússia). O espantoso é que a França costumava ser tradicionalmente aliada da Sérvia, será que Sarkozy está agora decidido em ser o protagonista das relações transatlânticas do continente europeu (nessa disputa, a Alemanha da CDU-Adenauer-Kohl-Merkel nunca estaria disposta em perder as relações privilegiadas das terras do Tio Sam, logo pareceu-me um medir de forças entre a Alemanha e a França na disputa do transatlantismo)?

3. Sobre as extremas do Leocardo, talvez tenha razão, talvez não.
À "extrema-esquerda", há vozes contra, porquê? Porque a "DUI ou UDI - Declaração Unilateral de Independência" foi apoiada pelos Estados Unidos da América, a grande vencedora da Guerra Fria que transformou a "gloriosa" União Soviética em escombros. Cheirou-me a algo ressabiado e com profundos ressentimentos.

4. À esquerda caviar, a meu ver mais inteligente, a pouco e pouco com estratégias de regionalismos e de destruição do conceito do Estado Nação abrirão brechas sem precedentes para caminharmos numa direcção de uma Europa federalista, ou federasta, capitalista e sem pátrias.

5. À direita "moderada" ou os tradicionais "liberais" (da História de Portugal, onde estão os Miguelistas?) como diz o Leocardo, um estilo de "wait and see", deve-se claramente a uma falta de estratégia, a um abafar dos assuntos para ver aonde é que param os ganhos e a moda, algo capitaleiro.

6. À "extrema-direita", que extrema-direita? Ou melhor estará o Leocardo a referir-se à extrema-direita da esquerda (i.e. neo-nacionais-socialistas e afins...revolucionários vá lá, socialistas)? Pois bem, estes claro que estariam contra, porque são visceralmente contra os EUA, grande vencedor da II GG contra a Alemanha Continentalista do locatário de Berchtesgaden.

Já houve quem tivesse dito que Bismark era minha referência político-doutrinária...que tragédia seria a minha, ser seguidor de um continentalista e que afirmava alto e bom som, "a África da Alemanha é a Europa", diz tudo... e ser socialista quando jovem e conservador em idade adulta...desculpas para quem enfiou desde cedo a carapuça ou o pé na poça. Portugal ser um bom e simpático criado? Não obrigado!

Por outro lado, no caso do Estado Espanhol, os chamados nacionalistas espanhóis, não são no íntimo espanhóis, mas sim castelhanos. O medo que os castelhanos têm em perder a soberania sobre os bascos, catalães, andaluzes, galegos, estremenhos, etc... daí serem contra a independência do Kosovo.

França pode não ter meditado bem no assunto, mas sempre a Córsega, e as suas Províncias Ultramarinas ("COLONIALISMO"?) que se estendem das Caraíbas ao Pacífico teriam o mesmo direito à autodeterminação, à independência, etc... existem muitos outros casos semelhantes na Europa e no mundo.

7. Por fim, se sabemos que os kosovares são fruto da imigração albanesa na província Sérvia, em que os próprios sérvios se tornaram na minoria e se nós portugueses começássemos a produzir imensos filhos e se fomentássemos uma política de emigração/anexação, a começar por Andorra, Luxemburgo, Liechtenstein, Mónaco, São Marino, coisinhas pequenas, e declarássemos independência às terras que de boa fé nos tem acolhido? Olha Macau, por exemplo... Não teria jeito nenhum nem se poderia concordar com tal coisa, palavras que recordo do meu antigo professor Jorge Miranda.

Mas falemos de coisas mais alegres, quanto aos apoiantes da independência, seria um apoio à instabilidade na região, que poderia dar esperanças para que mais uma vez os Balcãs ajudem a acabar de vez com esta história da Europa "unida", através de uma espécie de "confusão" generalizada. Uma vez que o ilustre embaixador Leonardo Mathias afirmou um dia no Palácio da Independência, que a União Europeia é perecível, e que ninguém tem certezas do que será o futuro desta, mas lá que tem sido um factor de paz, até agora tem sido.

Desta confusão gerada, certamente e facilmente poderá contaminar a unidade do Estado Espanhol, a questão aqui seria mais delicada. Há quem seja apologista da máxima, quanto pior para a vizinha "Espanha" melhor para Portugal, mas o Coronel Brandão Ferreira alertou e bem, algo como, que o mal que se cause à Espanha, não seja tanto mal que permita que se a estilhaçasse toda de modo a atingir ou a sobrar "cacos" para Portugal, um género de implosão controlada, seria o ideal.

"Conter Espanha em terra e batê-los no Mar" - D. João II

Do ponto de vista do interesse nacional português, Portugal aparentemente não deveria ter nada a perder com tudo isto, mas mesmo assim, se andámos a alimentarmo-nos de subsídios da UE, haverá de chegar o dia em que teremos de pagar a factura (porque "não há almoços grátis") com os nossos bens, ou com o corpinho, quero eu dizer sangue. Porque será que temos hoje destacado tantos soldados nossos para o Kosovo? Pois é...

Temos é de dependermos de nós próprios, temos nós portugueses de acordar para a vida, e maximizar as mais valias das relações de amizade e de aliança com os outros Estados, sabendo que com eles é tudo questão de circunstâncias, pois cada Estado prossegue o seu interesse nacional.

Se queremos um Portugal Livre e independente então temos de tomar atenção a estas palavras:

"A Liberdade Financeira é a garantia das futuras Liberdades Políticas" - Prof. Jorge Braga de Macedo

Enquanto o mundo está em plena transformação, é hora de Portugal assumir os seus factores de diferencialidade europeia que é justamente a Lusofonia e o transoceanismo, senão, não nos safamos desta.

9. Em Timor há recursos energéticos não há? E a Austrália/ Commonwealth consomem bastante energia ou não?

Bem que Timor-Leste tem resistido às pressões como único enclave de Língua Portuguesa na região e de costumes e tradições católicas numa realidade islâmica hegemónica. Não é fácil, e a pouco e pouco, este novo Estado-Nação vai estabilizando e vai crescendo. Se o Bispo de Díli está confiante, assim é que terá de ser. O Padre Chico lá nos céus, estou certo que rezará por Deus e por Timor.

Talvez a minha percepção possa estar errada em alguns aspectos, mas estes temas, caro Leocardo, dão pano para mangas, mas são deveras interessantes. Parabéns!

C disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
C disse...

A Lusofonia ou os Países de Língua Portuguesa + Macau, China, poderão ser um factor de reequilíbrio de forças geopolíticas para Timor, que está metido entre a Commonwealth e o mundo islâmico e protestante.
Encontrar o "fine tunning" nestas relações é o grande desafio deste e ainda mais novo Estado-Nação do mundo.

C disse...

Adenda

3.1. Tudo que seja contra os interesses da mãe Rússia, já se seria de prever, ou não? Daí que bloquistas e comunistas de mãos dadas.

Anónimo disse...

Vitó, importas-te de ser mais sintético? Não há saco para ler tanto lixo!

C disse...

Quem não gosta, não come, mas também não chateia.

Anónimo disse...

VRC, vai escrever merda ao teu blogue e deixa-nos tranquilinhos, ok?

Coitado, nao deve ter ninguem para atura-lo e tem de vir aqui chatear. Ve la se encontras uma moça e começas a deitar as tuas frustraçoes por outros buracos...