sexta-feira, 11 de junho de 2010

Três cabeças, duas sentenças


Os três directores dos diários em língua portuguesa do território regressaram recentemente de Xangai, onde visitaram a Expo 2010, e tiveram oportunidade de conhecer o famigerado pavilhão de Macau, o tal da lanterna do coelhinho. O director do Hoje Macau, Carlos Morais José, escreveu um artigo assaz crítico do conteúdo do pavilhão macaense, acusando-o de "branquear a História" do território, ignorando por completo algumas das especifidades de Macau, entre as quais a forte influência portuguesa, ora na arquitectura, na literatura ou na gastronomia, ou a própria existência da comunidade macaense e do patuá, que se candidata a património intangível da humanidade. O director do HM aproveita contudo para elogiar o Gabinete de Comunicação Social (GCS), que teve um comportamento exemplar com os profissionais da imprensa.

Num tom mais moderado mas igualmente crítico, o director do Ponto Final, Ricardo Pinto, considera que o pavilhão de Macau "falha redondamente no script", apontando para o "conteúdo infantil" dos temas, e do facto dos seus organizadores terem insistido em apresentar a RAEM como um produto dos últimos dez anos de administração chinesa. Numa toada diferente alinha o director do JTM, José Rocha Dinis, que afirma que "tanto a liderança como a população de Macau podem estar orgulhosos da sua representação na Expo", e que o coelho de Macau "prestigia a RAEM" (não estou a brincar, leiam aqui). Apesar da infantilidade assumida das imagens, "as multidões não seriam sensíveis a mensagens mais profundas", que é como quem diz, "para quem é, bacalhau basta". O pior é que houve muito chau-min, e nenhum bacalhau.

E o que penso eu? Bem, não sei se vou ter tempo para dar um pulinho a Xangai e ver com os próprios olhos o trabalho de Cristina Ieong e os seus pares. Mas confesso que não esperava muito dos conteúdos, digamos, "culturais" do coelhinho. Estava à espera assim que qualquer coisa do tipo neons de casino, muitas slot-machines e roletas, muita gente alegre e bonita a jogar, ecrãs gigantes com imagens do Grande Prémio, uma ou outra referência ao folclore português, qualquer coisa assim mais previsível.

Só que em vez de apostar nos clichés, o que já seria uma opção pouco feliz, a organização preferiu apostar no patriotismo oco e insonso, nas loas à República Popular, que até parece que nos fez um favor em nos aceitar no seu enorme regaço. Aqui estou do lado de quem pensa que este tipo de graxa (sim, é graxa) incomoda até os seus destinatários. Macau não precisa de reafirmar a toda a hora o seu "amor à Pátria" na forma de sermões que nem sequer foram encomendados. A China preferia com toda a certeza que Macau afirmasse a sua identidade aos olhos do mundo, como fizeram com toda a certeza Hong Kong, e especialmente Taiwan.

Mas não se espere que se "apurem responsabilidades", ou que as críticas passem dos desabafos de quem conhece bem Macau, vive cá há muitos anos ou tenha pelo menos dois dedos de testa. O pavilhão de Macau vai ser considerado "um sucesso", e os seus autores "fizeram bem o trabalho de casa". São como aquele aluno bonzinho que decora a matéria dada, sem um pingo de imaginação, criatividade ou independência. Fico sem perceber o contributo de Casimiro Pinto, o delfim que concorreu às últimas eleições em nome da "comunidade portuguesa", nesta autêntica salada russa. Se calhar é porque "é profissional", como o Toni, e trabalho é trabalho, prontos.

16 comentários:

Anónimo disse...

Mete nojo ver a forma absolutamente desenvergonhada como o espinha curvada do JRD leva a arte de bem lamber botas ao seu expoente máximo.

Anónimo disse...

O Coelhinho foi com o Pai Natal no comboio ao circo...

Anónimo disse...

Esse batráquio não tem mesmo vergonha na cara.

Anónimo disse...

O sapo do José Rocha Dinis no seu melhor, ou seja a baixar as calças e de cu para o ar, se não for assim, não há dinheiro para comprar o Tá pau e para pagar multas de trânsito.

Anónimo disse...

É o que dá a politica do subsidio que tanto limita a liberdade de expressão. Ou o Dr Rocha Diniz gostou mesmo.

AA

Anónimo disse...

Nao sei qual é o vosso problema! Se ou doutor Rocha Dinis achou que o coelhinho está bem como está, porque não aceitar a sua opinião? Pode ser uma opinião digna de um graxista de um lambe-botas como ele é, mas não deixa de ser a opinião dele.

Anónimo disse...

Pelo menos o Sérgio Terra é bastante mais coerente com a realidade das evidencias.

Anónimo disse...

Duas ilacoes a tirar com a historia do Coelhinho:

A) A incompetencia da equipa governativa para explicar ao mundo o que é macau.

B) O grande ego de Marreiros que quase tudo pensa que lhe é permitido fazer ou dizer.

Cumprimentos!

BL disse...

Anónimo das 7:46, essa coisa da "opinião do Rocha Diniz" não existe, é uma invenção sua.

O que existe é o discurso e a opinião oficial do Chefe do executivo, que depois é decalcada por esse lambe botas e divulgada por escrito no seu editorial.

No dia em que o Chefe do Executivo achar que o homem é um palhaço, lá irá ele muito feliz criar um circo para desempenhar alegremente essa função e continuar assim a receber os subsidios de mão estendida.

Anónimo disse...

Anonimo das 00:29, esqueceu-se das mongoloides

Anónimo disse...

Há uma coisa que nao percebo. Entao o JTM nao recebe os mesmos subsidios que o Ponto Final e o Hoje Macau, por serem os tres diarios?

Anónimo disse...

Todos recebem subsídios. Receber, dar graxa e informar algo. Receber, não dar graxa e criticar algo. Receber, não dar graxa e criticar livremente. Mesmo este último praticará alguma contenção, não vejo o exercício de jornalismo puro e duro tal como se faz por exemplo em Portugal...

Anónimo disse...

Ok anónimo das 03:55, já percebi. Mas nos jornais nao deverá ser assim mesmo? Enquanto uns sao lambe botas os outros sao criticos do poder. Portanto, existe equilibrio e os leitores que tirem as devidas ilacoes. Certo?

Anónimo disse...

Jornalismo puro e duro "como em Portugal"? Não me faça rir. Em Portugal não há subsídios, mas há "linhas editoriais" impostas pelos patrões, que por sua vez têm afiliações partidárias. Não é o não haver subsídios que faz com que o jornalismo seja isento.

Anónimo disse...

os jornais de Portugal são todos uma merda,basta ver os jornais de lisboa e vemos que são tudo menos isentos.para atacarem o norte são os primeiros.o jornal SOL então passa a vida a atacar o Sócrates,não sabem fazer mais nada.O correiomaha e abola(abosta) passam a vida atacar o fcporto e o pinto da costa,o record é o jornal das mentiras.os jornais portugueses são todos uma grande porcaria.

Jornaleiro disse...

Incito o Leocardo a dedicar uma edição sua aos jornais de lingua portuguesa em Macau (Hoje Macau, Ponto Final, Jornal Tribuna de Macau e O Clarim). Assim do género: O Hoje Macau resultou da condenação do Severino em tribunal, que teve que fazer as malas e desfazer-se do diário a preço simbólico, dando o Macau Hoje origem ao Hoje Macau. O POnto Final é só procurar na internet a história dele. O JTM resulta da fusão de dois jornais, etc e tal. Lembre-se que durante a Administração Almeida e Costa era o jornal contra-poder, numa altura em que Neto Valente e Carlos D'assumpção eram os deputados da Assembleia Legislativa que mais contestavam o governador de entao. Por fim, O CLARIM é o jornal da Igreja Católica etecetra e tal. Depois cada qual que cagasse a sua sentença nos comentários.

Nota: Dedique uma posta em separado para cada um dos ditos jornais.

Cumprimentos.