Portugueses, somos todos (às vezes)

Portugal é uma raça, porque existe uma Língua portuguesa, uma Arte, uma Literatura, uma História (incluindo a religiosa) - uma actividade moral portuguesa; e, sobretudo, porque existe uma Língua e uma História portuguesas.

Teixeira de Pascoaes

Hoje foi dia 10 de Junho, dia de Portugal, Camões e das Comunidades. Em Macau as comemorações começaram de manhã cedo com o içar da bandeira no Consulado Geral de Macau. Seguiu-se a romagem à gruta do Jardim Camões, um verdadeiro acto de patriotismo, dada a chuva intensa que caía pelas 11 da manhã. Pela tarde tivemos a recepção do cônsul-geral de Portugal, o Mr. Tired, no Hotel Bela Vista, mais conhecido entre a comunidade portuguesa pela "ida ao pastel", que contou com a presença do "orelhas", vulgo Luís Filipe Vieira, presidente do Malfica (e parece que esteve lá também um secretário adjunto qualquer em representação do estado português, mas não interessa). Às 20:00 tivemos na Universidade de Macau o espectáculo "Cores da Saudade", com António Chainho, Isabel de Noronha e Gong Lin Na. Um fartote.

Apesar de não contarmos com a ajuda de S. Pedro, que mandou toneladas de chuva nos últimos dias, pode-se dizer que conseguimos celebrar condignamente o 10 de Junho em Macau. O 10 de Junho em Macau tem um significado especial para as gentes deste território. Foram séculos de convivência que fazem com que os chineses ainda se lembrem que este dia é o tal em que os antigos arrendatários deste enclave celebravam não-sei-o-quê, e que até chegou a ser feriado, como lembrou muito bem esta reportagem do Hoje Macau.

Neste Dia de Portugal gostava de mandar um enorme abraço aos portugueses, aos Manéis, aos Josés, aos Joaquins, bem como às Marias, as Franciscas e as Clotildes. Aos barrigudos, aos bigodudos, aos barbudos. Aos marialvas, aos touros e aos toureiros, aos bêbados e aos babados. Aos machos latinos, aos rufias, aos carecas e aos baixinhos. Aos açorianos e aos madeirenses, aos emigrantes na França, no Canadá, nos Estados Unidos, no Brasil, na Alemanha, no Luxemburgo ou na África do Sul, e aqui fica a promessa que nos encontramos todos em Agosto, nas sardinhadas regadas com muito tintol e ao som da música pimba.

Neste dia somos todos iguais: o doutor, o trolha, o carpinteiro, o futebolista ou o malandreco. É trágico que tenhamos escolhido um poeta desgraçado e zarolho para nosso símbolo, e o deprimente fado como a nossa banda sonora. Mas nós somos mesmo assim, um misto de tristeza e alegria, de esperança e desilusão, e de palavras impossíveis de traduzir, como "saudade". Viva o Dia de Portugal e vivam os portugueses. Viva o 10 de Junho, c...!