sábado, 19 de junho de 2010

Os blogues dos outros


Morreu José Saramago, o português que viu ser-lhe atribuído o Prémio Nobel da Literatura. Já há muito em situação de profunda debilidade física, Saramago não resistiu mais e faleceu ontem na Ilha de Lanzarote, o local que tinha escolhido para fixar residência, escolha que tantas críticas lhe valeu. Polémico, José Saragamo suscitava ódios e paixões com a mesma facilidade. Como já aqui escrevi, nunca fui apreciador da sua obra, assim como nunca gostei da postura do cidadão José Saramago. Foi uma das personalidades destacadas na rubica "Grandes portugueses (vivos)" aqui no Devaneios, porque era inquestionável o reconhecimento internacional do seu valor. Faleceu agora, aos 87 anos, porque o seu corpo não resistiu mais à enfermidade. O Governo português decretou dois dias de luto nacional (hoje e amnhã) «como forma de expressão de pesar pela morte do escritor José de Sousa Saramago» (sic).

Pedro Coimbra, Devaneios a Oriente

O elogio do escritor José Saramago não impede que se possa lembrar o passado vergonhoso do cidadão José Saramago enquanto director-adjunto do DN em 1975, nem as comparações absurdas que fez entre Auschwitz e Ramallah, nem muito menos o elogio repetido que fez da ditadura cubana.

Paulo Pinto Mascarenhas, 31 da Armada

O Nobel da Literatura José Saramago deixou-nos. A cultura fica muito pobre. Há 20 anos escrevi num jornal de Macau que "a democracia é uma mentira". Chamaram-me louco e muito perto de me apelidarem de fascista. Há momentos, na Antena 1 prestava-se homenagem póstuma a José Saramago com várias afirmações do escritor e a dado momento ouvi ele dizer: "a democracia é uma mentira".

João Severino, Pau Para Toda a Obra

Saramago morreu e cabe desejar que descanse onde esteja. Ao contrário do carpir que oiço pelos lados da esquerda não deixa grande traça na literatura portuguesa, num trajecto feito de polémica e de confronto pouco inovador na literatura portuguesa do século XX. É o nosso único Prémio Nobel mas que importa; tivemos/temos tantos que o superam e nunca foram obsequiados e amimados como ele o foi. Foi um comunista `a antiga, estalinista dos sete custados, um homem duro, absolutamente intolerante com os que lhe estavam próximos e ouso dizer com o país. Usou sempre aquela postura: estou fora de Portugal porque é uma merda e vocês são outros. Fez parte de uma corte de ururus que a esquerda gosta de apaparicar e dizer que são os maiores, sobretudo quando batem na direita, chamam fascista a quem lhes passa a jeito ou vilanizam a Igreja e os católicos. Não tenho procuração destes, até porque não o sou, mas a mais de metade de vida que cumpri mostrou-me que os mais exaltados opositores das tradições e do religioso são, muitas vezes, os próximos ditadores e autocratas. Vimo-lo em Robespierre e Dalton, depois em Lenine e Trotsky, ainda em Pol Pot, Mao Zedong ou Fidel de Castro. Uns verdugos. Conheci a família de Saramago à saída da década de 70, sendo muito amigo da filha e do genro, Violante e Danilo. Recordo histórias que contavam no circulo de amigos. Lembro a forma fria como dirigiu os processos de saneamento no Diário de Notícias, correndo a pontapé quem não fosse do aplauso da célula do partido comunista do jornal. Não sei se o Ferreira Fernandes contará alguma vez o que sabe. Como escritor achei-o - do pouco que li - medíocre com a estrita excepção do Memorial do Convento. Imagino que seja enterrado com honras nacionais, com o Sr. Sócrates e a sua corte a pregar-lhe loas. O seu Partido levá-lo-á para o firmamento dos grandes "heróis do comunismo" juntamente a Cunhal, de quem sempre foi um incondicional. A terra lhe seja leve.

Arnaldo Gonçalves, Exílio de Andarilho

Romancista, poeta e dramaturgo, autodidacta, José Saramago, segundo consta na sua biografia, apenas concluiu estudos secundários, dadas as dificuldades económicas familiares. Foi jornalista e militante do partido comunista, tendo sido também serralheiro e tradutor. Quer se goste ou não da sua obra, foi o único português a receber o prémio Nobel da Literatura. Morreu hoje, em Lanzarote, aos 87 anos.

Tomás Vasques, Hoje há Conquilhas, Amanhã não Sabemos

Pilar del Río sempre foi um absoluto de ventura para Saramago, nada mais semelhante a Deus e ao Céu na Terra e em forma de gente para ele. Com carinho o escrevo e o sublinho. Fiquei com essa impressão após um cordato debate com o teólogo Carreira das Neves. Nunca se separe o homem da obra nem do espírito que a bafeja e a uniu: ela. Nunca se separe Saramago de Pilar del Río. Depois dela, de um tal amor divino no humano saciando-mulher a alma de um homem, Deus, finalmente.

Joshua, PALAVROSSAVRVS REX

Para onde olha não sei. Talvez procure o Deus que nunca encontrou. Mas o olhar prostrado no céu faz-me pensar que talvez o único livro dele que gostasse de ler fosse esse diálogo com o Criador.O problema, é que também esta foto é marketing. E eu sempre preferi Maradona a Beckham. Há notícias que nos deixam apáticos. No sentido amargo, de nada sentirmos, e isso, em si mesmo, ser um sentimento. Não é um enfado, como com tantas notícias. É o sentir que não se sente. Por uns segundos. A notícia da morte de José Saramago foi uma dessas peças. Não me revejo em nada do que fez, disse ou escreveu. Seria fácil lembrar a censura no Diário de Notícias durante os anos da revolução, o ideário comunista que nega tudo em que acredito, a hipocrisia do marketing fácil: muitos anos antes de Dan Brown, Saramago viu que escrever contra a Igreja era polémico e vendia. Por isso o Evangelho Segundo Jesus Cristo. Por isso também a polémica recente em torno da sua visão do Antigo Testamento. Não aprecio marketing de mau gosto, não aprecio censores que depois bradam contra a alegada censura, não aprecio quem renega a pátria. Quem diz mal dela no exterior. Critiquei em tempos Ribeiro e Castro por isso. Do quadrante político oposto ao de Saramago. Não se duvide. Para os espanhóis, o Nobel é tanto deles como nosso. Finalmente, e por razões puramente estéticas, nunca gostei de ler Saramago: dos Nóbel possíveis para a língua portuguesa, Jorge Amado e Lobo Antunes eram os meus candidatos óbvios. O primeiro já nunca o poderá ser. E ninguém cantou S. Salvador da Bahia, em prosa, como ele. É uma opinião minha, apenas. Com toda a legitimidade das outras todas. Mesmo as reacções de circunstância, ainda que desadequadas. Dito isto, Saramago morreu. Em duas palavras. Para quê dizer "Morreu José Saramago", se ele será sempre apenas Saramago? Não é depreciativo. É uma apreciação de escrita, livre e simples. E se nunca concordei com a inclusão dos seus textos no ensino de português no Secundário, porque não acho que haja distanciamento histórico, reconheço-lhe a piada de ter uma escrita livre. Mas morreu. Custa-me chegar onde queria. Não pensava quotidianamente, ou sequer mensalmente, que este homem existia. Não lhe tinha por isso nenhum sentimento de aversão ou ódio. A minha Fé leva-me a combater os sentimentos de revolta e raiva, mas nem era preciso combater no caso dele, porque não existiam. Era-me vagamente indiferente. Conheço a estratégia: um homem que mordeu um cão vende, o cão que morde o homem não. Saramago valia-se disso. Era o David Beckham da literatura. E eu nunca detestei o David Beckham. Acho errado é colocá-los no panteão dos melhores. Maradona será sempre infinitamente melhor que Beckham, como Lobo Antunes, Eça, Camilo, Agustina serão sempre infinitamente melhores que Saramago. Mas o que Beckham fazia com os media, Maradona fazia com a bola. Saramago fazia com os media o que Camilo Castelo Branco fazia com a língua portuguesa. O Nobel nada prova. Há tantos mal atribuídos em tantas áreas. Respeito a memória de Saramago por ter difundido o nome de Portugal. Lamento as razões porque o fez. Não gostava dele em vida, não lhe vou sentir a falta. Um escritor de polémicas que vendem interessa-me muito pouco à beira de um grande escritor. Não o vou endeusar agora. Mil vezes ler Milan Kundera ou Franz Kafka. Naturalmente, também, não vou dar pulos de contentamento, porque não o sinto, e porque nunca o faria. Pensei para comigo, e rezei pela sua alma. Pedi a Deus que encontre na sua misericórdia lugar para lhe perdoar o que fez de mal. Eu não tenho nada para perdoar, nem sou ninguém para o fazer. Esteja em paz, como eu estou.

Carlos Santos, Corta-Fitas

Vivi com José Saramago um dos momentos mais gratificantes da minha vida profissional. Aconteceu em Maio de 1981, quando o Círculo de Leitores, a propósito do lançamento da sua Viagem a Portugal, convidou um grupo de jornalistas a acompanhar o escritor numa deslocação ao interior do País em que ele próprio fez de cicerone. Foram três dias à descoberta de um Portugal que muitos de nós desconhecíamos, com etapas em locais deslumbrantes, como Sortelha, Marialva e Cidadelhe. Eu era um miúdo, ainda a dar os primeiros passos na profissão, e talvez por ser o benjamim do grupo tive mais facilidade em travar longos diálogos com o escritor. No início daquela que seria talvez a década mais feliz da sua vida, Saramago estava ainda longe do reconhecimento público de que gozou mais tarde. Estivera longos meses desempregado, na sequência do 25 de Novembro de 1975, e aplicara toda a sua férrea força de vontade na escrita. Desse labor nasceu a obra que confirmaria a sua vocação de romancista: Levantado do Chão, lançada meses antes. Mas esses, para o futuro Nobel da Literatura, ainda eram tempos de incerteza. O êxito de Levantado do Chão não foi imediato: o romance foi maturando entre o público e só ganhou projecção à medida que se sucediam as críticas favoráveis, com semanas de intervalo. O lançamento da Viagem a Portugal ocorreu nessa altura em que conheci pessoalmente Saramago e fui testemunha directa da paixão que o escritor tinha pelo País. Aqui e ali, revoltava-se com atentados notórios à nossa memória histórica. Uma vez e outra, maravilhava-se perante jóias do nosso património natural e cultural, procurando transmitir esse deslumbramento aos seus companheiros de jornada. Publicada a reportagem no jornal onde então trabalhava, liguei ao escritor, pedindo-lhe uma entrevista. E ele acedeu de pronto. Era o tempo do balanço de Levantado do Chão, o Memorial do Convento vinha a caminho. Longe da imagem pública que transmitiu nos anos posteriores, Saramago era uma pessoa tímida, que procurava disfarçar essa característica - reflectida também numa ligeira gaguez - com um rosto fechado e até um pouco duro. Mas os seus traços fisionómicos logo se suavizavam à medida que a conversa progredia e se estabeleciam pontos de contacto com o interlocutor. Lembro-me de lhe ter dito na altura que também o apreciava como poeta: os seus Poemas Possíveis (1966), que lera pouco antes, deixaram-me uma excelente impressão. "Agradeço-lhe, mas sei que nunca serei mais do que um poeta mediano", disse-me. Não voltou a editar outro livro de poesia. Depois dessa longa entrevista, seguiu-se outra, por ocasião do lançamento d' O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984). Guardo uma grata memória de uma tarde passada no seu apartamento na Rua da Esperança, em Lisboa, com a conversa a fluir para o gravador ao som das partituras de Bach e Mozart que enchiam a casa. Era já evidente, nessa altura, a consagração literária do escritor que 14 anos mais tarde se tornaria o único autor em língua portuguesa até hoje distinguido pela Academia de Estocolmo. Saí de Portugal, andei longos anos fora. Só voltei a ver José Saramago depois do Nobel, quando o escritor foi recebido no Diário de Notícias com uma estrondosa ovação dos jornalistas, por iniciativa de Mário Bettencourt Resendes, então director do jornal. Um gesto que pôs fim simbólico a uma traumática etapa da vida do centenário periódico onde Saramago, enquanto director-adjunto, escreveu alguns dos mais inflamados editoriais do Verão quente de 1975 - textos que o perseguiram durante o resto da vida. Nunca partilhei das ideias políticas de Saramago nem apreciei um certo culto narcísico que o escritor foi alimentando nos anos imediatamente anteriores e posteriores ao Nobel, aliás bem patentes em dezenas de páginas dos seus Cadernos de Lanzarote. Alguns dos seus livros são projectos falhados, como Jangada de Pedra ou A Caverna (que deixei a meio, farto de tanto ataque primário ao "capitalismo"). Mas é incontestável o lugar na história da literatura portuguesa do homem que nos legou o Memorial do Convento, o Ensaio sobre a Cegueira e As Intermitências da Morte, notável novela-testamento em que de algum modo ironizava com o seu próprio destino físico. Mas o meu livro preferido será sempre a Viagem a Portugal: costumo ter à mão e consulto com frequência o meu exemplar da primeira edição, com uma amável dedicatória do autor. Recordação daqueles três dias inesquecíveis e testemunho perene do amor de José Saramago pelo Portugal profundo, pelo Portugal de sempre.

Pedro Correia, Delito de Opinião

13 comentários:

Anónimo disse...

Saramago não foi o nosso único Nobel. Egas Moniz também o recebeu. E escreve-se "costados", com dois "o".

Pedro Coimbra disse...

Curiosa, e saudável, a diversidade de opiniões que aqui se encontra.
Os textos do Corta-Fitas e do Delito de Opinião, em sentidos perfeitamente opostos, são excelentes.
A blogosfera é, cada vez mais, um espaço de opinião livre, de pluralidade de ideias no qual dá gosto participar.

Anónimo disse...

Ficou-se a saber que o João Severino é um autentico copy-cat do Saramago. O post dele prova tudo.

Boa Literatura, Sempre! disse...

O pensamento é livre e ninguém é obrigado a gostar de coisa alguma. Mas língua e literatura foi aquilo que eu estudei, porque é o que mais me apaixona. Por isso, quando leio alguém que dá a sua opinião, mesmo que diga o oposto daquilo que penso, merece a minha credibilidade. Foi o caso de Carlos Santos que, apesar de não conseguir disfarçar a confusão entre política e literatura, metendo tudo no mesmo saco, confessou não gostar do escritor sem lhe ter qualquer ódio. Do mal o menos.

Já um cretino que dá pelo nome de Arnaldo Gonçalves (sobre cuja pedância, aliás, já tinha ideia mais ou menos confirmada, e cujo escrito só veio reconfirmar), que se julga, certamente, um supra-sumo da cultura lusa, confunde tudo, qual analfabeto funcional que terá, quando muito, a quarta classe (o equivalente ao nono ano de hoje).

São várias as pérolas deste pedante, em linhas tão parcas que eu julgava ser impossível escrever tantos disparates em tão poucas palavras. Veja-se:

"Usou sempre aquela postura: estou fora de Portugal porque é uma merda e vocês são outros" (sic). Nunca leu, de certeza absoluta, nenhuma entrevista dada por Saramago sobre o assunto, convencido que estava das suas verdades imaginárias sobre alguém que sempre se recusou a ouvir (talvez frustração porque ele próprio adora ouvir-se em palestras ridículas onde só os amigos têm paciência para o aturar?). Já agora, o sr. Arnaldo está fora de Portugal porquê?

"Como escritor achei-o - do pouco que li - medíocre" (sic). Talvez devesse ter escrito "do nada que li". Se Saramago é um escritor medíocre, em que parte do mundo haverá grandes escritores? Talvez o sr. Arnaldo seja esse escritor de que o mundo precisa...

O pior fica para o fim, embora tenha sido escrito logo no início: "não deixa grande traça na literatura portuguesa, num trajecto feito de polémica e de confronto pouco inovador na literatura portuguesa do século XX" (sic). Uma vez mais, e aqui de forma muito mais evidente, o sr. Arnaldo mistura literatura com política. Não deixa grande traça na literatura portuguesa? Vá então convencer disso aqueles que fazem da literatura a sua paixão, que lhe dedicaram longas horas de estudo. Confronto pouco inovador na literatura? Mas desde quando é que há esse confronto de que fala na literatura? Saramago, pelo menos, percebia isso, coisa que o sr. Arnaldo nunca perceberá, que o que move por todo o sempre é a ideologia política, da qual não se conseguirá distanciar nunca, e por isso é que nunca será ninguém para falar de literatura.

Eu não faço parte da trupe idiota do Bloco de Esquerda. Nem da trupe idiota do sr. Arnaldo. O grupo de que faço parte é aquele que tem por amor, exclusivamente, a boa literatura. Por isso, louvo o escritor José Saramago (comunista empedernido) como louvo o escritor Camilo José Cela (fascista empedernido). E reservo-me o direito de nem sequer explicar quem é Camilo José Cela, porque quem realmente gosta e percebe de literatura conhecerá perfeitamente a obra ou, pelo menos, o homem.

Quem não consegue separar a pessoa da sua escrita e não faz mais, quando quer dar opinião, do que basear esta naquilo que conhece daquela, não é digno de abrir a sua bocarra. O sr. Arnaldo tem muitas palavras entaladas na garganta? Candidate-se a um cargo político (certamente os seus amigos poder-lhe-ão dar uma ajuda), que depois não lhe faltarão oportunidades para falar daquilo que realmente sabe falar: de política. Aliás, no exemplo que aqui fica se vê que foi disso que exclusivamente falou, quando o que está em causa é o escritor, profissão que foi realmente a que Saramago escolheu.

Deixe a luta de clãs políticos para os sítios próprios e, se quer realmente opinar sobre outros assuntos, faça um "delete" no seu cérebro politicamente pré-programado. Talvez depois aprenda a escrever "costados" e me consiga explicar o que é um "ururu".

Anónimo disse...

Caro anónimo das 17:29, saiu algum decreto que impõe a todos nós que tenham de gostar de Saramago? Isso dos unanimismos só em alguns locais apreciados pelo seu escriba de eleição.

Fique lá com a sua paixão e não a imponha aos outros, muito menos recorra a insultos a quem não partilha dos seus gostos. Já viu o que era, se da mesma maneira que você chama pedante ao Arnaldo, lhe chamassem coninha de sabão?

A Tugalhada É Idiota disse...

É pedante porque é, não por não gostar de Saramago. É ignorante, como o são quase todos os que de Saramago falam, porque pensa que está a falar de literatura, quando afinal não consegue deixar de falar de política.

Saramago é odiado pelo homem que era. Assumam isso, e não falem de uma obra que não entendem porque não conhecem. Digam claramente: "não gosto de Saramago porque era um comunista dos sete 'custados'".

Não devia haver nenhum decreto que nos obrigasse a gostar fosse do que fosse, mas devia haver um decreto que proibisse os idiotas de falar daquilo que não percebem. Em cada linha que escrevem sobre Saramago, não dizem absolutamente nada que preste sobre a sua obra. Falam apenas das suas inclinações políticas.

Felizmente, Saramago não precisa sequer do reconhecimento da tugalhada idiota, sempre a destilar ódios políticos por tudo quanto é poro. Foi reconhecido por especialistas em Literatura de todo o mundo, e não há maior reconhecimento do que esse. É que a Literatura também se estuda, sabiam? Há licenciaturas, mestrados, doutoramentos em Literatura. Ou pensavam que só na vossa área é que havia cursos superiores?

Dediquem-se à vossa areazinha e deixem a Literatura para quem dela percebe alguma coisa. Ou dediquem-se à política, que é realmente a vossa vocação. Essa sim, é a arte de dizer mal de tudo e todos, seriam bem sucedidos.

Anónimo disse...

Aqui estão os iluminados que percebem e que nos mostram o caminho do correcto entendimento. Obrigado por nos mostrarem o caminho e por nos explicarem que aquela escritazinha de merda afinal é boa.

Da mesma maneira que há especialistas que o reconhecem, há especialistas que afirmam que a obra do dito não vale o papel onde é impressa. Tanto faz que o amanuense seja comuna ou não. O que ele produzia era uma bosta. Mas a tugalhada idiota do alinhamento central entende que todos devemos considerar aquilo como bom.

Vá ditar entendimentos na sua casa e conceda aos outros a liberdade de gostar ou não de determinada coisa. Ou esta é uma área em V. Exa. tem exclusivo?

Anónimo disse...

É uma área em que Minha Excelência tem entendimento, ao contrário dos idiotas que para aqui vêm (tentar) falar de Literatura. Diga-me o nome de um (apenas um!) estudioso da Literatura que diga que a obra de Saramago não tem qualidade. Os únicos que o repetem até à exaustão são os idiotas politizados como você, que nunca entederão que política e Literatura não se misturam. Ou acha normal que, se por exemplo for advogado e eu não, eu ache que sei mais de Direito do que você? Pois na Literatura é o mesmo. Tem toda a legitimidade de não gostar seja do que for, o que não tem é legitimidade para dizer que uma obra reconhecida mundialmente pelos especialistas da área é medíocre. Ao fazê-lo, o que realmente demonstra é que não passa de um reles pacóvio.

Anónimo disse...

Fiquei plenamente convencido que o anonimo das 17:29 é um lambe-botas de um militante do PS portugues, aficionado do Sócrates, tamanha é a convicção que traça sobre alguém que não patilha da sua opinião. Lembro ao dito senhor que a ditadura acabou com o 25 de Abril e quer goste ou não cada qual tem a sua opinião, independentemente de lhe agradar a si ou não. Para que conste, não sou o "doutor Arnaldo", nem nada tenho que me lige a ele. Apenas sou uma pessoa que fica incomodada com alguém que confunde a liberdade de expressão com o totalitarismo pseudo-democrático que o anónimo das 17:29 ostenta.

Anónimo disse...

Basta ler o Boletim Oficial Ilustrado para perceber que Literatura se mistura com a Política. Querem mais provas do que esta?

Anónimo disse...

Gostei do "post" do João Severino que introduziu um dos irmãos Dalton da banda desenhada na Revolução Francesa. Não está mal. Mas já agora fica a correcção. É Danton Severino. É Danton!...Santa ignorância...

Anónimo disse...

Peço desculpa ao Severino. O post dos irmãos Dalton não era dele mas sim do blog Andarilho.
Desculpa Severino

Anónimo disse...

Ora aqui está como não entra na cabeça destes maltrapilhos que a literatura é uma forma de arte que nada tem a ver com política. Se lessem livros (sem ser as memórias de politiqueiros de merda) sabiam do que estou a falar. Detesto o PS e ao Sócrates passava-lhe com o carro por cima com a maior das facilidades. E detesto o Bloco de Esquerda e o PSD e também não nutro simpatia pelo CDS nem pelo PCP. Para ver se percebem de uma vez por todas, vou utilizar uma linguagem que esteja ao vosso alcance: quero que a política e os políticos se fodam!

Fica incomodado? Também eu fico incomodado com idiotas que não percebem nada de literatura e vêm armados em supra-sumos, achando-se melhores do que qualquer doutorado na área. Têm todo o direito de não gostar. O que não têm é legitimidade para classificar a obra de um autor consagrado e reconhecido mundialmente como "medíocre" ou "uma bosta" ou todas essas coisas que lhe chamam.

Se conseguissem falar de literatura, utilizariam outras palavras. Saberiam explicar fundamentadamente porque é que não gostam da obra sem a classificar da forma depreciativa que o fazem. O problema é que desse cu onde deviam ter a boca só sai política. Odeiam o homem por ser comunista e transpõem o ódio político para a obra literária.

Já aqui deixei o repto, e repito-o: digam-me um nome (um apenas!) de um estudioso da literatura que se refira à obra do Saramago como "medíocre". Medíocre é a vossa ignorante arrogância (ou será arrogante ignorância?).