sábado, 12 de junho de 2010

Os blogues dos outros


Andaram loucos para ter as vuvuzelas. Caramba, se já levo com todas as vuvuzelas do mundo, deixe-se duas dessas criaturas entrarem nesta casa. Entraram, tocaram, calaram-se. Já calculava, era mais o ter. Depois calhou haver damascos no fim de semana e lembrei-me de fazer apitos com os caroços dos damascos e lancei a ideia. Resultado: andam há dois dias a comer damascos, a raspar caroços (e partes diversas dos dedos e das mãos) no chão, a esventrar o miolo, a soprar. Siga para o próximo damasco "vou fazer um com uma abertura maior para ter um som diferente". Ah, e apitam? garanto-vos que se batem ao decibel com a vuvuzela, mas soam muito melhor, em todos os sentidos.

João Moreira de Sá, O Belogue dos Meus Filhos

Os nossos amigos L.A., R.C., Santos e cia estão particularmente felizes com a abertura da Casa do Benfica em Macau e têm razão para isso. Quando um projecto associativo vê a luz como este é motivo de alegria, sobretudo numa comunidade onde a apatia grassa e as pessoas não se mexem, em geral, seja pelo que for. O Santos anima o Facebook com apontamentos à recepção do seu "Presidente" e são-lhe devidas felicitações pelo que acrescenta de visibilidade à sua paixão clubista de um club que é da capital de todos nós, Lisboa . Fá-lo com a elegância de um Senhor que é. Constato-o como sportingista que sou dos sete costados. Bons anos à agremiação agora consolidada.

Arnaldo Gonçalves, Exílio de Andarilho

Na primeira página do 'Expresso' leio uma estupidez de palmatória. O jornal publica um "estudo" sobre a velocidade da bola num remate do tempo de Eusébio (100 km/h) e a velocidade do esférico saído do pé de Cristiano Ronaldo (134 km/h). Pois é, como apresentar parvoíces destas se, por exemplo, num dia de chuva a bola no tempo do Eusébio pesava cerca de seis quilos e hoje não ultrapassa 1,5 Kg...

João Severino, Pau Para Toda a Obra

O campeonato do mundo de futebol começou hoje em Joanesburgo e na Cidade do Cabo enfastiado e em passo de caracol: dois jogos, dois golos e dois empates. Um enorme bocejo com um insuportável enxame de vuvuzelas em fundo. Nestas circunstâncias dá para perceber a caricatura que os norte-americanos fazem do nosso desporto rei, vergado pelos milhões dos patrocínios a tácticas de jogar para os lados, sem rasgo ou espontaneidade, à imagem da decadência do Velho Continente. No pasa nada! Não fossem os assaltos aos jornalistas, os caprichos esmiuçados dumas quantas "celebridades" e os estados d’alma de Nelson Mandela, pouco haveria a reportar da África do Sul. Nas rádios e televisões, nos intermináveis e omnipresentes debates, análises e mesas redondas, sobram lugares comuns e vulgaridades ad nauseam – uma incontornável praga. Acontece que quanto mais anos vive um consumidor minimamente instruído, menos crédulo ele é nas piruetas de marketing e demais folclore: torna-se exigente em relação ao produto final - o futebol, quando acontece é no relvado, magia pura, jogo e vertigem. Que os atletas joguem à bola e deixem-se lá de tretas.

João Távora, Corta-Fitas

Aparentemente, o Estado português acha que conhece melhor as crianças portuguesas do que os seus próprios pais. Arroga-se a responsabilidade de lhes "ensinar" educação sexual, segunda a visão monopolista da Associação para o Planeamento da Família (aos olhos do ministério da Educação, a APF oferece uma visão "neutra"). São os materiais desta que vingam, e são as suas acções de formação que educam os professores, que depois instruem as crianças. Ou seja, o Estado impõe-se à visão das famílias, às escolhas que os pais fazem para as suas próprias crianças. De uma maneira absolutista, define que todas as crianças, dos 6 aos 16, devem ter educação sexual, disciplina obrigatória, com os conteúdos que a referida associação acha por bem veicular. Para nada interessam os ritmos naturais de crescimento, as perguntas que as crianças fazem em alturas diferentes, conforme o seu próprio crescimento. Para nada interessa que a neutralidade objectiva seja de facto um disparate, porque a educação pouco tem de objectivo, particularmente neste género de matérias. Não falamos só de biologia: falamos da proposta de juízos morais e visões sobre costumes a crianças que respeitam o professor de matemática, português, etc., e que pouca capacidade tem para destrinçar o objectivo do subjectivo. É normal que os pais passem aos filhos os seus valores, os seus juízos morais; mais tarde, desenvolvidas as capacidades críticas, os adolescentes são livres de os questionar, aceitando ou rejeitando o que lhes foi proposto em casa. Mas o Estado não deve ter nada a ver com esse processo. Quando um Estado se imiscui na decisão da moralidade privada, começa o totalitarismo. Quando um Estado tenta formatar as respostas de bom/mau, há qualquer coisa de muito errado com a sociedade: "A minha vulva/o meu pénis está bem quentinha/o no centro do meu corpo, muito perto da barriga."

Ana Margarida Craveiro, Delito de Opinião

No Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, esqueceram Camões. Deixo aqui a citação que faltou:
“Onde acharei lugar tão apartado
E tão isento em tudo da ventura?”


Paulo Morais, Blasfémias

1 comentário:

Anónimo disse...

E o reaccionário do Joao Severino que nao cagasse a sua sentença sobre o mundial de futebol. Oh amigo venha até Macau que pago-lhe um jantar com o doutor Neto Valente e mais que tais.