sábado, 5 de junho de 2010

Os blogues dos outros


Por estes dias tomei verdadeiramente consciência do facto de ter vivido a minha juventude num outro século. E do que isso representa. Tomemos a área da Educação como exemplo. Foi um século no qual era necessário ter aproveitamento nas várias disciplinas para se poder aceder a um grau superior. Um século no qual, quem não tinha aproveitamento, era reprovado, não ficava "retido". Um século no qual, vejam só que coisa mais aberrante!!, se um tipo reprovava uma série de vezes no mesmo ano, até se arriscava muito seriamente a mostrarem-lhe a porta da rua (era assim no colégio que frequentei). Um século no qual se premiava os melhores alunos, os sobredotados, com a possibilidade de fazerem exames e "saltarem" um ano. E isto tudo parecia lógico, correcto, justo. Fiquei a saber agora que os "sábios" actuais acham que não é bem assim. Os cultores do modeno eduquês vêm agora dizer-nos que estávamos todos errados. Não é necessário ter aproveitamento para se avançar nos estudos; os alunos não reprovam (é psicologicamente marcante), ficam "retidos"; e, se ficarem "retidos" muito tempo, por exemplo, até terem mais de 15 anos e continuarem convictamente no 8º ano, poderão facilmente dar um pulinho até ao 10º ano. Para quê cultivar e premiar a excelência? George W. Bush, numa das suas últimas intervenções públicas, neste caso numa qualquer universidade americana, resolveu recorrer ao seu sentido de humor(?) muito peculiar, para dizer aos estudantes - "Não se preocupem muito. Lembrem-se que, mesmo sendo alunos de média "C", ainda poderão aspirar a ser um dia Presidente dos Estados Unidos!" Lembro-me que, quando ouvi o discurso, fiquei a pensar que era de uma irresponsabilidade total. Porque incentivava os alunos à preguiça, à mediocridade, não ao esforço e à procura da excelência. Afinal, parece que fez escola.

Pedro Coimbra, Devaneios a Oriente

E o que é que nós temos a ver com isto? Há uma hipocrisia latente neste processo de intenções que chateia profundamente. Sócrates é o primeiro Primeiro-ministro que mentiu? Não. Basta lembrar Mário Soares por certeza, o rei dos mentirosos; que dito por alguém que lhe era próximo, era capaz de dizer uma coisa de manhã e o oposto da parte da tarde. O problema não é mentir; é se é capaz ou não de cumprir o mandato de Primeiro-ministro até ao fim. É por aí que iremos julgá-lo. O resto são intrigas de copa ou de alguém que não tem nada para fazer. Quanto ao Vara, alguém o leva a sério? Um mangas de alpaca qualquer transformado em vice-presidente de uma entidade bancária para paga de favores? Quando o socratismo cair o homem será passado. Como os outros que o precederam na divisão das prebendas ou do naco...

Arnaldo Gonçalves, Exílio de Andarilho

Nada faria prever que num simplérrimo voo Madrid–Lisboa eu fosse aprender uma palavra que me tem dado tanto jeito e que hoje se me apresenta como uma verdadeira revelação. Algures nos lugares traseiros do avião, também conhecido aqui e ali por aeronave, e depois de umas horas num outro vinda de Istambul, fui atacada por um bando de turistas. Traziam às costas uma mochila indicadora de que vinham em grupo, uma peregrinação, apurei depois, e falavam aquela linguagem típica do português típico quando faz viagens típicas acompanhado de portugueses típicos a sítios típicos. Pareciam ter comprado este mundo e o outro, já que além da mochila cor-de-laranja da magnânima agência de viagens que os levou a ver o sítio onde a Virgem nasceu e Petra, imagine-se, e Israel, não querem lá ver, desdobravam-se em sacos e malas que a custo queriam fazer caber nos overhead compartments – gosto disto, nada como uma palavritas em inglês para condimentar a coisa. Quando finalmente assentaram arraiais a conversa deslizou fluida com um sem número de queixumes que incluía, por exemplo, o passeio de burro, Nunca mais! Balha-me Nossa Sinhora! e a escala manhosa em Madrid Ai quem dera a minha casinha! e ainda uma tal de mulher de quem ouvi frequentemente dizer E depois eu disse-lhe, bem à laia de reprimenda e remoque, como quem esgrime um combate. E estava a coisa a correr bem, tudo sentado, à espera de partir, quando de repente a ocupante do lugar à minha frente se lembrou, achou, sentiu, pressentiu e teve a certeza que o seu banco, esse mesmo onde ia sentada, estava com as costas demasiado rebatidas. Fazendo uso do seu habitual desenrascanço sentou-se no banco, agarrou as costas do dito vigorosamente e começou a abaná-lo com igual intensidade. É que para este ser o material não tinha sempre razão, logo havia que repor, a bem ou mal, a ordem das coisas. A companheira do lado com quem partilhara a viagem de burro pela Terra Santa e os queixumes da vida malvada ainda tentou avisar que não valia a pena. Em vão, contudo. Quando ela alegou que íamos apertados ali atrás, ainda esbocei um sorriso e larguei umas palavras Deixe estar, não incomoda nada, mas o mais divertido foi quando se virou para o passageiro a meu lado e disse Oh coitado do sinhor! Até bai aí todo encunicado!. E pronto, lembrei-me desta magnífica palavra, uma verdadeira pérola lexical, porque julgo ser esse o problema dos nossos deputados para viajarem em executiva, primeira ou outra presunção manhosa tão típica dos povos do Sul, em voos longos. Não querem ficar encunicados lá entre os bancos do povão, o mesmo povão que lhes paga as mordomias.

Leonor Barros, Delito de Opinião

A Comunidade Portuguesa do Candomblé Yorùbá foi recentemente reconhecida como Pessoa Colectiva Religiosa em Portugal, depois de um longo processo de avanços e recuos com o Registo Nacional de Pessoas Colectivas e Comissão para a Liberdade Religiosa. A religião dos Orixás de origem africana Yorùbá, também conhecida por Candomblé, passou assim a ter estatuto igual às demais religiões, como Judaísmo, Islamismo, Jeovás, vários Cristianismos, etc. A Comunidade Portuguesa do Candomblé Yorùbá é uma comunidade religiosa que se propõe preservar as tradições culturais e religiosas africanas yorùbás-jejes no território português, representando oficialmente a religião e promovendo cerimónias públicas em louvor das divindades, encetando diálogos institucionais a fim de fomentar o diálogo inter-religioso e o melhor conhecimento de uma tradição religiosa que ascende os dez mil anos, pela participação e organização de colóquios, debates, oficinas e formações. A Comunidade Portuguesa do Candomblé Yorùbá, projecto institucional, é o resultado de um longo processo histórico que envolve Portugal, África e as Américas, colonização, escravidão, perseguição e discriminação; e agora, preservação, diálogo, promoção e restauro da barbárie através de uma nova memória colectiva.

Pedro Quantim Graça, Corta-Fitas

Anda por aí o político com menos credibilidade a vingar-se do homem que lhe deu bem na cara com a má moeda. O político pseudo playboy, num repente, virou grande moralista e defensor dos casamentos entre um homem e uma mulher, como se ele tivesse sido um fiel servidor da Igreja Católica no que respeita a matrimónio. O político com menos credibilidade de todo o país pretende um novo candidato a presidente da República na área da direita política com o objectivo singular de conseguir a derrota do homem que lhe deu com a má moeda na cara e de oferecer a vitória na segunda volta ao candidato da esquerda. E faz muito bem, porque está na hora de Portugal sair da NATO, de pormos os americanos na rua da Base das Lajes e de nacionalizarmos todas as multinacionais que abriram escritório em Portugal...Ou será que o político com menos credibilidade em todo o país quer um novo candidato para abrir mais um casino Lisboa?...

João Severino, Pau Para Toda a Obra

Com Villas Boas confirmado no Porto, opção que me agrada, resta saber o que vai Paulo Bento fazer às inúmeras casas que muitos garantiam ter comprado nos arredores da Invicta.

El Comandante, Hotel Macau

Se têm quinze anos e não passaram do 8.º ano o que vão fazer para o 10.º a não ser reduzir a qualidade do ensino nas turmas em que forem colocados.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Sócrates que os passe logo para a discussão da tese de mestrado.»


Jumento, O Jumento

No navio escola sagres fazem torneios de futebol de convés. Quando a bola vai "pra fora" quem é que vai buscar?

João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária

Sem comentários: