segunda-feira, 13 de abril de 2009

Suicídio: a morte é o fim


Já falei no anterior blogue sobre o suicídio, e de como os números – apesar de considerados “normais” para a região – são, na verdade, excessivos. Um caso apenas, na minha humilde opinião, seria demais. O suicídio torna-se ainda mais triste quando acontece com alguém jovem. O que sabe um jovem de 13 ou 14 anos que comete suicídio? O que o faz pensar que terminar com a vida é a saída mais fácil para um problema familiar ou para os maus resultados na escola?

Em primeiro lugar sempre me admirei da forma violenta como as pessoas de suicidam em Macau. Antes da moda do “carvão”, que se deu a conhecer ao mundo através do tal livro japonês “O manual completo do suicídio” (que devia ser proibido, já que estamos numa de proibir tanta coisa…), era comum os suicidas atirarem-se da janela, de um 20o. andar qualquer. Como nunca fiz “bungy-jumping”, não consigo imaginar a sensação de uma queda livre, nem naqueles pesadelos em que parece que estamos a cair. Mas tenho quase a certeza que entre o irreflectido acto de saltar e o mortal impacto, as pessoas devem-se arrepender, e muito. Em Portugal é mais costumeiro o suicídio por barbitúricos, enforcamento, ou outros métodos que deixem um cadáver apto para um funeral de caixão aberto. Os mais dramáticos optam ainda por um tiro nas têmporas, uma forma de mostrar ao mundo que se está aqui a mais, e a vida já não interessa. Uma forma muito eficaz e despreocupada de ir desta para melhor.

Muitos jovens pensam ou tentam o suicídio como uma forma de chamar a atenção. Os que não o concretizam conseguem finalmente deixar saber aos pais que têm um problema. Numa cidade pequena como é Macau, em que a competição entre as classes média e baixa é feroz, é difícil prestar atenção a todos os problemas dos filhos. Alguns pais esperam mesmo que eles cresçam, não façam disparates e não chateiem muito, que isso de apaparicá-los é coisa de maricas, e os problemas “deles” não são nada comparados com os nossos. Têm, no fundo, a “obrigação” de ter bons resultados na escola, porque “não fazem mais nada”. É necessário deixar os jovens saber que um ou dois maus resultados não invalidam um futuro próspero, e que não os vão deixar num beco sem saída. É nessa direcção que o sistema educativo tem que partir para que possa cumprir o seu papel. Não chega formar uma geração de sabichões, “competitivos e agressivos”, é preciso também formar uma geração que tenha capacidade para contornar as adversidades, aprender com os erros e nunca vire a cara à luta.

Quando um jovem comete suicídio, mas do que se magoar a si próprio, está a “ensinar uma lição” à sociedade, principalmente a mais próxima dele, como a família, os colegas e os professores, como quem tenta mostrar que, como não foi valorizado, deixa-os com um mais que provável complexo de culpa. Um fardo enorme. Como o meu filho me disse no outro dia, na sua inocência dos sete anos, “se eu me matasse tu choravas para o resto da tua vida”. Como forma eficaz de reduzir estes números absurdos do suícidio, era necessário que fosse dado um acompanhento constante às pessoas que tenham já tendências, nunca descurando os estudos que indicam que a tendência para cometer suicídio pode ser hereditária.

O caso da mãe e da filha que se suicidaram na semana passada num apartamento da cidade, e ao que tudo indica por dívidas ao jogo, merece uma atenção especial. Este é um dos lados negros do maior motor da economia do território: o endividamento, que conduz ao desespero, ao isolamento e depois à tragédia. Macau precisa de investir mais no aspecto social. Não serve ter uma população mais rica ou mais bem empregada, se depois essa população se vai começar a matar a torto e a direito, à mínima contrariedade. É como ter uma sala de espectáculos muito bonita e confortável, com uma banda fantástica, e depois não ter ninguém para assistir ao concerto.

É preciso fazer ver, por muito desesperado que se esteja, que não há património mais valioso que a nossa própria vida. Aplicar a máxima “enquanto há vida, há esperança”. Uma linha SOS suicídio era mais importante que uma qualquer linha de assistência a jogadores compulsivos, que tivesse do outro lado assistentes sociais (era preciso que os houvesse, em quantidade e com qualidade), que tivessem um bom conselho para dar, que fossem uma voz amiga que os impedisse de fazer um disparate naquele preciso momento. Muita gente provavelmente pensa que isso seria um desperdício de recursos, impossível de concretizar, ou que “cada um por si”, mas essa é a habitual forma de encarar as coisas, que só acontece aos outros.

Nem sempre o suicídio avisa com antecedência, e não acontece só aos pobres e aos desesperados. Acontece também a quem tem uma vida mais facilitada e despreocupada. Basta olhar para os países que lideram o ranking do suicídio para perceber isso mesmo. Sem querer discutir aqui o significado da morte, ou o que acontece depois, tenho sérias dúvidas que alguém tenha ficado satisfeito com o resultado do suicídio. Há um tempo para tudo, e a morte é a última das coisas.

14 comentários:

Anónimo disse...

" Sempre admirei a forma violenta como as pessoas de suicidam em Macau" sic.
Só podia ser escrito por um atrasado mental. Triste!!!

Leocardo disse...

Retribuo o elogio, em dobro. "Admirar" não significa necessariamente "gostar". Recomendo um bom dicionário ou o regresso à instrução primária.

Cumprimentos.

Paulo39 disse...

tem uma gralha: endividamento e não individamento

Anónimo disse...

No sentido em que quis usar o verbo "admirar", deveria ter usado a sua forma reflexa "admirar-se" ("sempre me admirei com a forma violenta...").

No entanto, o primeiro comentário deixa claro quem é o verdadeiro atrasado mental aqui. E não é o único, que a tasca do Leocardo até nem é má, mas é muito mal frequentada.

Leocardo disse...

Obrigado pela sugestão, caro anónimo. Vou acatá-la. Vê-se que é alguém que recebeu educação e bons modos em casa. Obrigado também ao Paulo. Não quero (nem preciso) de me desculpar), mas este post (bem como muitos outros), foi escrito em menos de dez minutos, e falta-me tempo para fazer revisões.

Cumprimentos

Anónimo disse...

afinal o "esperto" também precisa de ir para a escola primária, porque nem português sabe escrever.
o anónimo 13.15 tem razão quando diz que não é o único atrasado mental aqui, por isso dou-lhe os parabéns e bem vindo ao clube aliás tasca do Leocardo.
Boa educação e bons modos em casa?
Coitado

Anónimo disse...

Realmente o Sr.leocardo tem saidas mt tristes!! Dou toda a razzão ao conentario do anónimo das 4:31..

Anónimo disse...

Já agora também o aconselho a consultar (em vez de dizer disparates) um bom dicionário.................................

Anónimo disse...

O mesmo a escrever comentários a dar razão aos outros. Onde é que já vi isto?

Leocardo disse...

Polémica de palhota.

Anónimo disse...

O anónimo das 4:31, aliás anónimo das 21:46, aliás anónimo das 6:30, aliás anónimo das 6:32 é muito solidário consigo próprio. Tiro o meu chapéu a tanta solidariedade, tão difícil de encontrar nos dias que correm.

Anónimo disse...

e o anónimo das 10.26 que em 5 linhas só diz merda além de se armar em esperto tem a mania que é adivinho

Anónimo disse...

Realmente e triste ler os comentarios...em vez de se debater o problema que possa existir em Macau sobre os suicidios, procurar solucoes ou pelo menos identificar alguns desses problemas, nao va a situacao acontecer la em casa....e preferivel ofenderem-se uns aos outros, dar a importancia a falta de uma virgula....enfim...uma falta de respeito pelos problemas sociais, pelas familias daqueles que se suicidam, etc, que apenas demonstra o vazio de cada um...

Leocardo disse...

Concordo inteiramente. Fico feliz no entanto como este pobre bloguezinho ainda consegue fazer cócegas a muita gente.

Cumprimentos.