sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O homem da máscara de ferro


O deputado eleito à AL e presidente da ATFPM José Pereira Coutinho voltou a estar em destaque esta semana, quando organizou no último Domingo dia 28 uma pequena marcha até à sede do Governo que contou com a participação de cerca de 600 funcionários públicos. Desta vez a iniciativa teve a nuance da maioria dos seus participantes terem a cara tapada por máscaras cirúrgicas, com receio de eventuais represálias das suas chefias.

Pereira Coutinho, macaense, fiscal da Direcção dos Serviços de Economia, estudou direito na UMAC, exerceu primeiro o cargo de vice-presidente da ATFPM ainda nos tempos da Administração Portuguesa, e mais tarde presidente. Concorreu às eleições para a AL em 2001 tendo ficado perto de assegurar um lugar. Concorreu em 2003 com uma lista para o Conselho das Comunidades Portuguesas, tendo vencido sem quaisquer dúvidas. Em 2005 chegava finalmente à AL, novamente contando com o voto dos funcionários da Administração, que são a força laboral do território em maior número (perto de 20 mil).

Recentemente JPC especulou sobre uma eventual recandidatura à AL, o que parece ser mais que certo que aconteça. Pereira Coutinho, quer se goste ou não dele, tem desde a primeira hora dado a cara pelos direitos dos funcionários públicos, um grupo que tem reivindicado desde há vários anos por direitos que alegam ter vindo a perder desde a transferência de soberania.

Conheço pessoalmente Pereira Coutinho, conversei com ele em algumas ocasiões. Parece-me uma pessoa com um carácter bem vincado, com tiques de político, com todos os defeitos que isso acarreta. Alguém que está nestas lutas como um peixe na água. As críticas de JPC são dirigidas principalmente à secretaria para a Administração e Justiça, que segundo ele tem retirado aos FP direitos básicos. O descontentamento é evidente, e é mesmo possível que a sua lista venha em 2009 a eleger um segundo deputado.

Faz parte, juntamente com operários (às vezes) e democratas (quase sempre) de um grupo de desalinhados na AL com as políticas do Governo, nomeadamente as que têm a ver com os trabalhadores. Apresentou uma proposta para a revisão da Lei Laboral que foi recusada. É parte de uma oposição dentro da AL que praticamente não existe. Outra questão interessante que se levanta: é Pereira Coutinho o representante político por natureza da comunidade portuguesa (e macaense, entenda-se)? Não sei responder, mas basta olhar para os resultados das últimas eleições para que se aperceba da derrota esmagadora da lista que se dizia representar realmente essa comunidade, com a participação - ou falta dela - que se conhece da nossa comunidade na política do território.

Alguma imprensa (e a imprensa quer-se sempre imparcial) tem movido uma guerra sem quartel a Pereira Coutinho, chegando mesmo a recorrer ao insulto gratuito e ataques nem sempre bem identificados, como se de uma encomenda se tratasse. Isto de dar a cara - e falo com conhecimento de causa - é para quem quer ou para quem está para se chatear com isso. Alguns dos maiores escritores da história escreveram sob pseudónimos (Mark Twain, Lewis Carroll), mas agora atacar alguém por não dar a cara, não dando ele próprio a sua cabe no âmbito do ridículo que cada um quer para si.

10 comentários:

Anónimo disse...

Curioso!

Convem perguntar onde estava o Coutinho no primeiro de Outubro!!!
Prometeu que estava na festa e nas manifestações em não apareceu em lado nenhum...

Ouvidor Arriaga

Anónimo disse...

Um Macaense com M grande.Sobreviveu fora do circulo da habitual "elite" local. Nunca recusou as suas origens, e independentemente dos insultos e de ser "mal visto" pelos intelectuais, é respeitado e admirado pela população. Aliás, é capaz de ser o único macaense que consegue reunir tanto Chineses como portugueses e Macaenses.

Um grande senhor. Parabéns, caro Coutinho. Continue assim!

Anónimo disse...

o anonimo deve ser da direcao da atfpm.

Anónimo disse...

Como diz o outro, caro anónimo das 6:52, "olhe que não!" :)

Anónimo disse...

E o anónimo das 6.52 revela-se com o seu curto comentário. Se, para ele, só se elogia alguém quando se pertence à mesma associação, está tudo dito e nem vale a pena dar-lhe mais crédito. Digo eu, que não pertenço à ATFPM nem a qualquer outra associação, e muito menos a nenhum partido político em Portugal, como muitos que aqui estão. O último anónimo deve ser um dos tais, daí que esteja habituado a elogios apenas entre co-partidários.

Ah, e não sou o anónimo das 5.52. Apenas concordo com ele em relação a Pereira Coutinho, pelo que vejo e não pelo que me dizem.

Anónimo disse...

"O último anónimo deve ser um dos tais": obviamente que quando escrevi isto o último anónimo ainda era o das 6.52.

joãoeduardoseverino disse...

Como padrinho de casamento de Pereira Coutinho orgulho-me do seu curriculum. Mas é sempre bom lembrar-lhe que em Macau todos os que têm a coragem de dar a cara, mais tarde ou mais cedo, sofrem as consequências bem nefastas.

Anónimo disse...

de facto que todos se podem titular-se de padrinho...

Anónimo disse...

mas nem todos tem tomate para isso

Anónimo disse...

Forca Coutinho...para lhe dares nqs trombas nunca precisaste de mascara,,,,mas estou para ver como mobilizas o povo contra a escandalosa lei dos subsidios aos dirigetes que, em 95%, segundo a minha ,mais que rrigorosa sondagem (na qual inclui alguns inqueritos aos proprios) sao de um incompetencia atroz.....embora, gracas a Deus, alguns ja falem.....
Abraco, Batman