quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O lixo é lixado


As duas profissões que eu jurei nunca vir a ter na vida são as de cozinheiro de comida de cão, e homem do lixo. Deixemos o primeiro, que é só parvoíce minha, e concentremo-nos no segundo. Não que eu desrespeite os homens do lixo, mas não conheço nenhum outro ofício onde toda a gente faz cara feia por onde quer que se passe. Nem o coveiro é tão desagradável. Não deve ser nada agradável ver toda a gente enjoada a tapar o nariz e a boca ou a cobrir a cara com a camisola quando passam os homenzinhos que recolhem o entulho das latas do lixo. Depois de um dia de serviço daqueles, nem dez banhos com Dettol do mais concentrado tiram o cheiro a raposa fétida.

Se há países ou territórios onde os homens do lixo são discretos - e sei que os há - esse não é o caso de Macau. No território a recolha é feita a horas bastante aleatórias, e vastas vezes nos deparamos na rua com o camião do lixo a fazer a sua tão necessária recolha horas tão díspares como as dez da manhã, as três da tarde ou as onze e meia da noite - curiosamente a hora a que escrevo isto e oiço o camião mesmo aqui à porta a fazer aquele barulho desagradável, pior do que o de uma empilhadora, ou de um disco dos Black Eyed Peas. Será culpa do IACM? Será que a recolha do lixo devia ser limitada a altas horas da noite ou de manhã cedo. Je ne sais pa, pá. A verdade é que o cheiro a lixo em Macau é desagradáavel, e o próprio lixo em si é, infelizmente, parte do cartão postal da cidade.

Não é raro encontrar imagens como esta que a foto documenta: lixo espalhado pelo chão, pelos passeios, e lixo daquele muito feio e mal-cheiroso. Do mais asqueroso que há. A julgar pela falta de pontaria dos cidaãos, pois muitos não parecem conseguir acertar naquele metreo quadrado em que consiste o latão do lixo, o cheiro deve ser mesmo muito ruim. Tão mau que dá lugar a uma nova espécie de modalidade olímpica: o lançamento do saco de lixo. Com resultados abaixo dos mínimos, é claro. Isto para não falar de uma certa classe que revolve os caixotes do lixo, "à procutra de qualquer coisa de valor", gente que nem precisa de fazer isso, mas que o faz na mesma, e que para isso mete-se com os dois pés dentro das latas do lixo. Desta gente é mehlor não falar. São o extracto mais baixo da humanidade.

Como qualquer outro cidadão civilizado e consumidor, produzo uns dois ou três quilos de lixo por dia. Tendo em conta que em Macau existe outro meio milhão de "civilizados" como eu, isto significa toneladas de lixo por dia para recolher por aqueles tais camiões com mau hálito. No Inverno a coisa ainda passa mais ou menos despercebida, pois o frio "congela" os maus odores - como nos cadáveres. No Verão, com o calor e a humidade mais a merda dos insectos, o problema torna-se maior. O pior é que esta gentinha ainda desconhece algumas regras básicas, como, sei lá? Os molhos e os caldos devem ser fechados em sacos de plásticos? E aqueles couves pútridas? E as fraldas cagadas dos bebés? Em todo o caso que nem se fale de reciclagem por estes lados. Todo o lixo, seja ele de que natureza for, acaba em cinzas n incineradora de Coloane. E olha, aí está outro sítio onde eu não gostava mesmo nada de trabalhar.

3 comentários:

Anónimo disse...

Há muito lixo que precisa ser mesmo varrido.

Anónimo disse...

Porque será que Macau não consegue manter o mesmo nível de civismo que outras cidades desenvolvidas da Ásia como Hong Kong, Singapura ou Taipei (mesmo com os esforços que o Governo faz para educar esta gente)?

Alguém sabe responder?

Anónimo disse...

Singapura e Hong Kong foram colónias inglesas

Taipei é uma cidade com muitas influências japonesas

Macau foi governada por portugueses

Aí tem a resposta