quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A teoria do caos (revisitada)


O deputado e presidente da ATFPM, José Pereira Coutinho, está numa peleja pela manutenção dos subsídios de férias e de Natal dos pensionistas da RAEM, que recebem o seu dinheirinho através do estado Português. Como se sabe as coisas não estão nada bem lá na Tuga, e prevê-se que hajam mais cortes no orçamento em Novembro, mais impostos, e todos esses horrores a que os nossos compatriotas estão sujeitos lá na "sede". Portanto tudo indica que vão haver cortes para os pensionistas, apesar da esforçada tentativa de Pereira Coutinho e um ano das próximas eleições (isso é só coincidência, claro).

Ora bem, eu penso que deverão haver mesmo cortes, e porque teriam de ficar estes "portugueses" também excluídos? Não existem portugueses de primeira, nem de segunda. É certo que isto são "idosos na sua esmagadora maioria de etnia chinesa", mas são portugueses també, e isso deve ser tanto para o bem como para o mal. De recordar que o Estado português comprometeu-se a pagar estas pensões depois de 1999, uma vez que os beneficiários descontaram durante o seu serviço - ou o dos seus familiares - durante a adminisração portuguesa. É pena que tenha corrido para o torto, mas é assim mesmo a vida com altos e baixos. Apenas "altos" em termos de pilim, só mesmo em Macau.

Esta situação fez-me recordar a saudosa "teoria do caos" que tanto estava na voga durante o período pré-administração portuguesa, e que consistia basicamente num cenário aterrador: iam acabar as liberdades, os chineses "iam-se vingar" e os estrangeiros que cá ficassem eram loucos. Isto levou a uma debandada geral para Portugal, onde o Governo generosamente abriu os braços a funcionários públicos que só tinham seis meses de Macau, em alguns casos. Para isto também não ajudou nada o último governo, que aconselhava a retorno. Trauma da última descolonização, que como se sabe foi uma grande trampa. O último Governador deixou um conselho aos que ficavam: "aprendam Mandarim. Pois é, iamos ficar aqui todos a falar com os mandarins, como faziam V.Exas.

Não quero que o leitor pense que fui muito inteligente em ter ficado por cá, apesar de poder ter optado, mas a verdade crua e nua é que tive medo de voltar para lá. A sério. Ou medo ou preguiça. Nasci lá e fiquei o tempo suficiente para saber que sejam quais for os intérpretes, laranjas, rosas, pretos ou azuis, o problema é "estrutural", para ser simpático. Por isso preferi ficar aqui com os pangiaos. Cheguei a estranhar que muitos dos que saíram fossem macaenses nascidos em Macau. Então eu que sou mesmo de lá não quero ir e vocês querem? A resposta saía sempre na forma da tal teoria do caos: os chineses iam pisar-nos em cima, apesar de terem garantido que não, e pronto, era isso que ia acontecer.

Mas não foi assim, nem será. Para quê, chatearem-se connsoco, que até somos uns gajos que trabalham e não fazem muitas ondas? Muitos voltaram e outros querem voltar, e fazem bem. Ninguém precisa de ficar a pagar pelos erros para o resto da vida. Agora quanto aos pensionistas...bem, coitados, mas não estÃo assim tão mal quanto isso. Citando Pereira Coutinho, recebem "entre 550 e 11000 patacas mensais". Entre 550 e 1100 euros, portanto. Não estão assim tão mal, comparando com a esmagadora maioria dos pensionistas em Portugal. Estão mesmo melhor que uma grande parte dos que ainda se esfolam a trabalhar. Pode ser que o Governo da RAEM lhes dê uma mãozinha.

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