segunda-feira, 6 de junho de 2011

PSD vence legislativas, Portugal vira à direita


O PSD de Pedro Passos Coelho e a direita foram os grandes vencedores das eleições legislativas realizadas ontem em Portugal. O PS de José Sócrates e a esquerda foram os grandes derrotados. O sociais-democaratas conseguiram 105 assentos na AR e ficam a dez da maioria absoluta, vencendo em todos os distritos menos Setúbal, Évora e Beja. O CDS-PP de Paulo Portas obteve 24 lugares, o que completa uma confortável maioria de direita. E isto quando ainda faltam apurar os quatro lugares do círculo da emigração, onde o PSD costuma obter pelo menos dois lugares. Confirma-se portanto o cenário da AD, o que significa que Paulo Portas regressa ao Governo seis anos depois da aquisição de uns certos submarinos que ainda dão que falar. Fenómeno estranho de repetição.

Confesso que gostava de ver uma maioria absoluta do PSD, e que não nos sujeitassemos a mais delírios dos meninos do centro democrático social, com fortes ligações à Igreja Católica, mas se calhar isto é pedir muito. Mesmo assim os eleitores portugueses, tendencialmente de esquerda, deram à direita a maior maioria desde os saudosos tempos de Cavaco Silva. O PP conseguiu o seu melhor resultado de sempre, subindo de 12 para 21 deputados em 2009, e para 24 agora, o que vale por dizer que nos últimos seis anos Paulo Portas duplicou a sua base de apoio, passando dep ouco mais de 300 mil votos para os 652 mil de ontem.

O Partido Socialista de José Sócrates foi o mais castigado nas urnas, caíndo de 121 deputados em 2005 para 97 em 2009 e 73 agora. Se calhar não foi tão castigado quanto devia, pois devia ter perdido pelo menos mais seis ou sete deputados para o PSD. Houve ainda quem fosse teimosamente votar no PS, à espera que o profeta Sócrates fosse tirar mais um coelho da cartola. O autor da única maioria absoluta do PS já se demitiu do cargo de secretário-geral, e tudo indica que António José Seguro vá liderar o PS na oposição. É caso para dizer que os socialistas vão passar a jogar pelo Seguro (ah, ah, ah).

O mais castigado foi o Bloco de Esquerda (BE), que perdeu metade dos deputados: passou de 16 para 8, e perdeu 270 mil votos. Penso que isto se deve fundamentalmente à infeliz moção de censura apresentada por Louçã em Março, perfeitamente escusada, pois de seguida veio o chumbo ao PEC4, que serviria perfeitamente os interesses do Bloco e poupava-lhes a esta humilhante derrota. Alguns históricos e caras conhecidas dos bloquistas ficaram de fora: José Manuel Pureza não foi eleito por Coimbra e José Gusmão falhou a eleição por Santarém. O partido teve uma ascenção meteórica desde que concorreu a eleições pela primeira vez em 1999, elegendo dois deputados, depois 3, depois 8 e depois 16. Agora passa a ter outra vez oito, e veremos onde vão parar.

Os comunistas, curiosamente, perderam seis mil votos, mas beneficiaram do aumento da abstenção e da queda do BE para elegerem mais dois deputados, passando de 14 para 16. O PCP/PEV, a tal CDU, conseguiu mesmo eleger um deputado em Faro. Em Portugal e em pleno século XXI, existem 440 mil pessoas que ainda votam num partido designado "comunista". Dá que pensar, isto. Em todo o caso Jerónimo de Sousa tem pelo menos demonstrado alguma coerência, pautando-se pela crítica sem solução, ou com um soluções tão malucas que nunca iam resultar, e que em nem eles próprios acreditam. Mesmo assim admiro e respeito o trabalho que os comunistas fazem ao nível das autarquias, por exemplo. Quem sabe se deviam ter mais autarquias e deixassem o trabalho grande para os meninos grandes?

Quanto aos outros partidos, o PCTP/MRPP foi novamente o vencedor com 62 mil votos, seguido de perto pela grande surpresa: o Partido pelos Animais e pela Natureza, o PAN, que teve 57 mil votos. Uma verdadeira surpresa e um resultado que o próprio PAN não esperaria, certamente. A uma longa distância ficou o MPT com 22 mil votos e o MEP com 21 mil. O PNR da extrema-direita passou de 11 mil para 17 mil votos, o que não é significativo, e o Partido Humanista (PH) foi o último com pouco mais de três mil votos, o que não chega nem para eleger um deputado em Macau. Existia uma certa curiosidade em saber de José Manuel Coelho seria eleito pela Madeira, mas isto não chegou sequer a ficar perto de acontecer.

Mais votos que os destes partidos todos juntos são os brancos e os nulos. Acho incrível que 148 mil pessoas se incomodem em ir votar em branco, e outras 75 mil em escrever caralhadas ou pintar obscenidades nos boletins de voto. Para isso mais valia ter ficado em casa ou ido à praia. E por falar nisso a abstenção voltou a bater recordes, e foi a maior de sempre. Isto numas eleições decisivas num período difícil, e depois do PR ter vindo à televisão em jeito de ameaça dizer que "quem não votar não tem legitimidade de criticar o próximo governo". Acho que isto tem a ver com a teoria da psicologia invertida aplicada aos portugueses: se Cavaco Silva tivesse dito qualquer coisa como "olha, não vão votar, que se foda", tinhamos a maior adesão de sempre. Arre, povo difícil.

15 comentários:

Anónimo disse...

Excelente notícia foi derrota da extrema-esquerda dos louçãs e outros extremistas de esquerda.

Anónimo disse...

Então a geração rasca que tanto se fala não se fez representar em votos na extrema-esquerda?


AA

Anónimo disse...

Mas qual é o teu problema com a Igreja Católica? Não podemos negar a nossa cultura e o nosso passado enquanto portugueses. Se calhar gostarias que Portugal continuasse muçulmano, pois foi a Reconquista Cristã que fez com na Península Ibérica, a Al-Andalus, deixasse de rezar 5 vezes por dia virada para Meca. Que tal exigir a remoção das quinas da bandeira nacional e colocar no meio da esfera armilar o símbolo do ateísmo ou do laicismo, essas ideologias que nunca criaram civilização alguma?

Leocardo disse...

O meu problema não é só com a igreja católica, é com qualquer igreja. O que menos me interessa é ter alguém a meter o bedelho na minha vida em nome da religião, da bíblia, do corão ou outra merda dessas. Mas isso é conversa para outra posta.

O meu amigo é que anda obcecado com Reconquistas Cristãs (ena, com maiúsculas e tudo), Meca e não sei que mais. O que foi, viu alguns turcos sem camisola e gostou?

Cumprimentos.

Anónimo disse...

Lol, amigo, só metem o bedelho na tua vida se tu deixares. Os políticos também metem o bedelho na tua vida directa ou indirectamente. A sociedade também o faz. Ou pensas que estás livre como se vivesses na selva?
E não, não estou obcecado. Apenas registei um facto histórico. Se calhar até preferias que em vez de Portugal houvesse um Portugalistão e a esta hora possivelmente seríamos uns apóstatas com a cabeça a prémio só por andarmos a falar mal da religião.
Há gente assim.

Anónimo disse...

Eu se fosse o sócrates EMIGRAVA para bem longe de Portugal porque os portugueses sabem onde que ele vive e agora que ele não é primeiro ministro já não tem mais guarda-costas.Sócrates fez muito mal aos portugueses e terá que ser julgado a bem ou mal por isso.Eu não respondo por mim se eu encontrar o gajo na rua.

Anónimo disse...

Nao acredito neste resultado do partido facista! (CDS-PP)

Anónimo disse...

Fascista és tu, palerma!

Anónimo disse...

Qual é o mal de ser fascista???Interessa que governe bem o país,o resto é conversa de treta.

Anónimo disse...

Por mim até podiam ser de Marte,desde que governam bem o país.Não é como aquele gajo de PS que pos Portugal na miséria.

Anónimo disse...

Ui!, vêm aí mais submarinos...

Anónimo disse...

Nós queremos é saber o resultado do tiririca encarnacão. Ele deve andar em pulgas... dia 15, dia 15.

Anónimo disse...

O Vitó é conhecido pelas suas posições salazaristas e de extrema direita. Tambem é conhecida da afinidade do Vitó com o PNR. Se o Vitó tambem tem "negócios" com o Xesário e com o Bailote, faz ele muito bem, mas não queira tu encarnacao branquear o facto de que fosta cabeca de lista do PNR pelo circulo fora da europa porque o dito Vitó mexeu os cordelinhos nesse sentido. Entao diz lá o que promeste-te em troca ao Vitó?

Anónimo disse...

Escreve direito e eu respondo-te.

Anónimo disse...

Querias maioria absoluta? Para quê? Para haver agora outro a fazer o que lhe apetecia? Terem que partilhar é que é bonito, que sempre têm de mostrar um bocadinho menos de arrogância.