segunda-feira, 26 de julho de 2010

Considerações sobre o ser e o estar em Macau - parte II: Camaleões


Camaleões. Pessoas que mudam facilmente de opinião ou conduta. Posto nestes termos – ninguém gosta de ser chamado “Camaleão” porque lembra o réptil – até podemos considerar que Macau é uma espécie de Madagascar em ponto pequeno. Não quero ofender ninguém, mas em quase 20 anos que levo de Macau (estou quase a “apanhar” aquela coluna do JTM) conheci uma variedade extensíssima de sáurios insectívoros. Não me refiro obviamente aos pobres jornalistas que chegam ao território e dias depois estão supostamente “completamente integrados” na sua realidade. Na verdade o território que conheci quando cheguei era uma roda-viva de amor e fraternidade, uma espécie de segunda Lisboa, mais libertina e menos ameaçadora, e os nossos camaradas usufruíam em grande estilo os últimos dias do império.

Foi nesse contexto que cheguei a Macau: aproveitar para ganhar umas massas, continuar a estudar, e depois pimba, dar de frosques. Aliás foi naquele triste dia de 1991 que quando virei pela última vez a cara à família no aeroporto da Portela e disse: “até 1999!”. E era mesmo assim, já era um puto bem informado. Mas depois aconteceu algo terrível: apaixonei-me por Macau. Apaixonei-me demasiado depressa, e por isso desenvolvi um olho crítico que me permitiu tirar um raio-x a quem ousava usar e insultar esta minha terra de adopção.

O pior tipo de camaleões que conheci foram os “inadaptados”, e que ainda os há, gentinha que chegou, viu, venceu, voltou e não telefona mais aos amigos. Houve alguns que chegaram que ainda foram sinceros, viram que não gostavam e deram meia-volta. Mas outros, os sacristas, chegavam, ficavam dois ou três anos, planeavam comprar uma casa no Ocean Garden e “ter um macaense”, e depois sem mais nem menos bazaram, tipo: “já chega, já vi, agora tenho uma proposta melhor em Portugal portanto chau-chau”. É muito feio fazer juras de amor e depois virar as costas e fugir com o marmeleiro. Ainda vos vou ver um dia em Portugal e cobrar todas essas promessas.

Outro tipo de camaleão de língua vípera e pegajosa é o “esquecido”. Esse veio, ficou por cá uns bons anos, teve filhos, descontou para a reforma e depois partiu para nunca mais voltar. A mensagem que passam é: “epá já acabou, já chegou 1999, agora butes que não estou para aturar chinesices”. Nem querem saber mais de Macau, e usam frequentemente esta memória para entreter os amigos, porque são “diferentes”. Podiam passar por aqui um dia destes, e assim viam como Macau está muito melhor sem V. Exas.

Falando agora dos que ficaram, um tipo de camaleão curioso e inofensivo é o “arrependido”. Dentro do camaleão arrependido encontram-se dois tipos: a lapa e o boomerang. A lapa fazia planos de ir embora, comprou casa em Portugal e tudo, mas depois deu-lhe preguiça e ficou. A casa lá na tuga foi vendida, e se calhar já comprou antes uma em Zhuhai, que sempre fica mais à mão. O boomerang concretizou os seus intentos de se mudar de armas e bagagens para o país das armas e dos barões assinalados. Como só lá tinha ido de férias, pensou que era o paraíso, com jantares fora e idas à praia todos os dias. Passados dois ou três anos, percebeu que afinal não era bem assim, e voltou a Macau, com o rabinho entre as pernas. Ambos estes tipos de camaleão arrependido diziam coisas atrozes aos que decidiam ficar, do tipo “os chineses vão comer-vos vivos” ou perguntavam chocados “vocês vão trabalhar para eles?”. Depois o minchi falou mais alto, e lá resolveram continuar entre os justos.

Finalmente o meu tipo de camaleão preferido, o “vira-casacas”. Este é o mais divertido. Como bom patriota, afirmou sempre a sua portugalidade, e ao virar da transição, adaptou-se como bom camaleão que é. É conhecido por frases como “Macau é parte da China, o menino não gosta volte para Portugal” para ganhar discussões, e “O que é que queres? A China quer assim” para justificar qualquer anormalidade ou atropelo à justiça em Macau. E não é que se calhar têm mesmo razão?

22 comentários:

Anónimo disse...

isto não é um camaleão, ó camarada.

Leocardo disse...

Como sabe? Como é um camaleão, pode estar disfarçado ;)

Cumprimentos.

Anónimo disse...

os camaleões mudam de côr, não de forma.
isto é uma louva-a-deus.

Anónimo disse...

Ahahahahahahah uma louva-a-deus. O Leocardo esqueceu-se de falar dos camaleões que precisam de óculos.

Anónimo disse...

e ainda há aqueles portugueses que em macau tinham tudo,casas boas,motoristas privados,carros do estado etc,ainda hoje vejo alguns deles em lisboa a irem para o trabalho de metro e já nem passam cartão aos "amigos" que tiveram em macau.também estou me a cagar para eles

Anónimo disse...

esse cavalheiro do metro é exemplar, protege o ambiente.

Anónimo disse...

sim uma louva-a-deus porque é verde, se fosse acastanhada então aí sim, era macho.

era esta a dúvida?

Anónimo disse...

eu acho que é um Leocardo!


AA (o Original)

Anónimo disse...

Conheci tantos que diziam que Macau nao presta mas ficaram 10 ou 20 anos para sacarem as patacas para comprar casa em Portugal. E ainda mais alguns ainda ca' estao.

Anónimo disse...

Seria interessante podermos discutir as questões de Macau sem estarmos sempre a puxar Portugal para o debate. Será possível que tudo o que tem a ver com esta terra tenha que ser sempre discutido por associação de ideias a Portugal?
Quando eu vivia em Portugal, não comentava os problemas do país dizendo sempre que Espanha era assim ou a Alemanha era assado, que Portugal era mau porque Inglaterra era melhor ou que Portugal era bom porque Angola era pior. As referências devem servir de modelos para melhorar e não como desculpas para o que está mal.
Macau tem coisas boas, assim como tem coisas más. É isso que devemos analisar. Ver o que está mal e como é que podia ser melhor. Não é dizer que Macau é o paraíso e quem não gosta disto ou daquilo que se vá embora. Ou que Macau é muito bom porque o anónimo A ou B vivia mal em Portugal. Macau pode ser muito bom para essa pessoa, assim como Portugal será melhor para outras pessoas.
Num recente estudo que cobriu muitos países e territórios desenvolvidos, a população de Hong Kong foi das que respondeu em maior percentagem que, se pudesse, ia viver para outro lado, por causa da poluição, do stress, do excesso demográfico, etc. No entanto, eu adoro Hong Kong e quando passeio lá, as pessoas parecem gostar da vida efervescente do território. Em que ficamos? O estudo estava errado?
Vamos lá discutir estas coisas com cabecinha e deixar-nos de comentários básicos e sem nível, que só servem para mostrar a má formação de quem os pronuncia. Há pessoas que vêm para aqui só dizer mal dos portugueses que se queixam disto e daquilo, mas que interesse é que vocês julgam que têm? Acham que são bons cidadãos e interessam à sociedade de Macau por andarem aqui a insultar quem critica alguma coisa? Já compararam o vosso contributo para a construção de Macau com o contributo dessas pessoas que trabalham aqui há 10 ou 20 anos? E acham que essas pessoas não fazem nada de útil para Macau só porque sonham em regressar um dia a Portugal e ter lá uma vida melhor do que tinham antes de emigrarem? Então podem começar a insultar a maioria dos muitos milhões de emigrantes deste mundo, seus pobres de espírito.

Anónimo disse...

O animal da foto é obviamente um camaleão. Só para acabar a estapafurdice alheia.

Anónimo disse...

O comentário das 14.47 merecia substituir a sua posta.
Caro Leocardo, com efeito, as suas "considerações sobre o ser e o estar em Macau" (parte I e II) denotam o seu baixíssimo nível e o ressabiado que é. É triste constatá-lo mas suponho que você este blog como meio para ventilar (e tentar lidar) com as suas próprias frustações recalcadas. O chato mesmo é a gente levar com isso pois torna-nos todos um pouco mais pobres de espírito.
Com o tempo, noto que venho ao seu blog cada vez mais por causa dos comentários da malta e cada vez menos por causa do conteúdo do blog. Vou fazer aquilo que o Leoccardo sugere a quem se queixa disto: nunca mais cá volto. Queria apenas que o soubesse.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Isso mesmo. Macau é um sítio perfeito para viver e quem ousar criticar devia ser linchado e enforcado

Anónimo disse...

É por demais óbvio que o anónimo das 22:10 enquadra-se numa das pessoas que o Leocardo descreve no post. Só assim se explica.

Anónimo disse...

Eu ja tinha dito, e mais uma vez digo: quem nao esta bem aqui, nao demore vai ja, nao deixem mais comentarios, e' arrumar as malas e rumo ao onde veio.

Anónimo disse...

Concordo plenamente com o comentário anónimo postado às 22:10.
Mas não devemos esquecer os páraquedistas, aqueles que por cá passaram na "loucura" dos "grandes empreendimentos", e que traziam uma "ordem de trabalhos" muito bem aprendida para os tres anos da "comissãozita", a saber:
1ªano - Adaptação às especificidades do "território";
2ªano - atestar a mula (a carteira);

3º ano - encher caixotes.
Ah! e temos ainda os que chegaram de submarino!!! mas isso é outra história...

Anónimo disse...

Conte lá a história dos submarinos oh homem! Será que isso envolve o Paul Portas? lol

Anónimo disse...

Eu gostava era de ouvir histórias concretas. Sei algumas, mas gostava de conhecer outras.
Também acho que o comentário das 14:47 dava uma boa entrada para o blog.

Anónimo disse...

Essa estória dos submarinos é tão obscura que nem a Sra Merkl quer ouvir falar disso...

Anónimo disse...

se não se entrar na linha da ofensa gratuita, este debate terá muitos mais frutos...

Anónimo disse...

Portugal precisa de submarinos para que???

Anónimo disse...

submarinos servem para o Socratés levar os seus amiguinhos passearem a beira mar