sexta-feira, 24 de abril de 2009

O primeiro milho


O jornal Clarim adianta na sua edição de hoje que o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura Fernando Chui Sai On poderá em breve renunciar a todos os cargos no Governo e avançar com uma candidatura a Chefe do Executivo. O semanário da Igreja Católica adianta mesmo que Chui terá escolhido o director dos Serviços de Educação e Juventude Sou Chio Fai para seu director de campanha, e aposta em Lee Peng Hong, actual presidente do IPIM para futuro secretário da Economia num eventual executivo liderado por Chui.

Este é provavelmente o primeiro sinal de que Chui Sai On, apontado há vários meses como sucessor natural de Edmund Ho, poderá mesmo avançar com a candidatura, depois de se ter especulado que não o faria por estar encarregado da organização das comemorações do 10º aniversário da transferência de soberania. O anúncio desta candidatura nos próximos dias ou semanas quebra um impasse: ninguém se assume como candidato sem o apoio expresso de Pequim. O apoio de Pequim tem sido visto como uma condição sine qua non que faz muitos opinion makers encolher os ombros quando perguntados sobre quem acham que será o próximo Chefe. Mas é preciso ter em conta que o CE terá de ser alguém que tenha boas relações com o poder central, e só assim se podem resolver as questões relacionadas com Macau.

Segundo o Clarim, Chui Sai On terá mantido encontros ao mais alto nível com personalidades do núcleo do PCC de Xangai, e a saída de Chui do Governo "poderá colocar pressão" no PCC para apoiar uma candidatura eventualmente vencedora. O outro possível candidato, o Procurador Ho Chio Meng, conseguiu recentemente angariar o apoio da Liga da Juventude Comunista. Caso Chui resigne ao cargo de Secretário, Edmund Ho acumula até ao final do seu mandato a secretaria dos Assuntos Sociais e Cultura. A ser verdade, fica bem vincado quem é o candidato predilecto do próprio Chefe do Executivo: o próprio Chui Sai On. Não é certo que o candidato que avançe primeiro ou que consiga primeiro o apoio de Pequim será o vencedor. Esse continua no segredo dos Deuses.

Curiosamente tenho perguntado nos últimos dias a colegas, amigos e familiares chineses quem gostariam que fosse o novo CE. A maioria das respostas que tenho obtido é: "não sei", "não faz diferença" ou ainda "pode ser..." quando lhes avanço com um possível nome. A sabedoria popular vale ouro, e a indiferença é, neste caso particular, um bom sinal. É um facto que a imprensa em português tem dado mais importância à sucessão de Edmund Ho que a própria opinião pública, onde se tem especulado que seja quem for o próximo CE, as mudanças não serão significativas. Leia aqui a reportagem de José Miguel Encarnação, n'O Clarim.

1 comentário:

Anónimo disse...

Talvez o maior apoio ate ao momento vindo a publico seja o da Liga da Juventude Comunista, quem sabe se teremos o Procurador!!! ou alguem acredita que a juventude comunista iria desrespeitar os anciaos??