domingo, 29 de novembro de 2015

Mas todos os terroristas são...


"O Islão é a religião da paz" - se concordo com esta oração? Não! E isto não quer dizer necessariamente que aprove a obliteração do Islão como religião em particular, pois para mim deviam acabar TODAS as religiões. Insulto? Bom, se por "acabar com todas as religiões" quero dizer "religiões" e não "pessoas das religiões" não creio que esteja aqui a insultar ninguém. Se uma "religião", ou neste caso a sua divindade estiver aborrecida comigo, pode fazer como sempre fez com tudo o que Lhe irritou: mandar fogo, brasa, lava, enxofre, tudo o que consideraria necessário na sua função de "pai" e "todo misericordioso". A este ponto algumas pessoas devem estar a pensar: "lá está este outra vez armado em espertalhão". Não, não creio que vá aqui dizer alguma coisa que já não saiba, e quem não sabe pode facilmente verificar. Mas o que eu sei por experiência própria e muita gente não sabe é que não há religião que se coadune com qualquer sociedade livre e democrática. A separação da Igreja do Estado não é uma coisa tão antiga assim, e mesmo durante o Estado Novo a Igreja Católica aproveitou para exercer maior influência, e quem viveu nesse tempo, recorda-se das humilhações que certas pessoas sofreram por terem ido contra os cânones impostos pela Igreja Católica: não existia divórcio; sexo extra-matrimonial era chamado "fornicação"; crianças concebidas fora do matrimónio eram "bastardos"; o baptismo e a comunhão eram praticamente obrigatórios; era completamente proibido criticar a igreja, etc. E quanto a este último ponto as coisas não mudaram muito, e do ponto de vista de um não-religioso, deixem-me dizer-vos que mesmo que não dêem por isso, os católicos e os cristãos em geral têm momentos de fanatismo. Dou um exemplo:



Dei com esta página no Facebook por acaso, no seguimento de uma notícia que estava a pesquisar, e achei relevante para demonstrar exactamente o que afirmei no parágrafo anterior. Reparem no texto em cima ao lado da imagem, e depois no primeiro comentário. A autora desse comentário não diz nada por aí além, apenas que a imagem é antiga e a manifestação não é no Brasil. Nem deveria ser, uma vez que os cartazes estão em inglês, mas na descrição fala-se daquilo que "as televisões do Brasil não querem mostrar", e tudo porque "são sócias dos comunistas". Aqui pode-se já depreender que quem for comunista e estiver alinhado nesta "porrada no Islão" e caso esta tiver sucesso (muito dificilmente terá), pode-se ir preparando que é o próximo. No entanto, e apesar da pertinência e brevidade do comentário daquela leitora, de seguida chovem dezenas de mensagens em pouco mais de uma hora (seleccionei apenas as do meio e nem li todas), massacrando-a, insultando-a, e acusando-a de coisas horríveis, entre as quais, e aí está: cumplicidade. Isto eu não aceito; por não gostar de alguma coisa não significa que a queira exterminar da face da Terra, nem aquilo que eu gosto é obrigatoriamente do gosto de toda a gente. Se isto não é fanatismo, desculpem mas não sabem o que é fanatismo. E não existe bom nem mau - é tudo fanatismo. E é mais que evidente que a primeira comentadora irritou os restantes por denunciar aquilo que tem sido prática recorrente nos últimos tempos: a mentira como instrumento da propaganda. Aquilo que os nazis também fizeram e deu os resultados que se sabem.

E reparem na imagem mais à esquerda naquela colagem, onde se vê uma referência aos ataques de Paris do dia 13 deste mês. Este tem sido o "ás do trunfo" para ganhar qualquer argumento a favor dessa ideia ridícula que é combater uma religião. Que diabo, essa agora, porque raio havíamos nós de fazer tal coisa? Existia e sempre existiu uma rivalidade nem sempre saudável, mas longe de tal extremo, esta da "guerra". Mas não me surpreendeu que ainda nem tivessem acabado de ser dadas as condolências aos familiares das vítimas desse atentado, e já se ouvia falar de "guerra". Eu diria até que foi o mote, e isto é difícil de exprimir sem ser acusado de mil e uma coisas, mas a este ponto que se lixe: os ataques de 13 de Novembro deram muito jeito a muita gente. Marine Le Pen, por exemplo, que logo nessa noite apareceu impecavelmente apresentada, e não sei qual era o programa dela para essa sexta-feira, mas estranhei estar tão disponível e com um discurso tão escorreito - e logo ela que é uma trapalhona. Não tenho jeito para teorias da conspiração, mas este foi o culminar de meses de apreensão, com a crise dos refugiados da Síria a levantar receios, alguns deles reciclados ou adormecidos, e que se resumem basicamente a isto:


Isto é chocante, e no mínimo o autor desta patranha devia pelo menos algumas explicações às autoridades. Isto fomenta o ódio e o preconceito, e sinceramente só alguém muito ignorante vai acreditar em tamanho disparate. Se quiserem contrapor com essa da "predisposição genética" para uma religião, vão perder todo e qualquer respeito que eu possa ter por vocês, mas estão no vosso direito (reparem que pelo menos as minhas alternativas nunca são comigo como prémio do "mas"), agora que é um facto que aqueles números são uma mentira com a finalidade de assustar, disso podem ter a certeza. Nem vou discutir as razões porque os europeus têm menos filhos, pois tem sido assim nos últimos 50 anos, ou se este senhor ou seja quem for que imaginou aquela vergonha propõe que comecem todos a ter mais - e quem os vai obrigar? Agora essa da Inglaterra em 2050 ser "maioritariamente islâmica", é completamente absurda. Vide:


E aqui têm para refutar as alegações daquele Zé-qualquer-coisa um estudo do Pew Research Centre publicado já este ano no The Guardian, e que podem ler aqui na íntegra. E isto é típico de quem apresenta o que considera ser um problema, apela a que se o "elimine", e não apresenta alternativas. No entanto o que moveu e tem movido as pessoas contra o Islão em geral foi o acto de terrorismo em particular, o único que chocou a Europa, apesar de desde aí terem acontecido outros mas...em África, e esses não contam! Eu não sei o que se passa exactamente por países como o Mali ou a Nigéria, mas eu no lugar metia-me a nadar e vinha para a Europa. E que mal tem se os guardiões da herança europeia são pessoas como a Marine Le Pen e a Maria Vieira, com esta última a convencer-se  subitamente de que o nazismo é que está a dar? Não me parece europeia por ter construído as igrejas, mas sim por ter adoptado um discurso daquela parte da Europa que nos anos 30 adoptou essa discurso. Mas já agora, o que tem sido isto que vejo agora por aí a rodos?


Hmm...Israel? Bom, nada como um inimigo comum para unir quem andou desavindo durante 2 mil anos, mas pronto, também as alianças fazem-se e desfazem-se. Esta curiosamente faz-me lembrar alguns adeptos do Sporting que nos anos 90 mudaram-se para o Porto para poderem festejar alguns títulos e rir da cara dos adeptos do Benfica, mas isto é mais sério, claro. E falando de terrorismo, especialmente da estirpe islâmica, tem tudo a ver, até porque desde o dia 13 têm recrudescido o número de ataques terroristas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, e um outro Telavive onde morreram quatro israelitas e um turista norte-americano. O que é de estranhar, uma vez que com os ataques em Paris, era previsível que os palestinianos andassem de bolinha baixa. Ah, e mais esta: Israel providenciou à Alemanha informação "vital", impedindo um grande atentado que tinha por alvo o jogo entre a selecção germânica e a Holanda, que resultaria em "milhares de mortos". Nos fóruns destas notícias os comentários são moderados, e noutros os comentários que duvidem dos factos são apagados. Não estou a insinuar nada com isto, e não deixei qualquer comentário nestes sites, mas penso que era interessante referir isto a título de mais um desses "estranhos" acontecimentos que têm sucedido em catadupa desde a sexta-feira 13. Mas nisto do terrorismo, Israel é indissociável da história recente de atentados, mas façamos primeiro uma resenha histórica.


Achei indicada esta imagem do filme "Life of Brian", dos Monty Python, que curiosamente o jornal Hoje Macau escolheu para ilustrar o artigo desta quinta-feira da minha autoria. Interessante porque este foi um dos exemplos recentes de censura pela Igreja - e aqui quer a Católica, quer a Anglicana estiveram juntas na hora de reprovar a parábola daquela troupe inglesa, que usou a vida de Cristo para uma sátira política. E ficamos assim a saber, ou a recordar, que a lapidação ou apedrejamento até à morte não foi uma invenção do Islão, por exemplo. Sim, já antes do profeta Maomé o lado mau do Homem tinha descoberto um sólido compacto com determinada massa poderia quebrar outro mais frágil. E essa história do martírio ser exclusivo do Corão, bom, temos isto:


E não me venham cá com coisas que eu fui tirar isto de um site cristão onde vinha acompanhado de "aleluias" e outras expressões aproximando-se do êxtase, e vocês ADORAM isto, pelam-se por isto, é colírio para os vossos olhos. Não censuro ninguém, acho óptimo, mas isto É um exemplo de martírio.  O resto das semelhanças fica para o artigo onde falo da Bíblia e do Corão, e aqueles bocados do Islão mais difíceis de engolir. Mas atenção que ninguém é obrigado a engolir nada; a minha opinião é meramente observacional, e não vou destacar as virtudes de uma religião sobre a outra, porque para mim não existem virtudes. Ou melhor, existem, mas como não me deixam escolher apenas as que me interessam, paciência.


 Mas um dos aspectos que "Life of Brian" retratava e que mais incomodava a Igreja era a dos discípulos de Jesus, que após a fundação do Cristianismo começaram a operar na clandestinidade, e mantendo aquilo que vinham fazendo já antes da chegada do Salvador: resistir à ocupação romana. E não se pense que isto se fazia com rezas ou voltas aos santuários de joelhos não senhor. Eram operações programadas de sabotagem recorrendo a meios violentos, e que os romanos designavam por  aquilo que hoje chamamos de terrorismo. Mas atenção, não por esse nome necessariamente, mas o que é um nome, se "terrorismo" depende da finalidade, dando-se um nome mais poético conforme o prisma de onde ele é observado. Aqui para os romanos, que se achavam o "maximus", estes eram terroristas, e a Guantanamo da época era o circo, e os carrascos os leões. A resistência francesa e inglesa eram para nós bravos heróis que resistiam à agressão nazi, enquanto para estes era, naturalmente, "terrorismo". Essa de "todos os terroristas são islâmicos" foi uma desonestidade tremenda, uma vez que existem outras formas de terrorismo, e agora vamos ver mais um momento de humor do nosso especialista em "coerência".


LOOL! Estranho, não é, ver o nosso Pica-Pau, a vítima do terrorismo sem sê-lo, aqui a partilhar um "cartoon" humorístico onde o ISIS sai por cima, e tudo graças ao maior desastre ambiental de sempre no Brasil, quando após o rebentamento de uma comporta em Minas Gerais, foram libertadas lamas no Rio Doce contendo níveis elevados de arsénico, que provocaram a morte a várias espécies animais. Os dedos estão apontados a uma empresa de exploração de minérios, naquilo que é considerado um caso de terrorismo ambiental, ou "eco-terrorismo". Aqui as vítimas são silenciosas, não fazem marchas pelas cidades, nem os perfis no Facebook adoptam a sua bandeira, mas não deixa de ser terrorismo. 


E isto aconteceu HOJE MESMO (hora de Macau, ontem à noite nos Estados Unidos). Este homem que vemos aqui em baixo é Robert Lewis, que entrou numa clínica no Colorado conhecida por fazer abortos e disparou indiscriminadamente sobre quem lhe apareceu pela frente, seguindo-se depois uma hora de troca de tiros com as autoridades. Resultado: 3 mortos e 9 feridos. A clínica em questão vinha sendo alvo de protestos da parte de grupos religiosos, e podem já depreender que não eram islâmicos. Pode-se aqui falar de um  caso de terrorismo cristão. Pode ser que esteja enganado, pois este não é um caso que tenha merecido grande destaque na imprensa, e uma vez que se trata para todos os efeitos de um acto individual, o "ninho de terroristas", neste caso a igreja em causa, fica incólume. Irónico, já que pelo crime do Estado Islâmico aponta-se o dedo a 1500 milhões de seguidores do Islão. Não estou aqui a branquear nada - as coisas são o que são. Eu não pedi para serem assim, nem tiro daí qualquer satisfação. Antes pelo contrário.



E aqui temos um exemplo de fundamentalismo cristão, do tipo supremacista: o Ku Klux Klan, fundado no final do século XIX, na "ressaca" da Guerra Civil, e que esteve particularmente activo durante os momentos mais marcantes da história da emancipação dos negros norte-americanos. E não só: judeus, homossexuais, e até políticos e oficiais apoiantes do fim da segregação no sul dos Estados Unidos, que ainda "mexe", todos no mesmo rol. O KKK começou a perder força nos anos 70, mas muito por mérito do Governo Federal, que infiltrou agentes nas fileiras do grupo, que também se auto-desagregou devido a disputas internas e vários escândalos que vinham sendo noticiados na imprensa - claro que não estamos aqui a falar propriamente de anjinhos. Mesmo assim o Klan tem vários grupos a ele associado ainda em actividade, e calcula-se que tenha entre 5 mil e 8 mil membros em todo o país. Não está desactivado, e pode-se dizer que está apenas "adormecido", bem como...


...o IRA (Exército Republicano Irlandês), e a ETA (Euskadi Ta Askatasuna). Quem tem a minha idade, ou anda por volta dos 40 ou mais, recorda-se de ter crescido com notícias de atentados destes dois grupos que se podem considerar dentro do âmbito do terrorismo separatista, habitualmente conotado com a extrema-esquerda. Este era um perigo real, e os seus métodos eram em tudo semelhantes ao actual ISIS. O IRA levou a cabo vários atentados desde os anos 60, causando centenas de mortos, até à assinatura de um cessar-fogo com o Reino Unido, e actualmente é apenas visível o seu braço político, o Sinn Féinn. A ETA era até bastante popular durante o franquismo, a que se opunha veemente, mas a ascensão de uma facção moderada dos defensores de uma maior autonomia do País Basco, bem como problemas de financiamento, fizeram a ETA perder força. Até aos anos 90 tinham células por praticamente toda a Europa, a até no México, e não raras vezes cometiam atentados perto da fronteira portuguesa, e nas suas fileiras contava com elementos portugueses - um pouco como aquele rapaz, o Fábio de Mem Martins - e nem era preciso uma religião nem um livro sagrado. Estes grupos têm uma espécie de condão de atrair militantes apenas pelo "encanto" da sua causa, e claro, entre jovens com problemas de integração ou socialização, com ambições de grandeza. E o que tem isso a ver com religião, digam lá? Estes grupos chegavam a estar bastante activos, e não me recordo de um pânico como este que se viveu desde os últimos atentados de França. Quem sabe existia menos desinformação, pois o que nos chegava era cuidadosamente seleccionado pelos média.


Agora algo que não se vê nos telejornais, e posso garantir que não se trata de nenhuma daquelas notícias falsas, como as que dão conta do "início da III Guerra Mundial", e que vocês partilham avidamente como se fosse verdade. Este na imagem é Levy Yakété, líder do grupo terrorista anti-Balaka, que pasme-se, é cristão e tem massacrado a população da República Centro-Africana, estando actualmente sob sanções da ONU. Podem bater palmas e achar bem, mas este grupo além de conseguir reduzir a população islâmica da capital Bangui de 138 mil para 90 (noventa), arrasou com mesquitas e forçou muçulmanos a converterem-se ao cristianismo. Quem diria, uh? Esta "limpeza" incluiu assassinatos, massacres, CANIBALISMO, e resultou em milhares de refugiados que se acumulam agora em campos improvisados nos Camarões. O Papa Francisco chega manhã ao país na tentativa de procurar um consenso, entre apertadas medidas de segurança. Excepção? Vejam esta:


Estas suas duas mulheres da etnia Gulu, do Uganda, e o que há de errado com a sua aparência? Os mais perspicazes podem já ter adivinhado: não têm lábios, pois foram-lhes cortados pela milícia que tem aterrorizado o país nos últimos anos, o Lord's Resistance Army (LRA), liderado pelo célebre Joseph Kony, actualmente exilado no Sudão do Sul, que é o criminoso de guerra mais procurado da actualidade. Este grupo auto-intitula-se "cristão de inspiração africana", e de facto é assim reconhecido na sua vertente fundamentalista, e diz "fazer cumprir os dez mandamentos". Isto inclui  escravatura, tráfico de pessoas, tortura e recrutamento de crianças-soldado (66 mil!), toda a loja dos horrores. 


Joseph Kony, aqui na imagem, é um dos homens mais procurados do mundo, com o departamento de Estado norte-americano a oferecer 5 milhões de dólares por informações que levem à sua captura. Tradução: não atinaram com ele. Pelo menos agora, e nem interessa muito, pois as últimas notícias dão conta que se encontra doente e debilitado, e mesmo sem ajuda do Tio Sam há no Uganda vontade de negociar a paz com o LRA. Em plena forma, e depois de ter chegado ao poder aos 27 anos, este senhor casou com pelo menos 88 mulheres, violava crianças, e não pensava em mais nada senão matar, matar e matar recorrendo para isso aos métodos mais macabros e sádicos. Dizia-se "mensageiro de Deus", contactava diariamente 13 espíritos, "um deles chinês", torturava e mutilava mulheres com o pretexto de serem bruxas, e ordenava matanças inspirado na Bíblia, ora em Noé e o dilúvio, ora no castigo que Deus aplicou em Sodoma e Gomorra (imaginem!), e usou a parábola dos porcos possuídos pelo demónio em Gadarena para ordenar a execução de toda a gente que comia porco. Recordo-vos que era cristão. Do "cristianismo radical"? I don't think so. Era um maluco, qual cristianismo qual quê! E por que é haveria de ser diferente se fosse islâmico, e em vez da Bíblia recorresse ao Corão? 


E quem cresceu com o IRA e a ETA, lembra-se certamente destes dois "cromos", os papões do Islão que nos eram impingidos: Gaddafi e Khomeini. E por quem? Ah pois, mas naquele tempo estávamos ainda em plena Guerra Fria e estes eram um "problema periférico". Ambos muçulmanos, sim, mas "a mesma coisa"? Um era sunita e o outro xiita, mas nem que fossem ambos uma das coisas seriam remotamente parecidos. Gaddafi era um beduíno do deserto, filho de um pastor de cabras, e que com o epíteto de "socialista" chegou a presidente da Líbia, cargo que ocupou quase até à sua morte em 2011, mantendo-se no poder 42 anos. A Líbia é um país do magrebe (norte de África) 12 vezes maior que Portugal, e com pouco mais de metade da população. Interessa? Claro, tem petróleo, e enquanto a  face visível da Líbia enriquecia (Gaddafi e o seu séquito), os americanos babavam-se, e chegaram a tentar por mais de uma vez afastá-lo do poder. Khomeini era um clérico islâmico xiita, um homem extremamente inteligente, autor de 40 livros sobre Direito clerical e teocracia, e que após a revolução islâmica de 1979 até à sua morte em 1989 liderou o Irão, desde aí uma República Islâmica, ou seja, sob aquilo que conhecemos por sharia'a. Tinha o título de Ayatollah, ou "sinal de Alá", e era "marja", ou "exemplo, modelo a seguir", mas não era um monstro nem uma espécie de bicho - não tinham consciência de que no mundo há pessoas diferentes de vocês? Era um fanático para os nossos padrões, pois vivia rigorosamente de acordo com a sua religião, mas não impôs nenhum daqueles paradoxos mastodontes que nos assustam; sim, véus, mas nada de burqas; executava homossexuais, porque eram mesmo culpados desse crime, que ali era crime, e hoje também é, mas se não andarem por lá a fazer paradas "gay" nada lhes acontece. É uma questão de manter as aparências para assim manter também a ordem. Não se "inventou" nada para eliminar opositores ou figuras incómodas ao regime - esses eram presos, e eram bastantes, e eram normalmente apoiantes do regime anterior, ou comunistas. E refugiados? Olhem para eles:


Tipo...tipo...ia, nós, tipo, temos a morte a correr no sangue, e cenas, e vamos, tipo, destruir a sociedade ocidental ou isso. Podes crer, vai tudo ser corrido a burqa e cenas dessas, ia. Com que então "Islão". Com que então "religião". 

O Ayatollah teve o mérito de enfrentar os Estados Unidos, que chamava "Grande Satã", sem recorrer à ajuda dos sovietes, a que chamava (juro que é verdade) "Satã mais pequeno". Tentou desde a primeira hora chegar a um consenso com os sunitas, mas "guess what", os americanos apanharam um cagaço quando durante a revolução se deu a crise dos reféns da embaixada de Washington em Teerão, pintando este evento no Ocidente como sendo "terrorismo", mas foi essencial para o Irão garantir a sua independência. O antigo líder do país, que se chamava Pérsia, era o xá (título da nobreza) Reza Pahlevi, que sentido-se ameaçado exilou-se nos Estados Unidos, o seu maior aliado. Os reféns foram a moeda de troca e custaram a reeleição a Jimmy Carter, que foi substituído na Casa Branca por Ronald Reagan. Este negociou a troca dos reféns pelo reconhecimento da República Islâmica, e à pala do que considerava "liberdade e democracia", armou o Iraque sunita, do grande amigo Saddam Hussein, que foi fazer guerra ao Irão durante quase oito anos, custando mais de um milhão de vidas. Ainda não percebem porque é que aqueles tipos andam sempre tão mal encarados? Experimentem crescer com a morte a fazer sombra, a família e os amigos a serem presos por delito de opinião ou mortos na guerra, e vão ver como continuam a ser tão "europeus" assim, ou se se tornam desconfiados, ariscos e se alguém chateia muito, violentos.


Antes de passarmos ao tal "terrorismo islâmico" que tanta incontinência verbal e da outra provoca, vamos recordar este momento, em que a luta contra o terror passou a ter exclusividade, e passou-se a tolerar quaisquer métodos para deter os seus autores. Foi o 11 de Setembro, e todas as teorias da conspiração a respeito da autoria deste horrível atentado são permitidas. Se Bush sabia? Bolas, isso é logo a primeira certeza. Viram a reacção dele quando lhe disseram, lá naquele jardim de infância que  estava a visitar? O gajo é um bronco e toda a gente sabe, e se não fizesse ideia do que ia acontecer metia-se em cima das cadeiras aos pulos e a dar tiros no ar. Sim, depois veio o Iraque e as armas de destruição maciça que nunca existiram, a Inglaterra entrou a "empurrão", se quiserem podem associar isso aos atentados de Londres em 2005, mas a verdade verdadinha, se chegam lá perto, aposto que "somem" misteriosamente. Porque o efeito do terrorismo é mesmo esse: deixa as pessoas baralhadas e em pânico durante algum tempo, e enquanto anda tudo a olhar para cima para ver se os aviões caem, a quem interessar esta tragédia vai dando o próximo passo  - isto não sou eu a debitar letra, isto aprende-se, e só não sabe quem não quer. Na Geopolítica abrem mapas em cima da mesa, e as Torres Gémeas que caíram no 11 de Setembro são uma peça como outra qualquer, e as pessoas nem entram nas contas, são um "dano colateral" - vocês não ouviram os americanos a dizer isto ainda muito  recentemente?


E pronto, deu-se o 11 de Setembro, foi-se remexer no esterco, e encontrou-se Bin Laden, a Al-Qaeda e os Taliban, os macaquinhos amestrados do terrorismo - isto até serem destronados pelo Estado Islâmico, lá está. Apedrejamentos, decapitações, mulheres a toque de chicote. Esta última parte era a que faltava para pintar o quadro negro do Islão: assustar as senhoras, e reavivar-lhes os fantasmas do marido dominador e violento (cf. Genesis 3:16). As mulheres do Ocidente ficaram logo de pé atrás com o Islão e não quiseram saber mais nada sobre...não quiseram saber NADA, ponto. Porque se fossem saber viam que...(e atenção que não estou aqui a vender nada a ninguém):


A "direitada" - importam-se que eu lhe chame assim, ou preferem NAZIS? - tem a mania de mostrar as "verdades" a meio. Uhhh, olha o que o Islão faz, uhhh que medo, uhhh que cheira mal. Bah. Portanto a História passa de 1967 para 2011, quando mulheres sofisticadas e de bom gosto resolvem acordar de um coma de 44 anos e decidem ser múmias deprimidas. Ai sim?


É que só assustam quem vê títulos ou quem não procura saber as coisas (infelizmente muita gente). Façam-me o favor de ir esfregar isto nas ventas nojentas da sra. Le Pen, da Maria Vieira e de toda essa escumalha que anda a arejar a rata para receber o führer! O que aconteceu entretanto? Os russos invadiram aquela m... e f... aquilo tudo! Em 1973 o Afeganistão tornou-se uma república, num golpe de estado sem derramamento de sangue, e ascendeu ao poder um governo progressista que visava modernizar (ainda mais) o país. Em 1978 revolução socialista, apoiada por "guess who", guerra civil durante 10 anos, retirada dos russos em 1988 porque precisavam de ir para casa "acabar", e pimba! revolução islâmica em 1990 e foi o que se viu. Aqui sempre, mas sempre, desde sempre que o Afeganistão é um país islâmico. Mas o Taliban surgiram de onde, afinal?


Foi o RAMBO quem os treinou, e ensinou-os a ser cruéis e brutos como as casas e tratar as mulheres abaixo de cão! Mau, Rambo, mau Stallone! E sorte delas que eles não eram bons alunos, senão já tinham ido todas pelos ares à bazucada. Sim, meus amigos, é como consta neste documento histórico "Rambo III". O Islão estava muito sossegadinho, até as merdosas super potências porem os fanáticos no poder, armá-los até aos dentes, e daí irem lá buscar o petróleo. Limpinho, limpinho. Estes taliban eram uns selvagens, e claro que sem democracia têm que se pôr os mais estúpidos, trogloditas e imbecis a tocar o rebanho, porque se fossem inteligentes iam querer disputar o poder, também. Estes gajos eram pastores e agricultores que os americanos armaram para combater em mais um palco da Guerra Fria, e no fim esqueceram-se de pedir para devolver o material. Estudantes do Corão? Ó meus amigos estão a ler isto tudo ou a ver só os bonecos? Era o que havia ali, a religião daquele país, queriam que eles lessem o quê? Se fosse a Bíblia era e-xac-ta-men-te a mesma trampa. Se fossem as receitas do chefe Silva (paz à sua alma) andavam os afegãos todos com ervas-de-cheiro a sair das orelhas e com um limão no cu. Quando é para manipular uma religião com o fim de obter o poder e controlar as massas, basta dar as interpretações mais malucas e alucinantes a coisas aparentemente inocentes. É só pegar em coisas fora de contexto, acrescentar, exagerar, omitir, no fundo é isso que as religiões são: banha da cobra. Mas o mais importante não é ter os fiéis na mesquita ou as mulheres vestidas de burqa; é preciso controlar o exército, senão, nem com toda a população do seu lado menos os militares conseguem chegar lá.

Eu não quero que Portugal se torne islâmico, e nem isso vai acontecer. É ridículo que se pense que de um dia para o outro se vá abandonar o nosso sistema democrático e ir-se viver de acordo com a religião - e olhem que vivemos assim mais do que parece - mas não pensem que é por causa da religião que as pessoas têm problemas. E se são refugiados, claro que não alinham com aquela caca que lá anda, e se vêm "terroristas infiltrados", não é para a casa das pessoas que vão acolher os refugiados - vocês pensam que os terroristas querem vocês para quê??? Agora vamos saber o papel de Israel no meio de tudo isto.


Desculpem lá, mas é que com os média a mostrar apenas um dos lados, eu prefiro mostrar este, mas saibam que não tenho problema nenhum com Israel - ao contrário de alguns israelitas. Sabem o que mais? Eu já fui como vocês, quando tinha...uns onze ou doze anos. Para não dizerem que estou a ser espertinho, permitam-me que seja antes espertalhão: a idade mental era 15. Bestial ah? Assim já pode ser. Portanto nesse tempo incutiram-me o mesmo que a todos os meninos ocidentais, qual vacina BCG do politicamente correcto (termo que tem andado por aí pelas esquinas a prostituir-se): os islâmicos são uns "gandas" terroristas. E porquê duvidar, se são aqueles tipos que vemos na televisão todos enfaixados de lenços a gritar "glugluglu" como um peru e depois a rebentar? Parece-me evidente que isto é uma praga, e onde é que anda o pesticida? É Israel, claro, e cada vez que nos era aumentada a dose deste ódio contra alguém que nem conhecíamos, vibrávamos e aplaudíamos cada míssil que os zionistas rebentavam lá na toca dos terroristas. Bum! Yessss! USA! USA! Iam lá depois aqueles fanáticos pela rua a exibir os cadáveres dos meninos, para toda a gente ficar com pena deles, nojentos. Porque isso vocês nunca seriam capazes de fazer, claro, mas por outro  lado imaginem que  estavam no funeral de um ente querido vosso, e a meio do mesmo vinha mais uma das convulsões de choro destas ocasiões, como se a morte fosse uma coisa completamente injusta, e só acontece a alguns, e lá começavam vocês "porquêêê...?!?!" - isso é mesmo para responder? E que tal filmar tudo e distribuir pelo mundo inteiro, aberto às interpretações que qualquer um quisesse dar, e ainda sujeito a conotações e insinuações de toda a espécie, incluindo a sexual. Se for com narração chama-se "propagação"...da mesma interpretação, que até pode estar a ser feita por um cientista louco no contexto de um plano maligno para acabar com a raça humana, mas se for digerível pela nossa requintada flora gástrica, e ainda agradável ao toque no palato, que venha em travessas a transbordar, e se eu quero repetir? Podem trazer já mais outra. Ora essa, dona condessa!


Mas entretanto comecei a dar com certas pessoas que, imaginem lá vocês como é isto possível: apoiavam a causa palestiniana! Meu Deus, estes tipos querem-nos a matar a todos! Quem sabe se lá entre eles não está um bombista suicida? E a gritar palavras de ordens contra Estados Unidos e Israel??? Ora essa, Estados Unidos ainda lá vá, que é o nosso chupa-chupa placebo, que gostamos  de apontar defeitos para parecermos menos pobres e rústicos que eles. Muito bem, portanto Israel "nasceu" em 1948, e foi colocada no território do antigo protectorado britânico da Palestina. Antes disso foi o que se sabe, a II Guerra, o nazismo, e uma espécie de descargo de consciência levou-os a serem instalados na sua terra do...


...tempo do rei David, isto está certo assim? Há quem defenda que de facto está, apesar de depois disto ainda terem passado por lá os helénicos, os romanos, os bizantinos, e depois das cruzadas ainda os mameluques, o Império Otomano e finalmente os britânicos, antes do surgimento do Zionismo em finais do século XIX,  e a guerra israelo-árabe que culminou na independência, em 1948. Bem, nesse caso...


...isto também. Não, não me venham com merdas, que É AINDA MAIS CERTO! Gostam tanto de Israel, mas lembraram-se disso quando lhes sacaram a massa toda e os obrigaram a converter-se? E quando os andavam a queimar na pira da inquisição? Não sei se vos custa ler isto, mas eu como não tenho religião e para mim tudo isso são crimes, desde a Inquisição ao Holocausto e este mais recente...mas esperem lá, já sei o que estão a pensar. Não, não me esqueci, e aqui vai.


Pois é, Munique, Jogos Olímpicos de 1972, um incidente lamentável. E não estou a ser cínico nem sarcástico nem nada, foi mesmo lamentável. Mas neste caso o que aconteceu foi exactamente aquilo que o terrorismo pretende: causar impacto, e fazer com que ninguém esqueça. Teve o efeito desejado. Depois...


Esta é uma fotografia que os "direitretas" adoram partilhar, como se fosse a única que existe dos dois pólos do conflito. Mas para mim são todas execráveis, esta e as restantes que aqui vou mostrar. Portanto estes farricocos não são das Festas da Nossa Senhora da Agonia, mas antes da Agonia, ponto. São o Hamas, grupo que se radicalizou. Aqui vocês pode perceber qual foi a pescadinha de rabo na boca que a sra. Le Pen usou. Ninguém falou de Islão moderado ou radical, há sim grupos terroristas que se radicalizaram, e lá apareceram os tais homens-bomba. Que coisa essa, os homens bomba, se bem que no outro dia estava uma senhora histérica com medo que os refugiados-islâmicos-terroristas-etc. lhe fossem aparecer lá em Unhais da Serra a dizer que "são como uns kamikaze". Exacto! Os kamikaze (vento divino, literalmente) eram uns pilotos japoneses que despenhavam-se juntamente com o avião nos seus alvos, de modo a causar mais danos no reduto do inimigo. Coisas da honra e não sei quê, não é para a "Europa" entender. Mas de facto custa-nos a engolir isso do martírio com bombas à cintura, e em "custa-nos" também me incluo, obviamente. Mas vamos ver se este exemplo ajuda a entender melhor.


A este ponto gostava de deixar claro que tudo o que vem aqui exposto é completamente verídico e verificável, e é possível que tenha cometido uma ou outra imprecisão em matérias onde falo de cor, mas de certeza nada que vá alterar por aí além a verdade. Os meus caros compatriotas, bravos, que nada temem a não ser a morte, o terrorismo, os refugiados, os ciganos e mais umas 377 coisas, vejam se me acompanham neste raciocínio. Israel é aqui os "refugiados", e de facto estamos no pós-guerra e existem milhares de sobreviventes do Holocausto sem uma terra para chamar sua. Ora vocês não os querem, como não queriam estes da guerra da Síria, nem outros queriam estes aqui do exemplo. Agora imaginem que os refugiados de Israel eram-vos impostos por uma terceira parte, uma potência com a qual nunca poderiam sequer levantar a garimpa sem levar logo uma ripada. Muito bem, os "refugiadinhos", como vi por aí um palerma escrever, não iam apenas para o  vosso país, ou cidade, ou rua: iam para a vossa casa, mesmo contra a vossa vontade. Muito, muito contrariados, iam ficar vocês. Putos da vida, e mais ficavam ainda quando os refugiados vos começassem a enxotar para um canto, mais à vossa família, vizinhos etc., até que praticamente nem um canto da varanda tinham para ficar encolhidos a dormir. Se protestassem, os refugiados davam-vos na mona e se quisessem reagir a tal potência dava-vos a dobrar, e ainda se ficavam os dois a rir. Pergunta: quanto tempo acham que iam aguentar até meterem um cinto de bombas à volta da cintura e rebentar com aquela m... toda? Acho que para saber é preciso passar por isso, não é?


Esta imagem - impressionante, deveras - é amiúde partilhada por aqueles que dessa forma pensam estar a combater o terrorismo. Irónico, e atendendo ao que expus no parágrafo anterior, fico mesmo muito baralhado. É no mínimo lamentável que saibam exactamente que imagens usar para agredir o inimigo, quer esta, "cartoons" do Jyllands-Post, referências ao "profeta pedófilo", em suma, tudo o que sabem, que aparentemente não é muita coisa. A mim custa-me ter que fazer isto porque pensei que pelo menos poderiam refrear um pouco esse ódio que chega mais a parecer próprio das claques de futebol, que se pode detectar naqueles adeptos mais...fanáticos? Palavra forte esta. Nenhuma religião é "da paz", portanto o Islão também não, naturalmente. E como podia ser? Fiquemos com umas imagens lindas, lindas, que nos dizem imenso da amizade entre os povos separados pelas religiões. Espero que tenham gostado da apresentação, e eu sei que detestaram, mas eu também não achei lá muita piada, e a mim é que deu este trabalho todo, ainda por cima. A verdade é assim, meus amigos, vai para lá daquilo que as burqas e os capuzes nos deixam perceber. Aguardem muito em breve a dissertação sobre o Corão e a Bíblia!


Esta queria dedicar ao Hugo Gaspar, o Firehead. Engraçada a maneira como o outro menino refugiado coça o pescoço, não é? Tem mais graça ainda a forma como este simpático soldado brinca com aquele menino não acha? Pum, pum! Olha como os pais também se divertem tanto. Ah, espera, se calhar são "refugiados". Claro, as aspas estão lá por alguma razão. Uma triste razão. 







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