Ajudar é um dever

Hoje foi um dia sem carro. Ao voltar para casa passei pelo Largo do Senado, que para quem não sabe de tão habituado que está a ser escravo do amigo de quatro rodas, é lindíssimo no final de tarde nestes dias quentes de início de Verão. Foi quando deparei com um jovem casal de backpackers de aparência escandinava, vermelhos como lagostas, no meio da praça a olhar para um mapa, com um ar perdido. Aproximei-me e perguntei-lhes se precisavam de ajuda. Disseram-me então que procuravam a Rua da Felicidade. Que sorte, fica mesmo no meu caminho de casa, pelo que tive o prazer de os levar lá. Fiquei a saber que eram noruegueses, que tinham estado na Rússia, na China e tinham chegado de Hong Kong há uma hora. Procuravam uma pensão barata. Levei-os então à San Va, a tal que teve um alarme de bomba há duas semanas. Não lhes disse isto, mas estou seguro que um local que teve uma ameaça de bomba recentemente tem menos possibilidades de rebentar que outro que nunca teve. Essa lógica é da minha autoria. Deixei-os na pensão, desejei-lhes uma boa estadia e fui para casa.

Não são os primeiros turistas que ajudo, e só tenho pena que seja eu a perguntar se precisam que os ajude. Quando viajo não me inibo de perguntar aos cidadãos locais seja o que for: onde fica uma rua, qual o melhor lugar para comer, ou como chegar a um destino. Contactar com a população de um local é também uma forma de conhecer esse local. Já basta cada vez que vou a Hong Kong, por exemplo, quando quero perguntar aos residentes onde fica a rua tal, e passam por mim a correr acenando com as mãos como se tivessem a enxotar moscas. Daí que não surpreenda que estes rapazes não tivessem perguntado, habituados que devem estar à simpatia das pessoas, e à cada vez maior indiferença da humanidade pelo seu próximo. No entanto hoje fiquei feliz, pois sinto que cumpri o meu dever como cidadão de Macau.