A Escola Portuguesa de Macau está a comemorar o seu 10º aniversário, e decorreu hoje no grande auditório do Centro Cultural um espectáculo em que os alunos foram as grandes estrelas. Mais de 500 crianças participaram numa festa que teve de tudo: comédia, música, dança e drama. O espectáculo começou depois das 20:00 (atrasadinhos do costume) e terminou para lá das 23:00.
Passaram pelo palco do CC a banda da EPM, bailarinas, variedades, e até as
cheerleaders, o Can-can e tango celebraram a diversidade. Não me quero perder em pormenores artísticos, até porque a maioria dos pais estava lá para filmar e tirar fotografias aos filhos. Só posso dizer que o espectáculo podia ser mais gigga se não tentassem ser tão gigga, e em vez disso foram gigga. Giggam?
Um grupo de alunos do 10º ano chamou-me a atenção com um
sketch intitulado "Pastelaria Queque", interpretado em verso, e que foi a "crítica social" do serão, ou a "comédia de costumes", se quiserem. Não se pode dizer que tenha sido hilariante, mas quando tiveram a oportunidade de "entrar a matar", não o fizeram. Por respeito?
Muitas câmaras de filmar e máquinas fotográficas registaram o momento. Chegou a haver alturas em que se pedia escuridão, mas viam-se flashes por toda a sala. Outro momento curioso foi quando os tais Giggas relevaram as suas preferências clubísticas, recebendo aplausos e vaias da audiência. Meus senhores, é mesmo necessário berrar a alto e bom som em toda a parte se são do Porto, do Benfica ou do Sporting?
8 comentários:
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Não nada de mal para se dizer, não é?
Parabéns EPM, que conte muitos mais e muito obrigado pelo serão de Sábado.
Olhe, caro anónimo, por acaso até há.
Sabe, hesitei em escrever aqui porque tenho grande consideração e respeito pelos professores da escola portuguesa. São verdadeiros herois, e o facto dos seus alunos manterem médias superiores às de Portugal Continental são um excelente indicativo da qualidade de ensino.
A crítica, porém tem de ser feita. E criticar o quê? O ensino do mandarim, preterindo o cantonense.
Já falei nisto anteriormente. No dia do espectaculo, não pude evitar a tristeza, como natural de Macau, de me sentir a ver um espectaculo "estrangeiro".
Em Macau, fala-se o cantonense. Que tristeza quando um rapaz, Macaista, presumo, anuncia a peça em mandarim...
Mais uma vez, o que isto revela é que a cidade de Macau, para os que estipularam o curriculum da Escola, não "existe": Não é local de futuro para os novos portugueses de Macau.
Aprender cantonense não é, de forma alguma, fechar a porta ao mandarim. É abrir, isso sim, as portas da nossa comunidade ao mundo Macaense. Imagine quanto poderia contribuir se realmente comunicasse e compreendesse a restante população?
O Cantonense é um dialecto com milhares de anos de história. Actualmente é falado e ensinado em Hong-Kong, Cantão, Singapura, Malásia e grande parte da comunidade chinesa nos E.U.A e Canadá. Falamos de um número de falantes que, imagino, rivalize o dos falantes de Português no Mundo.
Ensinando os nossos miudos, primeiro, a ler e escrever em Cantonense (como se faz nas escolas chinesas de Macau)facilmente se lhes ensina o mandarim, depois. Qualquer professor de uma Escola Chinesa pode comprovar isso.
Não será finalmente a altura de nos preocuparmos com esta terra?
Não será altura de abrirmos os olhos e entendermos que a Escola Portuguesa de Macau deveria dar aos miudos instrumentos para poderem viver e construir um futuro em Macau?
Já agora, e a história do território? Não poderiam ensinar? E um pouco de cultura Macaense? Workshops de Patuá, culinária, ritos, lendas, etc?
Contudo, parabéns à E.P.M e aos Professores, por dignificarem o ensino da Lingua e da Cultura Portuguêsa em Macau. Agora haja visão em tornar esta verdadeiramente uma Escola de Referência de Macau! Uma Escola a rivalizar os "Canadian's Schools", etc, ou os "Institutos Espanhois", referencias em Portugal- uma Escola onde qualquer habitante de Macau, independentemente da Étnia, procure colocar o seu filho pela excelência da Educação!
Fala-se muito de meios, mas é preciso visão e força de vontade. Meus caros, solidifiquem as raizes, e depois lancem as sementes!
Caro anónimo das 4:34,
Tendo o maior respeito pelas suas opiniões assim com pela forma como foram apresentadas, gostava de lhe apresentar as minhas:
Sobre a lingua chinesa:
Uma grande parte dos pais dos alunos que frequentam a EPM (entre os quais eu me incluo) não sentem uma estabilidade que lhes (nos) permita fazer planos a muito longo prazo em Macau. Sabemos que o mandarim poderá um dia ser muito útil para os nossos filhos onde quer estejamos, já o cantonense seria muito útil em Macau, Hong Kong e Cantão. Em Singapura, na Malásia ou em qualquer outro lugar, o dialecto chinês mais falado é o mandarim e não o cantonense como afirma. Mesmo em Macau, Hong Kong e Cantão, cada vez existem mais falantes de mandarim, tendendo este a substituír, a médio prazo, o cantonense (se alguém duvidar, prometo desenvolver o tema).
Sobre a História:
Foca um ponto muito interessante. Só me apercebi desta questão cá.
Que História sujere?
A versão portuguesa?
A versão chinesa?
Pessoalmente, desconfio de ambas, mas acredito que só não é ensinada nenhuma porque não são coíncidentes, ie, não houve acordo. Resta esperar por 2049, nessa altura surjirá, como que por milagre, uma História de Macau desde 3000 ac, com fotos a cores e em papel couché.
Caro anónimo das 11:22,
Agradeço a sua respostas, pela forma clara como expos os seus pontos de vista.
Permita-me, então, desenvolver o raciocínio que comecei no post anterior. Tenha em consideração, contudo, que esta é, naturalmente, uma opinião pessoal.
Sabe, ignorar o Cantonense, a meu ver, é ignorar a cidade de Macau. As incertezas que sente, a insegurança no seu Posto de trabalho é reflexo disso, da "distância" e da incompreensão para com quem o emprega, e vice-versa. Essa insegurança não acontece quando o empregador é portugues, caso da Advogacia, nos Jornais, Ateliers, etc. Naturalmente, pela compreensão e comunicação entre empregador e empregado. Ao se integrar, ou seja, ao aprender a falar com o seu próximol, quebra barreiras, aproxima-se do próximo, do colega chinês, e, mais do que um estrangeiro, acaba por ser visto como uma "pessoa", um cidadão local. A possibilidade de tal acontecer é, a meu ver, a mais valia que marca a diferença para com qualquer outro Povo Europeu ou Ocidental que queira comunicar com Macau, onde os olhos do mundo estão virados, e a China. Infelizmente, negligenciamos isto.
Faço um paralelo com a ppolítica de investimento Português. Os Empresários "saltam" esta paragem, como se não existisse e tentam "Fazer contactos directos com a China Continental", para evitar intermediários. Porém, o investimento é pouco, queixam-se, por receio e incompreensão. Cá está, a falta de comunicação.
Este desprezo por Macau entristece-me, sabe porque? Porque vejo sinais tão obvios de tentativa de aproximação, até nas mais pequenas coisas, que o Executivo local faz. Deixe-me partilhar alguns detalhes que tenho observado. Coisas engraçadas, mas, para quem conhece a China, significativas.
Diga-me: já viu qualquer outro representante de qualquer executivo chinês, em conferências de imprensa e em reuniões com jornalistas, a beber água do Luso? Pois bem, o Governo local faz-lo. Aqui, os vinhos Portugueses são tratados como luxo, onde até temos um Museu (!) do mesmo. É servido em todas as deslocações do executivo. Foi, recentemente, condecorada a Tuna Macaense, e o folclore Português dançado em Macau irá estar nos jogos Olimpicos de Pequim
São tantos os sinais dos esforços da comunidade local para procurar chamar a atenção a Portugal para se aproveitar desta mais valia que não posso evitar e ficar triste com esta atitude de desprezo. Não aprender o cantonense, é, a meu ver, mais um passo nessa direcção.
Mais valia, a meu ver, é ter uma capacidade única que diferencia dos outros. Algo que lhe permita um acesso único e singular. Como país Ocidental, Portugal tem em Macau a sua mais valia na China, em comparação para com os restantes povos do Ocidente.
Nãoo sei se ouviu o discurso do "Chefe", ontem, mas mais uma vez destacou que a "comunidade Portuguesa é integral a Macau". Tais palavras significam muito. Poderá interpreta-las como mero discurso político de ocasião, mas a verdade é que esta terra, dos Macaistas, da Escola Portuguesa, do Património Mundial, das danças Folcloricas, da cultura macaista, etc. etc. é essa mais valia.
mais, aprender o Cantonense, em Criança, não impede que se aprenda o Mandarim. O Cantonense é, como é reconhecido, mais dificil de aprender. Aprendendo o Cantonense, a passagem para o mandarim poderá ser feita de um a dois anos.
Muitos quadros locais, que não sabiam mandarim, aprenderam a lingua em 1 ano em cursos de formação. Isto diz alguma coisa.
Gostaria que desenvolvesse o "médio prazo". Médio prazo, a meu ver, será talvez colocar o carro à frente dos bois, estando as escolas chinesas a leccionar em primeiro lugar o cantonense e depois o mandarim. Cantonense, opbiamente, como "primeira lingua" .
(não tive tempo de reler o "post. Peço, portanto, um desconto pela incorrecção do português ao longo do texto)
Naturalmente que me entristece ver cada vez mais Macaistas a colocar os seus filhos em escolas chinesas, mas a verdade é que não posso deixar de os compreender. Não será, certamente, pela qualidade de ensino, mas pela garantia de assegurar a sua integração local e a possibilidade de vingar no mercado de trabalho.
Escola Portuguesa de Macau, a meu ver, deveria significar "Escola Portuguesa para Macau". E para Macau é não só para os filhos dos 2, 3 mil Portugueses do Continente, que- e perdoe-me a generalização- apenas se encotram por cá de passagem, mas sim para os naturais de Macau e os que pensam cá ficar.
É evidente que, cada vez mais, a Escola Portuguesa terá menos alunos: não pela qualidade do ensino, mas pelo desfasamento que tem para com a sociedade local.
Quanto ao ensino da História, não sou professor, mas se o problema é encontrar algo "oficial", Porque não ir buscar a informação aos vários museus de Macau? Museu Marítimo, Museu de Macau, etc. Se está nos Museus, que são do Governo, é porque essa versão da "História"tem aprovação Governamental-"oficial", por assim dizer.
Quanto ao Património Mundial, a história dos monumentos deverá estar disponivel quer no Instituto Cultural quer na DST.
Será assim tão dificil?
Caro anónimo das 4:34,
Peço desculpa por só agora retomar a nossa conversa. É para mim um privilégio poder trocar consigo estas impressões, sobretudo pela forma correcta e construtiva com expõe, bem diferente do que tenho assistido neste espaço.
Concordo em absoluto quando diz que o cantonense é a lingua do presente em Macau. Reconheço também a boa vontade e empenho do governo de Macau no reforço dos laços culturais e de amizade (ou mesmo fraternidade) entre a RAEM e Portugal, quantas vezes sem resposta à altura do governo português, como se pode constatar pelo representante com que fomos brindados este 10 de Junho. Infelizmente, sinto que a vontade do governo não é seguida pela sociedade civil.
Onde as nossas opiniões se separam é no futuro da lingua na RAEM.
Julgo que a tendência do mandarim para se tornar “lingua franca” por cá é cada vez mais irreversível.
Devido a uma politica de protecção de emprego completamente errada, a maioria dos jovens de Macau trocam a escola por uma mesa de jogo, o que fará com que, cada vez mais, os quadros técnicos superiores (médicos, engenheiros, economistas, gestores, etc...) sejam contituídos por mão de obra importada, mesmo sendo uma sociedade extremamente nepotista. Macau necessitará cada vez mais destes quadros que não se formam em cursos nocturnos. Antes, estes eram importados de Portugal, agora passaram a ser importados do continente.
Na minha opinião, o futuro de Macau são estes novos emigrantes, e estes falam mandarim.
Espero não ter sido muito confuso, este texto e, sobretudo, o caro amigo, mereciam-me um pouco de mais de tempo.
Ao anónimo da 23:22 de 10 de Junho:
Antes de mais, seja bem vindo a esta troca de ideias.
Pela História de Macau que aprendi na escola, Macau foi “oferecido” aos portugueses como gratificação pelos bons préstimos na defesa dos ataques dos piratas.
Cá constatei que somos vistos por muita gente como (ex-)colonizadores ou (ex-)conquistadores.
Sendo esta uma questão fundamental na História de Macau, nem uma nem outra versão são abordadas nos museus de Macau, nem tão pouco acredito numa nem noutra e pela mesma razão: nessa altura, a nossa população na zona não conseguiria nem garantir segurança à população residente (de Cantão? De Macau não certamente, se não não nos etregavam o território. Para quê defender um teritório dos piratas se depois se vai entregar aos portugueses, que, quantas vezes, não eram senão também piratas?) nem conquistar ou colonizar um território com uma cultura e tecnologia já desenvolvidas (note-se o que aconteceu no Norte de África e a distância era muito menor).
Na minha modesta opinião, o estabelecimento dos portugueses em Macau só foi possível com o consentimento dos chineses, e esse consentimento só foi possível com vantagens para estes, ou seja, teve tudo a ver com trocas comerciais interessantes para ambas as partes.
Cumprimentos
Caro anónimo das 6:01,
Os dois anónimos anteriores são a mesma pessoa. Apenas houve "unchinho" mais de tempo para redigir e corrigir o texto :)...
Tendo lido o seu comentário com grande interesse- concordo consigo, esta partilha está a ser de grande interesse- permita-me colocar-lhe isto à reflexão: Não acha que, para um establecimento de ensino primário, básico e Secundário, como é a escola portuguesa, abordar temas básicos e estabelecidos, como os comunicados nos Museus do Território, abertos ao Publico em Geral, seria já uma forma significativa de criar um sentimento de pertença e consciencia civica local, por exemplo? Não será melhor do que nada?
É que, hoje, nada se ensina. Resultado? Desresponsabilização civica da comunidade jovem, desprezo pelos acontecimentos sociais locais... Enfim, não integração. Isto, evidentemente, é uma análise básica baseado em senso comum.
Como digo, essa informação oficial encontra-se há disposição do público e é igual para todos.
É evidente que existem assuntos polémicos. Mas também é evidente que muito se pode ensinar sem se entrar em polémicas. Datas, funções dos edifícios agora património Mundial, ritos e feriados de Macau (celebrados actualmente. Embora, claro, gostasse que se ensinasse sobre o 24 de Junho e o que representa para Macau.), até, falar-se do Macaista e da cultura Macaense? (representada também no Museu de Macau.)
Insisto: existe informação sobre história de Macau CONCENSUAL à disposição de todos. Sim, nos Museus.
Quanto à lingua, embora respeite a sua opinião, não posso concordar consigo.
Sim, o representante de Portugal no 10 de Junho foi lamentavel. mas, diga-me, desde quando esta comunidade alguma vez pode contar com Portugal, pós 99? (sei que com isto estou a abrir a porta para o Vitório cá aparecer com a sua história do costume.)
A comunidade portuguesa local, como diz o "Chefe", é parte integral de Macau". Como tal, deveria estar com a população de Macau e a trabalhar para, juntos, afirmarmos e criarmos um Macau melhor.
A atitude de negar o Cantonense é afastar essa possibilidade: é fazer com que pessoas como o representante de Portugal nas celebrações do 10 de Junho, que temos que meter na cabeça que virão mais e com o mesmo discurso, tenham razão em riscar dos seus discursos a palavra "Macau".
Ao negar o cantonense, caro anónimo, fecha a porta a querer comunicar verdadeiramente com os Macaistas e com os Chineses de Macau. Apenas será, então, para trsiteza minha, como um qualquer outro "estrangeiro" kuai lou que anda por aqui.
Caro anónimo, esta é também a sua terra. pense nisso!
Caro amigo (espero não estar a abusar, mas já o considero com tal),
Noutros posts mais frequentados já teriamos sido crucificados e já teriamos um ou dois manifestos do VRC sobre igreja, pátria e família.
Esta é de facto a minha terra, hoje, mas até quando? A minha questão é esta. E faz toda a diferença.
Não me estou a queixar de nada, estou até muito grato à RAEM pelo que já me deu até agora, mas ainda não me sinto em casa, sou da classe das MOP#3000, ou seja, ainda tenho as malas preparadas para partir. E se tiver que partir, será mais fácil encontrar o ensino de mandarim do que o de cantonense. Por outro lado, não sendo a República, como aprendi aqui a chamar, o próximo destino, mas sim Inglaterra (Londres), onde o mandarim é mais popular que o cantonense (também fiquei surpreendido), no meu caso, por mais particular que possa ser, a opção pelo mandarim é a melhor, talvez o tempo me venha contradizer , mas diz o velho ditado:
Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar. E sei que o mandarim será muito útil aos meus.
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