Este é o extracto de um momento do programa Cinco Para a Meia-Noite de ontem, dia 25 de Maio, onde o convidado foi o grande, o imortal Herman José, a grande referência do humor em Portugal dos últimos 40 anos. A certo ponto, a apresentadora Filomena Cautela perguntou-lhe sobre Maria Vieira, actriz que muitos espectadores da minha geração associam à época dourada de Herman, tendo feito parte da equipa que levou ao pequeno ecrã alguns dos mais memoráveis momentos da história do humor em Portugal, durante os anos 80 e 90. Ora como se sabe, "o leite azedou", e já no início deste ano tivemos uma polémica entre Maria Vieira e a Ana Bola, outra actriz que trabalhou com Herman durante muitos anos, e tudo por culpa de pontos de vista políticos divergentes - quem está por dentro do assunto sabe do que se trata, certamente.
Herman foi evasivo a este respeito, mas disse algo que importa reter: não é Maria Vieira a autora da sua página do Facebook, isto não é segredo nenhum, e tal como aconteceu com os livros de viagens publicados pela actriz, é o marido, Fernado Duarte Rocha, quem escreve por ela - o que para começar, já é de validade moral e ética bastante discutível. A certo ponto Herman afirma mesmo que "Maria Vieira não tem grande capacidade para escrever, e o marido adora escrever" (imagino o que deve ter sido, lá pelo condomínio do Monte Estoril...). Ora bem, para qualquer pessoa com dois palmos de testa, isto é por demais evidente, e basta ir até à página de Maria Vieira no Facebook para perceber que a retórica ali debitada vai muito, mas mesmo muito além da imagem de simplicidade e inocuidade que a actriz transmite a quem desde sempre tem seguido a sua carreira, mesmo de longe. O problema é que o autor não assume os textos, e aproveita-se da popularidade da mulher para passar mensagens, eu diria mesmo propaganda, de teor político. Tudo bem até aqui, mas o ódio cego que o conduz chega a fazer-lhe perder completamente o norte, e a certo ponto deixa mesmo de fazer qualquer sentido. Ontem tivemos mais do mesmo:
Não é verdade que Mourinho tenha ganho pela primeira vez a Liga Europa, pois já o tinha feito em 2003 com o FC Porto, e se os preciosistas mesmo assim insistirem em embirrar, e dizer que na altura a competição se chamava Taça UEFA, também outro português, André Villas-Boas, ganhou esta mesma Liga Europa em 2011, igualmente com o FC Porto. Até um cego vê que ali o interesse não é que os telejornais abram com a vitória do Manchester United, nem sob o pífio pretexto de que ocorrerem os atentados naquela cidade inglesa dois dias antes (?) - o troféu é inédito APENAS para o Manchester United, que assim o conquistou pela primeira vez na sua história. Aqui os alvos são os mesmos de sempre: islâmicos, Cristiano Ronaldo, e agora Salvador Sobral, vencedor da Eurovisão, que irritou de sobremaneira o sr. Fernando Rocha com a camisola que ostentou antes da final do certame, onde apelava à ajuda aos refugiados. Para rematar, o habitual azedume contra o governo do PS em particular, e a esquerda em geral. Fernando Rocha destila ódio por todos os poros, e nem faz um pequeno esforço para dar sentido à verborreia que publica. Como se viu aliás num dos comentários à entrada acima reproduzida:
Um tal sr. Rui Peixoto resolve discordar do ponto de vista do autor, e fá-lo de forma mais diplomática do que aquilo merecia, saindo em defesa de Cristiano Ronaldo, neste particular. De outra forma veria o seu comentário apagado, e seria bloqueado, como é da praxe naquela infame página! Fernando Rocha insiste na mesma tecla, e o seu ódio mesquinho ao melhor jogador do mundo leva-o mesmo a elogiar o seu maior rival, o argentino Lionel Messi, fazendo deste um modelo de virtudes. Eu não sei se o sr. marido da Maria Vieira sabe, mas Messi foi esta semana condenado a 21 meses de prisão por evasão fiscal! Que exemplo, deveras. E se aqui volta a bater na mesma tecla anti-governo e do desprezo pela comunicação social em Portugal, mais à frente consegue fazer ainda pior:
Para já não "vive alternadamente"; esteve no Brasil por três vezes, e a última delas durante cerca de cinco meses, que foi o período mais longe que lá passou. Mas se isso já pode parecer embirração da minha parte, e dou-vos isso de barato, o que dizer da afirmação "90% dos brasileiros ODEIAM o Cristiano Ronaldo, e IDOLATRAM o Messi"? Sem ter aqui os dados concretos, alegar que 20% dos brasileiros o fazem já seria um tremendo disparate. Esta é uma das características mais salientes destes debitadores de retórica de extrema-direita; acham que a sua opinião e a de poucos é a "da esmagadora maioria", e só não se dá um retorno ao fascismo por "motivos diversos". Olha, por culpa da "comunicação social", por exemplo, que não está nem aí para este nicho de invejosos e ressabiados. E porque haveria de estar? Para rematar a conversa, salta mais uma referência "às esquerdas que nos desgovernam". O sr. Fernando Rocha não poderia escolher pior altura para tentar atirar esta lama à parede e tentar ver se cola, sinceramente.
Pois não, Fernando Rocha, pois não, e acrescentaria mais: nunca a falsidade atingiu um cúmulo como este onde a fizeste chegar. Enquanto não ganhas um pouco de vergonha na cara, tenta de vez em quando ir espreitar à janela, e facilmente entenderás que os "tempos negros" são aquilo que fazes deles entre esse mundinho vil e escroto em que vives dentro das tuas quatro paredes. E pelo andar da carruagem, mais nuvens negras se avizinham nesse teu horizonte, que é tão curto. Pobre de ti.