quarta-feira, 1 de julho de 2015

Markl isto que lhe vou dizer...


Bem vindos à internet, o reino das leituras transversais, interpretações abusivas, e gente "bem" que se diverte a fazer cócegas uns aos outros - de outra forma, como vão rir? É um bocado o que cada um quiser, dependendo para onde estiver "virado" nesse dia, e um dia a "celebridade" resolve responder a uma crítica que NÃO lhe foi feita, pelo menos directamente. Ou foi, mais ou menos, uma delas, e por azar aquela em que não tem à mão de semear uma prova irrefutável de que o caluniei. Nuno Markl, comediante e jornalista, personalidade dos media em Portugal, não terá gostado de um comentário deixado aqui no Bairro do Oriente, e "defendeu-se" nas redes sociais, nomeadamente no Facebook. Defendeu-se mal, e fico a suspirar pelos nossos Sub-21 não terem encontrado algo assim, tão permeável e previsível na final de ontem contra a Suécia. Mas já lá vamos.

 No último artigo deixado neste blogue, intitulado "O Gato-to não morreu-eu-eu" fiz uma extensiva (reconheço) análise de um problema que vai muito para além da "tradição", que em parte alguma considero legítima ou apelo ao seu respeito: é vil, atroz, não se devia realizar, e existe legislação que a proíbe, portanto não tem sequer a cobertura da lei. Ponto. Posto isto, e chegado ao convés da nau da indignação, peço licença e retiro-me de regresso ao cais, ciente que talvez seja melhor ficar por terra do que partir para o alto-mar com certas companhias. Isto para dizer o quê? Que por muito que não concorde com o comportamento troglodita da população de Mourão, concordo ainda menos com a solução CRIMINOSA que alguns propõem para "disciplinar" os infractores. Aqui ainda não cheguei ao Nuno Markl, mas a minha exposição, que não proíbe ninguém de pensar ou fazer o que quiser, versa apenas sobre uma tendência cada vez maior de se tentarem resolver problemas com soluções piores e ainda mais reprováveis que o próprio problema. Mas vamos primeiro resolver a questão principal, que se prende o que Nuno Markl me acusa de "não ter pesquisado" - e tem razão, com o senão de eu não precisar de pesquisar coisa nenhuma.


Bem vindos à Internet, o reino do falar (muito) sem pensar, pesquisar, etc. Aqui está um compincha que faz um longo...
Posted by Nuno Markl on Tuesday, June 30, 2015


Algures a meio do artigo faço a remissão para o comentário de Nuno Markl no seu blogue, sobre aquela tradição hedionda de que nem ele, nem eu nem ninguém com excepção talvez dos mourenses e da sua letárgica guarda republicana tinha conhecimento até à semana passada. O Nuno Markl foi diplomático na abordagem que fez ao meu comentário, sem recorrer ao insulto, mas não se inibe de dizer o que pensa sem meias palavras. Óptimo, aprecio e retribuo da mesma moeda a sua honestidade, para lhe explicar melhor o que considero ser da sua parte uma...desonestidade. Sim, de facto não me recordo de ler qualquer comentário do Nuno Markl sobre as praxes académicas, de crueldade que além da recente morte lamentável de um jovem, deixa muitos "chamuscados" todos os anos, um pouco por esse país fora, e também por culpa de uma "tradição" - parva, a meu ver, e o que pensa o Nuno Markl? É possível que tenha uma opinião semelhante, mas esta do gato queimado saltou-me mesmo no prato enquanto fazia uma recolha de comentários da autoria de gente comum, toda cheia de vontade de ir a Mourão e fazer às pessoas "a mesma coisa" que estas fizeram ao gato. Parece que os fins justificam os meios, pois no fim ninguém mais chateia, pois uns ficam presos enquanto outros são "queimados vivos". Ou não?

Esta do "queimados vivos" tem muito que se lhe diga; fosse esta causa o reverso em termos de "sumo para espremer", e teríamos com toda a certeza o Nuno Markl, ou quem sabe o seu compincha Ricardo Araújo Pereira, ex-humorista e actualmente assalariado da MEO, a fazerem graçolas de como ser "queimado vivo" não significa necessariamente que no fim se esteja...morto. A notícia despertou-me curiosidade inicialmente devido exactamente a esse título sensacionalista: "Gato queimado vivo". Achei um título "excessivo", para não lhe chamar um insulto à inteligência alheia, e é claro que qualquer pessoa alfabetizada, sóbria e racional vai deduzir que o gato morreu na sequência das queimaduras, e de forma agonizante, e muito para lá daquilo que o vídeo mostra. Sim, e fiz questão de destacar esse facto, mesmo à custa de me acusarem de "desvalorizar o caso, simplesmente porque o gato não morreu" - coisa que eu nunca afirmei ou pensei, lógico. E até era para deixar passar a charanga, até que vejo aquela missiva do tal Bruno Braga, a prever com um misto de precisão e astrologia a evolução do estado de saúde do animal, com a lista completa dos estágios da sua agonia, e eventualmente até à sua morte - sem se socorrer de nada que prove aquilo que afirma, e que só pode ser entendido como uma forma desonesta de angariar seguidores para...para o quê? O linchamento da população de Mourão? Nada disso, se calhar o rapaz queria só ter a certeza que muita gente assinava a petição para ilegalizar o que a lei já previa como sendo ilegal. A juntar a isso há ainda a fotografia com pelo menos dois anos, onde se vê um gato queimado, posta a circular nas redes sociais como sendo a do tal que foi vítima da brutalidade das gentes de Mourão. "Obscuras", é como classifico as motivações que levam alguém a falsificar provas e fabricar factos para convencer a opinião pública de algo que a simples verdade já chegaria para a deixar revoltada.

Aproveitei para pegar na questão das praxes pelo seguinte: achei paradoxal que o Nuno Markl se atire a uns pobres rústicos que - a até prova em contrário - não tinham consciência de que o seu acto era tido por "desumano" pela "civilização", enquanto estudantes universitários que viveram toda a vida nas urbes não distinguem o conceito de "simples brincadeira" com o de "humilhação", ou embarcam facilmente em actos de negligência criminosa, safam-se sem um "idiota" que seja, epíteto com que o Markl brinda o indivíduo que diz que o gato "só apanhou um grande susto". Repare como termino com um "mea culpa", e admito que este raciocínio é desonesto, mas entre a desonestidade de uma comparação que não é assim tão absurda, ao rol de calúnias e fabricações com o propósito de demonizar uma população interiorizada e rústica que nem deve ainda saber o que fez deles inimigos públicos, vai uma grande distância. Tendo o Nuno Markl como pessoa de bem, penso que pelo menos entende onde quero chegar. Mesmo que discorde, e se o faz aceito sem reservas e sem fazer qualquer julgamento.


 Já em relação à tourada, e falando em julgamentos, aproveito para assumir que o mal-entendido é parcialmente da minha responsabilidade. Sei que para muita gente o facto de eu desconhecer que este vídeo existia é "prova cabal de que tudo o que escrevi é completamente falso" - parece uma opinião tão honesta como quem partilha dela. Veja como nesse parágrafo já não me refiro exclusivamente a si, mas à generalidade das pessoas que consideram legítimo corrigir um acto de violência com a mesma  violência, ou pior:

(...) fica mais fácil e dá menos chatices irem meter-se com uns labrostas analfabetos atirados lá para o meio das montanhas do que com a malta das touradas, que vive em herdades enormes, e têm montes de nota, e são uns queridos, não são? Vá lá não se irritem, que eu abstenho-me de vos chamar COBARDES DE MERDA, que é a única definição que me ocorre, assim de repente.

É assim que lá está, sem tirar nem pôr. Creio que "Nuno Markl" é nome próprio no masculino e no singular? E não no plural? Nuno Markl e não "Nuno Markles"? Mas ainda bem que fez esta associação, hombre! Assim deu mais salero ao caso que passa do estatuto de "mera opinião" a "polémica", e fornece-me dados que eu não tinha, e que desconhecia por completo existirem, como é o caso do vídeo que fez com RAP há coisa de 2 ou 3 meses, correcto? E por culpa do qual chegou a receber ameaças de morte, foi ou não foi? Isso é desagradável, no mínimo, e olhe que nem chama de "idiotas" ou "imbecis", ou sequer "más pessoas", como não hesita em fazer com os mourenses. Sabe o que mais? "Este qualquer" que sou eu tem uma história engraçada: fui "blogger" anónimo até 2011, altura em que decidi revelar a minha identidade, depois de quatro anos a "cortar na casaca". Pouco importa se acredita ou não, mas digo-lhe que a opção do anonimato foi inicialmente acidental, depois "pegou", e a certa altura foi até recomendável manter, pois comecei a receber também ameaças - tudo coisas simpáticas, aquelas que me prometiam fazer. Entretanto sabe o que eu pensei? "Olha, que se f..."! Dei a cara, e depois disso nem um atropelamentozito, tareia encomendada ou sequer um esgar de repúdio. Que desilusão, deixe-me que lhe diga. Há pessoas que ainda me vieram dizer "Ah, afinal és tu!", e depois de lhes elogiar a perspicácia, quando a única pista que tinham era a capa do Jornal Clarim (de Macau), onde apareci em destaque assumindo a autoria do blogue, disseram "então 'tá bem", e foram à sua vida. Tudo para dizer que nisto das ameaças são mais as vozes que as nozes, e agora a parte não tão tranquilizante dessa presunção: se for para fazer algo, não avisam, fazem!

Ossos do ofício, e sendo o Markl uma figura pública, tem uma responsabilidade acrescida - julgo que entende onde quero chegar claro. Esta pequena controvérsia faz-me lembrar outra recente que tive com o Ricky Gervais (não sei se já ouviu falar), a respeito de um caso semelhante a este, mas com uma nuance interessante: enquanto o Markl é uma pessoa da paz, que talvez não tenha ideia de até onde algumas pessoas podem ir, este Gervais é um pequeno terrorista, que incita os seus fãs ao ódio, mesmo depois do seu alvo e família terem sido ameaçados e apresentado queixa à polícia. Em comum têm o amor pelos animais, como notei pelas imagens na sua página enquanto procurava o "comentário-defesa", mas em matéria de fãs...


...podem ser menos letais, mas são igualmente bimbos. Gostei, devo confessar, e esta mui catedrática análise ao tema: "não li nem sei do que se trata mas tens razão e o outro gajo é um idiota", é comum encontrar em comentários de alguns vídeos onde se mostra alegadamente tortura de animais, mas noutro "soundbyte": "não tenho coragem para ver o vídeo, mas as pessoas que fizeram isso deviam morrer e/ou arder no Inferno". Vão chegar longe, a Xana Pereira e a Ana Filipa Dé. A ministras, no mínimo. O último rapaz, o tal Miguel Pereira, com aquele discurso difuso que não dá para entender bem se está a falar de mim (se tivessem comido o gato já estava tudo bem, é isso) levou-me a pensar que talvez o Markl, figura popular e apelativa à juventude (para o bem e para o mal, aparentemente), devia dar a cara por uma campanha publicitária contra a droga. Só uma sugestão, claro, mas temos aqui um exemplo acabado de como o problema pode transformar-se em flagelo. E consegue encontrar-se algo ainda mais lamentável:


Depois de se aperceber da falácia dos seus argumentos, a Xana Pereira diz que "não tem tempo", e tal, deve ser porque tem ainda muito dicionário para ler, portanto não está para aturar alguém que, e num texto original completamente da sua autoria "mistura palavras que encontra no dicionário" com "expressões" - atenção a isto - como "merda". Ora bem, se "merda" é uma expressão, permita-me que use UMA palavra para responder à Xana: "vai-te catar, bimba". Lá tenho eu a culpa de seres analfabeta, pá? E sabes que outras palavras uso que constam do dicionário? Todas! A argumentação do Luis Pontes também é muito boa! "Fixe"! "Olha Markl, eu aqui a malhar no cromo, man, duhhhh". Vou retorquir num tom que aquele cérebro de frango consiga assimilar: "vai tu!". Finalmente aa Liliana Anes, que diz que "começou a ler", e coiso, e vê-se que leu e entendeu, e que eu falo ali é das "tradichões", "shim", da minha "abójinha", aquilo é tudo em nome do respetinho pelas "tradichões". Um cirurgião para corrigir aquele ligeiro desvio do intestino grosso da Liliana Anes, que ficou colado ao cérebro, e depressa! E não vou mais "humilhar" (please...) os fãs do Markl, que isso é deselegante da minha parte, mesmo que me tenham agredido verbalmente e minado a minha argumentação,  mesmo não fazendo a mínima ideia do que se trata. Ainda me vão acusar de "procurar projecção", recorrendo para isso a "bocas foleiras" ao Markl - faz todo o sentido. Mas atenção, que ainda há esperança!


Ufa, e eu a pensar que era o único humano que ainda não tinha sido apanhado pelos "body snatchers". Folgo em saber que uma respeitável fatia da população ainda não considera o linchamento uma forma de educar as pessoas e ensiná-las a ser mais civilizadas. O leitor Vitor Procópio faz referência a um tal João Silva, que também comentou no blogue:


Ainda bem que o senhor comentou também na conta de FB do Markl, que assim dissipa as dúvidas quanto à possibilidade de ser eu em disfarce, falando em causa própria - mesmo que aparente que a conta foi aberta exclusivamente para comentar neste caso. Note-se o receio de dar a cara por uma opinião válida, sabendo de antemão que corre o risco de ser assediado por gente que o tentará "sensibilizar" para a causa, recorrendo para isso ao insulto e à ameaça, os dois métodos de persuasão mais usados desde que o caso veio à luz do dia. O Markl responde-lhe usando o argumento das "novas gerações", e que as crianças de Mourão "vão crescer pensando que aquilo é correcto" - nobreza de espírito esta, que desvaloriza que milhares de pessoas se disponham a pegar em armas e ir até Mourão para que....6 crianças? Talvez menos? Pronto, para que os pequenotes aprendam à custa do linchamento dos pais que a violência não é a solução - certamente que uma vez orfãos fica mais fácil entenderem o valor da vida, mesmo a de um gato queimado vivo, e vivo queimado. Entendo onde o Markl quer chegar, but what's the point? É para que eu lhe diga que nem toda a gente está dotada do software completo do respeito por todos os seres vivos, como o Markl está? Obrigado pela atenção, e cumprimentos cordiais.



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