sábado, 21 de dezembro de 2013

Bailinho da Madeira


Parece mentira, mas existe neste mundo uma Assembleia Legislativa ainda mais ridícula que a de Macau, e fica em Portugal, ainda por cima. Em Portugal salvo seja, fica mais precisamente na ilha da Madeira, cuja localização mais próxima do continente africano, mais precisamente no arquipélago da Macaronésia, deve ter alguma influência nos "espíritos" dos locais, que fervem em pouca água,

A Madeira goza de uma espécie de autonomia do governo de Lisboa, no continente, mas não desejam a independência, pois sentem-se "portugueses como todos os outros" - isto para lhes dar um pouco de crédito. O PSD tem sido a força política mais votada desde a criação da Região Autónoma, e o seu líder Alberto João Jardim o seu "cacique" oficial. Este Alberto João está para a Madeira como Pinto da Costa está para o FC Porto, e parece gozar de uma certa imunidade que lhe permite dizer e fazer o que muito bem lhe apetece, e ainda lhe acham piada.

Mas as coisas não têm corrido muito bem ultimamente, e nas últimas eleições autárquicas o PSD perdeu várias câmaras na ilha, e o "tio" Alberto João precisou de puxar as orelhas a alguns rebeldes que se recusaram a apoiar os seus autarcas, e expulsou-os do partido. No entanto na Assembleia Legislativa da Madeira, o PSD continua a ter maioria, e a oposição é constituída pelo PS, PP e CDU, além de outros personagens caricatos. Praticamente todas as forças políticas nacionais que concorrem às eleições regionais ganham um assento - menos o Bloco de Esquerda.

Um desses personagens "coloridos" é Hélder Spínola, do Partido da Nova Democracia (PND), que durante o debate do orçamento da região na passada quinta-feira roubou protagonismo a José Manuel Coelho, do Partido Trabalhista (PT), palhaço oficial da pérola do Atlântico. Durante a intervenção de Hélder Spínola, alguns deputados do PSD deixaram a sala, e o deputado do PND exigiu que regressassem, caso contrário recusava-se a fazer a ler o seu discurso. Como não voltaram, Spínola não fez por menos, e foi-se sentar no lugar reservado a Alberto João Jardim. Sacrilégio!

O que se seguiu parece uma daquelas comédias de apanhados dos anos 80, ao estilo do "Gente Gira", do sul-africano Jamie Uys. O presidente da Assembleia pediu a Hélder Spínola que saísse do lugar reservado ao presidente do Governo Regional, este recusou-se, e foi retirado à força por outros três deputados do PSD. Depois de barafustar um pouco, Spínola, bem ao estilo de Gandhi, ficou dormente, fez-se de peso morto, e deixou-se arrastar, enquanto os restantes deputados da oposição bradavam "vergonha! vergonha!". No fim o deputado do PND foi deixado à porta da AL madeirense, com o umbigo de fora.

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