Acordei ontem por volta das 9:30 e fui, a pé, tomar o pequeno almoço num café do Largo do Senado, onde aproveitei para colocar alguma leitura em dia. Quando voltei, por volta do meio-dia, estava uma jovem turista perto das cabines telefónicas com um ar desorientado. Perguntou-me se falava inglês, e se podia ajudá-la. Pediu-me que me deixasse usar o telemóvel, uma vez que nenhuma das cabines aceitava as moedas (problema que não é de agora). Contou-me que era francesa (chamemos-lhe "Marie", para efeitos dramáticos), que tinha combinado um encontro naquele local com alguém às 10 da manhã, que não tinha chegado, e parecia desesperada.
Tirei o telemóvel do bolso, e pedi-lhe o número, que era de Hong Kong. Do outro lado respondeu-me alguém, em francês, e no meu melhor francês - que não é grande coisa - perguntei o que se tinha passado com o amigo de Marie. Pediu desculpa, explicou que o amigo tinha perdido o jetfoil, e que Marie tivesse paciência e esperasse mais meia hora. Posto isto, Marie não cabia em si de contente. Quase chorou. Insistiu em pagar a chamada, que durou perto de dois minutos, e disse-lhe que não era necessário.
Perguntei-lhe porque não pediu ajuda ao Turismo, mesmo ali em frente da Santa Casa. Disse-me que foi lá, e que lhe disseram que "não podiam ajudar". Como é possível? Compreendo que muita gente se recuse a passar o telemóvel para as mãos de um estranho, até porque Macau é a capital dos contos do vigário, mas...o Turismo? Não podiam deixar um estrangeiro em dificuldades fazer uma chamada que provavelmente não custa mais de 10 patacas? Ainda para mais alguém jovem, com bom aspecto, e desesperado. É assim que Macau welcomes you?
2 comentários:
Pois, é mesmo assim. Já se sabe: "In a world of difference, the difference is Macau!"
Podiam-me pagar a mim para ajudar turistas (turistas, não turistos!) jovens em apuros. Isso é que era um trabalho!
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