O que penso eu da pena aplicada ao ex-secretário Ao Man Long? Nada. Se é justa ou não? Não sei. Se acho que existe uma possibilidade do ex-secretário ser apenas a face visível de um polvo com ramificações (ou uma árvore com tentáculos) a todas as áreas de topo da Administração? Nem sim, nem não. Nim.
Sei apenas que Ao vai ter muito tempo para pensar no que raio se foi meter. Se a pena foi justa ou não, uma coisa é certa: é longa. Pense o querido leitor nos tempos em que tinha 27 anos de idade. Não deve ser assim tão difícil. Agora pense que Ao vai pensar na prisão todo esse tempo. Como disse o José Carlos Matias, são "tantos anos quantos eu tenho de vida". São tantos anos quantos viveram Jim Morrison, Jimmy Hendrix, Janis Joplin ou Kurt Cobain. São seis olimpíadas, seis campeonatos do mundo de futebol. É mesmo muito tempo.
Alguma da indiligente inteligência do território falava em surdina de "conspiração", e de como podia o ex-secretário "dizer tudo" caso contasse "toda a verdade", e que portanto "apanhava aí uns seis ou sete anos". Errado. Estavam a jogar ao "mark six" ou quê? Ora vejamos; se o sr. secretário fosse culpado de TODOS os crimes de que foi acusado, isto dava um cumulativo jurídico de duzentos e tal anos, e mesmo metade dos crimes dava um número desses bem grandes. Agora tendo em conta que o nosso sistema judicial prevê uma pena máxima de 30 anos, será que ninguém considerou essa hipótese?
E a Administração? Considera a pena justa. E os tribunais? Cumpriram o seu dever. Não foi nada fácil ver um homem de confiança do chefe trair essa mesma confiança. Foi um choque. Não é a mesma coisa que condenar um funcionário público que roubou uns milhares de pataquinhas nas contas do erário, ou como aquele que roubava trinta paus por dia na gasolina. Condenar Ao Man Long foi como parir uma montanha. Tenho a certeza que no futuro o CCAC não vai incluir nos seus vídeos "educativos" o caso do ex-secretário que abafou uns milhões. Mas se calhar deviam...
1 comentário:
Considero a pena bastante elevada. Isto porque para mim os crimes conta a vida e liberdade devem ser mais penalizados que meros crimes económicos, por muito que digam que afectam a confiança da sociedade, etc etc.
Por outro lado, não concordo com muitos dos pontos de vista expressos no Acórdão. E penso que pelo menos em relação a uma única empresa se deveria falar de 1 único crime continuado.
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