Queria hoje falar da CTM, mas isto depois de lá ter ido esta tarde, ter sido bem atendido e em menos de meia-hora, e ter saído satisfeito. Só assim posso falar da Companhia de Telecomunicações de Macau sem recorrer ao uso de palavrões. Quer dizer, num dia em que tenha sido mal-tratado, não é nada conveniente escrever, uma vez que se está de cabeça quente. Assim, de cabeça fresquinha, continuo a dizer que estamos a cair num grande engodo. O monopólio das telecomunicações exercido pela CTM foi longe demais, e é preciso encontrar alternativas. Em mais nenhum lugar civilizado no mundo existe uma (1) companhia de telecomunicações em regime de monopólio. E aqui aplica-se aquela máxima que nos deixa sempre lixados: não gosta, não coma.
Já fui feliz sem a CTM. nos primórdios da internet em Macau. Não sei se estão lembrados, mas por volta de 1996 era grátis entrar na internet ao fim-de-semana, e era quase impossível obter ligação. Quando se conseguia, deixava-se ligada o fim-de-semana todo, e era uma sorte quando não "caía". Fui cliente daquela companhia meio pirata que exisitia por trás do Leal Senado, e cujo nom não me recordo (seria Unitel?), que era mais barata e oferecia "unlimited usage", que era um conceito estrangeiro para a CTM naquele tempo. Mesmo agora uma ligação sem tempo de usagem limitado custa por volta de 300 patacas mensais, que digas-se de passagem, é um roubo - pelo menos pela qualidade de serviço que oferece.
Mas
helas, a tal companhia pisgou-se, a CTM reforçou o seu monopólio e lá acabei por aderir. Antes de casar vivia sozinho, e cheguei a ter rede fixa, internet e telemóvel, todos a pagar na CTM. Uma vez atrasei-me no pagamento da rede fixa (puro desleixo), e cortaram-me tudo! Aí está uma belíssima estratégia ara obrigar as pessoas a pagar as contas: isolá-las do mundo. Afinal tinha as contas do telemóvel e da internet pagas a tempo e horas, e é difícil aceitar que nos cortem serviços que estão pagos. Este monopólio é perigoso e não resulta. É um "1984" ao contrário, em que os cidadãos se deixam escravizar pelo "Big Brother", que nem precisa de impôr a sua força: não tem concorrência. É preciso aceitar, ou então mudar para a rede de telemóveis da Hutchinson ou da SamrTone, ambas subsidiárias da CTM. É ser tratado abaixo de cão na mesma, só por outros gajos "novos" e mais "giros".
E do serviço, é melhor nem falar. Não percebo porque é que as lojas da CTM misturam clientes que querem comprar um aparelho de telemóvel com outros que apenas querem mudar de pacote ou pedir informações. Os que vão comprar telemóveis são normalmente chineses, compram os aparelhos mais caros, e como é um "grande investimento", um "momento especial", é preciso levar a família toda. Claro que como é uma compra cara, os senhores não saem de lá sem aprender como trabalhar com o telemóvel: é um curso instantâneo, às vezes de "apenas" uma hora e meia. Quem se desloca a uma das lojas da CTM e tira, digamos, o nº 40 e estão a atender o nº 33, são pelo menos duas horas de espera. Para quem deseja mesmo comprar um telemóvel é uma maravilha. Fica ali a tarde toda a conversar com o simpático rapaz/rapariga do balcão, que lhe vai passando os recibos e abrindo os pacotes, oferecendo isto e aquilo, que depois vai-se a ver e é uma autêntica bosta.
Claro que muita gente não está satisfeita com a CTM, há os apagões, a velocidade (ou falta dela) e tudo mais, mas fazer o quê? É a única opção! Não adianta os
plankings ou os abaixo-assinados e demais protestos. Vós tendes o que a senhora vos dá. E vamos não esquecer que isto é Macau, um misto de escolas de economia, desde os negócios do tipo familiar ao liberalismo e capitalismo desenfreados. E é preciso não esquecer que a CTM é uma empresa "tradicional" do território (tal como a CEM, SAAM, etc.), emprega muita gente (mesmo muita), e "lixar-lhes"a vida era mandar gente para o desemprego, e isso ia causar "instabilidade social". que vai contra a "harmonia", que como se sabe é essencial para que contiemos aqui, uns a encher os bolsos, e outros vivendo como podem. Porque acreditem, a vida lá fora também não anda nada fácil. Mesmo com muitas mais opções e preços mais convidativos nas telecomunicações.