terça-feira, 22 de outubro de 2013

Ponha aqui o seu pézinho


O que foi? Nunca viram pés monstruosos antes, é?

Xu Anyou de Fuzhou, no leste da província chinesa de Jiangxi, nunca usou sapatos até aos 27 anos. Ao contrário de muitas outras crianças e jovens na China, a razão no foi a pobreza extrema, ou pelo menos esta não foi a principal razão. Xu nasceu com uma espécie de elefantíase que se manifesta sobretudo pelo gigantismo nas extremidades do corpo, e no seu caso foi nos pés. O facto de não poder usar sapatos fez com que contraísse filariose linfática, uma doença causada pela penetração de vermes parasitas transmitidos por vermes de mosquitos e outros insectos, que chegam a atingir quatro centímetros de comprimento, bloqueando os vasos linfáticos. Os seus pés adquiriram um tamanho grotesco e uma aparência demoníaca, e juntando a isso o facto de se tornar o hóspede de um sem número de parasitas horrendos, Xu preferiria a eutanásia a um par de sapatos. Pelo menos eu optava pela primeira. Não havia sapato que coubesse nos pés do pobre Xu, e durante os dias frios do rigoroso Inverno de Jiangxi, cobria as patarronas com um protector improvisado pelo seu irmão. Uma saca de batatas forrada a algodão? Não sei, mas não devo andar muito longe.


Não sei...posso dar uma voltinha para ver como ficam?

Pés enormes e disformes, parasitas, uma vida de cão sem sapatos que o sustentassem. Mesmo que Salvador Dalí, o mestre do abstracto, se tivesse um dia lembrado de criar um modelo que se adaptasse aos pés de Xu, os empregados da sapataria iam tirar à sorte para ver quem seria o infeliz que o atendia. Mas tudo mudou quando o gerente de uma empresa local ouviu falar do caso, e mandou fazer um par de sapatos à sua medida: 28,5 centímetros de comprimento e 22,5 centímetros de largura, duas "traineiras" à prova de qualquer curva, mossa ou deformidade. Até os pés do Yeti, o abominável homem das neves, caberiam nestes sapatos. O benemérito empresário não cobrou um centavo pelos sapatos, e comprometeu-se a fornecer um novo par sempre que necessário. Resta saber se toda esta generosidade é por pena do pobre rapaz, ou dos habitantes de Fuzhou, que são obrigados a olhar para os seus pés. Agora o Xiao chega ao pé da malta do bairro, que o corria à pedrada quando o viam ao longe, e diz orgulhoso: "já viram os meus sapatinhos?".

1 comentário:

Anónimo disse...

que lindo ainda existem pessoas boas no mundo que se importam com o sofrimento dos outros,parabéns,gostaria muito de conhecer mais sobre a vida desse rapaz