domingo, 23 de dezembro de 2012

Mata-Ratos


Já aqui expressei num passado recente o meu total repúdio por moscas, bem como outros insectos demoníacos, como vespas, louva-a-deus e outros que ao microscópio se assemelhem ao monstro do “Alien”. Mas no mundo dos mamíferos a natureza também cometeu alguns equívocos, e o maior dele foi o rato. Só o nome diz tudo: “rato”, nome que normalmente precede adjectivos como “nojento” ou outras palavras igualmente repulsivas como “esgoto”.

Os ratos são e sempre foram responsáveis pelas piores pragas. Lembram-se da peste negra? Não? Nem eu, tivemos sorte. Pois esta doença que dizimou uma grande parte da população europeia foi transmitida pela pulga do rato, que vieram em barcos da China. Reparem só nesta horrível sequência semântica: pulga…ratos…da China. Blergh! Transmite ainda outras doenças aterradoras como o tifo, e pode-se mesmo dizer que onde há ratos, há doenças.

Sejam eles da China ou de outro sítio qualquer, os ratos são um animal repelente. Quer dizer, o que leva um mamífero, que mama das tetas da mãezinha a optar na vida adulta por uma dieta de lixo e porcaria? Assim como as moscas, onde há lixo e podridão há também ratos. Os ratos são um predador sacana, velhaco e cobarde, que ataca animais indefesos como as galinhas e outras aves indefesas. Nas barracas onde vivem os pobres, mordiscam as bochechas dos bebés, atacando pela calada da noite. São um dos piores inimigos da humanidade.

O próprio design do bicho dá a entender que se trata de uma criatura demoníaca; o tronco arredondado, a cauda comprida e fina, o focinho pontiagudo, os olhos assassinos, os incisivos proeminentes, bigodes pretos, compridos e grossos. Sendo o rato um “roedor”, é da mesma família dos dóceis esquilos e do delicioso coelho, animais inofensivos. Os esquilos e os coelhos não mereciam um familiar deste calibre. Já os hamsters são demasiado parecidos com ratos para que se possam confiar, apesar de muita gente os considerar “fofinhos”. Prefiro confirmar a sua “fofura” com a ajuda de veneno e uma marreta. Há quem compare o morcego, um mamífero nobre e poético que não chateia ninguém, com o rato, chegando mesmo a blasfemar: “o morcego é um rato com asas”. Meus amigos, se os ratos voassem, eu andava na rua com uma armadura completa e munido de uma Kalaschnikov.

Como se já não bastasse a sua incómoda existência, as referências literárias, personificações e as analogias envolvendo ratos são inúmeras. Lembro-me de uma história que se conta às crianças alertando para os perigos da gula, sobre uma “carochinha” que casa com um tal João Ratão, que depois “cai num caldeirão” e morre (esta parte ninguém conta aos miúdos, mas dá-se a entender que morre mesmo e contamina o guisado). Eu nunca engoli este conto infantil, e que se lixe a sua moral pateta. Como é que uma carocha, um insecto, acasala com um rato? Isto não cabe na cabeça de ninguém. Ainda por cima casam porque ele tem “uma bonita voz para cantar aos meninos”. Uma bonita quê? Meninos? Já imaginaram como seria a cria de uma carocha com um rato? Não me lixem.

Um dos heróis da pequenada é o Rato Mickey, quem sabe a personagem mais lucrativa da Disney. O sr. Disney não estava a bater bem no dia em que se lembrou de inventar um rato herói. Se calhar ainda só tinha fumado 30 cigarros durante a manhã, e ainda não estava sóbrio. Ainda por cima este “rato” Mickey tem um cão como animal de estimação, o Pluto (filho da Pluta). I beg your pardon? Um rato que é dono de um cão? A namorada do Mickey é a Minnie, uma rata. Pelo menos não se lembraram de acasalá-lo com uma andorinha ou com uma ostra, como na história do João Ratão. Por falar em “rata”, este é um calão usado para designar o orgão sexual feminino. Se a vagina fosse remotamente semelhante a uma rata, eu fazia um voto de castidade, ou tornava-me sodomita.

As referências a ratos na literatura infantil não se ficam por aqui, o que me leva a desconfiar que existe algum plano malévolo para que os mais pequenos nutram simpatia pelas asquerosas criaturas. No conto da Cinderela uma fada transforma ratos em cocheiros. Na história da Disney (sempre este Disney…) “The Rescuers” os heróis são dois ratos, e existe uma ONU de ratos nos esgotos de Nova Iorque! No conto dos Irmãos Grimm, “O Flautista de Hamelin”, este personagem encanta milhares de ratos e fá-los afogarem-se num rio. Gosto deste desfecho, mas como é que este indivíduo “encanta” ratos com música de flauta? Fosse isso assim tão simples. Se calhar este músico não era lá muito amigo de tomar banho ou trocar de roupa.

Os ladrões de carros são também conhecidos por “ratos de automóveis”, mas nem todas as conotações são negativas. Há quem diga que um indivíduo espertalhão e matreiro é um “rato”, dotado de “ratice”, que é suposto ser uma qualidade. Expliquem lá isso melhor. Quer dizer que além de ser um tipo vivaço, anda também pelo entulho e pelas sarjetas? Existe o signo do Rato no zodiaco chinês. Tive a sorte de nascer em 1974 e ser nativo de Tigre (um animal simpatico). Se os meus pais se lembrassem de me trazer ao mundo dois anos antes, nunca os perdoaria.

Existe um município venezuelano chamado Isla Raton, no estado brasileiro de Sta. Catarina as ilhas Raton Grandes e Raton Pequenos, e no Novo México a localidade de Raton, simplesmente. Tudo sítios a evitar, e Deus tenha misericórdia dos seus residents e nativos. A cidade alemã de Regensburg ficou traduzida em português para “Ratisbona”. Que palhaçada é esta? Que mal fizeram os habitantes desta localidade bávara ao indivíduo que traduziu o seu nome? A sede do Partido Socialista português fica no Largo do Rato, em Lisboa. Abaixo o PS!

Existe uma espécie de alga chinesa utilizada no delicioso “chai”, um prato vegetariano, conhecida por “orelha de rato”, pois de facto assemelha-se na forma. O melhor é mesmo não pensar nisso, da mesma forma que me tento esquecer que quando uso o PC utilizo sempre o “rato”. Não me agrada nada “mexer no rato” todos os dias, salvo seja. Na Índia os encantadores de serpentes atraem o réptil com a ajuda de urina de rato, que besuntam na flauta. E depois ainda sopram nela, os nojentos! Não surpreende que sejam precisas tantas vacinas para ir à Índia. Mas isto não é nada em comparação com o que acontece no Vietname, onde as pessoas COMEM RATOS! Isto é inaceitável. Devia existir um castigo severo para esta conduta, e pena de morte era pouco. Amigos vietnamitas, matem os ratos, mas não os comam! Não se admite comer ratos nem que se esteja a morrer de fome. Antes a morte que tal sorte.

Os ratos são uma espécie que devia ser simplesmente varrida da face da terra. Não me interessa se desempenham algum papel em algum ecossistema, mas duvido que a sua natureza parasitária lhes confira qualquer utilidade. Um rato bom é um rato morto, e mesmo assim prefiro que vão morrer longe. Até os métodos destinados a eliminar esta praga, como as ratoeiras e a desratização, pecam por ter uma designação que faz lembrar o bicho. E o que fazer quando encontrar um rato à sua frente? Eu diria que não se deve entrar em pânico, mas isso é impossível. Olhe, se tiver uma arma de fogo à mão, dê-lhe um tiro!

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