sábado, 19 de setembro de 2009

Os blogues dos outros


Eu bem sei que não há sondagens em Macau e eu não jogo e detesto jogar.
Mas sendo Macau uma terra de Jogo, porque não deixar também uma aposta? Depois, o Devaneios também tem as suas fontes, não é? E até já revelei que a primeira é sempre a do Lilau....Assim sendo, e sem mais demoras, aqui fica a aposta para os resultados eleitorais nas eleições de domingo: As listas afectas aos tradicionais, Moradores e Operários, vão eleger um deputado cada uma (têm um eleitorado consolidado que lhes dará essa segurança); Chan Meng Kam, e a malta de Fujian, manterão os dois que conquistaram nas últimas eleições (idem, aspas, para o que se disse acerca dos tradicionais, uma vez que o eleitorado que votará nesta lista não irá variar muito);
Os democratas vão conseguir eleger quatro, dois em cada lista, apesar das broncas dos últimos dias (estou cá a adivinhar que o tiro vai sair pela culatra a quem quer que o disparou e que vai é dar origem a alguma simpatia para com as "vítimas" que vão capitalizar sobre as "desgraças".......); Melinda Chan e Ângela Leong serão eleitas porque conseguirão arregimentar os votos suficientes para tal na área do Jogo; Pereira Coutinho, obviamente, também vai ser eleito. Quem tem estado a contar, já chegou à conclusão que falta um deputado para compor o ramalhete dos eleitos directamente. A minha aposta vai para uma luta cerrada entre os Operários, os Moradores e Pereira Coutinho para conseguir esse deputado. A "novidade"Agnes Lam não chegará aos Lagos Nam Van porque carinha laroca, simpatia e imagem fresca não chegam para tanto; Paul Pun continuará com aqueles milhares de votos que, se calhar, até davam jeito a muito boa gente (passe o paralelismo, é um bocado o milhão de votos do Alegre em Portugal, que não lhe serve para nada mas dava muito jeito a outros......); a Voz Plural continuará com os 600 a 800 votos que as "irmãs" mais velhas tiveram;dos outros marcianos não espero grandes surpresas, pese embora aquela lista 3 seja assim uma espécie de melancia que, só depois de aberta, é que se vê bem o que é que está lá dentro....Assim sendo, mantenho a ideia que o outro deputado sairá daquela luta a três. E estou cá com um feeling que a Rita vai ter que esperar por outra oportunidade....Ficavam assim quatro da área do Jogo, dois ou três tradicionais, cinco ou seis democratas. Não vai fugir muito disto que isto não está para revoluções. Segunda - feira a gente fala.


Pedro Coimbra, Devaneios a Oriente

Um artigo sobre a Voz Plural - Gentes de Macau que teria sido criado na Wikipedia foi apagado daquela enciclopédia online por dois contribuidores seniores, em virtude de «não ter conteúdo relevante» (article that has no meaningful, substantive content) e por «não indicar a importância ou significado do seu objecto» (article about an eligible subject, which does not indicate the importance or significance of the subject).

Nuno Lima Bastos, O Protesto

Se o vosso chefe vos pedisse que estoirassem um automóvel contra uma parede a 200 km por hora, para que parte é que o mandavam (ao chefe, bem entendido)? Exactamente!, eu mandá-lo-ia precisamente para o mesmo sítio. Porém, Nelsinho Piquet Jr. parece que não pensa da mesma forma. É rapaz de muita coragem e nenhum escrúpulo - uma combinação do caraças, convenhamos. Primeiro foi mandrião e trapaceiro, agora passa o tempo a choramingar. Se o pai lhe tivesse deixado as nalgas vermelhas de uns açoites bem aviados quando o razote era mais moço, talvez ele não se metesse nestes acidentes de proa; nem noutros em que prefere ser abalroado pela popa.

VICI, MACA(U)quices

น้ำผึ้งสวนจิตลัดดา = Nam Pheun Suan Chithlada quer dizer em português mel do pomar do palácio real de Chithlada. Durante séculos, a apicultura foi uma das mais nobres actividades profissionais do Sião. Os apicultores eram tão respeitados que lhes era dispensada a prestação de quaisquer corveias. Porém, em finais do século XIX, com a invasão de produtos estrangeiros - que também desbarataram as produções locais de sedas e tecidos, ourivesaria, cerâmica e utensílios - o mel desapareceu dos mercados. A Índia britânica, as Índias Orientais Holandesas e a Indochina Francesa encontraram no Sião um frágil concorrente, levando os ofícios à falência. O mel, que fora um dos principais condimentos gastronómicos da cozinha thai, passou a ser produto raro e inacessível. Nos anos quarenta, o actual Rei criou nos terrenos adjacentes ao palácio de Chithlada uma exploração agrícola-piloto e aí desenvolveu ao longo de décadas - em estrito espírito cooperativo - a sua teoria económica da auto-suficiência, hoje gabada por todos, porquanto não estribada no proteccionismo. A experiência foi bem sucedida e aplicada um pouco por todo o país. Hoje, para quem quiser o mel barato e sem outra "marca" que as armas reais - símbolo de qualidade - vai ao bazar e compra uma bisnaga de Suan Chithlada (0,60 Euro). É assim que se protege o povo, se dá trabalho aos produtores e se garante a liberdade económica de um país. Se nos lembrarmos de Portugal, fazia falta um Pomar Chithlada em Lisboa. Só de pensar que as prateleiras dos mercados portugueses estão cheias de lixo espanhol, francês e holandês dá-me uma dor de coração. Por cada prateleira de produtos estrangeiros, há uma exploração portuguesa em risco.

Miguel Castelo-Branco, Combustões

Não tenho especial habilidade para relatar acasos do quotidiano. Não sei porquê. Provavelmente a condição deriva da minha falta de «especiais habilidades» para uma série de coisas. No entanto, arrisco um infeliz relato por achar que o relatado é por de mais importante. Andava eu, hoje, num transporte público – não, não vi o Louçã – quando começo a ouvir, lá longe, umas vozes elevadas de mais para o habitual. Presto atenção ao que é dito e apercebo-me que é uma senhora de meia-idade com uma criança no seu colo sentada quem faz a chinfrineira. Em causa estava a brasileira que se sentava ao seu lado e que nas suas quase doentias palavras brutas era «baixa» como todas as outras brasileiras, um «tapete», disse ela. Não se ficou por aqui. Piscou o olho a todos os imigrantes, gritando naquele antro de mofo e suor que para Portugal só vinha «chungaria», só vinha porcaria. Fez questão que todos soubéssemos que ela, portuguesa nascida em Portugal, não gostava um pedacinho que fosse de um exótico sotaque do Maranhão ou de uma sensual carapinha no alto da cabeça. Enojou-me francamente ver aquela triste mulher apelando a um ódio irracional – como quase todos são – em relação a pessoas que pura e simplesmente nasceram uns quilómetros mais para o lado no quadrado que deverá ser o mundo na sua cabeça. Para além de enojado, fiquei triste e preocupado. Triste e preocupado por me aperceber que a pequena criança que viajava no colo da odiosa senhora se apercebia de tudo; por imaginar que aquele pequeno daqui a uns anos, pela educação que de casa leva, será mais um infeliz racista. Será mais um triste fazedor de infelicidade.

Tiago Moreira Ramalho, Corta-Fitas

Um Presidente da República que manda fazer uma história jornalística para denegrir um primeiro-ministro? Um assessor do Presidente que se comporta como um vil controlador de informação? Jornalistas que se rebaixam a um comportamento repugnante e que se embriagam sabe-se lá com que benesses? Um primeiro-ministro que envia um assessor para espiar o Presidente da República? Um assessor de primeiro-ministro que se disponibiliza para cometer os actos mais inverosímeis da prática política? Um director de jornal que apoia um comportamento ignóbil de um seu subordinado? Um director de jornal que publica uma história sem ter a certeza da total veracidade dos factos e que coloca em causa a estabilidade das instituições nacionais Presidente da República e Governo? Não, isto não pode ser verdade. Não acredito no que leio. E a ser verdade, exige-se, no mínimo, a resignação e demissão do Presidente da República, do primeiro-ministro, dos assessores de ambas as instituições nacionais que integraram a "paranóia", os directores dos diários 'Público' e 'Diário de Notícias' e os jornalistas que estiveram envolvidos neste escândalo.

João Severino, Pau Para Toda a Obra

O Presidente do Irão voltou a negar, de forma totalmente irresponsável, a existência do Holocausto. Falando perante milhares de apoiantes em Teerão, Ahmadinejad desceu hoje ao nível de qualquer cabeça rapada neonazi proclamando que o extermínio de judeus pelo regime hitleriano “é uma mentira baseada numa história mítica e impossível de provar”. Na próxima semana, este indivíduo irá discursar num dos palcos mais respeitáveis do planeta - a Assembleia Geral das Nações Unidas. É intolerável que alguém que acaba de insultar a memória de seis milhões de mortos nas câmaras de gás do nazismo possa falar ali, como se fosse um estadista, sem um protesto categórico da comunidade internacional. Nesta matéria, não existe qualquer direito à indiferença.

Pedro Correia, Delito de Opinião

As justificações para o TGV vão ao sabor do momento político. Antes da crise o TGV era um investimento totalmente privado em que o Estao entraria, quanto muito, com uma pequena parcela. Durante a recessão passou a ser investimento público substituto da procura interna para combater armadilha de liquidez. Entretanto, e segundo o governo saímos da recessão sem a ajuda do TGV. O TGV passou a ser uma forma de ajudar à retoma. Às vezes é investimento público, mas ontem Mário Lino já dizia que 50% é investimento privado. Também dizia que o TGV se ia fazer para combater o endividamento e o défice externo (porque alegadamente substitui importações de combustível). Entretanto, nos seus melhores dias, o Primeiro-Ministro consegue dizer que o TGV é para nos ligarmos à Europa ou para sermos modernos. Mas em nenhum momento o governo consegue desmentir o óbvio: o TGV só é viável se for fortemente subsidiado.

João Miranda, Blasfémias

José Manuel Fernandes foi à SIC Notícias contar tudo e mais alguma coisa. A fazer fé nas suas revelações, estamos perante um caso simples e cristalino. Algures no tempo, a Presidência da República Portuguesa, oficiosamente, entregou ao jornal Público informação relativa a um indivíduo suspeito de espionagem a mando do Governo. Estamos em Abril de 2008. O jornal tem dúvidas e decide investigar antes de publicar a notícia. Passados 17 meses, o próprio Presidente da República, agastado com algumas declarações de 2 dirigentes do PS, os quais comentavam o conhecido envolvimento da Casa Civil na elaboração do Programa do PSD, ordenou ao Público que publicasse a notícia das escutas. O caso era agora oficial, o jornal obedeceu. Foi isto, e exactamente isto, que o Zé Manel disse à Ana Lourenço, essa carinha laroca. á estávamos de papo cheio, pois a história da existência de uma fonte da Presidência que fala em nome de Cavaco – nexo confirmado pelo director do Público, entre outros jornalistas, e email publicado no DN – para lançar uma teoria da conspiração em período eleitoral, chega para nos entreter ao serão. Mas o Zé Manel tinha mais para contar. É que ele está a tentar completar um puzzle. Uma das peças principais é o nosso agente no Funchal, Rui Paulo de Figueiredo. Este malandro, explicou o Zé Manel, tem ligações perigosas com a Maçonaria e com os serviços de informações. Portanto, cá está, o gajo não pode ser bom. E continuou a abrir o livro, num crescendo espectacular: a investigação do Público, começada num café discreto da Av. de Roma, aponta agora para o Sistema Integrado de Segurança Interna, entidade que o Zé Manel disse ser potencialmente perigosa, assim se justificando uma complexa operação que iria requerer certezas a 200 e 300% dado o melindre do assunto em causa. Isto foi mesmo dito publicamente, no mesmo dia que tinha começado com a acusação ao SIS. Ora toma, embrulha e leva para o Sócrates e respectiva máfia. Que tal? Satisfeito? Espera, falta a pulhice final. Confessou que muito dificilmente se poderia vir a descobrir algo de substantivo, dada a natureza do caso e do que estava em causa. Por isso, e só por isso, ainda nada tinha sido publicado no jornal. Este relato era entremeado com sorrizinhos e risinhos, o que pode ser apenas a normal expressão da sua tensão nervosa, como pode ser a expressão do seu divertimento, quem souber que responda. E, súbito, apareceu ao telespectador a peça final do puzzle. Era o próprio Zé Manel. Ei-lo, o assumido executor da conspiração ao serviço da Presidência, o qual acabava de atear a suspeição máxima acerca do regime com o desprendimento e leviandade de quem se queixa de Paulo Bento. E pronto, estava o serviço feito. O eleitor ouvia à tarde Cavaco a reconhecer os problemas de segurança, e à noite tinha a versão detalhada e pícara pelo Zé Manel. Agora, era só agitar com a Manela e juntar asfixia democrática e medo em doses cavalares. Obviamente, e mesmo que saia do Público, não lhe irá faltar trabalho. Embora não saiba bem qual o nome a dar ao seu talento, é inquestionável que o pulha tem talento.
Estando o puzzle completo, podemos ver a figura acabada. É a do actual Presidente da República Portuguesa, um homem que jurou cumprir a Constituição.


Val, Aspirina B

Por maiores que tenham sido os conflitos institucionais entre presidentes e primeiros-ministros nunca um Presidente da República foi tão longe na tentativa de desestabilizar a democracia com o objectivo de criar condições para chamar a si o protagonismo político. A ser verdade a notícia do DN sobre o envolvimento de um assessor na montagem de uma falsa notícias pode dizer-se actuação de Cavaco Silva viola todos os princípios da ética. Cavaco já não preside, dirige uma matilha de assessores que desde há meses que procuram desestabilizar a democracia. Resta esperar que Cavaco consiga levar o seu mandato até ao fim.

Jumento, O Jumento

Não percebo porque é que há quem se indigne com um Festival de Cinema Gay e Lésbico. Houve um festival de cinema sobre bicicletas e ninguém se insurgiu. No entanto, de todas estas temáticas, a única que já causou estragos no meu traseiro foi precisamente a bicicleta!

João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária

3 comentários:

O Analista disse...

É bom ler estes blogues que nos informam sobre o que se vai passando na democracia portuguesa, que é para - a nós que somos tão críticos em relação aos políticos de Macau - nos ir abrindo os olhos e fazer ver que, afinal, a introdução da democracia deve ser feita como por cá (em Macau): devagarinho e sem revoluções.

Anónimo disse...

Ó analista, o que é devagarinho para ti? É fácil falares quando já tens democracia no teu país. Se vivesses antes do 25 de Abril, queria ver se dizias a mesma coisa.

O Analista disse...

Portugal já seria uma democracia sem ter havido 25 de Abril. E uma democracia melhor do que aquela que existe hoje. Quando se justificava a revolução, em período salazarista, não houve ninguém que o tivesse conseguido. Os "heróis" só apareceram quando o regime de Caetano baixou a guarda.