sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Islão: afinal do que se trata?


Tal como vinha prometendo (e adiando), vou finalmente falar do Islão, da religião islâmica, do Alcorão e de tudo mais que tem tanto que se lhe diga que o mais difícil mesmo é condensar num artigo apenas todo o essencial, sem deixar nada de fora de modo a dar a entender que estou aqui a vender alguma coisa. Reitero mais uma vez - e nunca é demais - que sou agnóstico, mas sinceramente penso que esta guerrilha inter-religiões já deixou muita gente sem saber bem o que pensar, e por culpa de certos grupos de pessoas mal intencionadas, tem-se pintado um quadro demasiado negro daquilo que não é mais do que uma mera religião - e quem vive com a religião como medida para tudo o que faz? Mesmo os que o fazem (e sabemos que os há) já se tinham atirado ao mar, tantas eram as vezes que tinham caído em contradição. Detesto ter que falar bem das religiões, de qualquer uma, e para mim um mundo sem religião seria perfeito, mas por uma questão de justiça, ou pelo menos do que considero a reposição de alguma justiça (toda seria impossível) sinto que devo dar o meu (humilde) contributo. Enfim, no meio de tanta coisa má, que a História nos relata e só não vê quem não quer, há em todas as religiões convencionais qualquer coisa de bom, e o importante é conseguir tirar delas aquilo que podemos usar - e claro que não é tudo, nem sequer a maior parte. Vou aqui tentar desmistificar alguns conceitos, e para quem não procurou saber mais e por acaso veio aqui parar e se quiser deter por alguns minutos, venha comigo tentar pôr a nu algumas falsas verdades que, por razões diversas as pessoas preferem acreditar, talvez porque se sintam melhor, ou que o façam na necessidade de validar as suas próprias convicções. Outra vez, não reconheço em mim o poder da hipnose, e nem por um instante me passou pela cabeça convencer ninguém seja do que for. Todos os factos por mim apresentados podem ser facilmente verificados, e cada um tirará as conclusões que achar mais a seu gosto. Posto isto, vamos em frente.


O ISLÃO É UM RELIGIÃO EXCLUSIVISTA E OCULTA

Escolhi aquela imagem que vides ali em cima para ilustrar uma realidade que muita gente se escusa em referir quando se fala do Islão como uma minoria, inserido em sociedades onde predomina outra confissão religiosa: Singapura. Quem já lá foi sabe do que falo, e presenciou aquilo que muitos diziam ser impossível - o convívio pacífico entre religiões antípodas. Naquela cidade-estado temos um caso único no mundo: hindus e muçulmanos a conviver em harmonia, e ainda uma comunidade chinesa que está em maioria, e pratica a religião budista, bem como cristãos, mesmo que mesmo em menor numero não se queixam de perseguições, descriminação ou hostilidade da parte das restantes. Se estão separadas por distritos perfeitamente identificados e onde é difícil encontrar a presença das outras? De facto, mas é assim porque assim quiseram, e convívio não é necessariamente sinónimo de mesclagem. E posso dizer que é mesmo uma questão de opção, pois vi com os meus próprios olhos, por exemplo, um restaurante de comida chinesa que servia carne de porco entre vários restaurantes islâmicos, sem que ninguém se importasse com isso. Se é verdade que estamos aqui a falar de um pequeno estado com uma área ligeiramente mais reduzida que Londres e metade da sua população? Talvez, mas também é o único lugar no mundo onde se fez esta experiência. Um Governo autocrata que exerce o poder de forma musculada? Que se saiba realizam-se em Singapura eleições livres e democráticas, e por "musculado" nem fazem ideia do caminho que a Europa se inclina a tomar caso se confirme a tendência para eleger personagens como Marine Le Pen. E mais não digo.


Esta imagem foi recolhida por mim num supermercado em Kuala Lumpur, capital da Malásia, um país que apesar da população ser composta por uma maioria de malaios que praticam o Islão, um quinto dessa população é composta por chineses, e mais cerca de 10% indianos, estes praticantes do hinduísmo e/ou a sua variante do sikhismo, mais próxima do Islão. Reparem como na imagem se pode ver que a venda de bebidas alcoólicas é reservada apenas a clientes não-muçulmanos. Portanto cai em (boa) parte o mito das "imposições" - ninguém que não seja seguidor do Islão é obrigado a cumprir as mesmas regras impostas - aí sim - aos seus praticantes. Claro que qualquer um, muçulmano ou não, está sujeito às leis civis, e aqui há um aspecto que importa referir e que eu tenho visto muitas vezes deturpado: em qualquer país, seja qual for a religião que ali se pratica, ou a ideologia política do Estado, ninguém está acima da lei. Por alguma razão esquisita vejo ultimamente muita gente a considerar este ou aquele país "insuportável" por seguir normas ou preceitos com que não se identifica. Ora aqui têm, meus meninos: se quiserem ir a um país islâmico como a Malásia e a Indonésia, ou à cidade-estado de Singapura, podem encher a cara de bebida, como lá na vossa terrinha, mas também como acontece na vossa terrinha, não esperem ir por aí fora e começarem a comportar-se como uns selvagens sem terem as autoridades à perna. A não ser que vivam no meio da selva, mas aí não creio que exista bujeca.





É claro que o Islão não é a mesma coisa em toda a parte. Existem diferentes maddhad (literalmente: concepção; conceito mais amplo: jurisprudência) em cada um dos dois grandes ramos do islamismo, o sunita e o xiita. Sem querer entrar detalhadamente pela doutrina, basicamente o tipo de escola jurídica que encontramos em países do sudeste asiático é o mesmo que em alguns países da costa leste do continente africano, mas muito diferente das que encontramos, por exemplo, no médio oriente, no magrebe e em toda a península arábica (com excepção de Omã). O tipo de escola islâmica que mais "assusta", por assim dizer, pois segue uma doutrina mais conservadora e que provoca uma reacção mais forte aos parâmetros laicos ocidentais é o Wahhabismo, movimento idealizado por Muhammad ibn Abd al-Wahhab, um pregador islamita que viveu no século XVIII e que através de uma interpretação rígida dos cânones da religião tentou o revivalismo da mesma - talvez sem imaginar que seria levado à letra, um pouco como Marx, longe de sonhar com "gulags" ou com o actual regime norte-coreano, quando idealizou uma sociedade sem classes. Na altura Al-Wahhab usou o poder que adveio desta corrente para se aliar a Muhammad bin Saud e fundar o primeiro estado saudita, em 1744. Foi tudo uma questão de partilhas, mas a verdade é que o Wahaddismo foi ficando, e é hoje a escola jurídica que temos na actual Arábia Saudita, e que com uma interpretação mais rudimentar deu origem aos talibã no Afeganistão. Em Portugal, pelo menos no que nos é dado a conhecer, a comunidade islâmica é representada pelo Ismaelitas, uma escola do Islão xiita. Qual é a diferença entre o Islão sunita e xiita? Basicamente os sunitas consideram que os três califas que sucederam Maomé são os legítimos sucessores do profeta, enquanto os xiitas rejeitam estes, e consideram que Ali, genro de Maomé, é o seu genuíno sucessor. Um cisma, portanto, algo comum a muitas (todas?) as religiões.


OS MUÇULMANOS SÃO "PROGRAMADOS" PELO CORÃO

Eu sei que não é exactamente isto que se diz, mas anda lá perto, e é bom falarmos deste tema que assim entendemos melhor os que se seguem. Ao contrário do que muita gente possa imaginar, o Corão não é um livro de receitas de bomba, nem um manual de iniciação ao jihadismo (curioso como foram distinguir algo que existe também no cristianismo, a "guerra santa", bastando para tal usar o nome em árabe). Não foi escrito por demónios de Lúcifer por oposição à Bíblia, essa escrita por anjinhos, nem contém apelos ao homicídio nem a nenhuma dessas parvoíces que vos impingiram - e impingiram porquê? Não vou dizer que é com essa intenção, ou para prever algo do género, mas é um facto que desde pequenos aos cristãos é ensinado que a Bíblia contém a palavra de Deus, todos os outros livros sagrados mentem, e de tão verídica e santa que a Bíblia é, não vos cabe interpretá-la livremente, e para facilitar as coisas, porque não, nem lhe devem tocar com um dedo, cabendo essa função a quem de direito, a um "estudioso" das escrituras - e admitam lá, ler aquilo sem bonecos nem nada é uma grande xaropada, digam lá se não é? Por inerência, o Corão é o livro sagrado do Islão, e juntando ao guisado a fábula da reconquista, aprendemos que os cruzados eram uns tipos impecáveis mandados por Deus num cavalo branco para realizar o Seu desejo, o da reconquista da Terra Santa, num âmbito mais alargado, e da Península Ibérica, na parte que nos toca. Neste último caso não se tratou de "reconquista", visto que primeira e única vez que os actuais territórios de Portugal e Espanha estiveram sob jugo cristão assim permaneceram até aos dias de hoje, mas isso vamos tratar mais à frente. Facto é: há quem não pegue na Bíblia por ser muito santinha, nem no Corão por ser demoníaco, mas acha-se no direito de emitir juízos de valor sobre ambos. Muito bem, ou neste caso, nem por isso.

Este tipo de mono-pensamento leva a que certas pessoas, mormente religiosos do lado cristão (e aqui os protestantes, nomeadamente os evangélicos, conseguem ser bem matreiros) façam crer que o Corão é um livro que incita ao ódio, e que "contém nada mais do que horror e violência". Vi quem tivesse tentado ilustrar este fabuloso raciocínio dizendo que "basta abrir o Corão em qualquer página para deparar de imediato com palavras incitando ao ódio e à intolerância". Concordo com parte desta ideia muito louca, e outra coisa não seria de esperar, mas somente no tocante ao radicalismo da religião, não só desta, mas de todas elas. Porque se alguém fizer com a Bíblia o mesmo que se propõe ser feito com o Corão e "abrir o livro a meio", pode deparar com isto:

"Se um homem tiver um filho obstinado e rebelde que não obedece ao seu pai nem à sua mãe e não os escuta quando o disciplinam,

o pai e a mãe o levarão aos líderes da sua comunidade, à porta da cidade,

e dirão aos líderes: 'Este nosso filho é obstinado e rebelde. Não nos obedece! É devasso e vive bêbado'.

En­tão todos os homens da cidade o apedrejarão até a morte. Eliminem o mal do meio de vocês. Todo o Israel saberá disso e temerá.

Ok, "sorte de principiante", dirão alguns, "fora de contexto", dirão outros, "já foram", respondo eu. Se é uma pequena "gaffe" das escrituras, ainda por cima "uma das raras", e eu fiz de propósito porque sou "canalha", "herege" ou ainda "islâmico" e a Bíblia é "perfeita" (estas são as mesmas pessoas que se sentem ultrajadas se lhes chamam de xenófobas), então continuem a ler do ponto onde ficamos:

Se um homem culpado de um crime que merece a morte for morto e pendurado num madeiro, não deixem o corpo no madeiro durante a noite. Enterrem-no naquele mesmo dia, porque qualquer que for pendurado num madeiro está debaixo da maldição de Deus. Não contaminem a terra que o Senhor, o seu Deus, dá a vocês por herança.

Este e o livro de Deuterónimo nº 21, cuja passagem que leram podem encontrar no versículo 18, e comprovar a sua veracidade, se quiserem (ou buscar na net "Deuteronimo 21:18). É possível que vos digam coisas como "é preciso interpretar a Bíblia, e não retirar dela o sentido literal", como se "levem o vosso filho devasso e bêbado aos líderes para que eles o mandem ser apedrejado até a morte pelos homens da cidade" possa significar outra coisa, como "dêem-lhe um abraço e levem-no a comer 'gelatto' com toda a família", o que me parece ser uma atitude mais cristã que "apedrejá-lo ate a morte", mas afinal parece estou equivocado. Podem também alegar que esse é o Antigo Testamento, passou da data de validade, e agora há um novo que fala de Jesus e dos anjinhos, tudo coisas boas, mas do Corão tudo o que vos dizem é simplesmente "abram no meio e leiam", ponto. Uma proposta ousada, esta, especialmente se forem parar, sei lá, no livro 41, versículo 34, só para dizer dois números a sorte? E mais "no meio" que isto é difícil:
Retribui o mal com o bem, e eis, aquele entre o qual e vós houvesse inimizade, se tornaria vosso sincero amigo.
Epá o Leocardo só pode estar a gozar com a malta, man. Isso no Corão, que se diz por aí que é um guia para o homicídio, com camelos, burqas e homens-bomba? O manual do terrorismo? A abc do ódio? Isso tudo, e olha-me para estes islâmicos de uma figa:
A concórdia é o melhor, apesar de o ser humano, por natureza, ser propenso à ganância.
Já viram isto, que podem atestar como sendo do Corão indo ao vosso "gugalserje" procurar "Corão, Surata 4, 128"? Pode ser que nem vão, pois desconfiam daqueles fanáticos, radicais e extremistas, e preferem os vossos fanáticos, radicais e extremistas, por uma questão "cultural", pois pouco importa se é mentira o que eles vos estão a impingir, pois no fim de contas os outros "são uns sádicos e facínoras que torturam quem não segue e adopta a sua religião, oprimem as mulheres, além do profeta deles ser "um pedófilo que desposou uma menina de seis anos". Ainda bem que falamos em profetas, porque em termos de reverência aos mesmos, eles têm um longo caminho pela frente, e agora é tarde demais para martirizar o seu profeta Maomé, submetendo-o a uma morte lenta, dolorosa e humilhante, e tudo para que o seu sacrifício venha expiar os pecados do mundo. Não sei se o mundo até esse momento, ou quanto tempo depois disso, ou se este martírio é valido para toda a eternidade, mas eu não o aceito: é vosso. E não vos vou pedir para me explicarem porque pensam que o Corão é "horrível", mesmo desconhecendo o seu conteúdo, enquanto a Bíblia, compêndio dos mais delirantes episódios que - e insisto, requerem interpretação - é uma coisa sacrossanta. O Corão é aquilo que lá está e acabou-se. Se for tudo como as duas passagens que reproduzi, até nem é assim tão mau, pois não?

Lá está, portanto, a falácia das escrituras reside no facto de serem um compêndio de documentos extremamente datados, e permitam-me um tom mais ligeiro na abordagem a este tema, lavrados num tempo em que a malta andava muito, mas mesmo muito chateada com a vida. Morria-se das coisas mais banais, como a gripe ou a apendicite, nem se falava de direitos humanos, e basicamente quem nascia no fundo da pirâmide hierárquica da época já tinha muita sorte se acabasse escravo. Não existindo televisão, internet ou nada que se pareça, o único entretenimento era a guerra, e os povos armavam-se para conquistar os seus vizinhos pela força das armas "porque sim", e dessa forma também se distraíam do cheiro nauseabundo que pairava no ar, produto da falta de saneamento básico e água canalizada, que vai na volta resultava numa ou noutra epidemia de uma doença transmitida por ratos, que naquele tempo eram praticamente o equivalente a uma mosca que nos aparece em casa pelo Verão, ou uma barata que nos visita se deixamos os pratos por lavar de um dia para o outro. Meus amigos: que os livros sagrados contenham passagens inspiradoras e de inegável elevação estética é já por si um milagre.


Portanto, sendo o Corão, bem como qualquer outro livro sagrado, passível das mais amplas e difusas interpretações, é normal que há quem o queira interpretar com intentos maléficos, normalmente com fins políticos. Como disse noutro "post" destes últimos que tenho dedicado a combater (ó nobre mas hercúlea tarefa para um homem só) o ódio, fossem as receitas do Chefe Silva o livro sagrado nestas paragens agora consideradas pouco recomendáveis, e os islâmicos tinham ervas-de-cheiro a sair das orelhas. É tão simples quanto isto: tentem nascer, crescer e viver em cima de um barril de pólvora, e vão ver se vos dá uma queda para a música "pop" ou se pensam em como papar a boazona da vizinha. Este é um exercício que nem é muito difícil de fazer - basta ter um pouco de humanidade para entender isto, no fundo, e já agora perceber que as pessoas não "nascem más", ou como tenho visto por aí escrito e dito: "mesmo que pareçam inofensivos quando são pequenos, mais tarde crescem e viram-se contra nós". Isto deve ser a coisa mais inumana e imbecil com que alguma vez tive o infortúnio de deparar. Juro que me deixa sem o mínimo de consideração por quem produz tal afirmação, e sem respeito por quem nela acredita. Mas pronto, visto que está o Corão, vamos em frente. Se entenderam esta parte, o resto fica menos difícil de assimilar.



ONDE VÃO, OS MUÇULMANOS QUEREM IMPOR O ISLÃO

Acho graça a esta imagem, e sabem porquê? Faz-me lembrar os protestos contra as portagens ou as propinas em Portugal, onde a malta ostenta cartazes onde se lê "NÃO PAGAMOS" e depois pagam na mesma. A diferença entre estas duas realidades é que se vê pela cara destes que estão só na gozação, mas sabem dar onde aos outros lhes dói, ah pois é. Portanto, nunca me canso de repetir que a Islamização da Europa é UM MITO. Pois é, e se por um lado os NAZIS têm a mania de atirar com coisas destas...


...para "provar" que o Islão está aí para cortar as cabeças e os dedos (e as cabeças dos dedos, já agora) a quem "não se converter" (nem vejo ali nada que sugira "conversão", mas deixem lá), quando o contexto...


...nos dá a entender a luta entre o Bem e o Mal - ou não, sei lá? Dá para interpretar de mil e uma maneiras, mas para mim, que não sou religioso, interpreto como "tipo escreveu cena marada há 1400 anos para hoje confundir cabecinhas ainda mais retrógradas do que nessa época". Mas olhem o que eu faço usando EXACTAMENTE o mesmo truque com a Bíblia:


Ó meus amigos desculpem lá, mas a última vez que deparei com este tipo de impropérios foi quando  era adolescente e dei um safanão num puto mais pequeno que eu, que estava armado em parvo, e que a seguir foi bradando inanidades destas enquanto olhava para trás garantindo que mantinha uma distância segura, e eu não lhe cascava mais uns calduços na mona. Isto é para que vejam o que dá escrever coisas com as partes mais tenrinhas quase em carne viva e sem ter sido inventado o creme Hirudoid, ou o pó de talco. Ah, e os calicidas, também.


Se calhar o que intimida as pessoas é ver as coisas escritas em árabe, deve ser isso. Por outro lado, sabem como estes caracteres podem "ter estilo", e como sabem - se calhar é melhor dar um tempo até fazerem a próxima tatuagem nessa temática, que tal? E agora olhemos para a própria palavra "Islão". Ui, que isto tem que se lhe diga. 


Calma, não se assustem (isto se calhar é muita fruta para se administrar de uma só vez), que é apenas a expressão escrita do significado de Islão, que como se pode ver é mais do que uma simples palavra, que a malta mais desonesta (e neste ramo o que não falta é malta desonesta) traduziu para "submissão". Ora bem, esta "submissão" é uma das cinco condições para se aderir ao Islão: uma rendição sincera, uma obediência e aí a submissão à vontade de Deus, e sempre feita em paz, ou seja, voluntariamente, e nunca imposta pela força ou pelas armas. É possível que achem estranho como certas personalidades se convertem ao Islão sem que ninguém as obrigue, casos do cantor Cat Stevens, do ex-futebolista Abel Xavier ou ainda num caso em tudo surpreendente, o foto-jornalista Gabriele Torsello, que esteve refém dos Talibã no Afeganistão em 2006. Se me perguntarem como se explica, eu respondo "não se explica". Não se impõe e também não se fica submisso. Acontece. E vocês lembram-se como entraram na vossa seita, seja ela qual for?


OS MUÇULMANOS QUEREM IMPOR A SHARI'A

Esta é uma daquelas frases feitas que foi idealizada para assustar as sopeiras e os meninos de coro. A shari'a não é uma prática corrente do Islão, e escolhi aquele pensamento de um homem que não posso considerar um bom exemplo, mas cuja História lhe fez (ou vai fazendo) justiça: foi graças à imposição da lei islâmica, ou neste caso da instauração de uma República Islâmica que ainda hoje vigora, que o Irão garantiu a sua soberania após ter sido derrubado o regime do xá Reza Pahlevi, e o poder ter literalmente caído nas ruas. "O Islão é uma religião marcadamente política" - disse o Ayatollah Ruhollah Khomeini. E como podem ver não era um louco desvairado possuído pelo fanatismo, mas sim um pensador ciente de que através da religião o exercício do poder era um "doce". E foi assim durante a Idade Média na Europa, por exemplo, e a Santa Inquisição ainda ditou as suas abstractas regras até bem depois do evento do humanismo, e chegou de mão dada a outras paragens com o expansionismo. E não sejamos inocentes: a hesitação que ainda é bem notória ainda nos nossos dias quando se aborda a religião é uma herança deixada pelo Santo Ofício. Isto para não falar dos exemplos muito recentes de censura moral e posteriormente efectiva (Saramago, para citar um exemplo) que temos assistido mesmo em plena democracia. Mas vejamos a extensão deste "problema" que é a shari'a a nível global.


Permitam-me fazer a legendagem, que ficou cortada quando fui "pescar" este mapa. Nas zonas a roxo vigora a shari'a absoluta, ou seja, a lei islâmica tem uma aplicação total, extensiva ao direito criminal - e é aqui que reside o problema: cabeças cortadas, mãos decepadas por crimes de roubo, e talvez a parte mais controversa, a palavra das testemunhas sobrepõe-se às provas forenses, ou seja, num caso de violação, mesmo que seja possível obter ADN do agressor, a mulher arrisca-se a ser condenada por fornicação (sexo fora do matrimónio) caso nenhum homem testemunhe em seu abono, ou seja, que diga que ela foi violada. E a este ponto é necessário que ele tenha assistido ao crime em flagrante delito. Agora, meus amigos, sejamos práticos e tiremos as mãos da cabeça, e deixe-mo-nos de "ai Jesus não pode ser, ai ai, são piores que animais". Isto não faz sentido nenhum, é lógico, e casos como aquele que acabei de referir, não sendo de todo inéditos, são bastante raros e muitas vezes extrapolados para pintar um cenário mais negro do que aquele que efectivamente é (e não ganho nada em negar seja o que for). Contudo esta versão troglodita de justiça aplica-se - lá está - na Arábia Saudita e entre os talibãs e quejandos, e desses já sabemos que nada de bom poderia sair. Antes de prosseguir, deixem que complete a legenda: nos países a verde o Islão é apenas religião de Estado, não se aplicando a shari'a, nos países a amarelo a shari'a é do âmbito da religião, e aplicado individualmente, e sempre num contexto religioso, ou seja, o indivíduo pode recorrer à lei civil para escapar a um eventual castigo que considere excessivo, e nas zonas a laranja praticam-se "versões locais" da shari'a. 


Para entender melhor este último ponto, recordemos o caso do ex-primeiro-ministro malaio Anwar Ibrahim, destituído desse cargo sob acusações de corrupção e de, vejam bem, "sodomia" - sendo aqui o parceiro neste hediondo tango o seu motorista, que fez o ingrato papel de apêndice de um caso nítido de purga com fins políticos. É óbvio que o sr. Ibrahim não "papou" o motorista, e foi tudo engendrado para o sanear, uma vez que "corrupção" é difícil de provar (e logo entre os meios políticos) e uma acusação daquelas que dá para "sacar" da shari'a cai como ouro sobre azul para a oposição. Humilhante mesmo foi para o pobre motorista, uma vez que Ibrahim foi até Março do corrente ano membro do Parlamento e líder da oposição, obtendo mesmo a maioria dos assentos nas eleições gerais em 2013. Ficou a "sodomia" a impedir que chegasse mais longe. 


Esta é uma imagem que tem passado como muitas outras semelhantes como tendo sido obtida no Ocidente, e insere-se nesse grande pacote de imagiografia dedicada ao tema do Islão como grande papão que vai dar cabo da civilização ocidental. Haja pachorra, e desejo muita para quem se quiser dedicar a situar cada uma delas no contexto apropriado, mas esta que vem para o caso foi colhida nas Maldivas, onde recentemente a população se tem manifestado contra o regime presidencial, minado de corrupção, e onde o actual chefe de Estado foi eleito depois de uma sucessão de golpes e contra-golpes, que mesmo assim não livraram a sua mulher e actual primeira dama de sofrer um atentado à sua vida em Outubro último, atribuído ao vice-presidente, por essa razão detido desde 5 de Novembro. Aqui a Shari'a pode ser entendida como uma tábua de salvação, quando um regime em teoria democrático entra em colapso. O Irão, como já vimos, é um exemplo de uma Shari'a na sua plenitude, com o presidente a exercer uma função administrativa, e cabendo sempre a última palavra ao líder supremo, o Ayatollah, que é actualmente Ali Khameini, cujo cargo é vitalício - foi Deus que ali o pôs, e até quando Deus quiser. É portanto uma teocracia. Querem outro exemplo de uma teocracia, mas desta feita não-islâmica?


Aqui está ela, só que esta vocês aplaudem e ainda pedem bis. E na verdade nem incomoda muito, e o terrorismo aqui parte mais das directivas, e não tanto de pessoas, na forma de jihadistas ou de outro boneco qualquer. Agora em jeito de conclusão, isto da shari'a é muito simples: requer um país onde exista uma maioria muçulmana e onde o Islão seja a religião de estado, e assim como a Revolução Islâmica no Irão e outros casos que tais, requer um massivo apoio popular. Portanto julgo que quando algumas pessoas manifestam receios desta ordem, não estarão propriamente a medir o alcance daquilo que estão a dizer. É normal, é normal. Justifica-se com uma iliteracia que não é de hoje.


Eis um bom exemplo daquilo que não se deve fazer, e aqui foi citar aquilo que se diz de S. Tomás: faz o que ele te diz e não faças o que ele faz. Se tiverem tempo leiam este artigo daquela senhora, em que tenta explicar que existem várias formas de Islão, dependendo da sociedade em que estão integradas, como já vimos. Aqui percebe-se porque é que as pessoas que defendem que os horrores da Islão nada têm que ver com religião, e aparecem os "bullies" a mandá-la prá burqa que a vestiu, e a chamá-la "mentirosa", e desconfiando como se fosse um cão que quer brincar e pensam que vai morder. É por isso que se ficam pela afirmação, porque não vale a pena explicar - e ainda dizem que é o Islão que faz lavagens cerebrais. O que seria, como já ouvi por aí a sugestão, se os líderes muçulmanos ou os muçulmanos que condenam a violência o fossem fazer em público? Sorrisos e abraços, e todos amigos? O tanas! Insultos, apupos e ainda pediam para ele admitir que a religião dele está errada e a vossa certa, ou dizer em voz alta que é um "selvagem".



O ISLÃO QUER IMPOR HÁBITOS ALIMENTARES

Ou numa versão mais erudita, "O Islão quer impor o Halal", que posto nestes termos, com uma palavra árabe à mistura, as pessoas vão logo pensar que é mau, tem a ver com terrorismo, etc.,etc., o costume. Portanto, antes de mais nada, gostava de saber que ideia é esta de pretender evitar a todo o custo a implantação do Islão, ou neste caso de uma maior comunidade islâmica (recordo que a maior da União Europeia reside na Alemanha e são menos de 6 milhões), ou caso contrário eles impõem isto e aquilo. Quer dizer, partindo do princípio que não são parvinhos nenhuns, só podem estar a ser um bocado velhacos. Matreiros, vá lá. É que a fazer fé nessa vulnerabilidade, a cultura que apregoam estar aí a defender não vale grande coisa, não é por nada, pois dão a entender que basta chegar outra qualquer para que seja assimilada num gole só, como se fosse uma aspirina. Adiante.

O "Halal", que já expliquei neste artigo não é mais do que um conjunto de preceitos alimentares e higiénicos, que se pode alargar até certos tipos de conduta, e que encontra na religião judaica uma norma semelhante, o "kosher". Um dos "problemas" desta ameaçadora imposição (mais uma) prende-se com o método de abate dos animais, que para ilustrar melhor, deixem-me que vos exemplifique com imagens cujo conteúdo é deliberadamente gráfico:


Aqui vemos um matadouro comum, onde o método de abate é aquele que se vê...


Um matadouro "kosher", seguidor dos preceitos judaicos do abate dos animais...


...e o abate "halal", e a não ser que vos incomode a oração que os senhores fazem antes do acto ou o napron na tola daquele senhor que vemos na imagem, as diferenças são exactamente essas: nenhumas! Ora bem, a quem pode isto incomodar, exactamente?


Isso mesmo: aos maluquinhos das associações dos Direitos dos Animais, eles próprios um grupo terrorista muito sui generis, que tem como fim pôr toda a gente a pastar - eles já são batidos na matéria, chegando a aperfeiçoar a arte de marrar e tudo. Portanto estes para quem toda a gente que come carne é criminosa, não iam abrir uma excepção para os islâmicos, mas se lhes forem falar de Islamizações e o camano, eles respondem apenas: "muhhhh?!", que traduzido quer dizer algo como "sei lá; queremos ovelhas sufragistas já!". 


Quanto à questão dos tabus alimentares, é sabido que o porco é um animal "haram" (proibido) por oposição a "halal" (permitido) e isto fica bem patente na quinta Surata do Alcorão, que além de proibir o consumo de qualquer animal "esquisito", que seja morto num acto predatório ou que morra de causas naturais, em suma, "que não seja abatido em nome de Deus". Aqui subentende-se ainda que  o animal será morto apenas "para o consumo humano", e não por recreação ou maldade, o que deixa a caça desportiva mal vista aos olhos do Islão, e que me leva a questionar o porquê dos tais maluquinhos dos Direitos dos Animais embirrarem especialmente com esta confissão. Se calhar pensam que debaixo das burqas está algum animal que se quer expressar e não pode, sei lá! Vá-se lá entender os malucos. No entanto...


A Bíblia não pega nada, mas mesmo nada leve no que toca ao consumo da carne de suíno. Além da referência em Deuteronómio, que é aquela que toda a gente mais ou menos informada já conhecia, e que depois foi, ahem, "ignorada", temos ainda outras nada abonatórias em Isaías e em Levítico, o que me deixa a pensar que afinal o problema é desdém: os cristãos não admitem que os islâmicos venham ensinar como se pratica a religião. E lá têm os tipos a culpa de viver de acordo com as leis de Deus, enquanto vós sois...uh....impuros? Abomináveis? Desculpem mas não sei insultar em bíblico. E que tal uns "ganda javardolas"? Ah, ah, iá, boa. O que vale em não ter religião é que não se perde tempo com futilidades e sempre se pode apontar a tremenda hipocrisia dos crentes. Oh, oh. Ah é verdade, e estão a ver ali Deuteronómio 14:9? Saboreiem esses lagostins e mandem vir mais uma dose de ameijoas à Bulhão Pato porque no INFERNO não vão ter nada disso (segundo dizem, sei lá, vocês é que acreditam nessas patranhas). 

Patranhas no fundo são todas estas "imposições" que tanto temem sem razão alguma. Isto para mim cheira cada vez mais a esturro, e posso-vos garantir que não estou a cozinhar nada, pois não quis ofender as denominações religiosas de vossas senhorias, que vão da cachola passando pelo estômago e acabam na e com a paciência de quem não tem nada a ver com isto e depois ainda tem que aturar parvoíces. É óbvio que Le Pen e o restante maranhal da extrema-direita, os zionistas (que têm o MESMO tabu alimentar) e afins querem apenas embirrar com os gajos do Islão, ao pegarem numa coisa que, vejam bem isto, eles NÃO querem comer. Fossem todas as imposições assim, e andava o mundo sobre rodas de casquinha numa estrada de vinil parafinado.




O ISLÃO É UMA CULTURA QUE NÃO TEM NADA A VER COM A NOSSA

Tentem não dizer isso em voz alta perto de uma criança que esteja prestes a concluir o ensino primário, sob pena de o fazer perder o respeito por vocês, e num âmbito mais alargado, provocar-lhe uma tremenda depressão, julgando que a inteligência humana entra em regressão "lá pelos trinta e poucos anos, se não for mais cedo". Como dá para perceber pelo mapa ali em cima, sempre foram seis séculos de presença do Islão na Península Ibérica, e pelo mesmo mapa não será difícil perceber que quanto mais a sul nos encontrarmos nessa mesma península, mais acentuados e recentes são os traços da influência árabe na nossa cultura. Não, Islão não é "burqas e terrorismo", e na parte que nos toca foram pelo menos três séculos imaculados onde se deram progressos na área da ciência e tecnologia, com invenções que mais tarde teriam uma importância decisiva na epopeia dos Descobrimentos, e mais saberíamos não fosse pelo facto da reconquista cristã ter resultado na destruição da maior parte da documentação, tendo ficado preservados apenas manuscritos relacionados com a medicina, e pouco mais. Isto não é querer elogiar as virtudes de uns sobre os outros, e já agora recordo um artigo que escrevi em 2009, que tivesse sido recente, e seria chamado de terrorista para cima. Contudo gostava de chamar a atenção para o último parágrafo, na altura escrito em tom mordaz, mas mal sabia eu que se viria a relevar premonitório. É que nem sei a que cultura - a europeia e humanista não será certamente - fomos buscar esta ideia da pena de morte como panaceia para as crises de nervos. Bem, andando um pouco para trás...


 Antes dos árabes tivemos os visigodos, actuais alemães, mais coisa menos coisa, alguns pólos onde se estabeleceram outros povos chamados de "bárbaros", designação atribuída pelos romanos a todos os que não faziam parte do seu vasto Império, cuja decadência deu nisto tudo que acabei agora de enumerar. Ainda antes dos romanos habitava na Península, ou em parte dela, um povo que pode ser considerado o proto-português: os lusitanos. Segundo os cronistas romanos do início da ocupação, estes eram os tais que "não se governavam, nem se deixavam governar" - encontrada está portanto a nossa matriz, que pelo menos nesse aspecto mantém-se intacta. No entanto é impossível dissociar do todo que compõe a nossa identidade o período da ocupação árabe, que foi o mais longo depois do romano, desde que os registos dão conta dos tais lusitanos e até hoje, actual período cristão. Se quiserem rever este artigo que publiquei recentemente, e depois se dêem à devida introspecção, pode ser que identifiquem a razão desse conflito interior que agora vos assola, e que vos faz pensar em tanta asneira junta.


É PRECISO DEITAR ABAIXO AS MESQUITAS E CORRER COM ESSA GENTE

Este ainda foi um dos comentários mais simpáticos que tenho ouvido por aí, pois pelo menos usa a palavra "gente". Volto a usar esta imagem onde me encontro numa mesquita, e se isso chega, dou-vos a minha palavra de honra que nem me converti, nem me comeram nenhum bocado, mas assim como entro numa mesquita (só me fica vedado o acesso à sala das orações, que mesmo assim podem ver ali atrás)...


...entro também num templo hindu, porque não? Tão coloridos e pitorescos, estes templos, e acontecem sempre lá coisas espectaculares, com indivíduos cabeludos a baptizar bebés com, imaginem só, fogo! Mas não se assustem, que é só de vista (fogo, portanto...ah, esqueçam).


E como adoro eu templos budistas, e como os pagodes são um pagode, em suma, sou um turista das religiões, e se alguma delas tiver razão, fico em falta no que diz respeito à devoção, mas nunca em falta no que toca ao respeito, ponto final.


Essa de se referir aos templos de culto do Islão como se fossem vespeiros de jihadistas não lembra nem ao Diabo, que a existir deve estar a dar barrigadas de riso com esta regabofe religioso que para aqui anda, à tona da crosta terrestre. Imaginem que por altura das revelaç­ão dos escândalos de pedofilia na Igreja Católica alguém se lembrasse de sugerir que "se encerrassem as Igrejas" de forma a proteger as crianças? Faz todo o sentido, afinal temos aqui uma relação de causa-efeito: padres pedófilos, as vítimas são crianças, então, como é? "Ai mas não podemos, e tal"...e porque não? Para mim uma religião não é menos que a outra, e se querem que vos diga, com todos os privilégios de que a Igreja Católica usufruiu durante tantos séculos, deveria ter uma responsabilidade acrescida. Não sou apologista dos pedidos de desculpa constantes, ou outras humilhações desnecessárias, mas já agora não custava dar o peito às balas que vão sendo agora disparadas contra uma outra confissão perfeitamente inocente. Recordo que o exercício da liberdade de culto em democracia não distingue as confissões (ou não devia) nem as descrimina.


Lembrei-me desta cena do filme "Machete" quando li algures um comentário, inocente, mas imbuído de ignorância, que dizia "devemos manter as mesquitas onde se reza em paz, mas fechar aquelas onde se ensina terrorismo". Pois é, e eu acho que devíamos fechar as igrejas no México onde os sacerdotes guardam artilharia pesada e disparam contra traficantes de droga. Hoje no México, amanhã aqui! Porque não, se o Mediterrâneo e as balcãs são também "ali à mão de semear"? E se há coincidências que nos deixam a pensar, uma delas é a construção da nova mesquita de Lisboa, que não podia ter sido anunciada em pior altura: dias após os ataques no teatro Bataclan, em Paris. O projecto já tem vários anos, e estava apenas à espera de financiamento, indo custar à CM Lisboa 3 milhões de euros. A ideia não é má, uma vez que assim se evita o financiamento por parte dos wahiddistas do reino saudita, apontados agora como responsáveis pela radicalização de jovens na Bélgica e na França, e num passado recente também na Holanda. Como não podia deixar de ser, choveram protestos, desinformação e exageros: "vai custar aos contribuintes portugueses", é "OUTRA mesquita" (recordo que a comunidade islâmica em Lisboa calcula-se entre os 20 e 30 mil indivíduos que têm 1 (um) local para praticar o seu culto", "depois vão começar a fazer outras exigências", "é o fim do mundo" - esta acrescentei eu, mas não existe praticamente uma secção de comentários seja a que notícia for onde não apareça uma destas premonições apocalípticas.


Vamos então falar de coisas que "custaram ao contribuinte português". O Estádio de Aveiro, por exemplo, que custou 20 mesquitas (62 milhões de euros) para acolher 2 (dois) jogos do Euro 2004, e depois disso onze jogos oficiais: cinco da selecção nacional, e seis finais da Supertaça. Um elefante branco cuja existência fica validada uma vez por ano, em Agosto. O Beira Mar disputa actualmente a II Divisão dos campeonatos distritais da AF Aveiro, e realiza as suas partidas no Estádio Mário Duarte - é uma pena que esta catedral não tenha oportunidade de receber equipas do nível do CD Furadouro, ou desse colosso que dá pelo nome de Associação Atlética Macinhatense.


E o que dizer deste outro templo erigido ao desporto-rei, o Estádio do Al-Gharb? Em vez de se financiarem 15 mesquitas (46 milhões, e fica um milhãozito para as despesas do Rei de Xelb [Silves]), construiu-se antes esta catedral onde os rapazes do Al-Ulya [Louletano] e os homens do príncipe Ben Bekr [Farense] disputam as suas batalhas contra os reinos cristãos que vêm à conquista do Al-Gharb.


E o que dizer disto, não uma mesquita, mas um "mosquito", que em 2014, 22 anos depois de ter sido construído, veio-se a saber ter custado uns "simpáticos" 200 milhões de euros - 60 e tal mesquitas. E quem não passou já um dia agradável em família no Centro Cultural de Belém? Pois, pois, eu sei. Nem deve estar pago, ainda.


Não vou ser injusto e usar o termo "cultos sinistros", mas todos estamos certamente recordados da implantação em Portugal da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), do pastor Edir Macedo, aqui num vídeo datado do ano passado, auto-proclamando-se "o pastor mais rico do mundo". E sabemos bem com foi que chegou lá: à custa do pagamento da dízima por parte dos fiéis do culto - 10% de todos os seus rendimentos. Algumas confissões ainda levam a cabo esta prática, mencionada em Levítico 27, e revogada em Hebreus 7, e porquê? Porque dá dinheiro. Os televangelistas nos Estados Unidos 

E o que diriam se a comunidade islâmica enchesse um Estádio de futebol com 15 mil fiéis, como fazem anualmente as Testemunhas de  Jeová. Esta seita restauracionista (explico isso de passagem neste vídeo, por volta dos 5:00), com mais de 50 mil seguidores e 600 congregações em Portugal, é a meu ver muito mais radical que qualquer Islão com que eu tenha tomado contacto: não comemoram aniversários, Natal, passagens de Ano e qualquer festa considera "pagã", com excepção da passagem (a Páscoa), praticam abstinência completa até ao casamento, isto incluindo beijos, abraços e actos de auto-gratificação. Não bebem, fumam, estão proibidas as apostas e os jogos de fortuna e azar, a blasfémia, a profanidade (não podem dizer palavrões ou fazer "comentários depreciativos"), não manejam armas de fogo, são politica e ideologicamente neutros (não votam), são contra qualquer violência (não se defendem se forem agredidos), consideram a interrupção voluntária da gravidez uma forma de "homicídio", e - valha-lhes isso, ou daí talvez não - estão completamente interditos de mentir, roubar, cometer fraude, fuga aos impostos, e agora o mais grave...


...não podem ver sangue. E se por um lado isto quer dizer que não comem morcela nem carne mal passada, o que tem a sua graça, é pitoresco, por outro lado não podem ser dadores de sangue, nem receber transfusões, mesmo em caso de acidente ou operação onde percam sangue e isso seja necessário, e até vital. Para garantir que cumprem este preceito, os seguidores desta seita andam acompanhados com um cartão igual ao que vemos em cima, assinado por um médico - pasme-se. Desconheço a posição da Ordem dos Médicos em relação a isto, nem vem para o caso, mas penso que basta usar o senso comum para entender que esta é uma norma a todos os títulos reprovável para que seja legitimada por um profissional de saúde, cuja primeira prioridade é salvar vidas. Isto deve-se a uma interpretação muito discutível de uma passagem algo obscura do livro de Hebreus, na Bíblia. 


Ao contrário dos mórmons, outra seita secularista, as Testemunhas de Jeová seguem a mesma Bíblia que os restantes cristãos, e este é um excelente exemplo do que se pode lá encontrar - basta querer. Não tenho nada contra as Testemunhas de Jeová, mas nunca aceitaria que um filho meu se convertesse - e olhem que ao contrário do Islão, estes procuram converter os não-seguidores, e estão a aumentar o seu contingente. Curiosamente em relação a apostasia, ou seja, deixar o culto, as Testemunhas de Jeová "ostracizam" os dissociados, que podem depois voltar após se arrependerem (nem sei bem como isso funciona, mas não deve ser "tá bem, volta lá"), enquanto no Islão a pena por apostasia é a morte, algo que é commumente usado como crítica à religião muçulmana, e apontado como dirimente à adesão a essa fé. Para perceber isto melhor, vamos novamente consultar as escrituras. O "crime" de apostasia é mencionado na nona Surata do Islão:



Pois é, parece que aqui o juíz, júri e carrasco são mesmo, que nem é deste mundo. E na Bíblia?


Aí está, no livro de Mateus, praticamente a mesma conversa: ai rapaz tu não te desgraces, vê lá o que fazes, olha que isso faz-te mal, não vás ao mar ó Toino. É preciso mais uma vez recordar que isto foi escrito sob condições de enorme "stress", e possivelmente sob influência de algum inebriante. Ninguém vai matar ninguém por faltar à missa ou não ir rezar cinco vezes por dia. Ai ouviram isso? De quem, de um destes?


Hmmm...feios que mete dó, e nem falta ali o olho de vidro e Capitão Gancho. Não surpreende que sejam pessoas que vivem somando pontos para a outra vida, já que desta não levam nada, de qualquer jeito. Aquele indivíduo no canto inferior direito tem um ar especialmente compenetrado. Deve ser um daqueles muftis a quem basta mexer os olhos e rebenta a baixa inteira em meia dúzia de capitais ocidentais. Brrr....


Mas como não se deve cuspir para o ar. Depois de anos a vender ao seu público os papões do Islão, o Ocidente cristão dotou-se dos seus próprios personagens pouco recomendáveis. Mais uma vez deixaram o pior para o fim. Julgam que aquele indivíduo está ali de olhos cerrados em oração? Deve-se estar a imaginar vestido de coelho da Páscoa dentro do Toys'r'us em dia de saldos, depois de ficar lá fechado com as criancinhas. Tenebroso.


MAS O FUNDADOR DO ISLÃO ERA UM PROFETA PEDÓFILO!

Interessante quando esta afirmação é feita como que "argumento conclusivo" de qualquer debate sobre o Islão. Digo interessante do ponto de vista da análise fria e concisa, como quem olha para os números da mortalidade causada pela gripe espanhola e diz "interessante". É a todos os títulos lamentável que de quem nada sabe ou procura saber sobre determinada cultura, saiba exactamente em que pontos pode minar a sua credibilidade, ou tratando-se como neste caso de um culto, como ofender o seus seguidores. Quando se deu o incidente que custou a vida aos "cartoonistas" do periódico francês Charlie Hebdo, a hora exigia uma certa contenção verbal, e foi preciso esperar que os auto-intitulados paladinos das liberdades acabassem o seu exercício de auto-gratificação em nome daquilo que consideraram "um ataque à liberdade de expressão". Eu sempre defendi que acima de tudo mais tratou-se de um crime de sangue, e a serem capturados, os seus autores deviam responder perante a justiça sob essa acusação e somente isso, nada mais. O que aconteceu foi, no máximo dos máximos, um teste à liberdade de expressão, e antes que me julguem precipitadamente, deixo bem claro que 1) os autores do periódico em questão estavam no direito de fazer o que fizeram e 2) o que aconteceu foi lamentável, injustificável, e em suma, um crime. Agora não me venham dizer que foi algo completamente inesperado, ou que não passou pela cabeça dos tipos do Charlie Hebdo que isto poderia eventualmente acontecer. E reparem que para quem estivesse à espera de capitalizar à conta dessa tragédia precisou de esperar até Novembro para o fazer, pois o ataque à redacção do jornal satírico parisiense foi tido como um acto isolado, e não uma acção concertada de determinado grupo com ligações ao Islão, ou a este associado, o que poderia precipitar tudo o que temos assistido nas últimas semanas. Penso que em matéria de bom ou mau gosto, quer os "cartoons" do Charlie Hebdo, quer os infames desenhos do dinamarquês Jyllands-Post há alguns anos tiveram uma finalidade que nada tinha a ver com a sátira propriamente dita, ou com a arte em geral. É bom que se testem limites, enfim, é para isso que as coisas existem, para serem usadas e sabermos até onde, mas se daí podem advir  consequências e a juntar a isso uma consciência das mesmas, o que mais dizer em relação a isso? C'est la vie.


Quanto ao episódio propriamente dito, parece inegável perante as evidências que hoje conhecemos que Aisha foi uma das mulheres do profeta Maomé, e que de facto era, aos padrões actuais, menor de idade. No entanto, e se quiserem mesmo saber mais do que esse chavão que se atira apenas com o intuito de diminuir a validade da fé alheia, leiam este artigo da investigadora Myriam François-Cerrah, especialista em assuntos islâmicos, que vos vai dar mais umas luzes sobre o assunto. É em inglês, peço desculpa por esse facto, e foi publicado em 2012 no jornal The Guardian. De resto, e em poucas palavras, Aisha viveu 64 anos, muito além da morte de Maomé, e combateu contra as tropas de Ali, um dos pretendentes à sucessão do profeta, e é tida como um exemplo de coragem, de resiliência feminina, e um modelo para todas as mulheres muçulmanas. Só, e pelo menos para mim chega. 

Na Bíblia temos vários episódios de incesto, casos de abusos sexuais diversos, prostituição, actos contra-natura, a loja dos horrores. O patriarca Ló, do livro da Génesis (que podem recordar nesta deliciosa sátira da minha autoria, modéstia à parte) ofereceu as filhas aos perversos habitantes de Sodoma para que estes poupassem dois hóspedes seus, e mais tarde chegou mesmo a conceber com as jovens, após estas o terem embriagado. Imaginem que era o cartão de visita do Cristianismo, que ironicamente não aceita sequer a possibilidade do seu profeta poder ter estado envolvido numa relação romântica com Maria Madalena, mesmo retirando toda a malícia que poderia estar inerente a essa possibilidade. Chegaram a excomungar, e que sabe se não queimaram alguém na fogueira apenas por pensar em tal coisa - passo o exagero, que não será tanto exagero quanto isso.


ESTAMOS A ASSISTIR A UMA VERDADEIRA INVASÃO DO ISLÃO!

Outra frase feita que tem vendido como se fosse titulo do mais recente trabalho de Quim Barreiros - ele que me desculpe esta analogia, pois tenho a certeza que como pessoa de bem jamais se envolveria nesta fanfarra doentia. Olhando para os dados e projecções na tabela ali em cima, eu diria que estamos antes a assistir a ordem natural das coisas, e sem qualquer religião ou credo que tenha contribuído com qualquer milagre ou algo que se pareça. É liminar: as taxas de natalidade nos países europeus encontra-se estagnada, enquanto nos países islâmicos os casais têm mais filhos. Isto não é conspiração nenhuma - é demografia. A sra. Le Pen, com a sua ideia alucinada de travar as correntes migratórias com o fecho das fronteiras - e olhem que todas estas decisões vão afectar TODA A GENTE, não sejais ingénuos pensando que se fazem leis só para determinadas etnias ou confissões religiosas - vai ter como efeito imediato uma crise no Estado Social, e a longo prazo a paralisação de vários sectores da vida de França, e se a tendência se confirmar, do resto da Europa. Pensem bem antes de embarcar em populismos, e revejam a História, pois tivemos uma má experiência no passado, e penso que não é necessário recordar qual.


ALÁ E O DEUS DOS CRISTÃOS NÃO SÃO O MESMO

Vejamos, o Alcorão foi ditado a Maomé pelo arcanjo Gabriel (Djibril, na sua versão árabe), Jesus Cristo é referido no Corão, pelo seu nome árabe, "Isa", bem como a Virgem Maria, "Mariam", e a imaculada concepção é descrita exactamente como na Bíblia, sem tirar nem pôr, a Criacção, o Dilúvio e todos esses episódios, com a diferença de que Maomé é o terceiro profeta escolhido pelo Criador, inicialmente anunciado pelo patriarca Abrãao ("Ibrahim", no Corão), e que deu assim início a uma devoção tripartida, com os seus seguidores a fazerem questão de demonstrar entre si de forma musculada a devoção por Ele. Alá é "Deus" em árabe, da mesma forma que "God" é o nome em inglês ou "Dios" em espanhol. É possível que ouçam algures que já existia uma divindade com o nome de Alá no panteão politeístico árabe pré-maometano, e que era o "deus da Lua". Mas como demonstrei neste artigo de 2012 tivemos outras divindades que antes da chegada de Cristo haviam sido martirizadas, crucificadas e ressuscitadas, nascidas a 25 de Dezembro e até feitas de pão e comidas pelos seus seguidores! Assim sendo, já sabem a quem pedir explicações por esta "confusão", mas vou adiantando que podem tentar ligar, que quase com toda a certeza que do outro lado ninguém - e dava jeito que atendesse, que tínhamos muitas dúvidas a esclarecer.

Espero com este ensaio ter pelo menos contribuído para esclarecer um ou outro ponto, que quem por sorte alguém que tenha tido o azar de ter vindo aqui parar gostasse de ver esclarecido, ou noutra perspectiva mais desafiante, que tenha despertado curiosidade em ir saber mais sobre esta civilização tão complexa e fascinante, e que já vem convivendo ao lado da nossa vai para milénio e meio. E façam apenas este pequeno raciocínio: se vos quisessem mesmo converter/aniquilar/impor-seja-o-que-for, do que é que estão à espera, ainda mais agora, que se preparam para ficar em maior número? E é essa uma ideia interessante que convém ir procurar aprofundar: se o Islão é assim tão "mau", porque terá então cada vez mais adesão? E não me venham com essa retórica maníaco-depressiva de que "o mundo vai acabar". Para esses basta uma linha para lhes puder valer, e recomendar que procurem um bom psiquiatra.


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