Esta é uma muitas não-notícias que têm andado a circular para colocar a opinião pública contra a vinda dos refugiados da Síria em particular, e de todos os refugiados em geral - podem tê-lo afirmado espaçadamente, mas nunca se deu a entender que o problema era o outro senão a vinda de estrangeiros. Esta agenda é já familiar, mas o que eu proponho agora nesta terceira parte desta minha apresentação é mostrar quem são algumas das pessoas por detrás desta campanha, e que ainda não conhecíamos, bem como as suas possíveis motivações.
Ora essa, e porque será que estas coisas já nem me surpreendem? Com excepção da Ana Prata, que pergunta "onde foi aquilo" mais ninguém questiona seja o que for, mas prefere deixar comentários onde se nota nitidamente uma tentativa de solidificar uma mentira muito, mas muito fraquinha. Agora a seguir vou apresentar uma novidade: uma das MUITAS pessoas que felizmente tem andado como eu na procura da verdade e de dar um pequeno contributo para desmontar esta cabala atroz deixou alguns comentários, questionando apenas as fontes a ausência de outra informação. Foi ainda questionar dos comentadores, que estão ali assinalados com uma seta vermelha, e de seguida mandou-me os logs das conversas, que foram APAGADAS pelo monitor. Vejam só:
A este ponto gostava que referir o utilizador em causa autorizou-me que usasse o seu nome, mas prefiro não fazê-lo, pois além do mais os comentários foram apagados, e fica assim tudo assumido apenas por mim. Aqui a Odete Pinheiro, por exemplo, é confrontada com o facto de não estar ali qualquer referência à Europa, e é verdade que o meu companheiro poderia ter evitado a provocação, que ser calhar conseguia mais dela. No entanto dá para perceber a agressividade com que tenta passar a mentira.
Odete Pinheiro é, a julgar pelo seu perfil, uma fervorosa cristã, mesmo que não me tenha dado a entender que seja fanática, mas que parece acreditar existir uma "Cristofobia" da parte do Islão. Escusado será dizer que do Islão nunca partiu tal conceito. Mas parece-me ainda uma pessoa um bocado baralhada em relação a certos conceitos.
Aquilo que a senhora diz que gostava de ver seria possível se: 1) existissem 50 milhões na Europa; os números andam perto, mas na União Europeia, onde se encontra o Espaço Shengen, que tem sido tratado como o "problema" aqui existem menos de 20 milhões e 2) quando se fossem manifestar - e ninguém nos diz que NÃO o fazem - não deparassem com pessoas e exigir a sua expulsão enquanto adoptam condutas violentas e destrutivas. Na imagem da direita vemos que a Odete Pinheiro condena o racismo, pois sendo ela própria brasileira (viveu em Portugal e agora está em Londres) recorda que o Brasil foi feito por emigrantes, cujos descendentes são todos os brasileiros - menos os índios. Talvez fosse bom a sra. Odete pensar o que seria caso os seus ancestrais tivessem deparado com o mesmo o tipo de ódio que estes que ela agora ataca ferozmente vêm-se deparando. Não diria que a senhora é hipócrita, mas sem dúvida que tem sido manipulada ao ponto de já nem conseguir detectar a mentira mesmo quando ela se apresenta de forma desenvergonhada.
Vejam este comentários daquele tal Kum Karacas, que nada fica a dever à eugenia nazi: as crianças destes "invasores" são como bombas-relógio. No entanto "não é racista nem xenófobo", mas "ama a Pátria" e...
...é um fanático religioso cristão. Não é preciso ser um génio para perceber que aquilo que incomoda a Odete e este que não se identifica (é porque considera os seus princípios muito válidos, se calhar) não é a imigração nem o terrorismo: é o Islão. E este receio crescente pela religião do Crescente (gostaram? ah!) nem se justifica, pelo menos pelos números, que dão conta de uma população de 10% de islâmicos na UE até 2030, e muito por culpa das baixas taxas de natalidade entre os europeus ditos "tradicionais". Relembro que em países como a França, Alemanha e a Holanda já há uma terceira geração de imigrantes originários de países do norte de África e das Caraíbas, no caso dos últimos. Se a tal islamização se encontra em curso - vamos imaginar que sim - expulsar imigrantes não é solução, e quem vai obrigar os restantes europeus a ter filhos?
E se os cristãos católicos podem ficar apenas por alguma antipatia (e já vimos que o Santuário de Fátima teve uma posição muito nobre e digna), os outros cristãos podem chegar a tomar atitudes como esta. Eu desconfio que esta tal "Angela" é um personagem fictício e aquela carta nunca existiu (é demasiado "on the face"), mas a intenção é bem clara. Que igreja é esta que encoraja as pessoas casadas a divorciarem-se e não terem filhos? Só mesmo no âmbito de uma guerra inter-religiosa se pode ver tal coisa. Em frente, e vamos ver aqui um outro caso de pura ignorância:
Com que então, afinal o Salazar andava a bombardear os portugueses, uh? E a cortar cabeças. "A guerra deles" - aposto que nem sabe do que se trata. Depois vejam quando já mais nada resulta atira-se com os atentados em França, que foram a cereja no topo do bolo que tinha sido preparado durante a crise dos refugiados durante o Verão. De facto tenho a certeza que algumas pessoas se juntam à ignomínia desta causa anti-refugiados por uma mera questão de despeito: começam por tomar um partido "porque sim", assediam outras pessoas que pensam o contrário, ou que são apenas indiferentes ao assunto, e a certo ponto negam as evidências com receio de perder a face. Isto é muito triste, e mais uma vez gostava de reafirmar que quando o assunto é sério, como este, uma crise humanitária, convém abster-se de falar por falar, ou escrever disparates. Agora vamos conhecer um outro tipo de opositores a algo de que nada sabem e que não lhes afecta só que estão a ser cruéis sem motivo, e este garanto que vai ser polémico:
A Patrícia Costa, a primeira a comentar na notícia, começa por dizer que "é do contra", e depois diz que "ninguem é contra", fazendo uma salvaguarda daquilo que acabou de contradizer, em suma, outro poço de coerência. Mas vejam a forma como o jovem que me enviou estes ficheiros consegue ainda melhor:
Sim senhor, tudo questões pertinentes, e eu também gostava de saber o que leva uma pessoa normal a juntar-se a esta fantochada. E a resposta?
Vai verificar o quê, se fala como se tivesse carregadinha de razão? É aí que o jovem (já vão ver que é como ela lhe chama e tudo) atira com aquele manifesto ridículo de que falei aqui no blogue. Reacção?
Com que então "implicar". De facto é uma coisa perfeitamente banal, isto de recusar ajuda humanitária a pessoas que fogem de uma guerra. Iá, sou contra e tal, e não me chateies. Eu não teria problema com essa demonstração de ignorância, mais daí a fazer activismo contra uma coisa de que nada sabe só "porque sim" é um pouco estranho. Mas ela justifica-se em privado! Vejam:
Bolas, 48 horas sem dormir?! Se eu acreditasse dizia-lhe para ir dormir em vez de andar a fazer merda. Pode ficar sem uma mão? Chiça, e a culpa é do "garoto"? Pois é, e apesar de "não o querer bloquear", bloqueou mesmo. Mas vejam ali a referência a "animais", que tem uma justificação:
Ah, estou a ver. As pessoas, que "pelo sim, pelo não" é melhor ficarem lá a milhas onde tudo rebenta pois podem ser "terroristas" que se lixem, mas os animais vão amar e entender como ninguém. Mais uma coisa que desistiu da humanidade. No seu perfil não dá a entender que a Patrícia Costa é adepta dessa coisa louca que é querer dotar os animais dos mesmos direitos que as pessoas, mas este discurso faz-me lembrar o de outra personagem igualmente adversa à vinda de refugiados, sendo daí mesmo uma activista militante:
Regina Cunha, perniciosa personagem de que falei neste artigo, que odeia muçulmanos e considera que as mulheres com burqa são "prostitutas"....
...mas que pede para contribuir com um euro para uma cadela que sofre de um quisto na cona, e considera os animais "os mais injustiçados do planeta". Cai é em contradição quando coloca a imagem de dois porcos, animal que os muçulmanos não comem - é verdade que não gostam dele, mas não o comem. É injusto generalizar, mas estas não são as únicas pessoas que se encontram nos dois extremos ora do "anti-refugiadismo", ora dos direitos dos animais, mas vejam bem isto, que eu acho pertinente partilhar:
Esta página dos Direitos dos Animais do Brasil, que diga-se em abono da verdade não é um bom exemplo no que toca à honestidade na hora de dar as notícias, fala de como "baleeiros japoneses" partem para a pesca da baleia. Um pouco esquisito que o navio diga "research" e estejam alguns japoneses no cais a mandar adeusinhos (!) mas não é isso o mais importante. Reparem antes nos comentários, e de como a pesca à baleia - e existem grupos dentro do próprio Japão que se opõem a esta prática - é pretexto para o genocídio, ora de japoneses, chineses e ainda asiáticos! Chega-se a apelar a "todos os santos", literalmente, quer Deus, quer o Estado Islâmico (!) que intercedam pelas baleias e "destruam os malditos". Um deles chega mesmo a ligar as catástrofes naturais no Japão a ua espécie de castigo divino. Estes são apenas alguns das centenas de comentários a esta e outras notícias nem sempre muito credíveis que dão conta de maus tratos a animais, e às vezes basta um desgraçado qualquer entalar a pata de um cãozinho, mesmo por acidente, para que esta gente ache que ele merece a morte. Trata-se de fanatismo, lógico, e corresponde aos mesmos padrões que os restantes: desinformação, seguidismo, indiferença pela reposição dos factos, tudo o que nos leva a nós, pessoas normais, a estranhar certos tipos de comportamento.
Menos "estranho" é o comportamento da extrema-direita, esses previsíveizecos, de que tratarei na quarta e última parte desta série. Aguardem.
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