sexta-feira, 8 de abril de 2011

Estado de desgraça


Como foi estreia no dia 1 de Abril, pensei que o programa “Estado de Graça” fosse uma peta. É mau demais para ser verdade. Fui verificar, e afinal parece que hoje é transmitido um segundo programa, o que me faz concluir que não só não se trata de uma piada, como é uma realidade de muito mau gosto.

O programa é constituído por um elenco de humoristas falhados, liderados por um tal Eduardo Madeira, um indivíduo reles e ridículo a quem nem a própria mãe acha graça. Deve ter sido através da mãozinha do Carlos Castro ou qualquer coisa assim que uma pessoa tão vulgar, pequena e obscena tenha sequer tempo de antena na TV pública. O resto do elenco inclui duas histéricas e duas bichonas de que nem vale a pena aqui falar.

Queria que vissem este vídeo, mas queria poupar-vos à tortura, e pedia-vos que adiantassem até ao minuto 10:00. É a altura em que Eduardo Madeira e Manuel Marques cantam uma espécie de rap sobre a tragédia de 11 de Março no Japão. Um rap. Muito engraçado, já me estou a rir. E fazem-no com uma cara de que estão a fazer história do humor em Portugal, derrubando barreiras e quebrando preconceitos. Coitados.

A canção que os patetas entoam começa com “Vocês estavam na vossa terra/a comer sopa de miso/quando veio um terramoto/e um tsunami sem aviso”. O resto podem adivinhar, com uma quantidade de piadolas sem graça nenhuma sobre uma tragédia que afectou (e afecta) milhões de pessoas. Não faltam referências à crise da central nuclear de Fukushima, com "Por causa das radiações/que contaminam o ar puro/se comer um rolo de sushi/vou poder brilhar no escuro?". Interessante é como se tentam redimir com o pensamento de que se isto tivesse acontecido em Portugal "tinha sido pior". Muito redentor, sem dúvida.

“A onda foi granjola/deixou-vos d’olhos em bico”, e o que realmente me deixa de olhos em bico é a capacidade com que se faz troça de uma coisa destas com o objectivo de arrancar gargalhadas do público. Qual é o público insensível e analfabeto que se ri de uma coisa destas? Reparem no detalhe mórbido do coro constituído por Ana Bola, Maria Rueff e Joaquim Monchique.

Tenho a certeza que no Japão ninguém vai fazer piadas sobre um certo país de carroceiros que precisa de dinheiro emprestado para não morrer de fome, mas diverte-se a rir-se de tragédias naturais que acontecem a povos mais civilizados. Acho que essa é uma ideia bem mais engraçada para um programa de humor.

4 comentários:

Anónimo disse...

Ahaha,afinal não sou mesmo a unica pessoa que acha que este Eduardo Madeira não tem mesmo piada nenhuma.Já quando o gajo ia para aquele programa " Levanta-te e ri " da sic quando contava as suas anedotas sozinho muita gente começava a ficar enjoada ou a dormir,nem prestavam atenção ao gajo.

Anónimo disse...

Por acaso até gostei de tudo e ri-me a farta...a excepcao do rap do japao, que é mesmo nojento.

Anónimo disse...

Se é porque as rimas em -ão são mais fáceis, poderiam ter escolhido um qualquer país de animais acabado em -ão, como o Paquistão ou o Afeganistão. Qualquer coisa como:

"Quem falou mal de Alá
Já aqui não está
Levou com uma bomba
Foi uma festa de arromba
E antes de enterrado
Com ácido foi regado

Iôu, iôu, iôu!

Apedrejei uma mulher
Que foi para ela aprender
Se se atreve a andar sem véu
Armo um grande escarcéu
Sou um cidadão islamita
De bigode, e sodomita

Iôu, iôu, iôu!

Aqui no Afeganistão
Não entra judeu nem cristão
Mulher, só bem tapada
Ou é corrida à pedrada
Não venham pr'aqui fazer minetes
Que nós gostamos é de minaretes

Iôu, iôu, Iôu!"

Isso sim, era de homem. Mas se calhar têm medo. É mais fácil gozar com os japoneses, que são civilizados demais para ripostarem.

Pitágoras disse...

Como diz o outro anónimo, tirando a do Japão até não achei muito mau.