sábado, 28 de janeiro de 2017

O Galo já cá canta


Chegou o Ano do Galo, 12 anos depois da última vez que fez a sua aparição no calendário lunar - pasme-se. Este era o aspecto do Largo do Senado hoje, no primeiro dia do ano. Ui de colorido, sân nunca?


Caravel Hotel


E não muito longe dali, na Rua Nova do Comércio, eis o novel Caravel Hotel. Uma alternativa económica para pernoitar em Macau, cinco minutos a pé da Ponte 16?


Como mudou, a Rua da Tercena


A Rua da Tercena, perto da zona do Tarrafeiro (ao Jardim Camões), mudou nestes últimos dois anos. Tornou-se mais "chique", por assim dizer.


O doente mental


"Portugal vai aceitar 5 milhões de emigrantes guineenses" (da Guiné-Bissau, suponho).


...metade da população de Portugal continental, e MAIS DO QUE O TRIPLO da população da Guiné-Bissau?

Vai ele contribuir para o aumento da população da Guiné para que mais este dos seus delírios tenha um fundo de verdade? Na. É apenas um doente mental.


E será que..


...também se kagava nas calças? Sem ter a certeza absoluta desse facto, arrisco dizer que sim. É um kagão.


Só mudam as moscas



Este é um vídeo que descobri no YouTube, e do qual a data desconheço, mas é uma daquelas coisas que é sempre actual. Nele vemos um pobre ensaboado mental que "é skinhead", e por isso "odeia judeus". Basta substituir "judeus" por outra religião, e atentando à retórica exibida pelo indivíduo, vão perceber porque é que digo que o vídeo é actual. Só mudam as moscas, uma vez que a m... é exactamente a mesma.


segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Juary faz história pela Guiné-Bissau


Arrancou no último fim-de-semana a Taça das Nações Africanas, vulgo CAN, que este ano se realiza no Gabão. E foi exactamente a equipa da casa que teve as honras de abertura da prova, com o Stade d'Angondjé de Libreville a rebentar pelas costuras. O adversário era um estreante absoluto, a Guiné-Bissau, que é o único país dos PALOP na edição deste ano da CAN. O inevitável Aubameyang, avançado gabonês do Dortmund que é pretendido na liga chinesa, abriu o marcador no sétimo minuto do segundo tempo, mas os guineenses não estavam para fazer de bombos da festa, e foram atrás do empate, acreditando até ao fim que podiam levar dali pelo menos um ponto, e pregar uma partida aos seus anfitriões. E valeu a pena acreditar, pois o esforço ficou premiado já nos descontos, com um golo do central Juary. Sim, esse mesmo:


Juary Martinho Soares, o central que passou por alguns meses pelo Benfica de Macau em 2015, após desvincular com o Tirsense, e assinar no Verão desse ano pelo 1º de Dezembro de Sintra, tudo emblemas do Campeonato de Portugal, antiga II "B". Este ano a representar o Mafra, Juary respondeu afirmativamente à convocatória do seleccionador Baciro Candé para a prova continental africana, e agradeceu-lhe com aquele mergulho de cabeça que valeu um ponto. Ah sim, Juary conta no seu currículo com um título de campeão de Macau.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Marocas


Na semana em que também Macau assinalou o desaparecimento de Mário Soares, aqui fica a minha humilde contribuição, através do artigo desta semana do Hoje Macau.

O que mais resta dizer da figura do dr. Mário Soares, que nos deixou no passado dia 7, aos 92 anos, que já não tenha sido dito? Em primeiro lugar gostaria de lamentar a forma como alguns portugueses fizeram uso da liberdade de expressão, e que em parte a devem ao dr. Soares, para tecer um sem número de considerações absurdas, e que com toda a certeza repudiariam no caso de as verem a ser feitas em relação a um familiar seu, um amigo próximo ou uma figura que admirassem, numa hora destas. Cheguei a ver pessoas que se “congratularam”, e outras ainda que diziam “ir festejar” – recordo mais uma vez que estou aqui a falar de alguém que viveu quase um século, e se manteve activo até ao fim, fazendo inclusivamente parte do Conselho de Estado até à hora da sua morte. Realmente não existem limites para o ridículo.

Claro que a figura do dr. Mário Soares e o seu papel nos últimos 40 anos de História do nosso país não é isenta de críticas. Afinal não estamos aqui a falar de um herói como Nun’Álvares Pereira, ou um santo como o Padre António Vieira. E se há um reparo que se pode fazer logo de imediato, é a forma como se perpetuou na política, perdendo uma boa oportunidade para se retirar graciosamente da vida pública, mesmo antes de ter (inexplicavelmente) se candidatado à presidência da República pela terceira vez em 2006, na altura já com 81 anos de idade. Por falar nisso, e como acérrimo defensor da máxima “o seu a seu dono”, foi o General António Ramalho Eanes que cunhou a célebre frase “serei o presidente de todos os portugueses”, aquando da sua (esmagadora) vitória sobre Otelo Saraiva de Carvalho nas presidenciais de 1976, numa altura em que o país se encontrava profundamente dividido, na ressaca do infame PREC.

E a propósito do PREC, será talvez esse o período em que a actuação de Mário Soares tenha dividido – e extremado – mais as opiniões, nomeadamente na forma como conduziu o processo de descolonização. A forma abrupta como se deu a retirada das ex-províncias ultramarinas deram origem a um dos mais lamentáveis episódios do nosso passado recente, e as vítimas desse equívoco, que ficaram conhecidos como “retornados”, estão certamente entre o coro dos críticos do ex-presidente. É preciso atender ao contexto, e na altura a prioridade do dr. Soares era a de recuperar a credibilidade de Portugal, que estava isolado pelo resto da comunidade internacional, ou “orgulhosamente sós”, como dizia o outro. A parte do “orgulhosamente” tem muito que se lhe diga, e só pode ser entendido como um tipo de “humor negro” (sal)azarento. Certamente que as famílias dos mais de oito mil combatentes que perderam as suas vidas por culpa da teimosia alheia terão uma opinião diferente a este respeito.

Nunca fui um grande admirador do político, que a meu ver teve ainda a sua quota parte de responsabilidade num certo tipo de clientelismo que vigora na sociedade portuguesa, com licenciaturas tiradas aos Domingos e caixas de robalos à mistura, mas não posso deixar de admirar a pessoa, que nunca se inibiu de dar a cara por aquilo que defendia, bem como a forma descontraída e acessível como foi, bem, o presidente “Marocas”. Macau tem ainda uma dívida de gratidão com ele, e não é por acaso que o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês fez menção do seu desaparecimento, lamentando a perda “de um amigo”. O seu lugar na memória colectiva dos portugueses, da geração actual e das vindouras, está portanto garantido. E em relação aos outros, dos fracos não reza a História.



Cuidado com os dedos


A segurança biométrica por via de impressões digitais é considerada por muitos como a melhor solução para deixarmos de depender de palavras-passe, que podem ser ultrapassadas com relativa facilidade por algum "hacker" mais experimentado. De acordo com um investigador japonês, Isao Echizen, as impressões digitais também pode ser facilmente roubadas por via de "selfies" que tenham um gesto específico: os dois dedos da paz.

Mas como? Como se pode ler no Cnet, as câmaras fotográficas actuais são já tão poderosas que podem captar sem problemas as impressões digitais dos dedos de quem quer que faça este gesto para uma câmara. Uma vez na posse da fotografia, é possível aplicar o padrão da impressão digital para ultrapassar segurança biométrica por este meio.

O gesto da paz é especialmente popular no Japão, com milhões de fotografias a mostrarem jovens a fazê-lo. Consciente que não é possível impedir que toda a população deixe de fazer este gesto, o investigador e a sua equipa criaram uma tecnologia de prevenção que mancha com eficácia qualquer impressão digital que apareça numa fotografia.

In Notícias ao minuto (editado)


"Jacko" revive



Este é o "trailer" da nova série da Sky que dá pelo título de "Urban Myths", que conta "histórias que podem ou não ser verdade" a respeito de uma série de celebridades. Um dos episódios da série, que está em pós-produção, é intitulado "Elizabeth, Michael e Marlon", e conta a história de três celebridades que fazem uma viagem de automóvel entre Nova Iorque e Los Angeles, logo após os atentados do 11 de Setembro de 2001. Se juntarmos aos nomes próprios dos personagens os apelidos Taylor, Jackson e Brando, sabemos de que celebridades se tratam, e é no caso do segundo que reside a polémica:


Joseph Fiennes ficou com o papel de Michael Jackson, rei do "pop" desaparecido em 2009 devido a uma intoxicação por excesso de barbitúricos. Não se sabe ainda muito bem o enredo deste episódio de "Urban Myths", mas a escolha de Fiennes para este papel, onde é evidente o pesado trabalho de caracterização, tem provocado as mais variadas reacções - nada comparado com as cerca de 100 operações plásticas que o original fez em vida, há que dizê-lo. Entre os fãs do cantor, as reacções dividem-se entre a surpresa e a indignação, e entre os últimos destaca-se a sua filha, Paris Jackson, que expressou o seu desagrado no Twitter:


Paris diz-se "extremamente ofendida", com a ideia, suponho - mais uma vez, pouco ou nada se sabe do conteúdo do episódio da série onde aparece Michael Jackson. E não é só em nome do pai que a jovem fala, pois a interpretação de Stockard Channing no papel de Elizabeth Taylor, que foi amiga  íntima do cantor madrinha de Paris, também merece o seu repúdio. E tudo isto sem sequer ter visto o episódio, e pelos vistos não vai ver. Um grupo de fãs de Jackson já deu início a uma petição para impedir que a série vá para o ar. Mas será mesmo caso para "dar vontade de vomitar", como diz Paris Jackson? Da parte que me toca...


...a realidade é bem pior que a ficção. E todo este alarido por um episódio de uma série de televisão? Para esse tipo de regabofe com virgens ofendidas à mistura, já nos basta o futebol e a religião, obrigado.


Piers Morgan e a mini-Imelda



Piers Morgan, jornalista britânico mais conhecido por fazer parte do painel dos concursos "Etc, etc got talent" na televisão dos Estados Unidos, foi notícia mais uma vez por "ter feito uma mulher chorar ao vivo". Para quem estiver a pensar "ai o sacana...", não é assim tão simples, e a história tem muito que se lhe diga. Aconteceu esta semana no programa "Good Morning Britain", onde uma das convidadas era a mãe de uma menina de três anos, a quem comprou, pasme-se, 60 pares de sapatos (será que a pequena se chama Imelda?). A primeira coisa que pensei foi: "que disparate, são 60 pares de sapatos que daqui a um ano nem lhe servem" - um autêntico desperdício. Mas isto não foi o pior; enquanto a criança brincava com outra criança, riscou um par de botas no valor de 325 libras (pouco mais de 3 mil patacas), e a mãe mandou a conta à mãe da outra criança, que por incrível que pareça, é - ou era - sua amiga. Já seria discutível tratando-se de um outro qualquer objecto de valor, como um telemóvel, por exemplo, mas dificilmente qualquer pessoa com bom senso se lembraria de fazer uma coisa destas. Foi para este facto que Morgan chamou a atenção da jovem mãe - realmente, que lata, para quem compra seis dezenas de pares de sapatos à filha, alguns que provavelmente não chegará sequer a usar. Mas a convidada sentiu-se ofendida, e desatou a choramingar perante o raspanete do apresentador, que por dizer a verdade não merece castigo. Pois é, por incrível que pareça é o mundo que temos; uns andam descalços, outros vivem de mãos cheias. Ou pés, neste caso.


sábado, 7 de janeiro de 2017

Ladrando contra os fogos


Fogos de artifício - uma invenção milenar dos chineses que serve para comemorar um evento ou uma ocasião especiais, como seja a entrada do Ano Novo, por exemplo. Aqui em Macau não tivemos fogos este ano, pois não chegaram a tempo de colorir os céus da RAEM à meia-noite do dia 31 de Dezembro, e para alguns isto foi considerado uma "falha". Não sou grande adepto da pirotecnia, mas entendo que haja quem não dispense entrar no novo ano com um estrondo, e há mesmo quem acredite que os fogos servem para espantar os maus espíritos e tudo isso. Porreiro. Mas sabiam que os fogos de artifício são na verdade...UM ASSASSINO, e nada silencioso? Quem o diz é...


...as associações de defesa dos direitos dos animais, que passaram a quadra festiva numa cruzada paralela contra os fogos, que dizem "apavorar" os bicharocos, e até "causar-lhes a morte". Entre os animais silvestres, as aves são as principais vítimas desta iniciativa dos humanos, uma vez que é o seu ambiente natural o mais prejudicado com os rebentamentos. Sabem o que é terrível também para os passarinhos? A aviação civil! E uma vez que os transportes marítimos "molestam os peixinhos" (acho que sim, não devo estar enganado), que tal começar a viajar de bicicleta, ou a pé? Mas falando a sério, para quem não tinha pensado ainda sobre o alcance deste problema, veja o que aconteceu na noite de passagem de ano em Campo Grande, no estado brasileiro de Mato Grosso do Sul:


Isso mesmo! Uma aposentada passou as doze badaladas que assinalaram a entrada do novo ano a fazer massagens cardíacas ao seu cachorro, que se assustou com os fogos de artifício. As protectoras vêm já pedir o fim dos fogos, mas é preciso mais! É preciso acção!


Sim, isso mesmo! Uma manifestação onde "ladrar contra os fogos" é a palavra de ordem. Uma vez que os cães não podem fazê-lo, uma vez que são animais irracionais e nem lhes passa pela cabeça que os humanos os estão a usar de novo como arma de arremesso uns contra os outros, são os próprios humanos a latir:


E lá está, o "inferno dos fogos", "ninguém respeita a lei", "os ouvidos da Britney são censives (sic)", etc. etc. Aquele Gil Gomes deve ser uma espécie de hippie-marxista-ecologista, tal é a raiva que tem aos espectáculos de pirotecnia, esse "ópio explosivo" do povo, que "acredita nesses contos de fadas". Pois. Mas enquanto os activistas dos direitos dos animais não estragam a festa ao resto da humanidade, o que fazer para evitar que o seu cão, gato, periquito ou cágado tenham uma taquicardia quando começarem a rebentar os fogos de artifício?


Isto. É pouca coisa e não custa nada, temos que convir. Acho especialmente deliciosa a recomendação de manter o animal "em lugar seguro e fechado, com portas e janelas bem fechadas", o que já seria suficiente para não desatar a correr em pânico rumo a direcção nenhuma, mas no caso do seu cão ser o incrível Hulk "mantenha uma placa de identificação presa a ele" - no caso dele derrubar as paredes da casa e fugir, pelo sim pelo não. Para mim a sugestão de "ficar com ele" era mais que suficiente. Afinal não estão contra os fogos? Não vão estar a olhar para o céu àquela hora nem nada, pois não? É melhor seguir estas instruções à risca, caso contrário...


...pode-lhe acontecer o mesmo que à vizinha da Tânia Ferreira, cujo gato "se mijou todo e fez cocó ao mesmo tempo". A sério, ó Marco Alves! Lá a Tânia ia brincar com uma coisa dessas, tão grave. A Tânia e não só:


E pronto, as recomendações prometem ser acatadas por estes "amantes dos animais", pois então, e já agora que tal aproveitar para partilhar algumas experiências pessoais, ao mesmo tempo que aproveitam para destilar ódio contra os humanos, que como diz a Eliane Silva, "são desprovidos de sentimentos", como "a harmonia e a empatia". Mesmo assim, acho estranho que não tenham ido mais longe, pois é hábito...


Ah, aí está. Tardou mas não falhou, e eis que a Lurdes deseja que quem solte fogos de artifícios "perca uma mão". Onde é que já se viu, assustar assim os bichinhos? Ai! 


Em breve: activistas dos direitos dos animais protestam contra a mãe natureza por causa das trovoadas e dos relâmpagos. Não perca!



Mark Silver, Hull City

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

It's the 2017 way, suckers!


E para acabar esta primeira semana deste "soft opening" do ano de 2017, nada como o artigo do Hoje Macau desta semana. Tenham um Sábado divertido, e um Domingo onde pensem menos vezes que no dia seguinte é segunda-feira.

Tenho andado durante estes primeiros dias do ano ocupado com coisas mais mundanas, como seja dormir, por exemplo, mas não queria deixar de abrir as hostilidades para 2017 aqui nas páginas do Hoje. Assim, e de forma a ser mais digerível do que a doçaria da quadra que amanhã termina, apresento os meus “dois tostões de prosa” na forma de itens numerados, para assim facilitar também a consulta.

1) Lamento imenso o que sucedeu a José Pereira Coutinho, que viveu na véspera de Natal aquilo que é apenas o início um drama familiar. Mais do que o impacto que possa ter na sua imagem política, o caso que envolve o nome dos filhos do deputado e presidente da ATFPM é algo que mudará muito mais do que a sua agenda profissional. Quem passa por isso sabe o que custa. Tenho a certeza que ele enfrentará com garra mais este desafio, como tem feito sempre até hoje. Uma mensagem de força e coragem para Pereira Coutinho.

2) Já no próprio dia de Natal e seguinte chegou-nos a notícia da morte de George Michael, ídolo da juventude dos anos 80 e ícone homossexual depois disso, e actualmente as duas coisas, conforme as vontades. O cantor que formava a metade mais visível dos “Wham!” escreveu em 2011 nas redes sociais que “nunca pediria desculpa pela sua orientação sexual”, e que “nem todos os homens o são [“gay”] mas…AH AH!” – assim, tal e qual. Bem, parece que o Jorge Miguel sabia de algo que eu ignoro por completo, e agradeço a atenção, apesar de nunca me ter ocorrido esta dúvida. E paz à sua alma, que até nisto era grande, o Jorge.

3) E também a propósito da onda de óbitos no meio das celebridades, o actor Charlie Sheen cometeu um desabafo, também nas redes sociais, onde se lia: “Deus, o Trump a seguir, por favor”. Caiu logo o Carmo e o Capitólio, pois razões que podeis imaginar, e por isso gostava de deixar aqui uma coisa bem clara: se me virem a suspirar qualquer coisa do tipo “Deus me livre”, não estou a rogar ao criador que elimine fisicamente alguém ou alguma coisa que me aborreça. Pelo sim e pelo não…e se fosse assim tão fácil…

4) Começando e acabando com Macau, parece que não houve fogo de artifício oficial na passagem de ano, por razões de logística (?). Mas no COTAI as munições chegaram a tempo, o que me levou achar graça a um comentário que li por aí algures: e que tal deixar o foguetório a cargo de quem entende da poda?

Feliz 2017!



(Cães) Portugueses primeiro


Nota prévia: este post é uma sátira àquilo que vocês sabem muito o que é, e de que muitos deviam era ter VERGONHA! 

Estou indignado com este "atentado à nossa segurança nacional". Então "com tantos cães e sem gatos sem abrigo, a dormir nas ruas" que temos em Portugal, vamos mandar vir estes, "que vão logo ter casota de graça, veterinário e segurança social (?)". E de onde vêm estes? Da...China?! Ainda por cima "são de uma cultura completamente diferente da nossa, e que se recusa a integrar nos nossos usos e costumes"?! E olhem bem para aqueles galgos: "todos cães adultos, onde estão as cadelas e os cachorrinhos?" Estes deviam era "voltar às suas terras e morder", ou de preferência ir morrer bem longe, já agora. "Enquanto houver um cachorrinho a passar fome em Portugal, cães refugiados, não!". Os "nossos" cães primeiro!


A morte ficava-lhe tão bem



Um tal Hugo Sousa, que aparentemente não gosta de trabalhar é humorista de profissão (?), e de quem eu nunca tinha ouvido falar até agora, meteu-se numa carga de trabalhos jeitosa (porque até lhe deu jeito: ficou conhecido!) ao fazer um comentário no Twitter a respeito de Mário Soares, o moribundo ex-presidente de Portugal durante os belos tempos da laranja. O comentário é aquele que vedes ali em cima, e se por um lado há quem considere que o rapaz "derrubou as barreiras do politicamente correcto", eu diria antes que as coleccionou, chegando à linha da meta tudo embrulhado nelas. Para mim o rapaz disse o que quis, e ouviu o que não queria, que é basicamente aquilo de que se trata o "politicamente correcto", enfim, "não façam aos outros aquilo que etc. etc., ouviram falar? De todas as críticas, há uma com que concordo logo à partida: qualquer engraçadinho se diz "humorista" nos tempos que correm, e a frase "vai mas é trabalhar que tens corpinho para isso" assalta-nos de imediato, rogando para ser solta. Cabotinagem é o que mais há por aí no meio artístico, em suma, e convém não esquecer os "artistas" da coisa pública, os políticos. Assim como qualquer engraçadinho se diz humorista, também não faltam por aí chico-espertos e fala-baratos a concorrer ao tacho.

Hugo Sousa veio depois esclarecer que aquela entrada no Twitter "não era uma piada, mas uma opinião" - ou "aquilo que pensa", nas palavras do próprio. Ok, partindo do princípio que o tipo não está outra vez a variar dos carretos, digamos que sim, pronto, que "cometeu um desabafo". E olhando bem para a ideia exposta, não está assim tão mal de todo, senão vejamos: o dr. Mário Soares é um activo para o seu clã. Dotando-nos de uma sobre dose de pragmatismo, sempre são 40 e tal mil euros em caixa todos os meses, sem que o beneficiário lhes possa dar qualquer uso para benefício próprio. Há que admitir que dá muito jeito, e uma vez que o dr. Soares ficou viúvo em 2015, o seu falecimento implica a cessação total dos retornos (?). Mas já que estamos numa de se dizer o que se pensa, aqui vai o que eu penso de tudo isto.

Como pessoa humana o único "final feliz" para esta história seria o restabelecimento completo do dr. Mário Soares e o seu regresso à vida activa - apesar de "dentro do possível" ser uma perspectiva demasiado animadora, atendendo à actual situação médica do ex-PR. Sinto-me solidário com a angústia da família próxima e amigos íntimos, e tudo isto, repito, do ponto de vista humano e pessoal. No entanto, e por outro lado, o desaparecimento físico de Mário Soares iria fazer maravilhas à sua imagem pública, disso tenho a certeza. Devemos-lhe a democracia, pronto, a democracia que temos, melhor para uns do que para outros, e certamente a correr às mil maravilhas para quem esteve com Soares e com o PS depois do 25 de Abril. Tudo bem. Foi um dos maiores contribuidores para o conceito de "esquerda democrática", que se desmarca da raiz revolucionária da esquerda convencional, e que compôs tantos governos do Ocidente europeu desde os anos 70 até hoje. Nada de anormal; a direita imitou-os e criou a "direita solidária", caso do PSD em Portugal, deixando assim uma ténue linha a dividir as duas, e que entre nós gerou uma "alternância democrática" do sub-género "larápio". Assim, sem separar o Soares visionário, federalista e agregador do Soares com 92 anos e a auferir uma reforma de 500 mil euros por ano, vai ser difícil fazer-lhe justiça.

PS: Tenho lido por aí muito disparate também nas mensagens em defesa de Mário Soares. Um bom exemplo tem a ver com "os retornados" que criticam Soares, mas "muitos retornados passaram à frente" no acesso aos quadros da Função Pública, ou algo que lhe valha - como já disse, um disparate. Os funcionários que exerciam cargos públicos nas ex-colónias de Angola e Moçambique, para citar apenas os mais comuns, tinham um lugar garantido nos quadros da República quando e se eventualmente regressassem. Foi uma "integração de quadros", como se fez aqui em Macau antes e durante a transição, e onde foram inclusivamente criados lugares extra para acomodar estes funcionários. Agora os "retornados" que não eram dos quadros da República e perderam todas as suas posses e foram obrigados a regressar com as suas famílias a um país que era seu mas que desconheciam completamente, esses sim, têm as sua quota de ressentimento com Soares. Saiu-lhes a fava neste Bolo Rei da História.


quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

E que tal...NÃO jogarem?!


Futebol inglês: o dromedário que atravessa o deserto futebolístico durante o período de Natal e Ano Novo, e alimenta as sempre famintas bolsas de apostas. Esta imagem em cima é do American Express Community Stadium, em Brighton, Sussex, onde a equipa local, o Brighton & Hove Albion (parece o nome de um desses bancos bifes, tipo Lloyd's of London ou o diabo a sete) NÃO jogou no último dia do ano frente ao Cardiff City, a contar para o Championship, o segundo escalão inglês, por culpa do nevoeiro - "what's the point", marcar jogos que depois não podem ser vistos? Muito se tem falado da legitimidade da jornada de Ano Novo no futebol inglês, e uma vez que a ronda do Boxing Day (dia depois do Natal) é "uma tradição", dá vontade de perguntar a estes gajos porque é que não tiram um dia de folga, como as pessoas normais.


Em Reading jogou-se o primeiro tempo da partida entre a equipa da casa e o Fulham, mas com 0-0 ao intervalo (lógico!), a equipa de arbitragem resolveu suspender o encontro para o segundo tempo. Razão? Não viam um palmo à frente do nariz! Os responsáveis do Reading ficaram desapontados com a decisão, pois isto afecta não só o momento de forma da equipa, que vinha de uma série de resultados positivos e ocupa o 3º lugar da classificação, como ainda constitui um problema em termos de calendarização. Pudera, dois dias depois estava o Reading a jogar em Bristol (onde venceu o City local por 3-2), e este Sábado tem um encontro marcado em Old Trafford com o Manchester United para a FA Cup. Para quando, o jogo que o nevoeiro levou?


Por falar em Manchester United, eis que a equipa orientada por José Mourinho acabou o ano a vencer, e às custas do Middlesbrough, que na véspera de ano novo viajou quase 200 km até Old Trafford, para disputar um encontro que acabariam por perder 1-2. Além do resultado negativo, quer atletas, técnicos e restante pessoal que acompanha a equipa regressassem ao nordeste da Grã-Bretanha depois das dez da noite, mesmo a tempo de passar a meia noite com as suas famílias.

Tudo bem, estes indivíduos são pagos (e às vezes bem demais) para isto, mas além de não serem nenhuns animais de circo, este tipo de "intensidade natalícia" não é propriamente o que se pode chamar de "producente" em termos de rendimento desportivo. Jürgen Klopp, treinador do Liverpool, sintetizou esta ideia assim: "Já alguma vez se questionaram porque é que os atletas da Premier League têm tantas vezes prestações aquém das expectativas nos mundiais e nos europeus? Porque nesta quadra eles jogam e os outros ficam em casa a vê-los". Além disso, fazia bem aos próprios adeptos descansarem de tantas, hmm..."emoções". Como fica demonstrado neste "caso":


Alfie Barker é um futebolista amador de 19 anos que alinha numa equipa do sétimo escalão, e que no dia 2 deixou no Twitter comentários que podem muito bem fazer com que nunca passe disso mesmo. No rescaldo do escaldante encontro entre o Bournemouth e o Arsenal, que os londrinos conseguiram empatar no derradeiro instante, recuperando de uma desvantagem de três golos, Barker fez dois comentários de péssimo gosto a propósito de Harry Arter, um jogador da equipa da casa. Arter e a esposa passaram por momentos complicados em Dezembro de 2015, quando a filha do casal morreu à nascença, e o palerma achou por bem brincar com a situação. Barker foi obrigado a encerrar a sua conta no Twitter, e foi acompanhado do seu pai a uma estação de rádio apresentar um pedido de desculpas público, enquanto a mãe do jovem alega que o filho "é autista", e por isso "incapaz de entender o alcance das suas palavras". Claro que em terras de Sua Majestade toda a gente quer a cabeça do rapaz num cepo, mas quem sabe se não se acalmavam todos com um pouco de chá? E menos bola, claro. Deve ser do "stress".


Pinocchio Times


Ou "Mentícias". Um cartoon de Rodrigo de Matos para o Expresso, que eu amei, e por isso roubei. Ah, o Rodrigo comemora hoje o seu aniversário - parabéns! :P


Bairro do Oriente 2017